A Biblioteca de RaquelGeral – A Biblioteca de Raquel http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br Raquel Cozer Mon, 18 Nov 2013 13:27:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Painel das Letras em velho endereço http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/09/27/painel-das-letras-em-velho-endereco/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/09/27/painel-das-letras-em-velho-endereco/#respond Sat, 28 Sep 2013 00:09:26 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=4414 Continue lendo →]]> Ia escrever “novo endereço” no título, mas, não, é o antigo, mesmo.

A partir deste sábado, você pode acompanhar o Painel das Letras aqui, onde a coluna era publicada até 2012. O blog, coitado, que há meses já não via nenhum post novo a não ser as colunas, por pura falta de tempo (leia-se organização) desta colunista, vai se aposentar.

Continuo escrevendo sobre literatura, mercado editorial e políticas de livro e leitura na Ilustrada e na Ilustríssima, agora sem culpa por deixar esta página sempre tão abandonada. E quem acompanha a área ainda tem a opção de ler os ótimos colegas Elekistão, Xico Sá e André Barcinski (que são menos xiitas que eu e tratam de outros assuntos culturais também).

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Novo diretor da Mário de Andrade fala sobre fungos no acervo e projetos para sua gestão http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/08/26/diretor-da-mario-de-andrade-fala-sobre-fungos-no-acervo-e-projetos-para-sua-gestao/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/08/26/diretor-da-mario-de-andrade-fala-sobre-fungos-no-acervo-e-projetos-para-sua-gestao/#respond Mon, 26 Aug 2013 12:06:15 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=4365 Continue lendo →]]> A Ilustrada de hoje informa que 18 mil títulos da Biblioteca Mário de Andrade, a segunda maior do país –perdendo apenas para a Fundação Biblioteca Nacional–, foram infestados por fungos ao longo de 2012, no final da gestão anterior.

Abaixo, trechos da conversa com Luiz Bagolin, que assumiu oficialmente o cargo de diretor da instituição no mês passado, e que vem desde março lidando com a questão. Ele fala também sobre projetos para sua gestão.

O novo diretor da Biblioteca Mário de Andrade, Luiz Bagolin (Foto Eduardo Anizelli/Folhapress)

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FUNGOS NO ACERVO
Me chamou a atenção a ocorrência, em algumas prateleiras de alguns andares do acervo, de fungos nos livros. Chamou a atenção porque não deveria haver fungos, já que o sistema é climatizado. Dos 23 andares, em quatro, não nos andares inteiros, mas em algumas prateleiras, começamos a perceber uma situação mais grave de fungos. Essa situação já tinha sido acusada no final do ano passado. Aí foram feitas as comunicações para a prefeitura, para a Secretaria Municipal de Cultura, mas as providências não chegaram a ser tomadas. Tentei estabelecer uma divisão do problema. Primeiro, você precisava entender por que estava ocorrendo a infestação. Chamamos o IPT [Instituto de Pesquisas Tecnológicas], que prontamente nos atendeu.

Tivemos que correr para arrumar recursos, porque a biblioteca em março já estava com 90% dos recursos empenhados e não tinha dinheiro para uma contratação. Consegui essa verba, e a bióloga fez um trabalho muito minucioso. Durou 30 dias o exame, e, de posse do diagnóstico, passei para a segunda parte da ação, que é mais complicada, de separar os livros que estão infectados e higienizá-los.

Isso está sendo feito. Só consegui recentemente recurso para uma contratação emergencial para limpar os livros. E vamos casar esse processo de higienização com a restauração de alguns livros. Os fungos não escolhem lugar, então há livros da coleção geral e livros raros, também, que foram atacados. Não sei dizer exatamente quantos foram atacados porque os fungos não atacam individualmente os livros, os que estão em contato também têm de ser higienizados. Mas conseguimos contratar a empresa para a higienização. Essa verba saiu do gabinete da Secretaria Municipal de Cultura, uma suplementação orçamentária de R$ 400 mil, que não são gastos imediatamente. O trabalho dura de seis meses a um ano para higienização e restauração.

A fachada da Mário de Andrade , com a torre de 23 andares, com acervo, ao fundo (Foto de Gabriela Biló/Futura Press/Folhapress)

AR CONDICIONADO
Os livros serão higienizados e ficam separados, porque não dá para reparar o ambiente se não resolver o problema do ar condicionado. Qual o problema? A climatização tem que funcionar com parâmetros adequados de temperatura e umidade. Percebemos que esses parâmetros em alguns andares eram atingidos, mas em outros estavam fora do padrão. Por quê? Não sabemos se é erro de projeto de climatização; ou se o projeto está adequado, mas a instalação teve algum problema; ou se o projeto está adequado, a instalação está adequada, mas alguma coisa se desregulou. Está sendo feita uma análise de todo o sistema do projeto, de instalação e do funcionamento dele em cada andar, por engenheiros da Faculdade Politécnica da USP, além de um perito em climatização de acervos. Assim que esses pareceres estiverem concluídos, teremos de retrofitar o sistema, ver o que está faltando e instalar, se é que está faltando algo, para que a climatização atinja parâmetros adequados.

DIGITALIZAÇÃO
A Mário de Andrade está engatinhando, mal começou a digitalização do seu acervo. Digitalização é uma forma de dar acesso, e acessibilidade para mim é uma palavra-chave. No ano passado foi feita uma parceria com a Bibllioteca Mindlin, a biblioteca conseguiu um dinheiro de Harvard, US$ 30 mil, e nessa experiência, com US$ 30 mil, foram digitalizados 200 livros. Não é nada. Se contar que a Mário de Andrade deve ter no máximo 2.000 digitalizados, e que esses 2.000 estão digitalizados em linguagens diferentes, porque foram feitos por empresas diferentes, em épocas diferentes, por demandas diferentes, ou seja, além de não ser nada, você não dá autonomia à biblioteca para que possa durante um bom tempo se dedicar a esse setor de digitalização e atrelar a digitalização com formação e com aquisição de conhecimentos. Vejo na montagem do setor de digitalização, que passa a ser uma meta para essa gestão, não apenas a questão de serviço, digitalizar um livro, mas adquirir conhecimento, montar uma plataforma de pesquisa e de formação, principalmente para jovens da periferia, que hoje em dia nasce com computador na mão.

