Detalhes sobre a seleção da Granta
06/07/12 08:54
Como abordei a “Granta” em dois posts recentes e acabou saindo com poucos detalhes no jornal impresso o texto sobre como os organizadores dizem que foi a seleção (centro na ocasião de looonga discussão na caixa de comentários), vai abaixo o texto na íntegra.
Por ora, tive tempo de ler só a apresentação, para ver se aparecia mais algum critério da seleção lá, mas mais para frente, quando a cobertura da Flip e o fechamento da coluna tiverem passado, depois de ler, comento por aqui. E digo que leitor acertou mais nomes.
Obs.: a looonga discussão nos comentários sobre formação de panelinhas e problemas do mercado editorial levou o leitor Marcos a criar este site, Off Granta, para quem participou do concurso e não teve o texto escolhido enviar o seu.
Obs. 2: em seu blog absolutamente internet 1.0, o escritor Santiago Nazarian fez um honesto e divertido post sobre não ter sido escolhido.
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Foram anunciados ontem, na Flip, os 20 nomes que integram a edição “Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros” da prestigiosa revista literária britânica “Granta”.
Carol Bensimon, Vanessa Barbara, Laura Erber, Carola Saavedra, Tatiana Salem Levy e Luisa Geisler, a mais jovem do grupo, nascida em 1991, compõem o time feminino. Os outros 14 são Cristhiano Aguiar, Javier Arancibia Contreras, Miguel del Castillo, João Paulo Cuenca, Emilio Fraia, Julián Fuks, Daniel Galera, Vinicius Jatobá, Michel Laub, Ricardo Lísias, Chico Mattoso, Leandro Sarmatz, Antônio Xerxenesky, e Antonio Prata.
Eles foram selecionados entre 247 escritores nascidos a partir de 1972 e que enviaram textos para a Alfaguara, editora que publica a “Granta” no Brasil. Segundo Marcelo Ferroni, editor da Alfaguara e um dos jurados, houve uma pré-seleção. Cada um dos sete membros do júri avaliou todos os 70 textos que passaram nessa triagem.
“Os 20 foram escolhidos única e exclusivamente com base na qualidade literária”, disse Roberto Feith, editor da Alfaguara. Segundo ele, não foram levados em conta editora, região, obra nem sexo do inscrito. “São os nomes que vão definir os rumos da literatura brasileira nos próximos anos”, disse.
Feith contou que, antes do anúncio, na última Flip, de que haveria uma “Granta” com brasileiros, a editora preparou um levantamento de nomes de jovens autores interessantes do Brasil. “Comparamos com a lista de inscrições e tivemos a certeza de que tínhamos começado bem. A maioria dos nomes listados como promissores tinha enviado textos.”
Segundo Ferroni, essa lista não interferiu na seleção feita a partir dos textos, embora 17 dos 20 nomes da lista final tenham sido consenso logo no primeiro momento. Além dele, integravam o júri Beatriz Bracher, Benjamin Moser, Cristovão Tezza, Ítalo Moriconi, Samuel Titan Jr. e Manuel da Costa Pinto.
O júri recebeu os textos em duas levas, entre outubro e novembro, e iniciou discussões por e-mail. Em fevereiro, cada um apresentou seus 20 escolhidos. Todos os que levaram de cinco a sete votos entraram na lista. Os que tiveram quatro votos também, a não ser que algum dos jurados quisesse retirar o nome. “Houve discussões acaloradas”, disse Ferroni.
Então veio a “fase do sigilo”, com os textos formatados antes que os autores fossem avisados. Os escolhidos ficaram sabendo entre a última semana de abril e as duas primeiras de maio –eles precisavam ler os textos finais e passar informações biográficas. A edição tem tiragem inicial de 10 mil exemplares no Brasil. Será publicada também nos países de língua inglesa e espanhola e na China.
O inglês John Freeman, editor da “Granta”, lembrou que “basicamente todos os autores que ganharam o Booker Prize nos últimos anos estavam nas listas de melhores autores de língua inglesa da ‘Granta'”. Citou Ian McEwan, Salman Rushdie e Julian Barnes, entre outros.
