A Biblioteca de Raquelcosac naify – A Biblioteca de Raquel http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br Raquel Cozer Mon, 18 Nov 2013 13:27:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Painel das Letras: 50 anos mais cinco http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/05/11/painel-das-letras-50-anos-mais-cinco/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/05/11/painel-das-letras-50-anos-mais-cinco/#comments Sat, 11 May 2013 06:00:44 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3967 Continue lendo →]]> Planejado para os 50 anos do Teatro Oficina, em 2008, “Do Pré-Tropicalismo aos Sertões: Conversas com Zé Celso”, de Miguel de Almeida, ficou pronto só agora, cinco anos depois. O empecilho foi o famigerado artigo 20 do Código Civil, que estipula a necessidade de autorização de retratados em obras com fins comerciais. No livro da Imprensa Oficial, mais de cem fotos intercalam a transcrição de 20 horas de conversas com o diretor. “Tive de procurar todos os atores. Daí um morreu, o outro sumiu, o outro não dá resposta. Estamos nas mãos de uma legislação estúpida”, diz Almeida. Uma nota na edição agradece informações sobre quem não foi identificado.

A proposta de dispensar a autorização prévia seguiria para o Senado em março, mas um recurso de última hora fez com que voltasse para análise dos deputados

Morcegos renovados
O recém-anunciado desaparecimento da arma que matou Paulo Cesar Farias e a namorada Suzana Marcolino, em 23 de junho de 1996, será só a cereja do bolo do posfácio que Lucas Figueiredo prepara para a nova edição de seu “Morcegos Negros”, previsto pela Record para junho.

O livro-reportagem sobre os bastidores do governo Collor, publicado em 2000, vendeu 35 mil cópias até 2003, quando saiu de catálogo.

O editor Carlos Andreazza diz que a Record quer relançar os cinco títulos do jornalista —nenhum vendeu menos de 10 mil exemplares.

E avisa: vem outra grande reportagem por aí.

Ilustração de Luani Guarnieri

Aplicativo A escritora Ana Maria Machado estreia nos tablets com game inspirado no livro “Uma, Duas, Três Princesas” (acima), que a Ática lança neste mês.

Time Habitué de debates no Brasil,o moçambicano  Mia Couto volta para a Bienal do Livro Rio, no fim de agosto, para divulgar “Cada Homem É uma Raça” (Companhia das Letras).

Com ele, já são 19 os autores internacionais divulgados pelo evento, entre best-sellers (Nicholas Sparks, Sylvia Day) e nomes elogiados pela crítica (César Aira, Francine Prose).

Preparação Dos R$ 18,9 milhões do orçamento previsto para a participação do Brasil na Feira de Frankfurt, R$ 2,42 milhões serão gastos com o estande das editoras. Na divisão, o governo fica com R$ 1,75 milhão. Os outros R$ 670 mil são pagos pelo Brazilian Publishers, parceria da Câmara Brasileira do Livro com a Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).

Boletim Os seis autores que o Brazilian Publishers levará a Frankfurt serão selecionados conforme notas recebidas numa planilha com seis variáveis. Vai quem pontuar mais. As editoras signatárias do projeto farão as indicações e a seleção final.

Digital Chama-se Descaminhos a editora colaborativa que estreia na Amazon, no dia 21, com a obra completa de autores pouco lembrados, como Pagu, Jorge Andrade e Maria de Lourdes, e títulos de contemporâneos, como Menalton Braff e Heloisa Prieto.

Clássicos A Cosac Naify acertou com Maria Emilia Bender, ex-sócia da Companhia das Letras, uma colaboração continuada para a edição de clássicos estrangeiros, na série que já teve “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, e “Anna Kariênina”, de Tolstói.

Estreia Fernando Henrique Cardoso, que deve se tornar imortal em breve, terá seu primeiro livro como autor da Companhia das Letras em junho. “Pensadores que Inventaram o Brasil” reunirá ensaios sobre Joaquim Nabuco, Gilberto Freyre e Antonio Candido, entre outros, e um inédito sobre Raymundo Faoro.

Cinema “Garota, Interrompida”, livro da americana Susanna Kaysen que inspirou o filme de 1999, será o primeiro título do selo de ficção Única, da editora Gente.

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Painel das Letras: O preço de Frankfurt http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/04/27/painel-das-letras-o-preco-de-frankfurt/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/04/27/painel-das-letras-o-preco-de-frankfurt/#comments Sat, 27 Apr 2013 06:00:27 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3945 Continue lendo →]]> Saiu anteontem, um mês após o anúncio pelo Ministério da Cultura, a nomeação oficial de Renato Lessa para a presidência da Fundação Biblioteca Nacional. E o cientista político já assume sob críticas quanto às cifras que serão gastas pelo governo na Feira de Frankfurt, em outubro —o Brasil será homenageado, e cabe à fundação organizar a participação brasileira.

Questionado pela Folha, o MinC informou que o orçamento será de R$ 18,9 milhões e que, desses, já estão garantidos R$ 15,7 milhões. A Câmara Brasileira do Livro foi autorizada a captar via Lei Rouanet R$ 13 milhões para o evento —um plano B, para o caso de a verba não ser toda liberada pela União. A falta de clareza causou confusão. O MinC diz que “em nenhuma hipótese” o gasto passará de R$ 18,9 mi.