Consegui algo difícil que são os recursos humanos, pessoas que sabem absolutamente tudo em relação a isso. São três pessoas, mas já dá para começar. Um deles inclusive é um hacker. Ele fica indignado porque temos uma coisa que se chama Prodam. Todo os serviços da prefeitura são feitos via Prodam, que é uma empresa lenta em relação às demandas tecnológicas. Mesmo que você tivesse a digitalização de vento em popa, robôs, scanners, fazendo a coisa em escala hoje, eu não teria como armazenar e disponibilizar isso na internet porque não tenho servidor próprio, dependo de um serviço que monopoliza isso para toda a prefeitura e que se chama Prodam. Então nossa meta depende de uma ação casada. O pessoal da Prodam tem sempre muito boa vontade, é prestativo, mas não depende apenas da gente. Trouxemos recursos humanos, fizemos o plano, sabemos o que precisamos de equipamento e fizemos o orçamento, já sabemos onde vamos instalar isso, como vai funcionar o setor. Estou projetando no orçamento do ano que vem a compra desse equipamento. Para os equipamentos básicos, precisaríamos de R$ 800 mil.

Não penso em disponibilizar uma quantidade massiva num curto período de tempo. Entendo a digitalização como algo que demanda muito tempo, que envolve mudança de tecnologia, por isso não preciso fazer um investimento muito grande em tecnologia no começo, porque essa tecnologia vai ficando obsoleta. Se gastar muito dinheiro com isso, vou jogar dinheiro público fora. Tenho de atrelar esse processo a uma pesquisa. Ao mesmo tempo em que vou prestando serviço e dando mais acesso aos livros via disponibilização online, estou gerando pesquisa e fazendo com que o setor se auto-alimente com essas informações.

O plano é que nos próximos dois anos, a contar de 2014 até o início de 2016, tenhamos de 5.000 a 7.000 obras digitalizadas e tratadas. O setor de digitalização está sendo pensado para funcionar em parceria com um setor de edições na Mário de Andrade. Isso é uma forma de dar acesso principalmente ao livro raro, é você digitalizá-lo, tratar imagem e produzir fac-símiles desses livros.

Com a Mindlin, tivemos uma parceria e estamos tentando assinar um acordo para digitalizar algumas obras da nossa brasiliana, coisas que eles não têm. Porque não há sentido em digitalizar o que já está digitalizado, seja no acervo do IEB, de onde venho, seja da Mindlin. Se tem um livro raro digitalizado em algum desses acervos, não precisa fazer de novo. Vamos fazer uma seleção do que a Mindlin não tem e digitalizar os livros da nossa brasiliana lá. Vão ficar hospedados na plataforma Corisco, no site da Brasiliana, que é melhor do que a que a gente tem na prefeitura, Prodam. Eles serão referenciados com o logo Biblioteca Mário de Andrade Digital.

Sala Paulo Prado, onde estão 3.500 das 52 mil obras raras da instituição, prioridades na digitalização (Foto Ze Carlos Barretta/Folhapress)

ESPAÇO PARA CRIANÇAS
Encontrei certa resistência. A biblioteca vai completar 88 anos e nunca teve espaço para criança. O espaço para crianças na biblioteca circulante [com livros para empréstimo, no primeiro andar] é um pufe embaixo da escada, uma prateleira com meia dúzia de livros. Não é falta de recurso, não é falta de espaço, é uma decisão política. Criança não entra aqui, não tem espaço numa biblioteca como essa. Tive certeza disso quando bibliotecários vieram me dizer: “Já existe a Monteiro Lobato, é uma biblioteca infantil, por que trazer criança para cá?”. Falei o seguinte: “Não quero montar uma biblioteca infantil na Mário de Andrade, quero uma sala para crianças”.

Estamos limpando uma sala no térreo, com 100 m², com pias no fundo, em que dá para fazer oficinas. Convidei o pessoal do escritório de design Ovo para fazer um projeto de mobiliário. Vamos apresentar num telão 3D em outubro, durante um seminário sobre direito à infância e políticas culturais para criança. Eu gostaria de antecipar essa sala e conseguir um patrocinador. Ela não é cara, custa R$ 400 mil, R$ 500 mil, com tudo instalado. Hoje, se você tem filho e chega na biblioteca para fazer pesquisa, não traz o seu filho, porque não tem onde deixar. Com a sala, você pode ter a a opção de chegar no atendimento e pedir uma senha. Com essa senha, você senta na mesa onde tem o monitor mais próximo e digita a senha e tem a imagem da câmara na tela. Não vai precisar sair do seu posto de trabalho para ir até a sala ver o que está acontecendo com o seu filho. Você vai ter a imagem, on-line, simultânea, porque a câmera vai monitorar. O principal, o conteúdo, as atividades, serão discutidas com os pedagogos que virão ao seminário.

EVENTOS
A programação cultural é determinada por lei, a Biblioteca Mário de Andrade, na lei 15.052 de dezembro de 2009, é obrigada a ter uma programação cultural, a ter e incentivar exposições, montar cursos, seminários, fóruns.

Isso começou só depois da entrega do prédio, timidamente em 2011, e cresceu bastante em 2012. Mas a média de uso do auditório, neste primeiro semestre de 2013, foi de uma vez durante a semana e uma vez aos sábados de manhã. Já que a programação cultural é uma determinação por lei, a biblioteca não pode apenas ser receptiva em relação ao que é feito aqui dentro. Estávamos muito na condição de ser o balcão de receber eventos. Determinei com a equipe ser mais proativo em relação a isso. Nesse segundo semestre já começamos, teremos o seminário de cultura e infância, algo que nós propusemos. E teremos ciclos de conferências, como o Democracia na História, que já começou.

Isso não estava no orçamento. Todo o orçamento da Cultura de São Paulo estava concentrado no Gabinete, não só pra Mário. Quando você precisava de um evento, pedia e o secretário autorizava ou não. Não havia essa de “vou precisar para 2013 de R$ 100 mil para programação cultural”. Não tinha e não tem dinheiro, porque o orçamento deste ano foi projetado no ano passado. Mas estou satisfeito, porque minha perspectiva em março era não ter nada, e estamos com a programação praticamente fechada até dezembro. Neste ano ainda vamos ter o encontro sobre poesia ameríndia, curadoria do Sergio Cohn.

Outra coisa que notamos foi que o auditório da Mário de Andrade, pequeno, aconchegante, é ideal para uma sala de cinema primorosa, de 175 lugares. Estamos orçando uma tela profissional, um projetor 3D de alta definição, para que a sala entre no circuito de mostras de cinema. Isso também tem a ver com acessibilidade, assim como a digitalização e o espaço para crianças.