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O debate já “morreu” (talvez não devesse nem ter começado), mas o escritor e jornalista Bráulio Tavares falou uma grande verdade a respeito, o que talvez tenha ajudado a gerar esta celeuma toda:
http://mundofantasmo.blogspot.com.br/2012/07/2931-antologia-granta-2472012.html
Que conversa pretensiosa. Lista nunca será perfeita. Uns bons ficam de fora; uns escolhidos são contestados. Só isso.
Essa conversinha de gente inteligente cansa.
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Este é um blog de literatura, supostamente frequentado por pessoas letradas. Portanto, não é aceitável o erro de se grafar “á” no lugar de “há”.
P.S. Alguém aqui curte Sidney Sheldon?
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Cristhiano Aguiar, paraibano de Campina Grande, conhece quase tudo sobre Livros e Literatura. É doutorando em Letras pela Mackenzie e pesquisador-visitante da University of California, foi um dos vencedores do concurso Osman Lins de contos, em Recife. Já foi professor de Literatura e vendedor de livros, participou de vários júris de premiações literárias e autor de Ao lado do muro, livro de contos. Suas narrativas se passam em vários lugares: Campina Grande, Berkeley, Recife, São Paulo e Berlim, e deve ser, imagino eu, grande admirador de Augusto dos Anjos.
O texto da Tatiana Levy é daqueles que li o pior de todos. O do JP Cuenca é bem ruinzinho também. O texto do Antônio Prata é bom, o do Julian Fucks também.
kkkkidiotice!!! isso de pior de todos, bem ruinzinho, bom e também, pra criticar texto não é opinião, é rancor. Coitado.
Curioso que os críticos dos críticos têm a mesma virulência que censuram. E é perfeitamente natural, tendo em conta que o fenômeno Granta não é desimportante. Tem alcance e repercussao no Brasil e fora.
Agora, se não cabe dizer que tudo lá não presta (afinal, há bons escritores na lista), tampouco faz sentido desqualificar toda crítica como ressentimento, por mais virulenta que seja. A graça do fenômeno Granta é expor qualidades e defeitos: valoriza o escritor bom, que tem o que mostrar, mas deixa a nu os não-escritores, que não têm como esconder o que não são. O problema do compadrio, que é inevitável em qualquer seleção que dispensa o anonimato, é premiar tanto o mérito de uns como a incompetência de outros, e isso fica evidente no quadro irregular de textos da revista. É o que dá misturar critérios: ou bem a revista elenca escritores que julga promissores (sem suposta avaliação de textos de qualquer pretendente) ou bem escolhe textos por sua qualidade, independentemente do nome que aparece no alto.
Malgré tout, é bom para a literatura brasileira, que já padece da insularidade de língua, que a Granta tenha feito um número sobre o que se escreve aqui. Até para aqueles que mandaram textos e não foram incluídos é bom que se fale de literatura brasileira lá fora.
Leiam os textos de Tatiana Salem Levy, JP Cuenca e Julián Fuks na Granta, apenas para citar os piores. A teoria do “ressentimento” a que alguns aludiram cai por terra. Não é ressentimento. Apenas um dado objetivo. O que se vê nesses três contos é material da pior espécie, ocupando um lugar que poderia ser de gente realmente talentosa.
(A média da revista é muito ruim. Não fosse pelos textos de Lísias, Laub e alguns poucos outros, seria um desastre completo.)
Achei o do Fuks muito muito bom. Não li ainda o da Tatiana nem o do Cuenca. Mas, enfim, nada menos objetivo do que o gosto 😉
Muito “objetivo” seu “dado” de “material da pior espécie” sua vereda, kkkkkk, “apenas para citar os piores”, seu comentário é um deles. Sua opinião é de uma inveja tamanha que supera o ressentimento dos outros frustrados que andam apitando seu ressentimento por aqui. Aprenda, vai.
Tem arrotos na Granta também. Mas todos de grife.
raivinha
Leio os comentários e enxergo uma nem tão expressiva procissão de ressentidos. É a cultura da inveja escrevendo arrotos.
Muito bacana os autores falando sobre nossa Cidade Maravilhosa
ta foda de ler esses dois contos ate o fim
mas tem umas surpresas boas de uns caras que eu nao conhecia
ta foda ler um comentário como o seu
Sugiro que todos vocês, leitores deste blog, e todos os demais habitantes do Brasil leiam os textos de JP Cuenca e Tatiana Salem Levy na Granta. Que duplinha… Dois dos nossos maiores ficcionistas. Que orgulho! Que acerto! Muito tocante os dois ilustres autores falando sobre nossa Cidade Maravilhosa. Coisa linda de viver.
