Bolão: quem você acha que estará na Granta?
08/05/12 01:06
Muito antes de a Granta de autores brasileiros ser anunciada oficialmente, na última Flip, escritores por aqui disseminavam teorias envolvendo a seleção. Um ano antes, em 2010, havia quem desse a lista inteira de escolhidos. Devia valer uma fortuna no eBay.
Então vieram o anúncio, as incrições e meses depois a notícia de que os jurados (Beatriz Bracher, Benjamin Moser, Cristovão Tezza, Italo Moriconi, Manuel da Costa Pinto, Marcelo Ferroni e Samuel Titan Jr.) já tinham definido quais os 20 nomes, dentre os 247 que enviaram textos, a serem anunciados na próxima Flip.
As teorias da conspiração até demoraram a voltar. Uma delas me chegou em março por email anônimo. Dizia que Isa Pessoa tinha deixado o cargo de diretora editorial da Objetiva por conta de irregularidades no processo de seleção da Granta (por via das dúvidas, perguntei; ela disse que isso não teve nada a ver com sua saída). Que um estagiário teria “destruído” e “queimado”, com essa sanha redundante, os contos dos autores que não interessavam. Que nem todos foram lidos, só os que interessavam.
“Não é como um jogo de cartas marcadas, como muito se comenta a título de burburinho maldoso, mas de selecionar as cartas a se jogar, como se faz na manilha nova do jogo de truco paulista”, disse o anônimo, cujo estilo de texto acho até que reconheci (cof, mentira –aliás, se um dia for enviar um email anônimo, preciso me lembrar de eliminar os “cof”).
A questão: uma série de escritores brasileiros, cheios de esperança, teria se iludido à toa.
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Considerando que a Granta se propõe a selecionar autores representativos de uma geração, e que não é um concurso público, confesso que não acho grave os jurados terem uma noção prévia de nomes que merecem atenção. Se não passaram os olhos em todos, é chato, mas acho que mais grave seria se resumissem decisão a um único texto –no caso de desconhecidos, seria mais que obrigatório investigar o resto da obra deles.
Resolvi seguir a sugestão da escritora Socorro Acioli, que está concorrendo, e abrir a caixa de comentários –e o email raquel.cozer@grupofolha.com.br– a quem quiser fazer apostas dos 20 nomes. Podem ser autores conhecidos ou desconhecidos (lembrando que spam não ganha nada além de encher a paciência), desde que, seguindo as regras da Granta, sejam brasileiros, previamente publicados e nascidos a partir de 1/1/1972.
Os autores mais votados aqui não ganharão nada, mas ao menos o bolão pode dar uma ideia da preferência dos leitores e ver se coincide com a do júri. Quem acertar mais nomes ganha status e pode iniciar carreira como astrólogo literário (nas palavras de Reginaldo Pujol Filho), mas juro que vou pensar em premiação melhor.
Quem estiver concorrendo pode sugerir só 19 nomes, em vez de 20, para não ficar no constrangimento de se incluir na lista, e daí posso deduzir que o nome que falta é o do próprio votante. E quem quiser sugerir menos nomes pode ficar à vontade, só terá menos chances de ganhar. O que não é grave, considerando que não temos uma premiação.
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Por falar em júri, um dos jurados da Granta, o Cristovão Tezza, por acaso escreveu hoje em sua coluna na “Gazeta do Povo”, em Curitiba, sobre concursos literários, a partir de sua experiência como membro de comissões julgadoras (o que ele chama de “literatura judiciária”, termo que adorei e já adotei). Ele argumenta:
“Todo concurso é falível e comete erros e omissões. Um concurso literário é apenas índice de valor de um momento, de acordo com as cabeças idiossincráticas dos jurados, e não uma decisão transcendente decretada pelas musas. Bancas de dois ou três jurados costumam ser mais coerentes e objetivas (mas não necessariamente mais justas) do que as que contam com dez julgadores; muitas cabeças, sentenças demais. (…) Se o concurso é de livros publicados, o conjunto da obra do autor pode pesar no resultado.“
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O link acima me chegou via Carol Bensimon, uma das autoras que enviou texto à Granta (o grifo na frase final é meu). Conversando com outros concorrentes, algumas questões surgiram:
1) É bem provável que, em nome da diversidade, tenha rolado uma espécie de cota informal para mulheres, que proporcionalmente publicam muito menos ficção no Brasil;
2) É provável que tenha rolado alguma cota regional –no sentido de evitar apenas autores do centro-sul, embora eles devam ser a grande maioria, pela proximidade com o mercado;
3) Não parece totalmente bizarra a ideia de que grandes editoras tenham feito algum esforço paralelo por seus autores na lista ou a de que tenha havido o cuidado de não publicar autores demais (nem de menos) das mesmas grandes editoras.
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Esquentando a discussão: Lettrétage.
https://www.facebook.com/del.rey.18/posts/340486686023549
Eu particularmente gostaria de fazer parte dessa listinha de 20 nomes,já que me inscrevi e estou dentro dos critérios rs.
Bom,não tenho uma lista completa,ao menos não por hora…
Votaria no Domingos Pellegrini,masss ele não atende aos critérios de idade.
Verônica, você era uma de minhas apostas. Agora fiquei sem meu trunfo. Vida que segue. E, creio, meu nome não estará na listagem. Obrigado por ter sido mencionado em uma das listagens como um candidato possível.
Fico feliz em saber que algumas pessoas apostaram que meu nome estaria na lista. Mas não há a mínima chance disto: eu não enviei texto para lá.
Ô, Verônica, que dó. Vc tb aparece em varios dos votos por email
isso reafirma como a seleção da granta é muito relativa, não?
uma autora que recebeu vários votos, era tida quase como certa, não enviou texto (a editora pode enviar pelo autor?). e aí? ela não está entre os 20, na prática?
Não, a editora não pode, ela está fora
• A inscrição pode ser feita pelo autor, pela editora ou por seu agente.
http://www.grantaemportugues.com.br/pdf/Granta_regulamento.pdf