Auditório de 175 lugares, que a nova gestão pretende transformar em uma sala para o circuito de mostras de cinema de São Paulo (Foto Zé Carlos Baretta/Folhapress)

BRAÇO EDITORIAL
Criamos um conselho, com gente da academia e do mercado. Tem João Adolfo Hansen, Alcir Pécora, Paulo Martins, Marcos Augusto Gonçalves, editor, livreiro. Estamos batalhando para ter a Primavera dos Livros [evento organizado pela Libre, de editoras independentes] em setembro aqui na praça, e estamos com uma expectativa boa de que a praça se fixe como o lugar da Primavera.

O Juca Ferreira [secretário municipal de Cultura, na gestão Fernando Haddad] fez um pedido e endosso a opinião dele. Ele tem o entendimento de que hoje os acervos municipais, no Centro Cultural Vergueiro, Arquivo Municipal, Casa da Imagem, são muito procurados. Você chega lá, requisita o que quer para a produção do seu livro, numa editora particular ou comercial, executa a contrapartida do preço estabelecido em decreto, R$ 50 por imagem imagem, ou negociar uma contrapartida em exemplares.

O que não dá para entender é que você chega, pega as imagens, leva e faz um livro, sem nenhuma participação. A gente não viu projeto gráfico, a prova do livros, se a imagem está bem tratada. A biblioteca não tinha como acompanhar isso, mas agora tem. Temos olhos bem treinados para isso, dá para acompanhar o livro na boca da máquina, saber se a cor está certa. O Juca determinou que qualquer projeto editorial envolvendo acervos pertencentes à Secretaria Municipal de Cultura seja discutido com a Mário de Andrade. Nesse sentido é um braço editorial, não sei se o termo é muito adequado, um apoio.

A biblioteca pretende fazer edições próprias, teremos um selo. Além da revista que já editamos, queremos fazer outras coisas. Por exemplo, um livro com os destaques do acervo. A gente vai propor uma parceria com a Imprensa Oficial para editar, vai ter o selo Biblioteca Mario de Andrade Edições. A biblioteca é sempre referenciada como o lugar onde se guarda determinada edição que será usada em outra edição, mas não é vista como uma guardiã que cuida da forma como esse material será usado.

ORÇAMENTO
O de 2013 ficou em R$ 7 milhões, após a biblioteca ter projetado R$ 13 milhões, levando em conta que agora são dois prédios, com a hemeroteca. Para 2012 foram projetados R$ 11 milhões e vieram R$ 6 milhões. É insuficiente. Dá para custear a operação da biblioteca, mantém os funcionários e empresas terceirizadas. Você não tem nesse orçamento a possibilidade de ter recurso para uma ação emergencial. Vamos supor que alguém rasgue um livro raro, vou ter que esperar até o ano que vem para consertar ou ter que pedir? Assim também é impossível sustentar uma programnação cutlural. Projetamos para 2014 R$ 20 milhões para os dois prédios, sabendo que não vamos ter.

Nono andar da hemeroteca, onde está parte do acervo Folha; muito material ainda não está acessível ao público, por falta de catalogação (Foto Ze Carlos Barretta/Folhapress)

HEMEROTECA
Ela foi inaugurada, mas não foi habitada ainda, por várias razões. A gente dá atendimento a pesquisadores que querem fazer pesquisa sobre periódico, jornal, você liga, vem aqui e reserva o que quer. Mas não podemos ampliar esse atendimento porque o sistema de climatização do prédio ainda não foi recebido pela prefeitura. O sistema está em testes, que têm sido feitos a conta gotas, muito lentamente, pela empresa que instalou o sistema, e não têm sido bem sucedidos. Tem vazamento, tem água, não opera no padrão de resfriamento e umidade.  A previsão é que isso seja entregue até o final do ano.

O teste é feito lá mesmo, tem que ligar e desligar. A empresa fala: “O sistema tem que ser ligado e ficar uma semana para entrar em balanço”. Mas em uma semana eu perco todo o acervo. Acho que vou ter um problema lá maior do que estou tendo aqui [com fungos] se ligar o ar condicionado. Ele não vai alcançar o padrão.

Sem o ar, você não consegue pôr funcionários lá dentro e ampliar o atendimento ao público. Tem que climatizar o acervo, se não ele fica na oscilação, depende do que acontece aqui fora. Agora estamos bem, está muito seco. Estamos com índice de 30%, preciso de até 50%. Para periódicos, quando está muito seco, o jornal começa a craquelar, ficar sólido. A climatização produz o ambiente em que você tem o índice de umidade e temperatura adequados para preservar jornal, uma coisa rapidamente deteriorável. Não conseguimos preservar porque não é papel, mas consigo uma sobrevida desse acervo até digitalizar. A permanência de uma hemeroteca é a digitalização. Agora, se eu ligo um ar que foi instalado, e parece que foi feito isso, desenhado como um ar condicionado de um shopping, se estiver mais frio que o necessário que se dane, seu corpo que se adapte. Em tese, o ar condicionado possibilita um ar mais limpo, filtrado. Quando você fica num ambiente com ar e sai com coriza, tem alguma coisa de errado. Isso vale para a gente e vale para o acervo.

Isso considerando que a Mário de Andrade é uma biblioteca privilegiada, a primadona das bibliotecas públicas de São Paulo. Mas as coisas foram sendo feitas sem que se pensasse na manutenção delas, na sustentabilidade. Por exemplo, o prédio da hemeroteca não é da Secretaria Municipal de Cultura, é um comodato, pertence à Secretaria Estadual. Há uma sessão de empréstimos que pode ser cancelada a qualquer momento. A prefeitura tem tantos prédios que poderia num ter sido feita uma permuta, toma o meu e recebo esse. Mas o prédio não é nosso. A rigor, uma disputa política pode fazer com que sejamos despejados.

IMAGEM ELITISTA
Além de conservadora, a Biblioteca Mário de Andrade tem uma imagem elitista. E ela tem uma imagem elitista porque ela é elitista. A biblioteca que o Mário de Andrade fez para São Paulo foi feita para a elite, historicamente. É reflexo de uma cidade conservadora, que só há muito pouco tempo vislumbra que exista cultura na periferia, manifestações que não são aquelas produzidas para seu deleite. As instituições são um pouco o espelhamento das relações em torno dela.

Costumo dizer que essa fachada, o corredor de cristal, nos deu uma fachada de vidro, e que a Mário de Andrade não seja transparente apenas na fachada. Os problemas têm que ser públicos, a biblioteca tem que ser apropriada pela sociedade. Historicamente, a Mário de Andrade foi de uma elite e ainda é. Cada pequena atitude, cada pequeno gesto, eles vão se somando, aí no total você tem uma coisa que é reflete um pouco o que é São Paulo, uma cidade conservadora, classe média, extremamente ensimesmada, que tem medo de partilhar o que tem. A cultura é vista como bem, não como transmissão. A biblioteca não é responsável por isso, mas tem refletido isso.