O preço de Frankfurt 2
Questionado sobre quanto desse montante será pago pela Fundação Biblioteca Nacional, o MinC assegura que “nenhum valor é do orçamento direto da FBN”, mas sim do Fundo Nacional de Cultura. Os gastos incluem o pavilhão brasileiro, estande de editoras, programação em museus de Frankfurt, passagens e hospedagens de autores, palestrantes, artistas e equipe de produção, tradução simultânea, tradução de material impresso e mais.

Para explicar o total do investimento brasileiro, a FBN cita gastos de outros homenageados: Argentina (2010), R$ 20 milhões; Catalunha (2007), R$ 39 milhões; Índia (2006), R$ 12 milhões; Coréia (2005), R$ 45 milhões.

O governo da Nova Zelândia, que gastou R$ 11 milhões em 2012, diz que essas cifras não são comparáveis, dadas as especificidades de cada país.

Norma Personagens como a moça Crase e o caçador Singular contam histórias da gramática em “Crônicas da Norma” (Callis/Instituto Antonio Houaiss; imagem acima, por José Carlos Lollo), de Blandina Franco, que chega em breve às livrarias

O leitor comum
O título da estreia de Luciano Trigo na poesia, “Motivo”, tem sua provocação. Leitor atento da atual produção poética, o jornalista e escritor diz ter concluído que pouco do que se edita no gênero é digno de nota. Resolveu reunir em seu livro só o que “se justificasse por algum motivo, alguma fagulha de originalidade”.

Trigo já escreveu ficção, ensaios e infantis. Com “Motivo”, que sai em maio pela 7Letras, quer fazer diferença num cenário que considera voltado ao próprio umbigo. “Parece uma poesia escrita entre amigos, para amigos e que perdeu a capacidade de tocar o leitor comum.”

Poesia A 7Letras, aliás, casa das que mais publicam poesia no país, com média de quatro títulos ao mês, inicia em maio a publicação da obra completa do português Ruy Belo (1933-1978). Começa com “Aquela Grande Rio Eufrates”, “O Problema da Habitação” e “Boca Bilíngue”.

Concurso Foram 900 inscritos em 2012, na estreia do Prêmio Paraná de Literatura. A segunda edição será lançada nesta segunda, selecionando obras inéditas em romance, contos e poesia. Cada vencedor ganha R$ 40 mil e mil cópias editadas pela Biblioteca Pública do Paraná. Edital e informações em bpp.pr.gov.br e seec.pr.gov.br.

Cinema Carlos Augusto Calil já definiu pontos da reorganização da obra de Paulo Emilio Salles Gomes (1916-1977), que passa da Cosac Naify para a Companhia das Letras

Cinema 2 Calil planeja volumes com textos antes só publicados em jornais. Da produção crítica de Salles Gomes, só saíram pela Cosac Naify os livros referentes a Jean Vigo.

Ficção científica  “Fragmento de História Futura”, do francês Gabriel de Tarde (1843-1908), ganha edição em maio pela Cultura & Barbárie, com tradução de Fernando Scheibe. O misto de ficção e ensaio se passa no século 31, 500 anos após os homens migrarem para as entranhas da Terra, com a extinção do Sol.

Guerra A Bertrand Brasil comprou “Masters of the Air”, de Donald L. Miller, livro que Steven Spielberg usa como base para sua próxima série de TV. Na Bienal, a editora lança os que originaram suas séries anteriores, “Band of Brothers” e “The Pacific”.

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Painel das Letras: Feira itinerante http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/04/13/painel-das-letras-feira-itinerante/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/04/13/painel-das-letras-feira-itinerante/#comments Sat, 13 Apr 2013 06:00:00 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3915 Continue lendo →]]> Foram cerca de 1 milhão de livros vendidos desde julho de 2012, em 23 cidades onde livrarias são raridade. Agora, o evento itinerante Caminhos da Leitura tenta angariar R$ 5 milhões para alcançar, a partir do segundo semestre, outras 20 localidades. Para a primeira etapa, ainda em andamento, a Associação Brasileira de Difusão do Livro (ABDL) captou no ano passado R$ 3,6 milhões via Rouanet. O evento surgiu da noção de que 70% das cidades brasileiras não têm livrarias. Além de debates e oficinas, oferece livros a até R$ 10. Neste fim de semana, está em Itu.

Quase como era antes

Depois de um ano no Cerlalc, centro da Unesco para o fomento da leitura na América Latina, Fabiano dos Santos Piúba voltará ao MinC. Foi convidado por José Castilho Marques Neto, novo responsável pelas políticas de livro e leitura do ministério.

Piúba comandava no MinC a Diretoria de Livro, Leitura e Literatura e retorna ao cargo. Com a diferença de que, em 2012, a diretoria agregou o sistema de bibliotecas —uma herança da passagem pela Fundação Biblioteca Nacional, que desde os anos 90 geria esse sistema.

A área de bibliotecas, aliás, deve receber de volta Elisa Machado, uma das coordenadoras cujas cartas de demissão, em março, aceleraram a decisão de Marta Suplicy de tirar Galeno Amorim da presidência da FBN. A exoneração de Elisa nunca chegou a sair.

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O mapa da arte e a Bienal

Will Gompertz, editor de arte da BBC, vem à Bienal do Livro Rio lançar “Isso É Arte?” (Zahar), sobre a evolução da arte moderna, com direito a diagrama estilo mapa do metrô (acima). Também está confirmada Emma Donoghue, do elogiado romance “Quarto” (Verus). Com eles, já há 12 nomes confirmados, a quatro meses do evento.