Vou fazer muita propaganda! Que todos leiam esses dois contos e tirem suas conclusões. Anotem: Salem Levy e Cuenca na Granta. NÃO PERCAM!
Sem mais,
Vereda
Vereda, que fina ironia, quanta sutileza, difícil de se achar talento para ironizar como o seu, mas volta à escola criatura para aprender a ser reprovada sem chiar.
JP Cuenca e sua interminável egotrip.
“O inferno são os outros”.
Meio ridícula essa perseguição aos autores selecionados, sem falar no ataque histerico aos jurados, cada um que entra aqui tem um criterio absoluto e acha que os seus valores valem mais que o do vizinho. por que ninguém teve a ideia de conversar um pouco mais com os jurados, pra saber como eles lêem esses contos? Acho essa Off gRanta uma coisa de ressentimento bobo. Tudo muito superficial e triste, daí pra arrematar vem o autor desconhecido dizendo que sentiu falta do seu amigo na lista, mas diz ao mesmo tempo que a revista é uma farsa por causa do compadrio, assim fica muito dificil debater a literatura contemporanea na rede.
Vejo a Off-Granta não como uma coisa de ressentimento bobo, nem uma tentativa dos autores ali postados de serem mais que os selecionados para a Granta 9, mas sim de divulgarem seu trabalho. Nada além disso.
Também vejo a OFF Granta da mesma forma, Bartolomeu. Não se trata de ressentimento nem de ninguém provar que é melhor que os escolhidos, porque basta um pouco de sagacidade pra saber como a banda toca. Além disso acho a OFF Granta simbolicamente uma resposta digna do momento em que vivemos, o da internet, onde qualquer prêmio – seja Granta, seja Oscar, o que for – têm o mesmo fim: são comentados, discutidos e rivalizados. E sobretudo, pelo prazer pessoal que tenho em conhecer os RECUSADOS ao invés dos ACEITOS. Meu interesse particular é inversamente proporcional ao sucesso (ou oba-oba) que um escritor/cantor/filme obtém nos dias de hoje (eu disse bem: nos dias de hoje = muito marketing).
Mas no fundo essa Granta é uma bela de uma bobagem. Uma manifestação de ego inflado e de vaidade colocar seu trabalho para ser julgado se é o melhor em categoria nacional. Pra quê? O que isso prova? Por que um escritor iria querer isso (senão por dinheiro, mas veja…)? Que vaidade! Eu só fico imaginando o que deve pensar o Raduan Nassar… e o que pensaria o Salinger…
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkofffff!
Olá! Sou apenas uma leitora e um dia, por tanto que aprecio, tenho fé que aprendo a escrever.
O assunto sobre a seleção é óbvio que me interessa – sou leitora -, mas me envolvi muito mais com o texto depois que li alguns comentários e gostaria de contar minha impressão.
Jamais seria capaz de (conseguir) corresponder à necessidade que algumas pessoas têm (não me refiro às tolas) de serem conduzidas a depreender determinadas situações para além das teorias da conspiração; nem tão pouco eu seria capaz de consolar (não me refiro às fracas) as pessoas que têm dificuldade de carregar suas próprias e diminutas almas.
Deve ser horrível ter que constatar e responder às vaidades, a despeitados apegos, à falta de autocrítica e a excesso de autoconceito.
Aos não tolos, diria Simone (não eu): “O maior suplício da vida civilizada é ter que responder polidamente aos imbecis”.
Aos não frágeis, diria Ian McEwan (não eu): “… e mesmo gostando tanto de escrever histórias sobre espiões, não sabia o que era intriga até conhecer o meio literário”.
Como Simone conviveu com Jean-Paul ela deve ter tido motivos para dizer o que disse; e como McEwan, outrora, foi um dos também eleitos pela ‘Granta’, de igual modo deve saber o diz. McEwan é, aliás, ganhador de Booker Prize após ter sido eleito pela ‘Granta’. Ele deve mesmo dizer coisas com propriedade. Talvez a expectativa pelo recebimento de louros, muito mais do que a de alcançar interessados leitores, seja o motivo de tanto desprezo, maldizer e desespero. Eu? Tenho dó de quem tem a obrigação de ler alguns dos comentários que li aqui. Vocação para mediadora de egos não tenho. Descobri.