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Painel das Letras: Miguel Conde na Rocco http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/27/miguel-conde-na-rocco/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/27/miguel-conde-na-rocco/#respond Sat, 27 Jul 2013 06:05:50 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=4316 Continue lendo →]]> A Flip que terminou no dia 7 deste mês foi a última de Miguel Conde, 32, como curador. O jornalista foi convidado a integrar o time da Rocco, na qual responderá à diretora editorial Vivian Wyler, em cargo criado especialmente para ele. Mauro Munhoz, presidente da Casa Azul, instituição que organiza a festa literária, elogia o trabalho de Conde em seus dois anos no evento e diz que deve anunciar um novo nome até o final de setembro.
Sobre o autor homenageado da edição de 2014, Munhoz comenta que ainda não houve decisão, mas que a forte campanha na internet em torno do nome de Lima Barreto (1881-1922) é “muito bem-vinda” e que o escritor tem “grande possibilidade de ser o escolhido”.
Para ler São Paulo
Uma São Paulo que os paulistanos esqueceram terá uma editora inteiramente voltada a ela a partir de outubro. Será a estreia do braço editorial do site São Paulo Antiga, que desde 2009 resgata histórias da cidade. Entre obras em domínio público e/ou fora de catálogo, a Piratininga terá raridades como “Memória Histórica sobre o Correio Paulistano” (1904), de Alberto Sousa, sobre primeiro jornal diário da cidade, fundado em 1854.

Apesar de voltada ao passado, a casa nasce moderna, observando o negócio editorial além do livro. O site, que vem oferecendo passeios guiados por roteiros históricos da capital, planeja percursos relacionados a títulos previstos para os próximos meses.

Crumb só para brasileiros
Os desenhos mais pervertidos de Robert Crumb terão até setembro antologia exclusiva para o país, feita por Rogério de Campos, com autorização do artista, para a Veneta. Com mais de 200 páginas, “A Mente Suja de Robert Crumb” reúne histórias como “Joe Blow”, proibida em 1969 por um juiz que ignorou testemunhas de defesa sob a alegação de que “só porque não desperta interesses lascivos em pessoas sofisticadas não significa que não seja obscena”.

Aponta estudo Chocolate faz bem para livrarias, segundo estudo belga recém-publicado no “Journal of Environmental Psychology”. Pesquisadores constataram, após dez dias disparando essência de chocolate numa loja, que os frequentadores tendem a ficar mais tempo examinando livros quando há cheiro da guloseima no ar.

Selo de qualidade Foram dez pessoas palpitando por três anos na tradução da “Medeia” que a Ateliê lança em agosto, e pelo jeito deu certo. A encenação da obra de Eurípedes foi testada e aprovada na periferia de Belo Horizonte após ser vertida do grego pelo grupo Trupersa, sob coordenação de Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa.

Selo de qualidade 2 O grupo quer percorrer áreas carentes com o texto. O prefácio da edição esclarece que a meta, ao retornar à obra de quase 25 séculos atrás, é torná-la “acessível a todos”.

Vitaminado Quem quiser ler “Getúlio Vol. 2”, de Lira Neto, em e-book poderá comprar versão com músicas da época (1930-45), trechos de filmes, discursos e imagens de desfiles. O e-book “enriquecido” custará R$ 37,90, ante R$ 32,90 do digital só com texto e R$ 52,50 do impresso.

Meu primeiro nórdico A independente Hedra quer conhecer o gosto de um sucesso nórdico. Lança em agosto “Anjos do Universo”, de Einar Már Gudmundsson, espécie de “Um Estranho no Ninho” islandês, vencedor do chamado “pequeno Nobel”, o Prêmio Nórdico da Academia Sueca.

iPad O Clube dos Autores lança, no dia 7, seu 4º Prêmio de Literatura Contemporânea, que rende ao vencedor um iPad. As obras são avaliadas pelos usuários do site de autopublicação. Em 2012, entre 600 inscritos, venceu “Os Ônibus, o Pêndulo, uma Frase, Algumas Histórias e, Quiçá, o Diploma”, de Rodrigo Bardo.

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Paulo Rónai e a inspiração do romance 'Budapeste' (de brinde, um poema) http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/21/paulo-ronai-e-budapeste/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/21/paulo-ronai-e-budapeste/#respond Sun, 21 Jul 2013 22:23:18 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=4277 Continue lendo →]]> O crítico e tradutor Paulo Rónai (1907-1992) nunca chegou a sumir de livrarias brasileiras. Mesmo que houvesse uma má vontade fora do comum das editoras, ia ser difícil estancar publicações relacionadas a ele, que sofria de uma invejável incontinência produtiva, fosse com traduções, como “Os Meninos da Rua Paulo” (Cosac Naify), de Ferenc Molnár, fosse com obras próprias, como “Curso Básico de Latim” (Cultrix), que é, acredite, o título mais vendido dele no Brasil.

Mas algumas pérolas de sua produção andaram esquecidas, lapso que vem sendo revertido desde 2012, quando quatro editoras passaram a reeditar alguns de seus trabalhos mais importantes como ensaísta, tradutor ou organizador.

A saber: Globo (“A Comédia Humana”, de Balzac), José Olympio (“A Tradução Vivida” e “Escola de Tradutores”; em breve, “Pois É”), Casa da Palavra (“Como Aprendi o Português e Outras Aventuras”; em breve, “Encontros com o Brasil”, “Não Perca o Seu Latim” e “Contos Húngaros”) e Nova Fronteira (em breve, “Mar de Histórias”, parceria com Aurelio Buarque de Holanda).

Esse resgate, incluindo o motivo pelo qual essas obras andaram deixadas de lado, foi tema de reportagem minha para a “Ilustríssima”, mais de um metro e meio de texto, uma maravilha de espaço, mas precisaria de uns três metros para incluir tudo de que gostaria.

Rónai (o segundo da esq. para a dir.) com Drummond (ao centro), de quem ficou amigo (os outros não sei mesmo, você me diga se souber)

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Um ponto que ficou de fora, embora tenha sido conversado com familiares, foi a extensão da inspiração em Paulo Rónai para o romance “Budapeste”, de Chico Buarque.

Quem atentou para a semelhança às avessas com a vida de Rónai (no livro de Chico, um brasileiro vai lidar com letras na Hungria) foi Sérgio Rodrigues, no extinto No Mínimo. O texto, reproduzido no blog da jornalista Cora Rónai, filha do crítico, me chegou no Facebook via Renata Lins, que disse ter tido, na época, a mesma impressão ao ler “Budapeste”.