Estreia digital
A tão esperada estreia da Cosac Naify no mercado digital será no próximo dia 23, Dia Mundial do Livro. Os primeiros e-books serão disponibilizados nas lojas virtuais da Saraiva e da Cultura. A princípio, Amazon, Apple e Google ficam de fora.

Também neste primeiro momento, o cronograma digital será à parte, sem relação com os lançamentos físicos. A primeira leva terá, entre outros, contos avulsos de Tolstói e Tchekhov, a cerca de R$ 5 cada um, e os romances “Bonsai”, de Alejandro Zambra, e “O Filho de Mil Homens”, de Valter Hugo Mãe, com descontos de 30% a 35% em relação às edições em papel.

Cubano O premiado “O Homem de Amava os Cachorros”, de Leonardo Padura Fuentes, sairá neste ano pela Boitempo. O romance acompanha em mais de 500 páginas um escritor fictício, o líder Leon Trotski e seu algoz, o catalão Ramon Mercader.

Biografias Trotski é tema também de uma das quatro biografias assinadas por Paulo Leminski e que a Companhia das Letras reúne neste ano no volume “Vida”. As outras são sobre Jesus Cristo, Matsuo Bashô e Cruz e Souza

Desistência O escritor e diplomata João Almino conta que retirou há duas semanas sua candidatura à vaga que Rosiska Darcy de Oliveira garantiu anteontem na Academia Brasileira de Letras.

Desistência 2 “Ela teve uma campanha bem feita e iniciada de longa data. Eu não teria o apoio de amigos que já haviam assumido compromissos”, explica.

Free City  Em setembro, um mês antes de participar da Feira de Frankfurt, Almino terá seu premiado “Cidade Livre” lançado nos Estados Unidos. Será seu terceiro romance vertido para o inglês.

Frankfurt A Dublinense, que teve microestande na última Feira de Frankfurt, graças a um programa de apoio a independentes, agora colhe frutos. Seus policiais “Crime na Feira do Livro”, de Tailor Diniz, e “Fetiche”, de Carina Luft, integrarão coleção da alemã Abera, a ser lançada na feira deste ano, em outubro.

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Painel das Letras: Literatura brasileña http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/03/16/painel-das-letras-literatura-brasilena/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/03/16/painel-das-letras-literatura-brasilena/#comments Sat, 16 Mar 2013 06:00:42 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3755 Continue lendo →]]> A Fundação Biblioteca Nacional fez, a pedido da coluna, um balanço de todas as obras que chegaram a ser publicadas com seu programa de apoio à tradução de títulos brasileiros no exterior, desde sua criação, em 1991. Embora traduções para a Alemanha tenham se multiplicado desde 2010, quando o Brasil foi anunciado como convidado de honra da Feira de Frankfurt deste ano*, é em espanhol que mais se encontram obras brasileiras. Das 209 publicadas em 22 anos, 26 foram para a Espanha e 18 para a Argentina, totalizando 44 (há ainda cinco em catalão). A França é outro dos países que mais traduzem brasileiros, com 30. No geral, Clarice Lispector é a autora mais publicada, com 14 edições estrangeiras.

* 14 traduções para o alemão foram publicadas desde 1991, mas há outras 25 em andamento, muitas delas previstas para sair ainda neste ano.

Vanguarda infantil
A Cosac Naify é a única editora brasileira entre as cinco finalistas na categoria América Central e do Sul do recém-criado Bologna Prize for Best Children’s Publishers of the Year, voltado a casas que vêm se destacando internacionalmente como a “vanguarda da inovação” em livros infantis.

Concorre com a venezuelana Edicione Ekaré e as mexicanas Ediciones Tecolote, Fondo de Cultura Economica e Petra Ediciones. A votação vai até o dia 18 pelo site bolognachildrensbookfair.com. O vencedor será conhecido no dia 26, na Feira do Livro Infantil de Bolonha.

A edição do ano que vem da feira italiana, aliás, homenageará o Brasil.

HQ Assim como Cervantes, que deu um intervalo de dez anos entre dois volumes de “Dom Quixote” (1605 e 1615), Caco Galhardo demorou oito para lançar a segunda parte de sua adaptação (imagem acima). Sai em julho pela Peirópolis

Eleitos Sobre os 70 autores que o governo levará para representar o Brasil na Feira de Frankfurt, em outubro, a Libre, associação de editoras independentes, diz: “A lista é séria e traz bons autores, mas sentimos falta de diversidade: mais negros, índios, regionais (preferencialmente os que não migraram para SP e Rio) e de editoras independentes.”

Eleitos 2 Um dos regionais que migraram para São Paulo, aliás, o amazonense Milton Hatoum, alegou ter recusado o convite por já ter representado o país no evento do ano passado, na cerimônia em que o convidado de honra anterior, a Nova Zelândia, passou o bastão para o Brasil. Preferiu liberar a vaga.

Eleitos 3 Galeno Amorim, presidente da Biblioteca Nacional, diz que, em abril, o site do comitê que organiza a homenagem ao Brasil terá espaço para editoras indicarem autores cujas viagens a Frankfurt elas mesmas pretendam bancar. Serão avaliados para receber ou não a chancela do comitê e figurar na lista oficial.

