A Biblioteca de Raquelgranta – A Biblioteca de Raquel http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br Raquel Cozer Mon, 18 Nov 2013 13:27:27 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Painel das Letras: O país que acontece http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/10/13/painel-das-letras-o-pais-que-acontece/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/10/13/painel-das-letras-o-pais-que-acontece/#comments Sat, 13 Oct 2012 06:00:28 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=3164 Continue lendo →]]>

Peguei só um pedacinho do centro de agentes na Feira de Frankfurt, um formigueiro de negociações. Em tese, como jornalista, nem poderia estar lá, mas a porta dos fundos tava aberta…

Anos atrás, a bem-sucedida agente literária americana Barbara Zitwer mirou a Coreia do Sul. O resultado tem sido visto por leitores de outras dezenas de países: títulos como “Por Favor, Cuide da Mamãe” (Intrínseca), de Kyung-Sook Shin, vencedor do Man Asian Prize, e “Our Happy Time”, de Gong Ji-Young, comprado pela Record.

“Apresentei ao mundo todos os melhores escritores sul-coreanos”, disse Zitwer ontem, elétrica, entre uma reunião e outra na central de agentes da Feira de Frankfurt.

A meta agora é fazer o mesmo com brasileiros, trabalho que iniciou com conversas na feira. “Vamos encarar: o Brasil é o país que acontece. Vou levar suas melhores vozes para o mundo.” Ler mesmo, por ora, ela ainda não leu nenhum.

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Granja pós-Granta

Por falar em vozes brasileiras, um enorme cartaz destacava a edição com os “Melhores Jovens Brasileiros” da “Granta” no estande da revista literária em Frankfurt. Uma divulgação que certamente seria difícil para a “Granja”, antologia-paródia com lançamento previsto para a Balada Literária, dia 2/12. Sai pela Casa Impressora de Almeria e reúne 15 autores novos ou novíssimos –não no sentido de pouca idade, mas de não ter publicado nada ou quase nada, como Juliana Amato, Laura Caselli e João Gomes. Os organizadores, Felipe Valério e Luis Rafael Montero, publicaram livros pelo selo Edith, que edita a coleção “Que Viagem”, uma paródia da série “Amores Expressos”, da Companhia das Letras.

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Jovem sobre o muro de Berlim, em 11 de novembro de 1989

Fotos 70 anos de história estão representados por 435 imagens, de nomes como Raymond Depardon (acima), Robert Capa e Martin Parr, em “Magnum: Contatos”, que o IMS lança em novembro

Segredo 1 Um dos motivos pelos quais nenhum título alcançou o status de “livro da feira” nesta edição foi o excesso de oferta de eróticos, que editores compram sem empolgação, mais para não ficarem de fora da onda. Um dos mais concorridos, “S.E.C.R.E.T.”, ficou com a Globo Livros.

Segredo 2 Primeiro de uma série “erótica sofisticada, de qualidade”, segundo os agentes, “S.E.C.R.E.T.” tem autora também secreta. Quem assina é E.M. Adeline, pseudônimo para uma das “principais produtoras de TV do Canadá”.

Cocaína Em Frankfurt, a Companhia das Letras fechou contrato para o próximo livro de Roberto Saviano. Chama-se “Zero Zero Zero”, trata do tráfico internacional de cocaína –como funcionam as redes, como é a economia etc.— e ainda está sendo escrito. O italiano entrega o livro à Feltrinelli no final do ano.

Mais Tolkien O pacote de livros de J.R.R. Tolkien que vem sendo lançado pela WMF Martins Fontes ganhou um adicional inédito nesta feira: o longo poema “The Fall of Arthur”, que o autor começou a escrever antes de se dedicar ao “Hobbit”. Fica para o fim do ano que vem, quando sai o segundo filme da trilogia baseada no “Hobbit”.

Estrela virtual O selo Gutenberg bem que tentou, mas ainda não conseguiu emplacar a best-seller mineira Paula Pimenta em editoras estrangeiras. Enquanto isso não acontece, a editora investe em outra blogueira: Bruna Vieira, de apenas 18 anos, que virou uma espécie de celebridade virtual com dicas de moda e comportamento no blog Depois dos Quinze.