Ele escreveu à época, sobre “Como Aprendi o Português e Outras Aventuras”:

“Um livro que, escrito a partir dos anos 40 e lançado em 1975, compartilha com o grande best-seller do momento [o livro de Chico] dois traços fundamentais: a oscilação entre a capital húngara e o Rio de Janeiro (com a diferença de que parte daquela para chegar a este, enquanto o herói buarquiano faz o caminho inverso) e a coragem de mergulhar de cabeça nos abismos da língua, das línguas, da linguagem.

[…] De um lado, encontramos o brasileiro José Costa, que por acaso ou fastio começa a construir uma nova identidade – uma identidade húngara – no dia em que a música de um idioma incompreensível o subjuga e mesmeriza. “Sem a mínima noção do aspecto, da estrutura, do corpo mesmo das palavras, eu não tinha como saber onde cada palavra começava ou até onde ia. Era impossível destacar uma palavra da outra, seria como pretender cortar um rio a faca.”

[…] Do outro lado, temos a presença comovente de um jovem húngaro, Paulo Rónai, e sua paixão também gratuita pelo português, numa Budapeste que estava a poucos anos de se tornar quintal da Alemanha nazista. “A mim, sob seu aspecto escrito, (o português) dava-me antes a impressão de um latim falado por crianças ou velhos, de qualquer maneira gente que não tivesse os dentes. Se os tivesse, como haveria perdido tantas consoantes?”

***

Quando entrevistei Laura, filha mais nova de Rónai, perguntei se Chico chegara a falar algo com a família a respeito, algum sinal além da impressão.”Ele nunca falou, mas todo mundo percebe. É fato conhecido. É tão fato que é a história do papai ao contrário”, ela respondeu.

Então perguntei ao Mario Canivello, assessor do Chico, que entrou em contato com o homem, na França, e me enviou a resposta dias depois: “Durante a escrita de Budapeste, Chico leu alguns contos húngaros traduzidos por Paulo Rónai, numa antologia organizada por ele e com prefácio do Guimarães Rosa. Dos contos, ele se lembra de ter tirado alguns apelidos húngaros, como Kriska e Pisti. E se lembra sobretudo de ter adorado o prefácio, mas só isso.”

Tendo lido “Budapeste” e “Como Aprendi o Português e Outras Aventuras”, também tenho a impressão de que foi mais do que isso. Ainda que Chico acredite que não.

***

Rónai com a mulher, a professora aposentada Nora, que hoje, duas décadas após essa foto, é campeã de natação na faixa 85-89 anos

E vai aqui também a íntegra do poema que encerra a reportagem, enviado por Rónai para Américo, marido de sua irmã Clara.

Foi escrito em 13 de março de 1970, logo depois de Américo ter comprado um carro novo. No aniversário do cunhado, Rónai lhe deu uma pasta para guardar documentos (Américo era um bagunceiro convicto), acompanhada dos seguintes versos:

Américo, eu vos peço,
Prestai atenção ao problema:
Como reza o nosso lema,
Sem ordem não há progresso.

Para que à desordem escapeis
Sem perder tempo em vã busca,
Correndo feliz no fusca,
Guardai bem os vossos papéis

Arquivados, classificados,
Em bom lugar conservados,
Todos na pasta competente,
Para serem encontrados fàcilmente.

Afim de atingirdes essa perfeição
Oferecemos-vos neste dia festivo
Para bem e felicidade da nação
Nada menos do que êste arquivo.

Ficai digno dêste lindo móvel
Arranjando quanto antes algum imóvel
Valores à beça, cédulas em quantidade
Consolando-vos assim dos estragos da idade.

A ambição da criação poética Rónai abandonou muito cedo, antes mesmo de vir ao Brasil. Mas, em seu acervo no sítio Pois É, em Nova Friburgo –biblioteca para a qual a família busca, sem sucesso, uma instituição disposta a administrar–, há vários poeminhas do gênero. Escritos para amigos, familiares, colegas, sempre como brincadeira.

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Painel das Letras: Duelo de titãs http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/20/painel-das-letras-5/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/20/painel-das-letras-5/#respond Sat, 20 Jul 2013 06:00:45 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=4268 Continue lendo →]]> As multinacionais Nielsen e GFK não costumam atuar nos mesmos países ao pesquisar o mercado de livros —a primeira é forte nos EUA e na Inglaterra; a segunda, na França e na Alemanha. Com a estreia da Nielsen no mercado editorial brasileiro, no próximo mês, teremos um caso raro, já que a GFK mensura vendas em livrarias há um ano. “Não queríamos repetir o que fazemos no exterior, e sim estudar o Brasil”, diz Luiz Gaspar, gerente de Bookscan da Nielsen. Refere-se, por exemplo, a subdivisões inexistentes lá fora em contagens por gênero, como católicos, evangélicos e espíritas entre livros de religião. Outra vantagem, ele diz, é traçar comparativos com o maior mercado de livros do mundo (EUA). GFK e Nielsen medem vendas na boca do caixa.

Aliás, a Fipe divulga na terça, dia 30, sua medição à moda antiga, com dados de editoras.

Duelo de titãs 2

A Nielsen diz ter fechado parceria com as principais livrarias e lojas de e-commerce, além de supermercados —calcula alcançar 50% do total de vendas de livros no país. E já tira números disso, como: 650 mil exemplares vendidos na última semana, distribuídos entre quase 60 mil títulos —sendo que os top 500 representam 40% do mercado.

Com mais tempo no segmento, considerado o período de testes, a GFK já faz comparativos anuais. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, a venda de livros cresceu 9,5% em volume e 11% em valor na comparação com o mesmo período de 2012. Os gêneros mais vendidos são literatura estrangeira (21,2%) e infantojuvenil (17,6%). Só 4,1% das vendas correspondem à literatura brasileira.

Ilustrações Além de escritores alemães, a Bienal do Livro Rio trará em sua homenagem ao país, em agosto, os ilustradores Axel Scheffler, de “O Grúfalo” (Brinque-Book), e Ole Könnecke, de “Anton” (WMF Martins Fontes; imagem acima)

Cem anos depois

A Primeira Guerra (1914-1918) é o patinho feito dos grandes conflitos mundiais para o mercado editorial, sempre mais propenso a buscar novos recortes sobre a Segunda Guerra (1939-1945). Será diferente no ano que vem, centenário do evento.