Tradução A gaúcha Luisa Geisler, que na última Feira de Frankfurt atraiu interesse de editoras estrangeiras, fechou seu primeiro contrato lá fora.

Tradução 2 Seu romance “Quiçá” (Record), vencedor do Prêmio Sesc, teve os direitos adquiridos pela Siruela, editora que publica Clarice Lispector e António Lobo Antunes na Espanha.

Mitos “Literaturas de Origem” é o tema do Fórum das Letras de Ouro Preto, que neste ano acontecerá pela primeira vez no primeiro semestre. ?A ideia será discutir, de 29 de maio a 2 de junho, a “íntima relação entre as mitologias e a literatura”, segundo a coordenadora do evento, Guiomar de Grammont.

Novo foco Em maio, a Brinque-Book estreia o selo juvenil Escarlate. O primeiro título será “A Árvore: Entrecaminhos”, da brasileira Janaina Tokitaka, e marcará também a entrada da Brinque-Book no universo dos e-books: todos os livros da Escarlate sairão sempre nos dois formatos.

Originais A jovem editora independente Bateia, que já tem inéditos de Alejandro Zambra e Juan Pablo Villalobos no catálogo, recebe, até o final de julho, originais de contos e romances, em PDF, pelo email originaisnabateia@gmail.com. Os selecionados saem em 2014.

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Painel das Letras: A volta da Desiderata http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/02/02/painel-das-letras-a-volta-da-desiderata/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/02/02/painel-das-letras-a-volta-da-desiderata/#comments Sat, 02 Feb 2013 05:00:35 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3565 Continue lendo →]]> Criada em 2003 como editora de humor e quadrinhos, com nomes como Millôr Fernandes e Allan Sieber, e comprada em 2008 pela Ediouro, a Desiderata não tem títulos publicados desde 2010. O último foi a HQ “Os Sertões: A Luta”, boa adaptação da obra de Euclydes da Cunha por Carlos Ferreira e Rodrigo Rosa.

A diretora editorial Leila Name diz que a marca não foi extinta. Mas, agora, será uma coleção do selo Nova Fronteira. E o foco será todo nas adaptações literárias, que vendem bem para o governo —ou seja, nada de roteiro original. Na Flip, em julho, devem sair adaptações de três obras de Guimarães Rosa, por Thais dos Anjos. Uma delas será “A Terceira Margem do Rio”, já comprada para distribuição em bibliotecas públicas escolares.

O coletivo da vodca
A vodca Absolut convidou David Quiles Guilló, editor da revista espanhola “Rojo”, a produzir algum material que revelasse tendências culturais, e Guilló escolheu uma série com autores brasileiros. “Absolut 2140” terá quatro livros, com episódios escritos por 20 autores, sob edição de Joca Reiners Terron.

A história se passa na São Paulo de 2140, após uma hecatombe tecnológica que obriga o povo a aprender a se comunicar à moda antiga: basicamente, voltar a falar, ler e escrever. Foram convidados, entre outros, Santiago Nazarian, Miguel Del Castillo, Ana Paula Maia, Paulo Scott e André Sant’Anna. A Absolut estuda lançar a série na Flip, além de editá-la em inglês.

 

HQ Amy Winehouse abre a série “O Clube dos 27”, sobre músicos que não passaram da fatídica idade, como Jim Morrison e Kurt Cobain. Sai em março pela Conrad, assinado pelo trio Goffette, Eudeline e Fernandez

Visita 1 O irlandês John Banville deve vir à Flip. Vai ter editora de sobra comemorando: seu premiado romance “O Mar” (Man Booker Prize 2005) saiu pela Nova Fronteira. O mais recente, “Ancient Light”, está programado para junho pela Globo. Antes, a Rocco publica “O Cisne de Prata”, policial assinado sob o pseudônimo Benjamin Black.

Visita 2 Francine Prose, boa romancista e autora de “Anne Frank: A História do Diário que Comoveu o Mundo” (Zahar), é mais uma presença confirmada na Bienal do Livro Rio. Nicholas Sparks e James C. Hunter, entre outros, já foram anunciados.

Efeito Nobel 1 Não vai mais faltar Mo Yan nas livrarias. A Companhia das Letras acaba de adquirir dois importantes romances do autor, que não tinha editora no país até ganhar o Nobel, em 2012.

Efeito Nobel 2 “Frog”, o mais recente, aborda os efeitos da política de filho único na China. O outro, “Red Sorghum” (1987), sobre a invasão da China pelo Japão nos anos 30, originou o longa homônimo de Zhang Yimou.

Efeito Nobel 3 A editora espera publicar ambos em 2014. Antes, ainda este ano, a Cosac Naify publica a tradução de “Change”,  do chinês, por Amilton Reis.

Digital 1 Assídua entre os mais vendidos da loja nacional da Amazon, com e-books a preços baixos e uma infinidade de promoções, a independente KBR vendeu, em menos de dois meses, 4.143 exemplares de seus 98 títulos, segundo a editora Noga Sklar. Os recordistas são “Paris para Principiantes”, de Paulo de Faria Pinho, com 653 e-books vendidos até quinta-feira, e “O Rabino e o Psicanalista”, de Rosane Chonchol, com 527.

Digital 2 Já “Nelson Rodrigues por Ele Mesmo”, de Sonia Rodrigues, vendeu 120 cópias pela KBR. Filha de Nelson, Sonia disse à Folha em dezembro que das boas vendas do livro depende a vinda à tona de inéditos do autor.

