Uma loja só para nerds e geeks em São Paulo
22/04/12 22:25Minha primeira coluna Painel das Letras (link para assinantes), em 11 de fevereiro, falava sobre o fechamento iminente da loja exclusiva da Record que a Livraria Cultura mantinha no Conjunto Nacional. Ia acabar sem que ninguém desse notícia, mas também ninguém tinha dado notícia da loja nos dois anos em que ficou aberta.
Ela tinha sido criada numa leva de lojas exclusivas que incluiu também uma da Companhia das Letras e outra do IMS. Não parecia dar muito ibope, e não dava mesmo.
Segundo Pedro Herz, o dono da Cultura, as lojas exclusivas foram pensadas como estratégia da livraria para ocupar todos os espaços que aluga no Conjunto Nacional, mantendo a marca forte no lugar, enquanto as editoras assumem parte das despesas.
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Em fevereiro, a Cultura pediu o espaço de volta para iniciar nele um projeto “mais rentável”. A Record achou ótimo se livrar daquele pepino também, embora tenha dado essa informação com bem mais de classe do que isso.
A Cultura não falava sobre o projeto, mas acabou vazando, tanto que publiquei na coluna por acaso no mesmo dia em que a Maria Fernanda Rodrigues publicou na dela no Estadão: uma loja de games e HQs, com oferta ainda de DVDs de séries, bonecos colecionáveis e outros itens de interesse para qualquer natural born Sheldon Cooper.
(Se você é um natural born Sheldon Cooper, sabe do que estou falando. Se não faz ideia, bem, esse é o nome do melhor personagem da melhor série no ar hoje em dia, “Big Bang Theory”, sobre os nerds mais nerds que você possa imaginar. Não que eu tenha um conhecimento assim tão amplo de séries, mas gosto de acreditar que é a melhor.)
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A novidade agora é que a loja abre nesta quarta-feira, às 14h, com o nome Geek.Etc.Br. Como estava acompanhando a coisa desde o início, ou desde antes do início, eles me convidaram a conhecer o espaço, ainda em finalização, nesta última quinta-feira. Escrevi sobre ele na “Ilustrada” de sábado (link para assinantes outra vez, foi mal aí).
O design é do mesmo Fernando Brandão que cuida do visual de todas as livrarias Cultura, mas certamente é algo bem diferente de qualquer outra loja da rede. É bem diferente de qualquer outra loja que exista no Brasil, eu diria.
O lugar mais parecido que já visitei é a Forbidden Planet, loja nerd à décima potência com unidades em Londres e Nova York, mas nem diria que é a mesma coisa.
O carro-chefe serão os games, tanto jogos quanto consoles (Playstation 3, Wii, Xbox 360 e PC). Ocupam todo o primeiro piso, com totens para experimentação e acervo de 800 títulos, incluindo raridades. Segundo Igor de Paula Oliveira, o coordenador (a equipe é tão nerd que dá vontade de abraçar), a meta é oferecer a maior diversidade possível.
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No segundo andar entra o “etc” do nome da loja: jogos de tabuleiros e card games, também com mesas para experimentação; trilhas sonoras de jogos, séries e filmes (dizem eles que a trilha do “Final Fantasy”, que eles oferecem, é de uma raridade ímpar. Sei lá eu); DVDs de séries e filmes cult e de animação adulta.
Haverá ainda bonecos colecionáveis (o mestre Yoda é muito amor) e outros itens, como chaveiros de Lego, moleskines do “Star Wars” e camisetas de personagens como o Lanterna Verde, que acende no escuro, e o Sheldon do “Big Bang”.
Dos 10 mil produtos oferecidos, só 4.000 serão livros, dos quais 3.000 serão HQs –todo o acervo que estava na loja de arte da Cultura, em frente à loja principal, será transferido para a Geek.Etc.Br. Outros serão títulos como a série de fantasia “As Crônicas de Gelo e Fogo”, de George R.R. Martin, e “Jogador Número 1”, de Ernest Cline, ação que mistura games e cultura pop. Ou seja, livros com “potencial nerd”. ”
Geek.etc.br será o endereço do site, que entra no ar também na quarta, embora alguém no Twitter, é claro, já tenha encontrado uma página de teste no ar. E a marca, dizem eles, vai se expandir: a meta é abrir Geeks.Etc.Br dentro de Culturas que já existem e também lojas da marca em praças onde a Cultura ainda não chegou.