A Alfaguara abre o ano com a ficção “As Aventuras do Bom Soldado Svejk”, de Jaroslav Hasek, cuja trama começa um dia após assassinato do arquiduque Franz Ferdinand em Sarajevo, evento detonador da guerra. Outras casas preparam não ficções, como “The Sleepwalkers”, de Christopher Clark, e “The Beauty and the Sorrow of War”, de Peter Englund (Companhia das Letras); “Catastrophe: Europe Goes to War 1914”, de Max Hastings (Intrínseca); e “The Pity of War”, de Niall Ferguson (Planeta).

Editais  Subiu de R$ 1,05 milhão para R$ 1,75 milhão o valor dos editais destinados à literatura do ProAC (Programa de Incentivo à Cultura do Governo do Estado de São Paulo), que serão divulgados depois de amanhã.

Editais 2  Entre as novidades, um edital para modernização de bibliotecas públicas municipais. Em criação literária, infantojuvenil e poesia terão cinco bolsas cada um, e prosa, 15 bolsas, todas no valor de R$ 10 mil. HQs também passam a ter 15 bolsas, de
R$ 40 mil cada uma.

Originais  E a independente Bateia encerra no dia 31 o recebimento de originais de contos e romances, iniciado em março. Por ora, foram recebidos 152, e a meta é anunciar até dezembro os escolhidos, para publicação em 2014. E-mails para originaisnabateia@gmail.com.

Borges  Enquanto não sai, em 2014, o novo romance de Alberto Mussa, a Record trabalha para divulgá-lo como “o Borges brasileiro”.

Borges 2 Daqui a dois meses, serão reeditados “O Enigma de Qaf”, com prefácio de Walnice Nogueira Galvão, e “O Senhor do Lado Esquerdo”, com estudo de João Cezar de Castro Rocha.

Borges 3  Já o novo romance, “A Primeira História do Mundo”, se baseia em caso real pitoresco: o primeiro registro de assassinato no Rio, crime passional que envolveu, entre acusados e testemunhas, 15% da população da cidade, que não passava de 400 pessoas em 1567.

Policiais  Por falar em casos policiais, a Autêntica lança em agosto seu selo voltado ao gênero, Vertigo, com títulos como “Meu Primeiro Assassinato”, de Leena Lehtolainen, e “Sete Dias, Nove Crimes”, de Alexis Aubenque, que vem em novembro à Feira do Livro de Porto Alegre.

Estrada A extensa jornada de moto realizada por Neil Peart, baterista do Rush, após a morte da filha e da mulher é o tema de “Ghost Rider”, que a Bela-Letras publica em 2014.

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'Mulher: é um ser vivo que prejudica os outros' --e outras definições de crianças http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/17/o-mundo-segundo-as-criancas/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/17/o-mundo-segundo-as-criancas/#respond Wed, 17 Jul 2013 15:49:47 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=4255 Continue lendo →]]> Citei no Painel das Letras do último sábado o “Casa de Las Estrellas”, do colombiano Javier Naranjo, que bombou na última Feira do Livro de Bogotá e sairá no final do ano pela Foz, da Isa Pessoa. É um dicionário com 500 definições de crianças para 133 palavras, uma fofura. Aqui, uma mostra (com Deus, mulheres e casamento em baixa, e a melhor definição do mundo para paz):

Adulto
Pessoa que, em tudo o que fala, fala primeiro dela

Assassinato
É tirar o melhor de alguém

Carinho
É algo que amarra as pessoas

Colômbia
É uma partida de futebol

Corpo
É parte da cabeça

Deus
É uma pessoa que nos maneja com controle remoto como se fôssemos seus escravos

Distância
É algo que nunca se pode unir

Igreja
Onde uma pessoa vai para perdoar Deus

Matrimônio
É a pior coisa do mundo

Mulher
É um ser vivo que prejudica os outros

Paz
Quando alguém se perdoa

Pensamento
É uma forma de agir antes de falar

Violência
É a parte ruim da paz

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Romance que J.K. Rowling lançou sob pseudônimo já tinha editora no Brasil http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/16/romance-que-jkrowling-lancou-sob-pseudonimo-ja-tem-editora-no-brasil/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/16/romance-que-jkrowling-lancou-sob-pseudonimo-ja-tem-editora-no-brasil/#respond Tue, 16 Jul 2013 20:29:49 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=4220 Continue lendo →]]> Não foram só os leitores que caíram em cima do até então quase desconhecido “The Cuckoo’s Calling”, de Robert Galbraith, quando se soube, no último domingo, que Robert Galbraith é, na verdade, J.K. Rowling, a autora de “Harry Potter”. Editores também ficaram em polvorosa.

Mas “The Cuckoo’s Calling” já tinha editora no Brasil antes de a informação vazar –o vazamento foi uma bola cantada por um anônimo no Twitter, apurada por um professor da Universidade de Oxford e divulgada no domingo pelo “The Sunday Times”.

O livro teve os direitos comprados pela Rocco –que, procurada na noite de ontem, informou hoje que não se manifestaria a respeito.

J.K. “Galbraith” Rowling em foto de Lefteris Pitarakis/Associated Press

A obra teria sido oferecida em vários países, sem que o nome da autora fosse revelado, a editoras que já publicaram Rowling ou que pelo menos concorreram no último leilão de um livro dela, o de “Morte Súbita”. Ou seja, editoras que os agentes da autora conheciam bem.

Alguns sinais disso: entre outras editoras no mundo que vão publicar a obra, estão a francesa Grasset e a holandesa Meulenhoff, duas que publicaram “Morte Súbita”.  A Rocco, como se sabe, é a editora de “Harry Potter” no Brasil, embora tenha perdido a chance de publicar “Morte Súbita” na disputa vencida pela Nova Fronteira no fim do ano passado.

“The Cuckoo’s Calling” é o primeiro de uma série, que deve ter outro volume em 2014. Tinha vendido só 1.500 cópias na Inglaterra até sábado. Desde domingo, é o mais vendido na Amazon na Inglaterra e nos EUA, com a edição em inglês ficando em sétimo na Amazon.com.br

“Esperava manter o segredo por mais tempo. Ser Robert Galbraith foi libertador”, informou Rowling em nota, ao ser desmascarada. “Foi maravilhoso publicar sem expectativa do público, pelo puro prazer de ler comentários sob outro nome.” Galbraith fora anunciado como ex-policial estreante na literatura, mas seu texto chegou a ser comparado, nas escassas resenhas, ao de P.D. James.

No livro, um veterano de guerra, bancando o detetive particular, tenta desvendar o suicídio de uma modelo em Londres. Isso me fez lembrar uma coisa. Quando foi anunciado que Rowling escreveria seu primeiro livro adulto, comentou-se que seria um policial. Acabou vindo “Morte Súbita”, e era um livro político, e não se falou mais em policial. Até o último domingo.