Digital 3 E a Objetiva lança em breve seu primeiro título exclusivamente digital fora do selo Foglio, que só publica textos curtos. “Diários da Síria”, do franco-americano Jonathan Littell, de 178 páginas, custará R$ 9,90.

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Painel das Letras: O resgate de Maura http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/01/19/painel-das-letras-o-resgate-de-maura/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2013/01/19/painel-das-letras-o-resgate-de-maura/#comments Sat, 19 Jan 2013 14:11:43 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3480 Continue lendo →]]> Nascida rica no interior de Minas, em 1930, e anunciada como escritora relevação em edição de 1958 do “Jornal do Brasil”, Maura Lopes Cançado morreu no esquecimento, em 1993. Estava cega e vivia sozinha, após inúmeras internações em instituições psiquiátricas, numa das quais matou outra paciente. Passados 20 anos, é tão deixada de lado que nem verbete na Wikipedia tem*.

A jornalista carioca Daniela Lima pretende trazê-la à tona. Passou dois anos investigando a vida da autora de “Hospício É Deus” (1965) e “O Sofredor do Ver” (1968) e agora termina uma biografia, ainda em busca de editora. Seu plano é que a obra saia simultaneamente a uma reedição de “Hospício É Deus”, há anos fora de catálogo.

* Atualização em 21/01: depois da publicação desta nota, foi criada uma página para a autora. Para alguma coisa a nota já serviu ;-).

HQ Em “A Arte: Conversas Imaginárias com a Minha Mãe” (acima), híbrido de ensaio, autobiografia e ficção que sai neste ano pela WMF Martins Fontes, o espanhol Juanjo Sáez revê a história da arte e sua memória familiar

Você decide 1 A Verus quer trazer a uma nova geração os livros no estilo “Enrola e Desenrola”, lançados pela Ediouro nos anos 80 e considerados precursores do RPG, nos quais o leitor escolhe ao fim de cada página opções de continuidade da trama.

Você decide 2 A editora comprou seis títulos da enorme série “Escolha sua Aventura”. Os primeiros serão “O Abominável Homem da Neve” e “Jornada ao Fundo do Mar”, ambos de R.A. Montgomery. Se forem bem aceitos, outros serão adquiridos.

Infantojuvenil A Zahar prevê para abril o lançamento do selo Pequena Zahar, sob coordenação de Dolores Prades. Os títulos iniciais serão “Os Detetives do Prédio Azul”, de Flávia Lins e Silva, e “Jemmy Button: O Menino que Darwin Levou de Volta para Casa”, com texto de Alix Barzelay e ilustrações de Jennifer Uman e Valerio Vidali.

Mais “Godô Dança”, infantil de Carolina Vigna-Marú, foi tão bem avaliado pela Manole-em especial pela boa venda ao governo- que a editora lançará outros títulos sobre o cão fora do comum: “Godô Cozinha”, “Godô Planta” e “Godô Joga Capoeira”.

Superação É da Rocco “Sauve-Toi, La Vie t’Appelle (salve-se, a vida o chama), do neuropsiquiatra Boris Cyrulnik. No livro, o francês, único sobrevivente de uma família de judeus morta no Holocausto, usa as próprias memórias para realizar um estudo de caso sobre superação.

Surrealista 1 Vítima de uma tuberculose extrapulmonar que o manteve internado boa parte da vida e o matou aos 28 anos, o surrealista Max Blecher (1909-1938) produziu o bastante para virar um dos maiores nomes da literatura romena no século 20.

Surrealista 2 Blecher ainda é inédito no Brasil, mas por pouco tempo. Em março, com subsídio da Romênia e tradução de Fernando Klabin, a Cosac Naify lança o romance “Acontecimentos na Irrealidade Imediata”.

Trintão O hit “Alongue-se”, de Bob Anderson, precursor do alongamento no Brasil, terá em março edição comemorativa de 30 anos pela Summus. Após 28 reimpressões de três edições diferentes, vem recauchutado, com novas informações -inclusive sobre trabalho em frente ao computador, tema que não dava ibope quando o livro saiu aqu

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Painel das Letras: Por que Drummond http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/12/29/painel-das-letras-por-que-drummond/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/12/29/painel-das-letras-por-que-drummond/#comments Sat, 29 Dec 2012 05:00:42 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3432 Continue lendo →]]> A poeta Leila Míccolis, integrante do júri que escolheu “Carlos Drummond de Andrade: Poesia 1930-62”, da Cosac Naify, como vencedora do Prêmio Biblioteca Nacional de Literatura, diz que preferia ter premiado um poeta vivo. “Eu tinha outra escolha, mas respeitei a decisão coletiva.” Seu colega de júri Francisco Orban avalia que caberia à organização decidir se o livro estava habilitado ou não —já que, pelo edital, a inscrição só poderia ser feita pelo autor ou pela editora com autorização por escrito do autor. A BN já manifestou que só analisará o caso se houver recurso de algum concorrente.

Estreia 1 O primeiro romance de Cadão Volpato, “Pessoas que Passam pelos Sonhos”, sai em maio pela Cosac Naify. O livro chegou a ser anunciado pela editora portuguesa Babel, mas, com a mudança de rumos da casa, que passou a focar em infantis, Volpato conseguiu desfazer o contrato.

