A Biblioteca de RaquelPrêmios – A Biblioteca de Raquel http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br Raquel Cozer Mon, 18 Nov 2013 13:27:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Editora de Ana Maria Machado pede ao Jabuti esclarecimentos sobre jurado C http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/10/22/editor-pede-ao-jabuti-esclarecimentos-sobre-jurado-c/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/10/22/editor-pede-ao-jabuti-esclarecimentos-sobre-jurado-c/#comments Mon, 22 Oct 2012 13:31:13 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3262 Continue lendo →]]> A Objetiva, editora de “Infâmia”, livro de Ana Maria Machado que recebeu nota zero do jurado C no Prêmio Jabuti, acaba de enviar este comunicado à imprensa:

 

“A Editora Objetiva vem expressar sua perplexidade diante das informações divulgadas pela Câmara Brasileira do Livro a respeito da apuração do resultado do Prêmio Jabuti de 2012, categoria literatura.

Ao se confirmarem estas informações, fica evidente uma manipulação do resultado por parte de um dos jurados. Seu voto, em vez de refletir uma avaliação qualificada de cada uma das obras finalistas, pode evidenciar a determinação de eleger uma obra vencedora a qualquer custo, ainda que para isto fosse necessário apelar a uma série de notas zero para os demais finalistas.

Como editores do romance INFÂMIA de Ana Maria Machado, não podemos deixar de expressar nosso desconforto diante da informação de que no escrutínio final para a escolha do romance vencedor, INFÂMIA recebeu uma nota dez, uma nota nove e meio, e do jurado em questão, um zero.

Diante deste fato sem precedente nos 54 anos de existência do Jabuti, nos parece necessário esclarecer dois pontos:

1. quando o jurado em questão definiu o seu voto no último escrutínio, ele tinha conhecimento dos votos dos demais jurados para cada finalista nos escrutínios anteriores?

2. o jurado em questão atribuiu nota zero ao romance INFÂMIA em todas as rodadas de votação, ou apenas na última, para alcançar uma improvável e distorcida média matemática?

Esperamos que, no espírito de transparência que deve nortear o Prêmio, os organizadores esclareçam estas questões, o que permitiria um melhor entendimento sobre o resultado final.

E uma vez que o próprio curador do Prêmio afirmou que o jurado em questão “não era adequado ao prêmio”, esperamos também que doravante a seleção de jurados seja mais criteriosa, reduzindo o risco de posturas oportunistas.

Roberto Feith
Diretor
Editora Objetiva”

 

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O que podemos aprender com o jurado C http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/10/19/o-que-podemos-aprender-com-o-jurado-c/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/10/19/o-que-podemos-aprender-com-o-jurado-c/#comments Fri, 19 Oct 2012 21:30:14 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3195 Continue lendo →]]> Na noite de 28 de novembro, quando o Prêmio Jabuti estiver prestes a anunciar seus vencedores nas categorias livro do ano de ficção e de não ficção, todas as atenções estarão voltadas para outro nome: o do jurado C, que poderá então, junto com o resto do júri, ser conhecido. A não ser, como atentou o jornalista Carlos André Moreira, que a notícia vaze antes, já que o caso do jurado C ganhou ares de fim de novela nesse nosso pouco palpitante mundinho literário.

O jurado C, se é que alguém ainda não sabe, foi a pessoa que bagunçou a divulgação dos resultados da segunda fase do Prêmio Jabuti, ontem à tarde. Ele e os jurados A e B eram responsáveis por dar notas de zero a dez para os dez livros finalistas na categoria romance. Resolveu dar notas entre 0 e 1,5 a cinco dos finalistas, o que tornou impossível para qualquer um deles vencer, já que era preciso ter a nota mais alta na média dos votos de cada jurado.

O curioso foi que o jurado C, voluntariamente ou não, impôs um posicionamento político ao prêmio. Grandes nomes como Ana Maria Machado (“Infâmia”) e Wilson Bueno (“Mano, a Noite Está Velha”) levaram notas mais baixas, assim como outros já premiados ou considerados favoritos, como Menalton Braff (“Tapete de Silêncio”) e Paulo Scott (“Habitante Irreal”).

