Art Spiegelman e o Painel das Letras
12/02/12 13:15Taí por que precisei dar aquela pausa no blog: estreei ontem como colunista do Painel das Letras (link para assinantes Folha/UOL), na “Ilustrada”. Como vou continuar como repórter e fechadora da “Ilustríssima”, e a “Ilustríssima” e a coluna são inadiáveis, sobrou pro blog.
Mas ao menos estreei com a sorte de ficar sabendo na véspera que Art Spiegelman enfim aceitou um convite para vir ao Brasil, para participar da quarta edição do Congresso Internacional de Jornalismo Cultural, de 28 a 31 de maio, promovido pela “Cult”.
(A coisa toda foi meio tensa. Com a saída do Sesc e a volta pro Tuca, o congresso mudou de data. O cartunista tinha confirmado participação na data anterior. Só fui saber na sexta de manhã, poucas horas antes de fechar a coluna, que a nova data era até melhor para ele.)
Agora é torcer para o homem não desistir de novo. Em 2007, ele confirmou e cancelou depois. De lá para cá, foi convidado inúmeras vezes, mas nunca chegou perto de aceitar.
Em 2009, quando saiu aqui a HQ “Breakdowns – Retratos do Artista Quando Jovem %@&*!”, falei com ele para uma capa da “Ilustrada”.
É meu xodó essa entrevista, porque, sabe, é o cara do “Maus”. E tinham comentado que ele não era muito de dar entrevistas, o que me causou uma leve taquicardia enquanto o telefone chamava. Mas daí ele atendeu. E falou, falou, falou por quase uma hora. Queria acreditar que foi porque se encantou com minha habilidade para questões pertinentes (cof), mas a verdade é que, bem, olhem a foto e avaliem se ele parece alguém que não gosta de falar.
Enfim. A entrevista ainda está no ar, então reproduzo aqui só um trecho pequeno da íntegra que saiu no on-line (a versão publicada no papel foi bem menor) para tirar uma dúvida depois.
Há dois anos [em 2007], o sr. fez as pessoas aqui acreditarem que você vinha pro Brasil [para a Flip], e não veio.
Eu também acreditava que ia!
Daí chegou-se a falar que o sr. viria no ano seguinte, e também não veio…
Escrevi para o Luiz [Schwarcz], meu editor, para dizer que realmente quero ir, mas nunca parece dar certo quando há uma oportunidade. Da primeira vez teve a ver com uma doença séria do meu sogro, e tivemos de ir para a França, onde o pai de Françoise vivia. Depois disso, cada vez houve um empecilho, como estar no meio de um projeto e ter um prazo para entregá-lo, então nunca consegui marcar algo, mas realmente quero ir algum dia. Só estive no Rio uma vez…
Quando?
Hmm, deixe-me ver, estou tentando lembrar, foi uma exposição do meu trabalho no museu Oscar Niemeyer, no final dos anos 90. Mas preciso ir, passei um tempo muito bom no Rio, mas não fomos a outros lugares. Um dos problemas que tivemos foi que minha mulher olhou o mapa e disse: “Ótimo, vamos sobrevoar a Amazônia, sempre quis ir à Amazônia”. Isso quase matou toda a viagem para mim. Eu disse: ‘Meus ancestrais ficaram milhares de anos tentando sair da floresta. Não quero ir voluntariamente, não quero arriscar a vida da minha família’.
Como transcrevi essa parte só para o on-line, na época não me dei conta. Museu Oscar Niemeyer? O de Curitiba? Não achei nenhuma referência a exposição dele no Brasil nos anos 90. Nem tampouco da presença dele por aqui. Alguém se lembra dessa exposição?
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Só para finalizar, perguntei à Companhia das Letras se há previsão de sair por aqui “Metamaus”, o livro + DVD sobre a criação de “Maus” que lá fora foi publicado no ano passado. Por ora a resposta é não. De todo modo, “Breakdowns”, uma autobiografia em fragmentos de quadrinhos, que saiu aqui em 2009, dá alguma pista do que significa “Maus” na vida do autor.
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Teve um expo do Spiegelman no Centro Cultural Banco do Brasil, aqui no Rio, nos anos 90. Mas não tem nada a ver com o Niemeyer…
Aaah, deve ter sido essa. Vc sabe se ele foi? Ele deve ter visitado outro museu e ficado com Oscar na cabeça…
sim, ele veio com a mulher e os dois filhos pro Rio em 98. interessante é que, segundo a reportagem que encontrei, o Spiegelman rompeu com o pai, em cuja história “Maus” foi baseada, porque ele, o pai, destruiu os diários da mãe do Spiegelman, ela também uma sobrevivente dos campos de concentração e grande contadora de histórias…
Me manda o link dessa reportagem, Osvaldo? (é Osvaldo, né?) beijo!
essa expo deve ter sido no MAC Niterói, cuja arquitetura é do Niemeyer. Talvez o povo do museu tenha a informação.
É, pensei nesse. Boa ideia, vou escrever lá
Oi, Raquel:
Parece que ele veio, sim. Deve ter confundido o local. Alguém me falou que esteve com ele ou conhecia alguém que esteve com ele (muito precisa e confiável esta informação). Minha dissertação de mestrado foi sobre o Maus e lembro desse comentário durante a pesquisa. Posso averiguar quem me contou isso.
abs
Boa, Fabiano. Se conseguir me fala! Lembro que cortei um pouco na transcrição, tentei tirar dele a data exata e o lugar, mas ele não sabia. Falou só isso. No finde fiz uma megapesquisa com todas as variações possíveis de “mostra” “exposição” “spiegelman” “maus” “rio” e veio um monte de coisa, mas não essa info.
Parabéns pela coluna nova Raquel! Bom, no museu de Ctba com certeza não, ele nem existia em 90! hahaha
Obrigada, Gisele! E, ops. Nem no finzinho dos anos 90? De todo modo, ele diz que passou um tempo no Rio, deve ser um museu construído pelo Niemeyer lá ou em Niterói, sei lá…
Que beleza. Post completo no feed.
Adoro Art Spiegelman. Maus é impressionante.
Post completo no feed, sucesso
Vibrei muito com a notícia da vinda de Spiegelman!
Quanto a Meta Maus, o jeito é fãs se contentarem com a (caríssima) versão importada, que está sendo vendida na Livraria Cultura. Bom saber que por enquanto a Cia das Letras não está pensando em lançar por aqui, por daí compro a minha em inglês sem pesar na consciência…
Boa sorte na estreia da nova coluna, Raquel! 🙂
Obrigada, Juliana, e bom te ver por aqui também! =)