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Painel das Letras: Alternativa virtual http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/13/painel-das-letras-4/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/13/painel-das-letras-4/#respond Sat, 13 Jul 2013 06:00:18 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=4212 Continue lendo →]]> Pela primeira vez, uma editora recorre ao maior site de crowdfunding (financiamento coletivo) do país, o Catarse, para comprar direitos autorais de um título estrangeiro. O escolhido foi “El Greco”, de Nikos Kazantzakis, que só teve no Brasil uma tradução do inglês, por Clarice Lispector, em 1975. A editora é a Cassará, à qual a professora da USP Ísis Borges da Fonseca doou sua tradução direto do grego. Em uma semana, a Cassará arrecadou R$ 1.450. Precisa chegar a R$ 8.000 em um mês —o contrato com o espólio do autor está até assinado.

Já passaram pelo Catarse 58 projetos de literatura nacional, dos quais 18 atingiram a meta de arrecadação —taxa de sucesso de 31%, ante média geral do site de 53%. O desempenho baixo decorre do fato de possíveis apoiadores não conhecerem o trabalho de autores estreantes, os que mais costumam recorrer ao site. Traduções de grandes nomes podem ter mais potencial de arrecadação.

As coisas segundo quem entende

A editora Isa Pessoa espera ter até outubro, para a Feira de Frankfurt, a versão piloto de um dos projetos que estão na origem de sua editora Foz: um aplicativo paradidático feito a partir de “Morena de Angola”, de Chico Buarque, sob supervisão de Marisa Lajolo.

Enquanto isso, expande negócios. Comprou seu primeiro título estrangeiro, “Casa de las Estrellas”, de Javier Naranjo, um hit na última Feira de Bogotá, em maio. É um dicionário com 500 definições de crianças para 133 palavras, como “adulto: pessoa que, em tudo que fala, fala primeiro dela”; “morte: uma coisa que não volta” e “família: é feia”.
Será a aposta para o Natal da Foz, que investirá mais na literatura latino-americana.

Romance geek

Não tinha como ser mais nerd o título que a JBC prepara para a Bienal do Livro Rio, em agosto. Sucesso no Japão, “Densha Otoko”, de Nakano Hitori, foi criado na forma de conversas de usuários do 2channel, fórum virtual de discussão japonês. Nele, um jovem pede a amigos conselhos para conquistar uma garota. O pseudônimo do autor é uma referência a “naka no hitori”, algo como “um de nós” —no caso, os frequentadores de fóruns na internet. Sai aqui com o subtítulo “O Homem do Trem”.

Teaser Vem com aperitivo o livro “Sal”, estreia de Leticia Wierzchowski na Intrínseca, que sai no próximo dia 19. O e-book gratuito segue a estrutura polifônica do romance. É uma espécie de prólogo no qual os personagens perfilam-se uns aos outros.

Segundo round A Sextante avaliou, mas decidiu não contratar o independente “Mnemônica”, de Miguel Angel Perez Correa, que já teve 4.800 cópias vendidas na Amazon. O autor não desanimou. Prepara, para as próximas semanas, sua segunda incursão na autopublicação, “Inglês para Preguiçosos”.

Frutos Após “Esquilos de Pavlov”, de Laura Erber, a Alfaguara terá outro romance da safra “melhores jovens autores” da Granta. Contratou “Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente” (título provisório), de Luisa Geisler. Fica para 2014.

Outro olhar Sintomas de um mercado disposto a se renovar: a Ediouro foi buscar na Oi e na Fox-Sony, respectivamente, seus novos diretores, Marcos Terra (novos canais de vendas) e Ricardo Braga (comercial de livrarias).

Ensaio A argentina Sylvia Molloy vem ao Brasil em agosto. Fala, no dia 3, em evento da “Serrote” no Espaço Revista Cult. Hector Babenco mediará conversa com as atrizes Regina Braga e Isabel Teixeira, que encenam em São Paulo o texto “Desarticulações”, da ensaísta.

Desligamento O poeta e tradutor Sérgio Medeiros deixa, após três anos, a direção-executiva da Editora UFSC. Em 2012, quando Roselane Neckel assumiu a reitoria da Universidade Federal de Santa Catarina, intelectuais prepararam carta pela permanência do editor. Não houve sintonia com a nova gestão, diz ele.

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Painel das Letras: Leminski de saia http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/06/painel-das-letras-3/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/07/06/painel-das-letras-3/#respond Sat, 06 Jul 2013 06:00:56 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=4200 Continue lendo →]]> Não foi Graciliano Ramos nem Milton Hatoum o autor mais vendido no primeiro dia da tenda da Livraria Travessa, parceira oficial da Flip, em Paraty. O primeiro livro a esgotar foi “Rua da Padaria” (Record), da poeta Bruna Beber, que teve participação elogiada no evento. Foram 200 livros vendidos; com isso, outros 200 foram encomendados às pressas. “É nossa Leminski”, disse o proprietário Ruy Campos, referindo-se ao recente sucesso de vendas do “Toda Poesia” (Companhia das Letras), do curitibano.

(Atualização em 7/7: os mais vendidos desta Flip, no cálculo prévio da Livraria da Travessa: Lila Azam Zanganeh, Cleonice Berardinelli, Francisco Bosco, Bruna Beber, Milton Hatoum, Juan Pablo Villalobos e Graciliano Ramos, com “Vidas Secas”. Em outras palavras, ensaio, poesia, ensaio, poesia, ficção, ficção, ficção. Ou: vendeu mais quem apareceu melhor na Tenda dos Autores)

Ruy elogia a movimentação e planeja aumentar a equipe em Paraty em 2014. Mas é bom a rede, que estreou na Flip neste ano, substituindo a Livraria da Vila, ficar atenta. A Cultura desta vez fechou um acordo de cavalheiros com a Flip para poder estar presente na cidade, mas quer a parceria oficial no ano que vem.

A Flip gringa

A britânica Liz Calder, idealizadora da Flip, queria muito Chico Buarque na estreia do FlipSide, irmão inglês do evento paratiense, marcado para o período entre 4 a 6 de outubro em Snape Maltings, na costa leste da Inglaterra. O autor de “Leite Derramado” não aceitou, pelo mesmo motivo pelo qual recusou integrar a seleção de escritores brasileiros na Feira de Frankfurt: a prioridade é terminar o novo romance.

Mas autores dentre os 70 que representarão o país em Frankfurt, que acontece logo depois, já estão confirmados para o evento inglês. Entre eles Ferréz, Paulo Lins, Adriana Lisboa e Patrícia Melo, que se juntarão a estrangeiros como Ian McEwan e Ali Smith.