Fui na inauguração mas estava muita zoeira.
Quero voltar nesta semana para olhar melhor os produtos e ver como estão os preços.
Putz, não consegui ir ainda depois que abriu, to curiosa
OMG! Agora que eu não vou ter qualquer vida social!!!
<3
A Cultura em alguns anos será a Saraiva, 100 lojas e nenhum livreiro…
Aliás, é o que a família Herz quer, dinheiro no bolso pagando pouco para os vendedores (já que livreiros são raros lá).
Você conhece gente que estava na leva de demitidos, marcello?
Quadrinhos já estiveram na loja principal da Cultura. Quadrinhos são pra todo mundo.
Quadrinhos foram para a loja de artes da Cultura. Quadrinhos são pra artsies e cults.
Quadrinhos vão pra loja geek da Cultura. Quadrinhos são pra nerds e freaks.
Podem acreditar que quadrinhos na Livraria Cultura ainda vão andar um pouco mais – pra fora.
Vi um discurso igual a esse no Twitter, mas não acho que seja bem assim. Não tem nada mais movimentado e cool que a Forbidden Planet londrina. Acho que a ideia de geek hoje em dia é muito mais bacana que freak, que é uma imagem mais antiga. E a equipe qe cuidou disso é tão fã de quadrinhos quanto a gente. Agora, numa coisa concordo com você: não acho que seja uma boa estratégia de vendas tirar tudo da loja principal. Na de arte já era ruim, eu mesmo demorei a descobrr que estavam lá. Ainda mais porque agora eles vão ficar no segundo andar da loja, então só vai chegar a eles quem vencer a primeira fase do jogo, digo, passar pelo andar só de games.
The Big Bang Theory é um seriado divertidíssimo mas mostra uma versão meio ‘forçada’ e ‘romantizada’ dos nerds, creio.
Nesse sentido creio que a dupla Roy e Moss do seriado The IT Crowd sejam mais ‘críveis’ mesmo sem tantas referências externas (uma decisão dos redatores, talvez) em uma série temperada com o excelente humor britânico!
Ah eu TENHO que ver esse loja mesmo sabendo que a Cultura adora salgar os preços. Depois eu procuro as coisas no ebay para comprar, hehehe.
(corrigindo acho que os termos ‘forçada’ e ‘romantizada’ podem ser substituídos mais sinteticamente por ‘caricata’)
Humir britânico é sempre bom. Como não consigo acompanhar tantas séries (vivo começando a ver, mas é difícil alguma me prender, caso de Seinfeld, Sopranos, Lost, Twin Peaks e agora Big Bang), talvez eu tenha uma visão romantizada da coisa =P
MEU DEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEUZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ (Lágrimas!)
das demissões em massa da cultura da paulista ningu[ém fala, né?
ok, a iniciativa é bem vinda.
mas não há mais livreiros por ali. a unidade do conjunto nacional perdeu todo seu charme…
aliás, tem um txt ótimo aqaui sobre isso.
http://literaturacotidiana.com.br/?p=5974#comments
Nossa, eu sabia de cortes, não que eram 50. Mas isso em toda a rede ou só na lojona? Recentemente, Pedro Herz disse que não tinha vendedor lá que ganhasse menos que piso de jornalista (que acho que é de uns 3.000). Sabe se isso mudou?
Só na loja da paulista pelo que consta. E o corte foi justamente para adequar os salários, que dizem que vão ficar por volta de 2mil.
aliás, tem um txt ótimo aqaui sobre isso.
// literaturacotidiana.com.br/?p=5974 #comments
aliás, tem um txt ótimo aqaui sobre isso.
http://literaturacotidiana.com.br/?p=5974 #comments
Raquel, bom dia!!!