Estreia 2 O livro trata de “um arquiteto distraído num tempo ruim para as distrações: a América do Sul entre 1969 e 1979”, diz o autor.

Best-seller A literatura pop de Raphael Draccon atraiu a Random House Mondadori. A trilogia fantástica “Dragões de Éter” (LeYa) teve os direitos comprados pela gigante, que deve publicá-la em 2013 no México.

Mídia O espanhol Pascual Serrano, do diário “Rebelión”, será editado no Brasil. Com o colega Ignacio Ramonet, diretor do “Le Monde Diplomatique”, e o professor da Universidade Federal Fluminense Dênis de Moraes, lança em 2013 pela Boitempo “Mídia, Hegemonia e Contra-Hegemonia”, uma reflexão sobre o poder da mídia.

Vocação A Eduerj prepara uma série voltada a uma “história cultural de forte inclinação literária, mas que mobiliza múltiplas disciplinas”, segundo o editor Italo Moriconi. O primeiro será “A Vocação Moderna de Barcelona”, de Joan Ramon Resina, que investiga a cidade que abraçou um projeto moderno, mas acabou se tornando “moderna pela metade”.

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Painel das Letras: Nova casa de Maigret http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/12/08/painel-das-letras-nova-casa-de-maigret/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/12/08/painel-das-letras-nova-casa-de-maigret/#comments Sat, 08 Dec 2012 05:00:50 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3395 Continue lendo →]]> Quase toda a obra de Georges Simenon (1903-1989), belga que escreveu mais de 500 livros e já teve 500 milhões de exemplares vendidos no mundo, será publicada pela Companhia das Letras a partir de fevereiro de 2014. A editora prevê para o ano de estreia 11 volumes do inspetor Maigret (personagem de mais de cem títulos) e um romance não relacionado. São quase 400 livros contratados, o que exigirá da editora 30 anos de publicações se mantiver o ritmo de um livro por mês. O superlativo autor ainda terá títulos até 2016 pela L&PM. A casa diz que “é passível de sério questionamento” a decisão dos agentes de passar a obra à Companhia por esta ser associada à Penguin, que publica Simenon. “Tentaremos todas esferas judiciais para garantir nossos direitos”, informou a editora gaúcha.

Linha de chegada

Amazon, Kobo e Google estrearam com pendências para não perderem a corrida dos livros digitais no país.

Após avisar editoras de que ficariam fora da estreia se não mandassem seus arquivos até terça, a Amazon entrou no ar inclusive sem títulos enviados meses atrás.

E alguns textos do site foram vertidos via tradutores on-line, caso de “Companheiro Inesperado”, de Toni Griffin. “Quebrando fora da cidade pequena, nunca Brian pensou que ele encontrar seu companheiro”, diz a sinopse do livro.

O Google estreou sem grandes editoras como Companhia das Letras e Ediouro, ainda em negociações.

E a Kobo pôde oferecer só 8.000 dos 15 mil e-books nacionais da Livraria Cultura, já que nem todos os arquivos em PDF foram convertidos ao formato ePub.

Mas a loja canadense teve bons números. Antes da estreia, já tinha vendido mil aparelhos de leitura. Desde quarta, 20% dos e-books vendidos foram para o novo aparelho.

Infantil “Os Coelhos Tapados” (imagem acima) e “Os Coelhos Tapados Vão ao Zoológico”, de Dav Pilkey, autor de “As Aventuras do Capitão Cueca”, saem em janeiro pela Cosac Naify. A tradução é de Daniel Pellizzari

Rio antigo Ruas, edifícios, botequins e suas tipologias guiarão o livro que Michelle Strzoda inicia em sua segunda investida sobre a história do Rio. Com o designer Rafael Nobre e ainda sem editora, a autora de “O Rio de Joaquim Manuel de Macedo” (Casa da Palavra) pesquisará a evolução do subúrbio, da orla e de outras áreas na memória visual do carioca.

Estreia A gaúcha Letícia Wierzchowski, de “A Casa das Sete Mulheres” (Record), está de editora nova. Será dela a primeira ficção nacional da Intrínseca, “Clarões e Sombras”, em junho. O primeiro ficcionista nacional contratado, Miguel Sanches Neto, ainda escreve seu livro.

Novo rumo 1 Após estourar com os livros juvenis de Paula Pimenta no selo Gutenberg, a Autêntica planeja investir na ficção adulta. O selo terá, em 2013, títulos como “Sobre o Sexo na Casa Branca”, de Larry Flynt com David Eisenbach.

Novo rumo 2 Em seu selo principal, a Autêntica investirá mais em literatura contemporânea, sendo a maior aposta “Tinta”, de Fernando Trías de Bes.

Novo rumo 3 Mas os autores de juvenis não serão esquecidos. Prova disso é que a editora traduziu para o inglês o best-seller “Fazendo Meu Filme 1”, de Paula Pimenta, numa edição digital que deve entrar no ar na semana que vem na Amazon e na loja da Apple. Vai se chamar “Shooting My Life’s Script”, com tradução de Thiago Nasser e revisão de Dan O’Shea.

Ressaca Luiz Fernando Carvalho virou fã da Balada Literária. Após convencer o recluso Raduan Nassar a fazer uma inesperada aparição no evento organizado por Marcelino Freire, o cineasta quis participar também da tradicional Ressaca Literária. No dia 16, vai ao lançamento da HQ “Suburbia”, baseada em sua série global, no centro b_arco.