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O primeiro lugar acabou ficando para o estreante Oscar Nakasato, cujo “Nihonjin” foi publicado pela Benvirá após vencer um concurso de originais. O segundo e o terceiro lugares ficaram para “Naqueles Morros, Depois da Chuva”, de Edival Lourenço, e “O Estranho no Corredor”, de Chico Lopes, talvez os nomes menos conhecidos da lista de dez finalistas.

José Luiz Goldfarb, curador do prêmio, disse ao UOL que o jurado C já participara de edições anteriores, mas que desta vez se aproveitou do fato de as notas poderem ser de 0 a 10, e não apenas de 8 a 10, como foi até 2011. Vi listas de jurados de outras edições e posso dizer são nomes não necessariamente conhecidos no meio literário. Considerando que todo ano eles precisam de três nomes que aceitem se comprometer a avaliar mais de cem títulos, e que o Jabuti não repete jurados em anos seguidos, não é de se espantar que seja assim.

O que não ficou claro para mim foi se o jurado C desclassificou favoritos para dar vez aos que na teoria tinham menos chance, se achou os livros umas porcarias indignas de serem chamadas de romances ou se foi espírito de porco mesmo. A primeira opção me parece mais simpática, embora eu tema que na verdade tenha sido a alternativa três.

***

Independentemente disso, a despeito de ter pesado a mão ao fazer valer seu direito de voto, sendo inclusive injusto, o jurado C ajudou a espanar uma poeira que costuma assentar sobre prêmios literários. Importante ressaltar, porque dei margem a leituras erradas: não defendo o que ele fez, só acho que sua atitude radical trouxe questões pertinentes à tona.

Entre os méritos de um prêmio, está o de levantar debate, dar voz ao autor, apontar o diferente. Enfim, tirar as coisas do lugar (algo diferente de criar cotas para iniciantes, por favor). Por isso não posso dizer que tenha achado bom, por exemplo, o Prêmio São Paulo de Literatura agraciar “in memoriam” “Vermelho Amargo”, de Bartolomeu Campos de Queirós. Não entro no critério de se o romance era melhor ou pior que os outros, o que é passível de discordância mesmo entre jurados, mas o prêmio teria rendido mais debate se um autor na ativa fosse o escolhido.

Ninguém tem dúvida de que Ana Maria Machado é uma excelente escritora. Ou tem? Eu não tenho. Não fosse o jurado C, ela acrescentaria à sua prateleira mais um merecido Jabuti. Querendo ou não, o jurado C pôs no topo um estreante, alguém que não teve destaque ao ser publicado e que no entanto foi merecedor de figurar entre os finalistas, tendo concorrido com mais de cem títulos. Em última instância, é melhor que estejamos sendo apresentados a Oscar Nakasato do que que venham nos repetir que Ana Maria Machado é uma excelente escritora.

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P.S.: a história serve a ilustrar vícios de premiações, mas não é bom um prêmio ser frágil ao ponto de um único jurado interferir assim. No Facebook, lembraram que até escolas de samba sabem evitar isso, mas, enfim, no Rio elas só corrigiram o método de votação nos anos 80, depois que uma louca deu nota 6 para todas, menos para a Mocidade, e fez a escola ganhar. O Jabuti já se comprometeu a corrigir isso para 2013. Essa molecagem é mais uma prova de que precisa rever mais, precisa rever todo o seu conceito. Ou alguém acha que todos os jurados leram todas as dezenas (às vezes mais de cem) de livros inscritos nas categorias que julgaram?

P.S. 2: a Fernanda de Aragão, escritora, fez um bom post destacando também o aspecto político do posicionamento do jurado.

P.S. 3: as duas últimas notas do post acima poderiam entrar nesta discussão: será que o poço criativo da literatura está seco?

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