The Big Bang Theory é sem dúvida a melhor série de tv hoje em dia ao lado de Fringe (na minha opinião).
E só tem geek trabalhando nessa loja, a começar pelo Igor, nerd total…rs
Ótima semana.
Haha! É (o que é um elogio, é claro). Beijo!
Só mais um comentário: pra “rentabilizar” mesmo e concorrer com a tal “zona cinza” da Sta. Ifigênia, seria bom a Cultura dar uma segurada nos preços… eles costumam exagerar, e isso nunca é muito bom, especialmente em dias de viagens mais acessíveis e Amazon e outros sites de compras pela net. Ainda mais se querem expandir essa marca – e vale lembrar que em geral geeks, nerds e outros bichos sabem como conseguir o que desejam por preços decentes. Exemplo típico são os preços que eles cobram pelos discos importados, que dá pra conseguir por valores bem mais justos nas lojas do Centro.
Com certeza, os preços da cultura já foram bons.
A Forbidden Planet é Londrina, a de Dublin é imensaaa 3 andares.
E saudades dela na 7 de abril.
Alias no Centrão ( essa para os Balzaques) tinha também a Muito prazer comics. A Maior e melhor loja de HQ´s que já existiu.
Para quem tem saudade vá na livraria “exoterica” que tem no Paisandu sentido Av Ipiranga, ao lado do Rei do Mate. O antigo Dono da Muito prazer tb é dono de lá, e dá para encontrar alguns HQ´s antigos e Raros.
Belíssima dica, não conhecia, vou procurar!
Isso lá é verdade, Renato, esse povo sabe encontrar preços mais baixos. Há que se ter jogo de cintura para conquistar público
A Comix tá ali pertinho da Paulista há milênios. E não é nerd ou heek coxinha, é de verdade.
Saudosa Forbidden Planet da 7 de Abril (mais precisamente na rua Gabus Mendes, uma travessinha). Vendia quadrinhos e RPGs nos anos 90, antes do termo “geek” se tornar moda.
Não é do meu tempo em SP, pelo visto. Cheguei aqui em 2001…
Ah, só pra completar, nada contra uma versão mais comercial deste tipo de loja, sem falar que o acesso à Paulista é bem mais fácil 😀
Até que enfim… agora, a Forbidden Planet, se for a que estou pensando (começou no Centro, perto da Sete de Abril, foi para a Pompéia e agora está no Morumbi), é uma loja beeeeeeeem geek, sim. Quem começou a trazer RPGs pra cá, se não me engano, foram eles. Só não sabia que tinham unidades em Londres e Nova York, mas também parei de ir lá há milênios.
Nem sabia que tinha Forbidden Planet no Brasil, mas a que eu estou falando começou em Londres, mesmo! E é bem geek, eu não disse que não era, disse só que é um pouco diferente o conceito da loja, porque a da Cultura vai ter mais foco nos games do que a Forbidden Planet, que fica mais na ficção científica, na fantasia e nos quadrinhos. Anyway, são conceitos parecidíssimos
a forbidden planet é de fora. não sei se essas aqui tem alguma relação com as de fora
E você sabe se a original é a britânica ou a americana? Eu acho que é a de Londres, até porque a dos EUA se chama “forbidden america USA”, como se estivesse se diferenciando de outra que já exisia
A Forbidden Planet original é a britânica, e a dos EUA, assim como a nossa (essa mesmo que passeou na cidade) é uma franquia. E sempre, em todos os lugares, é uma loja para nerd nenhum colocar defeito.
Gracias, Mariana! Eu conheci só a londrina e achei o paraíso…
para fazer justiça: quem começou a trazer os RPGs pro Brasil, ainda nos ano 80 e com baita sucesso de Dungeons & Dragons e Vampiro: A Mascara, foi a editora DEVIR.
A Devir sem dúvida é importante, mas a Forbidden Planet começou a trazer RPGs antes deles. Com certeza começaram no início dos anos 80, ainda em 81 ou 82. Como a Devir começou em 87, de acordo com o próprio site deles, acho difícil que tenham começado a trazer antes da Forbidden Planet, a não ser que tenham feito isso com outro nome.