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Painel das Letras: Um teatro para Hilda http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/10/27/painel-das-letras-um-teatro-para-hilda/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/10/27/painel-das-letras-um-teatro-para-hilda/#comments Sat, 27 Oct 2012 05:00:03 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3311 Continue lendo →]]> O Instituto Hilda Hilst quer inaugurar no começo de 2013 um teatro de arena, com capacidade para até 200 pessoas, num terraço da Casa do Sol, onde morava a escritora. A meta é que receba principalmente montagens da obra de Hilda, mas que também supra uma lacuna de casas de teatro na região de Campinas.

Em outras ocasiões, para reformulação do site e digitalização do acervo, o instituto recorreu à Lei Rouanet, mas a dificuldade para conseguir patrocinadores o levou desta vez a tentar arrecadar os R$ 62 mil do projeto via crowdfunding, o financiamento coletivo pela web. A partir de 7/11, em site a ser divulgado, serão aceitas cotas de R$ 7 a R$ 5.000.

Dependendo do valor, o investidor levará mimos que vão de pôsteres a estadias de duas semanas na casa onde Hilda viveu.

E uma casa para Mo Yan

A Cosac Naify saiu na frente na disputa pela publicação no Brasil um título de Mo Yan, Nobel de Literatura deste ano. Fechou ontem com a agência Pierre Astier a compra de “Change”, título de em que o autor, inédito por aqui e visto como alinhado ao governo chinês, encarna as mudanças políticas e sociais de seu país nas últimas décadas.

O livro é um dos poucos do chinês a não serem geridos pela agência Wylie, que desde o anúncio do Nobel vem batendo de frente com a agente Sandra Dijkstra –que diz representar Mo Yan “desde o começo”. A Cosac agora busca um tradutor do chinês, o que é sempre um desafio no Brasil. Procurada anos atrás pela Wylie, a Estação Liberdade disse ter desistido de Mo Yan, antes de fechar contrato, por não conseguir tradutor.

Arte Recém-aberta no Instituto Moreira Salles do Rio, a mostra “William Kentridge: Fortuna” (foto acima) terá seu catálogo editado em inglês em parceria com a Thames & Hudson, resultado de conversas iniciadas na Feira de Frankfurt.

Exportação 1 A previsão do Brazilian Publishers, projeto que incentiva editoras brasileiras a venderem direitos autorais e livros impressos para outros países, é de que em um ano chegue a US$ 500 mil o total das negociações iniciadas na última Feira de Frankfurt.

Exportação 2 O valor estimado está muito acima dos US$ 150 mil esperados antes do início da feira, apesar de ser baixo para padrões internacionais —só a trilogia “Cinquenta Tons”, como se sabe, foi comprada pela Intrínseca por US$ 780 mil. O Brazilian Publishers contabiliza números de cerca de 30 editoras.

É ou não é  Com a notícia de que o jurado “C” do Jabuti, Rodrigo Gurgel, se apresenta como “editor associado” da LeYa, vínculo que o impediria de integrar o júri, a editora apressou-se em esclarecer: Gurgel fez só “leituras críticas de originais”, segundo a casa, e “nenhum dos dez originais que leu foi publicado”. Pois é, ninguém pode dizer que Gurgel não seja rigoroso…

A menina Mogli 1 É mirabolante a história real de “The Girl with no Name”, de Marina Chapman e Lynne Barrett-Lee, que a Record acaba de comprar.

A menina Mogli 2 Sequestrada na Colômbia aos cinco anos, em 1954, Marina foi criada por uma família de macacos na floresta até descoberta… não por salvadores, mas por caçadores, que a venderam como escrava a um casal de exploradores sexuais, antes de ela fugir e passar três anos como menina de rua. E isso era só o começo.

Ainda não A se considerar as primeiras bolsas aprovadas no programa de apoio à publicação de brasileiros em países lusófonos, da Fundação Biblioteca Nacional, autores nacionais na ativa ainda não são o maior foco de editoras portuguesas. Dos dez livros listados no “Diário Oficial” de ontem, só dois são de um autor vivo, Dalton Trevisan. Os outros são de Clarice Lispector, Francisca da Silva, Raimundo Correia, Drummond e João Antônio.

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Zambra, Joyce e as lacunas de leitura http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/05/19/zambra-joyce-e-as-lacunas-de-leitura/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/05/19/zambra-joyce-e-as-lacunas-de-leitura/#comments Sat, 19 May 2012 19:41:28 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=1403 Continue lendo →]]>

O trecho acima é de “Bonsai” (Cosac Naify), livro bem lindo do chileno Alejandro Zambra, 36, que será companheiro de mesa do catalão Enrique Vila-Matas agora na Flip. A vantagem de “Bonsai” é que ninguém precisa inventar que leu; dá para matar em uma hora e meia, se tanto.

É um livreto de 96 páginas, mas naquela diagramação da Cosac que a gente conhece, feita de brancos generosos. Seria um desses “romances de capítulos curtos, de quarenta páginas, que estão na moda”, como ouve a certa altura Julio, o moço que não leu Marcel Proust, mas para mim fica mais naquela zona nebulosa entre uma novela e um embrião de algo maior.