Contato imediato A organização da Feira de Frankfurt quer contratar alguém no Brasil até o fim do ano como parte de seu projeto de ampliar a presença no país em 2013.

Poesia Quando voltar da feira do Brasil, o editor Ítalo Moriconi se dedicará à finalizar os primeiros títulos traduzidos da coleção Ciranda da Poesia, da Eduerj, que até hoje só lançou brasileiros. Entre os primeiros autores, estão a francesa Natalie Quintane, vertida por Paula Glenadel, e a austríaca Ingeborg Bachmann, por Vera Lins.

Titanic A maior reportagem já feita sobre o Titanic, publicada em 1955 por Walter Lord (1917-2002), sai no mês que vem pelo selo Três Estrelas, com o título “Uma Noite Fatídica”. A história se concentra entre a última noite no navio e o resgate, e é rica em detalhes: Lord conseguiu entrevistar a maior parte dos então cerca de 60 sobreviventes.

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Detalhes sobre a seleção da Granta http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/07/06/sobre-a-selecao-da-granta/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/07/06/sobre-a-selecao-da-granta/#comments Fri, 06 Jul 2012 11:54:25 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=2065 Continue lendo →]]>  

Detalhe da capa de Michael Salu para a edição com autores brasileiros

Como abordei a “Granta” em dois posts recentes e acabou saindo com poucos detalhes no jornal impresso o texto sobre como os organizadores dizem que foi a seleção (centro na ocasião de looonga discussão na caixa de comentários), vai abaixo o texto na íntegra.

Por ora, tive tempo de ler só a apresentação, para ver se aparecia mais algum critério da seleção lá, mas mais para frente, quando a cobertura da Flip e o fechamento da coluna tiverem passado, depois de ler, comento por aqui. E digo que leitor acertou mais nomes.

Obs.: a looonga discussão nos comentários sobre formação de panelinhas e problemas do mercado editorial levou o leitor Marcos a criar este site, Off Granta, para quem participou do concurso e não teve o texto escolhido enviar o seu.

Obs. 2: em seu blog absolutamente internet 1.0, o escritor Santiago Nazarian fez um honesto e divertido post sobre não ter sido escolhido.

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Foram anunciados ontem, na Flip, os 20 nomes que integram a edição “Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros” da prestigiosa revista literária britânica “Granta”.

Carol Bensimon, Vanessa Barbara, Laura Erber, Carola Saavedra, Tatiana Salem Levy e Luisa Geisler, a mais jovem do grupo, nascida em 1991, compõem o time feminino. Os outros 14 são Cristhiano Aguiar, Javier Arancibia Contreras, Miguel del Castillo, João Paulo Cuenca, Emilio Fraia, Julián Fuks, Daniel Galera, Vinicius Jatobá, Michel Laub, Ricardo Lísias, Chico Mattoso, Leandro Sarmatz, Antônio Xerxenesky, e Antonio Prata.

Eles foram selecionados entre 247 escritores nascidos a partir de 1972 e que enviaram textos para a Alfaguara, editora que publica a “Granta” no Brasil. Segundo Marcelo Ferroni, editor da Alfaguara e um dos jurados, houve uma pré-seleção. Cada um dos sete membros do júri avaliou todos os 70 textos que passaram nessa triagem.

“Os 20 foram escolhidos única e exclusivamente com base na qualidade literária”, disse Roberto Feith, editor da Alfaguara. Segundo ele, não foram levados em conta editora, região, obra nem sexo do inscrito. “São os nomes que vão definir os rumos da literatura brasileira nos próximos anos”, disse.

Feith contou que, antes do anúncio, na última Flip, de que haveria uma “Granta” com brasileiros, a editora preparou um levantamento de nomes de jovens autores interessantes do Brasil. “Comparamos com a lista de inscrições e tivemos a certeza de que tínhamos começado bem. A maioria dos nomes listados como promissores tinha enviado textos.”

Segundo Ferroni, essa lista não interferiu na seleção feita a partir dos textos, embora 17 dos 20 nomes da lista final tenham sido consenso logo no primeiro momento. Além dele, integravam o júri Beatriz Bracher, Benjamin Moser, Cristovão Tezza, Ítalo Moriconi, Samuel Titan Jr. e Manuel da Costa Pinto.