Fábulas Depois dos contos de Grimm, a Cosac Naify lança neste semestre “Esopo: Fábulas Completas” (acima), organizado e traduzido direto do grego por Maria Celeste C. Dezotti e ilustrado por Eduardo Berliner

Concentração Quase só vai dar São Paulo no estande de editoras brasileiras na Feira de Frankfurt, em outubro. Das 109 confirmadas, 73 são paulistas. A concentração reflete o mercado nacional, lembra Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro.

Concentração 2 Não deixa de ser curioso que só 14 editoras sejam do Rio.

Off Frankfurt Quem estreia no estande da CBL neste ano é o selo Off Flip, que completa cinco anos com foco em autores estreantes, incluindo vencedores do concurso literário anual que acontece em Paraty.

Off Frankfurt 2 “Nunca participamos de feiras internacionais, nem sei como funciona”, diz o editor Ovídio Poli Junior, que, na dúvida, levará oito títulos da casa para apresentar a estrangeiros.

A jato A exemplo de Companhia das Letras e Objetiva, a Zahar lança o selo digital Expresso Zahar para textos curtos, custando até R$ 4,90. Novelas de Jane Austen abrem a série.

Mais Nelson O cineasta Nelson Pereira dos Santos terá outras homenagens no meio literário neste ano. Depois de levá-lo à Flip, o Itaú Cultural prepara para 21 de agosto a “Ocupação Nelson Pereira dos Santos”, celebrando os 50 anos do filme “Vidas Secas”.

Mais Nelson 2 E, em outubro, ele vai a Frankfurt, onde completará 85 anos.

Baixa discreta As baixas de Michel Houellebecq e Karl Ove Knausgard não foram as únicas com que a Flip teve de lidar nesta edição. O dominicano Junot Díaz confirmou no início do ano e deu para trás em maio. Como já tinha desistido em 2009, a Flip esperou até o limite antes de anunciar o nome dele, então ninguém ficou sabendo.

Dois a menos Depois de perder a chance de vender “O Mapa e o Território”, de Houellebecq, na Flip, a Record acabou segurando o lançamento de “É Assim que Você a Perde”, de Díaz. Ficou para o final deste mês.

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Painel das Letras: Prateleiras de fotos http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/06/29/painel-das-letras-2/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/06/29/painel-das-letras-2/#respond Sat, 29 Jun 2013 06:00:22 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=4195 Continue lendo →]]> Blog que virou meme que virou livro, “Kim Jong-il Looking at Things” (Jean Boîte Éditions), do português João Rocha —um volume com nada mais que imagens do “querido líder” (1941-2011) da Coreia do Norte “olhando para coisas”—, será um dos destaques do Espaço Fotolivros Madalena, livraria especializada em fotografias que se instala em São Paulo no próximo dia 22.

A loja, dos sócios Iatã Cannabrava, Claudi Carreras e Viviane Vilela, vai oferecer outros títulos lançados no exterior, como “Babel Tales”, de Peter Funch, atração do último Paraty em Foco, e a fotonovela situada no Rio “(based on a true story)”, de David Alan Harvey.

Na noite de abertura, haverá troca de livros e projeções do trabalho de fotógrafos. E já estarão disponíveis quase 500 títulos, tanto de editoras nacionais, como Tempo de Imagem e Cosac Naify, quanto de estrangeiras, como Thames & Hudson e Little Brown Mushroom.

Leitura aos pedaços

Editoras brasileiras começam a perceber vantagens do tão temido livro digital. Nesta segunda, a Galera Record começa a vender, por R$ 4,90, o e-book com o capítulo inicial de “As Crônicas de Bane”, de Cassandra Clare, autora com mais de 180 mil livros vendidos no Brasil.

Desdobramento da celebrada série “Instrumentos Mortais”, o livro em dez capítulos independentes terá um e-book por mês antes de ganhar versão impressa.

O modelo vem funcionando. Em quatro meses, a Paralela vendeu, no total, 23,5 mil e-books com trechos de “Porque Você É Minha”, de Beth Kery. No próximo dia 12, põe nas lojas 8.000 cópias do livro impresso, e, em setembro, lança e-book com o primeiro capítulo de outra série da autora.

Dimensões Em ‘Os Pontos Cardeais Acrobatas’ (acima),  primeiro livro em 3D infantojuvenil da Cosac Naify, previsto para agosto, Andrés Sandoval retrata a cama de gato, jogo em que duas pessoas brincam com barbante

Instruções Ficaram com a independente Bateia os direitos do novo livro de Yoko Ono, “Acorn” (“bolota”, o fruto do carvalho), que dá sequência a “Grapefruit”, dos anos 1960. A obra reúne cem conselhos sobre como se relacionar consigo mesmo, com os outros e com o ambiente. E não é autoajuda, segundo a crítica internacional.

Sorteio A cada sessão de “Resíduo Drummond”, a partir do dia 6 no teatro da Livraria da Vila do Pátio Higienópolis, será sorteado um livro do poeta. A parceria entre a Companhia das Letras e a produção do espetáculo inclui títulos como “José” e “Divagação sobre as Ilhas”.

Made in TV Dezenas de empresas licenciaram nas últimas semanas produtos estrelados por Doki, o cãozinho que surgiu como vinheta da Discovery Kids e virou desenho animado. Os livros ficaram com a Lafonte, que prepara série a ser lançada na Bienal do Livro Rio. Cada volume terá tiragem inicial de 20 mil.

Azul Melhor HQ do festival de Angoulême 2011, na opinião do público, “Le Bleu Est une Couleur Chaude”, de Julie Maroh, foi comprada pela Martins Fontes/selo Martins. A história de Clementine, cuja vida se transforma graças a uma garota de cabelo azul, fica para o fim do ano —quando estreia “La Vie d’Adèle”, baseado na HQ e grande vencedor de Cannes 2013.

Panelas Virginia Woolf, Gertrude Stein e Agatha Christie estão entre as dez escritoras que têm biografias gastronômicas reunidas em “A Cozinha das Escritoras”, de Stefania Aphel Barzini. Sai em outubro, pela Benvirá, temperado com as receitas preferidas de cada uma.

Submundo Após encarar Paulo César Pereio no documentário “Pereio, Eu te Odeio”, o cartunista Allan Sieber inicia filmagens sobre o desbocado Fausto Wolff (1940-2008). A base são cinco fitas gravadas de uma entrevista feita em 2005 na casa do autor de “À Mão Esquerda”.

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