“Bonsai” poderia ser acusado de parecer demais uma certa literatura que se faz hoje, auto-referente, orgulhosa do que é, ou então de partir de uma escolha recorrente entre iniciantes (coisa que Zambra, hoje celebrado no exterior, era quando escreveu), que é contar uma história romântica. É verdade que o livro é tudo isso, e tanto mais por isso impressiona que seja uma leitura tão boa. Se é do tipo que fica na cabeça, bem, alguém me pergunte no mês que vem.

O romance ganhou o prêmio do Conselho Nacional do Livro do Chile em 2006, e foi depois dele que Zambra entrou na lista de 22 melhores jovens autores hispano-americanos da Granta.

O que me intriga é que aquelas modestas 40 páginas (na versão sem diagramação da Cosac) tenham rendido um longa-metragem, exibido em Cannes no ano passado. Ao ver o trailer me lembrei de outro filme (“Cão sem Dono”) que me impressionou por sair de um livro magrinho, “Até o Dia em que o Cão Morreu”, do Daniel Galera –mas pelo menos este tem 104 páginas, e isso na diagramação menos conceitual da Companhia das Letras.

O trailer de “Bonsai”, de Cristián Jimenez:

 [There is a video that cannot be displayed in this feed. Visit the blog entry to see the video.]

 ***

Queria voltar ao trecho do livro de Zambra em que Julio diz que leu “Em Busca do Tempo Perdido” aos 17. Porque ele tinha lido muita coisa até então, Kerouac, Nabokov, Capote, mas não Proust. Também não li Proust aos 17 (nem depois), o que me lembrou uma teoria antiga de que há coisas que precisam ser lidas na adolescência, antes que o tempo fique escasso demais.

Meus pais nunca foram de ler romances –meu pai lê até dicionário (verdade), mas nunca ficção; de leitura da minha mãe quase só me lembro de “Confesso que Vivi”, do Neruda, um livro de cabeceira no sentido mais honesto da expressão: nunca esteve em outro lugar.

Mas, como os pais de muita gente que gosta de ler, o meu comprou os clássicos de banca da Abril, e assim conheci Dante, Shakespeare, Cervantes, Pirandello, Zolá, Flaubert, Tolstói, Dostoiévski e deveria ficar listando aqui por linhas e linhas para me redimir da confissão a seguir.

A ela, enfim. Em casa não tinha “Ulysses”, nem “Em Busca do Tempo Perdido”, nem “A Montanha Mágica”, nem outros que prefiro nem listar para não tornar essa confissão ainda mais constrangedora, já que eu poderia muito bem tê-los pegado na biblioteca de Petrópolis antes de usar isso como desculpa, embora não esteja certa de que estariam lá. Meu conhecimento de Joyce se restringe a “Retrato de um Artista Quando Jovem”, que adorei depois de me irritar nas primeiras páginas, o de Mann não vai além de “A Morte em Veneza”, e assim, pelas beiradas, pelo menos eles e outros autores fundamentais não me passaram em branco.

Isso tudo antes de eu desconfiar de que um dia trabalharia com livros e que, portanto, não conseguiria ler mais quase nada por puro interesse pessoal.

O "Ulysses" da Penguin, em foto da @TaIzze, que já leu quase tudo (cof)

Agora me sai essa linda tradução do “Ulysses” (Penguin), pelo Caetano Galindo, e me pego na seguinte situação: se for esperar para ler antes tudo o que tenho de ler a trabalho, nunca começo, porque o trabalho sozinho já exige mais leitura do que consigo dar conta.

Como não ia andar para cima e para baixo com um livro de mil e tantas páginas na bolsa (aquela introdução bem que podia ser menorzinha, vai, para ajudar), a edição linda vai ficar em casa, mas joguei o original em inglês no meu Kindle para as horas livres. Vou ler catando milho, quando der. Se um dia terminar, eu conto. É claro, não atravessaria mil páginas pra guardar segredo.

Não imagino que seja nenhum bicho de sete cabeças, embora tenha largado nas primeiras páginas todas as vezes que tentei. Também não acho que mente quem diz que leu, como tantos pensam, embora desconfie de que boa parte largou pela metade e omite esse detalhe. Aconteceu comigo e “Os Irmãos Karamazov”, que é tão bom: parei faltando um terço; quando fui voltar, meses depois, percebi que teria de voltar tipo do começo, porque já tinha esquecido um monte de coisa; o resto da história você pode imaginar.

Sobre fingir que se leu o que não foi lido, e atire o primeiro “Catatau” quem nunca fez isso (esse, aliás, eu li, de verdade), queria encerrar este post com um último retorno ao “Bonsai”.

Julio mentiu sobre ter lido “Em Busca do Tempo Perdido” para Emilia, e ela, ficamos sabendo na página seguinte, retribuiu a mentira. Um dia eles resolvem “reler” juntos, e então Zambra escreve:

“Antes de começar a ler concordaram, por precaução, que era difícil para um leitor de ‘Em Busca do Tempo Perdido’ recapitular sua experiência de leitura: é um desses livros que mesmo depois de lidos a gente considera pendentes, disse Emilia. É um desses livros que vamos reler sempre, disse Julio.”

***

Peço desculpas pelas ausências prolongadas. Sempre tento arrumar tempo entre fechamentos da “Ilustríssima”, apurações para o Painel das Letras, reportagens para o jornal e, bem, a vida lá fora (ó eu fazendo drama), mas às vezes o tempo engole a gente.

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