O júri recebeu os textos em duas levas, entre outubro e novembro, e iniciou discussões por e-mail. Em fevereiro, cada um apresentou seus 20 escolhidos. Todos os que levaram de cinco a sete votos entraram na lista. Os que tiveram quatro votos também, a não ser que algum dos jurados quisesse retirar o nome. “Houve discussões acaloradas”, disse Ferroni.

Então veio a “fase do sigilo”, com os textos formatados antes que os autores fossem avisados. Os escolhidos ficaram sabendo entre a última semana de abril e as duas primeiras de maio –eles precisavam ler os textos finais e passar informações biográficas. A edição tem tiragem inicial de 10 mil exemplares no Brasil. Será publicada também nos países de língua inglesa e espanhola e na China.

O inglês John Freeman, editor da “Granta”, lembrou que “basicamente todos os autores que ganharam o Booker Prize nos últimos anos estavam nas listas de melhores autores de língua inglesa da ‘Granta'”. Citou Ian McEwan, Salman Rushdie e Julian Barnes, entre outros.

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Os mais votados no bolão da "Granta" e os escolhidos da Lettrétage http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/06/03/os-mais-votados-da-granta-e-a-selecao-da-lettretage/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/06/03/os-mais-votados-da-granta-e-a-selecao-da-lettretage/#comments Mon, 04 Jun 2012 01:06:18 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=1554 Continue lendo →]]> Ilustração de Yoko Tanji, que tem várias outras fofas assim neste tumblr

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Ok, desta vez extrapolei o tempo sem atualizar. Desculpem, sempre vai sobrar para o blog em tempos de vício em Song Pop, digo, de muito trabalho.

Enfim. Comentei no Painel das Letras de ontem (assinantes) que os selecionados para a “Granta” de melhores jovens autores brasileiros já foram avisados de que estão na lista. O anúncio oficial será na Flip, mas eles precisavam saber com semanas de antecedência para conversar com os editores sobre os textos e resolver questões burocráticas.

A Objetiva não fala a respeito, a “Granta” não fala a respeito, os autores menos ainda, porque nenhum deles quer correr o risco de ser eliminado. Apurei por meias palavras três bons nomes que estão lá e um bom nome que não está, mas não cito pra não prejudicar.

(Fui avisada de que um valentinho virtual questionou no Twitter a falta dos nomes oficiais aqui, então vou desenhar: publicar nomes agora pode resultar na desclassificação dos selecionados. Se continuar difícil de entender, a gente soletra.)

O vencedor do bolão lançado aqui no mês passado, portanto, só saberemos na Flip, quando pudermos bater com a lista oficial. O prêmio vai ser só a minha “Granta”, mesmo, desculpem =P. E, ok, posso pagar uma cerveja, se o vencedor estiver em Paraty.

Por ora, o que dá para fazer é listar os autores mais lembrados aqui no blog ou por e-mail. O que não quer dizer que sejam os preferidos, já que muitos votaram naqueles que acham que vão ganhar, e não naqueles que gostariam que ganhassem.

Como definiu um votante, pode-se entender como uma lista que “trafega entre o merecimento e o reconhecimento”. Nenhum dos votados apareceu em todas as listas, e boa parte delas também não chegava a ter 20 nomes. A eles, então:

  1. Andrea del Fuego (20 votos)
  2. Carola Saavedra (19)
  3. Joao Paulo Cuenca (19)
  4. Daniel Galera (18)
  5. Michel Laub (18)
  6. Tatiana Salem Levy (16)
  7. Antônio Xerxenesky (16)
  8. Carol Bensimon (15)
  9. Ricardo Lísias (15)
  10. Antônio Prata (14)
  11. André de Leones  (14)
  12. Santiago Nazarian (14)
  13. Ana Paula Maia (12)
  14. Veronica Stigger (11*)
  15. Daniel Pellizzari (9)
  16. Fabrício Carpinejar (8)
  17. Marcelo Moutinho (8)
  18. Cecilia Giannetti (7)
  19. Vanessa Barbara (7)
  20. Carlos de Brito e Mello (7)

* Ela avisou que não enviou texto para a “Granta”. Não sei se todos os outros mandaram, só listei os mais votados.