Ofício bom sem dúvida é ler, acho. Escrever também acredito que seja, mas acredito com jugo por ainda não saber.
Felizmente sirvo para alguma coisa, pois sei fazer conta. Dos 247 concorrentes, menos os 20 detratados por alguns críticos aqui, sobram 227. Destes, supondo os comentários feitos por não concorrentes, como eu, e mais tantos outros por ‘stunt double bodies’; resulto que muito mais da metade está se preparando para as próximas boas oportunidades que destacarão, com sorte, tantos trigos quanto os colhidos pela ‘Granta’. Então, só posso concluir mais uma vez que nem tudo está perdido ou é definitivo.
Esse tipo de reflexão sempre é muito útil para mim.
Obrigada Raquel, por me ajudar a achar a vida. Todos os dias eu a procuro. Obrigada por hoje.
Sou tradutor (e não autor) e ao menos nessa parte do mercado, o compadrio rola solto.
Não acho que seja diferente com os autores.
Vi uma certa histeria por causa da lista , as pessoas escrevem porque é importante ou para constar numa lista que como todas tem critérios subjetivos. Não duvido da importância da revista , mas é triste ver tantos jogarem as fichas numa suposta legitimação vinda de fora.
pensando na polêmica toda que se criou em torno da granta, imaginei, como exercício, que poderia haver algo do tipo: quais as 20 grandes obras da literatura brasileira dos últimos 25 anos, ou coisa parecida.
estranho, não?
https://twitter.com/xerxenesky/status/91875198726447104
https://twitter.com/xerxenesky/status/91877807562563584
pois é, o sujeito escreve no twitter que não enviou nada para o concurso e depois aparece como um dos selecionados.
Lapsus linguae?
Obs: alguém deu um sabe print nesses trechos depois ninguém dizer que foi apagado?
Abs!
Gente, pelamor, esses tuítes são de julho, as inscrições foram até outubro
E dai? O conto dele continua fraco do mesmo jeito…
Abs!
lolzinho.
Acho que isso aqui vale muito à pena:
http://offgranta.wordpress.com/
Que maravilha é a internet!
Criaçao do Marcos. Vou linkar no texto =)
primeiro parágrafo: festival de clichês e deslizes que qualquer oficina de criação detectaria e deletaria. Não gosto de criticar assim cruamente a ninguém, mas, com esses “argumentos” fica difícil falar que a Granta é panelinha e que os bons novos escritores ficaram de fora. pra legislar em causa própria, a causa, pelo menos, precisa ser razoável.
Caro Van, esses pontos elencados como numa lista escolar mostram apenas que vc é um leitor com alguma pretensão crítica, mas com uma visão bastante esquemática e funcional, algo conservadora, da literatura. Me desculpe, mas ainda não convenceu. De todo modo, não espero de ninguém aqui grandes vôos de pensamento, mas sua fala é tão onipotente quanto a dos escritores que critica, fala de um lugar de certezas, tem um paradigma unico do que vem a ser a boa literatura e descreve seus criterios na forma de lista. Acho que se deve estar atento para a baboseira literaria tanto quanto para os pseudo criticos anonimos ou renomados. Abraços cordiais
Concordo!
Tinham que fazer uma antologia com um único jurado: o Alcir Pécora. Que é o cara que deu aquela opinião feroz no início do ano, dizendo que atualmente no Brasil não se tem produzido nenhuma literatura que relevante. Ou seja, sua antologia seria um livro de páginas em branco.
Pra quem não leu ou quer reler, tá aqui o comentário dele: http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2011/04/23/impasses-da-literatura-contemporanea-por-alcir-pecora-376085.asp
Julio ce ta superestimando o Pecora, o Alcir eh um cara que apesar de nao ter medo de fazer critica ferina tb nao eh capaz de separar o joio do trigo. ele gosta da hilda hilst e nao tem paciencia pra literatura feita agora. nao eh um mau ponto de partida mas tb nao chega a ser uma qualidade. li quase todos os contos da revista e me parece que apesar da revolta dos leitores tem umas surpresas boas embora no geral da impressao de historias ja contadas ou entao contos que apresentam pouca novidade ou ousadia formal e tematica mesmo quando muito bem escritas (Laub, Carola, Galera). Gosto muito do texto do Lisias e discordo de alguem que disse acima que o conto da Vanessa era ruim porque era liso é uma visao de conto tradicional acho esse conto bem feito e coerente dentro do que se propoe, agora falando dos ilustres desconhecidos: o jatoba mostra principalmente que leu muito e digeriu bem e sabe escrever mas tem uma coisa artificial nao sei, do narrador precisando se impor recorrendo a um etilo meio grandiloquente, o miguel del castillo fez um conto correto, a ver o que escrevera em formato mais longo, o da laura erber tem o merito de criar uma historia menos obviaeh meio irregular com partes mais complexas e outras mais rasteiras mas consegue intrigar e o final eh bonito, alias o final do conto do jatobá eh bem bacana, cristhiano Aguiar ha otimos momentos que fazem supor que talvez venha a escrever coisas solidas interessantes. Sao impressoes de uma primeira leitura e nada que se pretenda um juizo absoluto, os autores sao muito diferentes entre si e mesmo que alguns contos sejam lamentaveis (muito pelo uso infame de cliches i muito pelo erotismo de novela das seis) no geral achei a selecao boa, previsivel em varios pontos, com algumas poucas novidades, porem, entre mortos e feridos varios textos se salvam. pra quem teve a oportunidade de ler a seleçao da granta dos melhores autores em espanhol acho que a situaçao nao eh absurdamente diferente ou melhor.
(só um adendo – acabo de visitar o blogue do Christiano Aguiar Linguagem Guilhotina e achei tudo ali muito fraquinho e alguns posts ja dao sinais claros de um ego em vias de inflar)
Melhor comentário sobre a coletânea até agora. Você tem blog?
Descontada a retórica da excelência literária, que é inescapável, o que a Granta pretende nem ela mesma esconde: a promoção da idéia de que a revista “descobre” autores que tenderão, mais adiante, a ganhar os principais prêmios literários de um país. É esse o marketing da edição inglesa, por exemplo: lá estavam os autores que abocanhariam Booker Prizes anos depois. Ora, sabe-se que o grupo de autores de melhor circulação no jet-set literário é justamente aquele que, por conexões e algumas vezes méritos, tende a ganhar a maioria dos prêmios literários. Daí nada mais natural que a Granta escolhesse os autores mais por sua capacidade de articulação e autopromoção no meio literário do que por uma vaporosa e trabalhosa avaliação de qualidade artística de textos submetidos. Por isso, apesar de concordar com os comentários de muitos aqui (e com os critérios do Van Morrison), acho que se perde o foco quando se critica a alegada preguiça dos jurados. Eles deram à Granta exatamente o que a revista queria: a lista de jovens autores brasileiros que, por mérito ou prestidigitação, conseguem vender-se como os principais escritores do país.
Acho que você definiu perfeitamente. Juntou a crítica do Van Morrison com uma observação da realidade cultural que é muito pertinente. Inclusive, a seleção da Granta serve de analogia para o que acontece em qualquer área profissional desse país – que de profissional não tem nada -, onde o lobby, o você me conhece? ou o você sabe com quem está falando, o marketing, a política dos salões e os interesses comerciais privados (no caso, o interesse de editoras) tende a demarcar seus beneficiários. A Granta, o Prêmio Multishow, o VMB, Geração 00, etc etc etc, é tudo a mesma coisa. E justamente por não divulgarem nada de qualidade que sua validade não dura mais que uma semana de pauta. No final, a Granta vai ser mais um livro vendido por R$10 reais nos sebos como nomes tão irrelevantes como tudo o que parece ganhar destaque na imprensa cultural hoje em dia. E assim tristemente caminha a “cultura brasileira”, seus festivais de verão, seu cinema Globo, suas antologias literárias. O que um interessado em arte sabe é que sempre tem se avançar pro fundo para descobrir coisas que valham à pena. No horizonte só está visível quem bóia. Já quem mergulha…
Comentários brilhantes do Isaías e do Gabriel! É assim que a banda toca..e a Granta também ..rsrs