Outros lembrados pelos leitores: Carlos Henrique Schroeder (6 votos); Simone Campos (5), Tony Monti, Chico Mattoso e Ferrez (4); Manoela Sawitzki, Leandro Sarmartz, Julian Fuks e Emilio Fraia (3); Luisa Gesler, Angelica de Freitas, Brisa Paim, Clara Averbuck, Ana Cristina Melo, Letícia Wierzchowski, Socorro Acioli, MarceloBackes, Altair Martins, Fabricio Corsaletti, Reni Adriano e Leonardo Brasiliense (2); Claudia Nina, Claudia Lage, Leonardo Vila-Forte, Mariel Reis, Rodrigo Schwarcz, Ana Ferreira, Paloma Vidal, Bruna Beber, Alessandro Garcia, Eduardo Sterzi, Pedro Drummond, André Vianco, Thalita Rebouças, Eduardo Spohr, Luiz Eduardo Matta, Sergio Pereira Couto, Estevao Ribeiro, Raphael Draccon, Ana Cristina Rodrigues, Julio Rocha, Carolina Munhoz, Delfin, Janda Montenegro, Eric Novello, Cristiane Lisboa, Tatiana Maciel, Daniela Langer, Anderson Fonseca, Rafael Bán Jacobsen, Reginaldo Pujol Filho, Diana de Hollanda, Leandro Jardim, Rafael Sperling, Ramon Mello, Alexandre Soares Silva, Luis Eduardo Matta, Mayra Dias Gomes, Pedro Sussekind, Adriana Lunardi, Adriana Lisboa, Bruno Bandido, Tercia Montenegro, Whisner Fraga, Indigo, Paulo Scott e Sonia Sant’Anna (1).

Por motivos de eu preciso terminar este post hoje, não chequei as grafias de todos os nomes, por favor corrijam se encontrarem erros. Também incluí votos em gente que não poderia estar na lista, como Paulo Scott, Adriana Lisboa e Adriana Lunardi, que têm mais de 40, e Fabrício Corsaletti, que não mandou texto para a “Granta”.

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A nota no Painel das Letras de ontem citava também outra lista que circulou nesta semana: a dos autores selecionados para antologia de literatura contemporânea brasileira a ser publicada pela editora da fundação alemã Lettrétage em 2013, ano em que o Brasil será homenageado na Feira de Frankfurt.

A fundação busca promover a literatura alemã no exterior, mas também faz o caminho inverso –em 2010, por exemplo, quando a Argentina foi o país homenageado na Feira de Frankfurt, publicou uma coletânea de escritores argentinos, uruguaios e paraguaios.

Falei com a Marlen Eckl, a organizadora da antologia de brasileiros, na semana passada. Ela é  brasilianista, historiadora e tradutora, com tese de mestrado envolvendo Moacyr Scliar, e passou a infância em São Paulo e Porto Alegre. Fala português melhor do que eu me aventurando em outros idiomas (não tem uma vez que eu vá escrever “idioma” que não digite “idiota”. Da série atos falhos, taí um que ainda não tive impresso no jornal).

Marlen contou que quase todo ano vem ao Brasil e que, nessas visitas, busca se inteirar do que está acontecendo de interessante na literatura. Disse que fez a seleção sozinha, considerando autores “jovens e conhecidos no Brasil, mas cuja obra ainda não foi publicada na Alemanha”. Ou seja, Carola Saavedra e João Paulo Cuenca, por exemplo, no alto da lista acima, nem poderiam estar nesta, porque já foram traduzidos lá.

Ela me disse que seriam 25 nomes, mas a lista tem 27, o que dá ideia da informalidade da seleção. Marlen escolheu autores que considera interessantes, como, afinal, fez o júri da “Granta”. Como resumiu Cristovão Tezza em texto que citei no post do bolão: “Um concurso literário é apenas índice de valor de um momento, de acordo com as cabeças idiossincráticas dos jurados, e não uma decisão transcendente decretada pelas musas”.

Aos nomes, enfim, com os devidos parabéns:

  1. Állex Leilla
  2. Ana Paula Maia
  3. André de Leones
  4. Antonia Pellegrino
  5. Antonio Prata
  6. Antônio Xerxenesky
  7. Carlos de Brito e Mello
  8. Carlos Henrique Schroeder
  9. Carol Bensimon
  10. Cecilia Giannetti
  11. Chico Mattoso
  12. Flavio Izhaki
  13. Helder Caldeira
  14. Julián Fuks
  15. Luis Henrique Pellanda
  16. Marcelo Benini
  17. Marcio Renato dos Santos
  18. Mariel Reis
  19. Olavo Amaral
  20. Paloma Vidal
  21. Rafael Bán Jacobsen
  22. R.D. Oliveira Lima Taufick
  23. Ricardo Lísias
  24. Tércia Montenegro
  25. Tom Correia
  26. Walther Moreira Santos
  27. Whisner Fraga
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Bolão: quem você acha que estará na Granta? http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/05/08/bolao-quem-estara-na-granta/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/05/08/bolao-quem-estara-na-granta/#comments Tue, 08 May 2012 04:06:34 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=1230 Continue lendo →]]>  

Muito antes de a Granta de autores brasileiros ser anunciada oficialmente, na última Flip, escritores por aqui disseminavam teorias envolvendo a seleção. Um ano antes, em 2010, havia quem desse a lista inteira de escolhidos. Devia valer uma fortuna no eBay.

Então vieram o anúncio, as incrições e meses depois a notícia de que os jurados (Beatriz Bracher, Benjamin Moser, Cristovão Tezza, Italo Moriconi, Manuel da Costa Pinto, Marcelo Ferroni e Samuel Titan Jr.) já tinham definido quais os 20 nomes, dentre os 247 que enviaram textos, a serem anunciados na próxima Flip.

As teorias da conspiração até demoraram a voltar. Uma delas me chegou em março por email anônimo. Dizia que Isa Pessoa tinha deixado o cargo de diretora editorial da Objetiva por conta de irregularidades no processo de seleção da Granta (por via das dúvidas, perguntei; ela disse que isso não teve nada a ver com sua saída). Que um estagiário teria “destruído” e “queimado”, com essa sanha redundante, os contos dos autores que não interessavam. Que nem todos foram lidos, só os que interessavam.

“Não é como um jogo de cartas marcadas, como muito se comenta a título de burburinho maldoso, mas de selecionar as cartas a se jogar, como se faz na manilha nova do jogo de truco paulista”, disse o anônimo, cujo estilo de texto acho até que reconheci (cof, mentira –aliás, se um dia for enviar um email anônimo, preciso me lembrar de eliminar os “cof”).

A questão: uma série de escritores brasileiros, cheios de esperança, teria se iludido à toa.

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Considerando que a Granta se propõe a selecionar autores representativos de uma geração, e que não é um concurso público, confesso que não acho grave os jurados terem uma noção prévia de nomes que merecem atenção. Se não passaram os olhos em todos, é chato, mas acho que mais grave seria se resumissem decisão a um único texto –no caso de desconhecidos, seria mais que obrigatório investigar o resto da obra deles.

Resolvi seguir a sugestão da escritora Socorro Acioli, que está concorrendo, e abrir a caixa de comentários –e o email raquel.cozer@grupofolha.com.br– a quem quiser fazer apostas dos 20 nomes. Podem ser autores conhecidos ou desconhecidos (lembrando que spam não ganha nada além de encher a paciência), desde que, seguindo as regras da Granta, sejam brasileiros, previamente publicados e nascidos a partir de 1/1/1972.

Os autores mais votados aqui não ganharão nada, mas ao menos o bolão pode dar uma ideia da preferência dos leitores e ver se coincide com a do júri. Quem acertar mais nomes ganha status e pode iniciar carreira como astrólogo literário (nas palavras de Reginaldo Pujol Filho), mas juro que vou pensar em premiação melhor.

Quem estiver concorrendo pode sugerir só 19 nomes, em vez de 20, para não ficar no constrangimento de se incluir na lista, e daí posso deduzir que o nome que falta é o do próprio votante. E quem quiser sugerir menos nomes pode ficar à vontade, só terá menos chances de ganhar. O que não é grave, considerando que não temos uma premiação.

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Por falar em júri, um dos jurados da Granta, o Cristovão Tezza, por acaso escreveu hoje em sua coluna na “Gazeta do Povo”, em Curitiba, sobre concursos literários, a partir de sua experiência como membro de comissões julgadoras (o que ele chama de “literatura judiciária”, termo que adorei e já adotei). Ele argumenta:

“Todo concurso é falível e comete erros e omissões. Um concurso literário é apenas índice de valor de um momento, de acordo com as cabeças idiossincráticas dos jurados, e não uma decisão transcendente decretada pelas musas.  Bancas de dois ou três jurados costumam ser mais coerentes e objetivas (mas não necessariamente mais justas) do que as que contam com dez julgadores; muitas cabeças, sentenças demais. (…) Se o concurso é de livros publicados, o conjunto da obra do autor pode pesar no resultado.

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O link acima me chegou via Carol Bensimon, uma das autoras que enviou texto à Granta (o grifo na frase final é meu). Conversando com outros concorrentes, algumas questões surgiram:

1) É bem provável que, em nome da diversidade, tenha rolado uma espécie de cota informal para mulheres, que proporcionalmente publicam muito menos ficção no Brasil;

2) É provável que tenha rolado alguma cota regional –no sentido de evitar apenas autores do centro-sul, embora eles devam ser a grande maioria, pela proximidade com o mercado;

3) Não parece totalmente bizarra a ideia de que grandes editoras tenham feito algum esforço paralelo por seus autores na lista ou a de que tenha havido o cuidado de não publicar autores demais (nem de menos) das mesmas grandes editoras.

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Os nomes brasileiros da "Granta", a saga http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/03/02/os-nomes-brasileiros-da-granta-a-saga/ http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/2012/03/02/os-nomes-brasileiros-da-granta-a-saga/#comments Fri, 02 Mar 2012 20:16:20 +0000 http://abibliotecaderaquel.blogfolha.uol.com.br/?p=336 Continue lendo →]]>

Perdi a conta de quantos escritores (só uns três ou quatro, na verdade, estou me dando ares de grande importância aqui) me perguntaram se já tinham sido escolhidos os 20 nomes da edição com “Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros” da revista “Granta”, anunciada na última Flip.

Eu não sabia, ou não teria deixado o Ancelmo Gois dar antes a nota no “Globo” (droga).

Enfim. A decisão foi tomada na noite de quarta, num hotel em Ipanema, após quatro horas de deliberações dos jurados (Beatriz Bracher, Benjamin Moser, Cristovão Tezza, Italo Moriconi, Manuel da Costa Pinto, Marcelo Ferroni e Samuel Titan Jr.) para escolher entre os 247 textos inéditos enviados desde outubro à Alfaguara, selo de literatura da Objetiva, que publica a “Granta”.

Os 20 nomes serão conhecidos durante a próxima Flip, em julho, no lançamento da edição. Nem vou batalhar para descobrir os nomes antes disso, porque acredito que qualquer publicação prévia possa prejudicar os selecionados. Ou não. Será?

Bem. Façam suas apostas. Criem suas teorias da conspiração.

Podem me contar só as apostas, obrigada.

(Eu preciso admitir que acho ótimo que esse processo seletivo tenha acabado, porque todo escritor brasileiro com menos de 40 anos só pensava em mandar seus textos para a “Granta”, enquanto a gente tem aqui na “Ilustríssima” esse espaço lindo para inéditos. Cof)

O que eles dizem é que foram escolhidos autores “inovadores e marcantes”, com potencial para “despontar”. Considerando o tanto de assunto que rendeu a recente antologia “Geração 00”, feita por Nelson de Oliveira, a seleção pode dar o que falar. Ainda mais porque essa pretende, hm, meio que prever o futuro a partir de um texto, e não avaliar o que já foi.

E porque a “Granta” será publicada também nos EUA, na Inglaterra, na Espanha e na América Latina, com chance de chegar a outros países, um mundão editorial a perder de vista.

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Depois dos cafés literários, chegou o cof literário. Mas isso é assunto para um próximo post. Façam suas apostas. Criem suas teorias da conspiração.

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(No alto, na imagem, cascateei, porque o GIF animado que eu queria pôr aqui não entrou. Então fica sendo o equipamento do escritor do futuro, por Linus Nyström.)

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