Detalhes sobre a seleção da Granta
06/07/12 08:54
Como abordei a “Granta” em dois posts recentes e acabou saindo com poucos detalhes no jornal impresso o texto sobre como os organizadores dizem que foi a seleção (centro na ocasião de looonga discussão na caixa de comentários), vai abaixo o texto na íntegra.
Por ora, tive tempo de ler só a apresentação, para ver se aparecia mais algum critério da seleção lá, mas mais para frente, quando a cobertura da Flip e o fechamento da coluna tiverem passado, depois de ler, comento por aqui. E digo que leitor acertou mais nomes.
Obs.: a looonga discussão nos comentários sobre formação de panelinhas e problemas do mercado editorial levou o leitor Marcos a criar este site, Off Granta, para quem participou do concurso e não teve o texto escolhido enviar o seu.
Obs. 2: em seu blog absolutamente internet 1.0, o escritor Santiago Nazarian fez um honesto e divertido post sobre não ter sido escolhido.
***
Foram anunciados ontem, na Flip, os 20 nomes que integram a edição “Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros” da prestigiosa revista literária britânica “Granta”.
Carol Bensimon, Vanessa Barbara, Laura Erber, Carola Saavedra, Tatiana Salem Levy e Luisa Geisler, a mais jovem do grupo, nascida em 1991, compõem o time feminino. Os outros 14 são Cristhiano Aguiar, Javier Arancibia Contreras, Miguel del Castillo, João Paulo Cuenca, Emilio Fraia, Julián Fuks, Daniel Galera, Vinicius Jatobá, Michel Laub, Ricardo Lísias, Chico Mattoso, Leandro Sarmatz, Antônio Xerxenesky, e Antonio Prata.
Eles foram selecionados entre 247 escritores nascidos a partir de 1972 e que enviaram textos para a Alfaguara, editora que publica a “Granta” no Brasil. Segundo Marcelo Ferroni, editor da Alfaguara e um dos jurados, houve uma pré-seleção. Cada um dos sete membros do júri avaliou todos os 70 textos que passaram nessa triagem.
“Os 20 foram escolhidos única e exclusivamente com base na qualidade literária”, disse Roberto Feith, editor da Alfaguara. Segundo ele, não foram levados em conta editora, região, obra nem sexo do inscrito. “São os nomes que vão definir os rumos da literatura brasileira nos próximos anos”, disse.
Feith contou que, antes do anúncio, na última Flip, de que haveria uma “Granta” com brasileiros, a editora preparou um levantamento de nomes de jovens autores interessantes do Brasil. “Comparamos com a lista de inscrições e tivemos a certeza de que tínhamos começado bem. A maioria dos nomes listados como promissores tinha enviado textos.”
Segundo Ferroni, essa lista não interferiu na seleção feita a partir dos textos, embora 17 dos 20 nomes da lista final tenham sido consenso logo no primeiro momento. Além dele, integravam o júri Beatriz Bracher, Benjamin Moser, Cristovão Tezza, Ítalo Moriconi, Samuel Titan Jr. e Manuel da Costa Pinto.
O júri recebeu os textos em duas levas, entre outubro e novembro, e iniciou discussões por e-mail. Em fevereiro, cada um apresentou seus 20 escolhidos. Todos os que levaram de cinco a sete votos entraram na lista. Os que tiveram quatro votos também, a não ser que algum dos jurados quisesse retirar o nome. “Houve discussões acaloradas”, disse Ferroni.
Então veio a “fase do sigilo”, com os textos formatados antes que os autores fossem avisados. Os escolhidos ficaram sabendo entre a última semana de abril e as duas primeiras de maio –eles precisavam ler os textos finais e passar informações biográficas. A edição tem tiragem inicial de 10 mil exemplares no Brasil. Será publicada também nos países de língua inglesa e espanhola e na China.
O inglês John Freeman, editor da “Granta”, lembrou que “basicamente todos os autores que ganharam o Booker Prize nos últimos anos estavam nas listas de melhores autores de língua inglesa da ‘Granta'”. Citou Ian McEwan, Salman Rushdie e Julian Barnes, entre outros.
Comprei a Granta e comecei pelo conto da Tatiana Salem Levy (por ser curto e em tópicos). É um lixo. Um horror. Uma coisa tenebrosa. Não há nada de aproveitável ali. Nada. Revoltante.
Já me interessei.
JP Cuenca escreveu isso no twitter: @jpcuenca blog da @raqcozer já virou uma cultura de fungos humanos…
E agora escreve “Outras pessoas (menos invisíveis que seus valiosos comentaristas)”.
Falta de consideração com os leitores da Raquel.
Espero que seu texto seja bem melhor do que seu caráter, Cuenca.
Querida Raquel,
Não se culpe. Seus critérios não são bobos. Outras pessoas (menos invisíveis que seus valiosos comentaristas) também gostaram bastante do livro: http://jpcuenca.com/?page_id=41#finafeliz
Beijo,
JP
Visibilidade é critério agora?
Aproveitando a visita do ilustre escritor, aqui vai uma pergunta, feita com a maior educação:
Vc realmente acredita que “dropping names” – como fez com seu link acima – é a solução para vencer no debate com solene desprezo e não enfrentar os questionamentos de quem comenta por aqui?
Se vc responder a minha pergunta, ganha um exemplar autografado de “Moondance”.
Se não, bem, o que posso dizer que quem cala consente?
Abs!
Retificação: Se vc responder À minha pergunta.
Faço isso antes que apele para o famoso “sic” e assim achar que já ganhou o debate.
Abs!
Retificação 2: na duvida, consultei os universitários, e eles me disseram que não havia crase nenhuma e que a minha primeira versão era a correta.
Antes pecar por excesso do que pela falta, etc. e tal.
Abs!
Ou” como um autor famoso subestima seus leitores sem renome”
Uau, Cuenca, eu lhe estimava mais antes desse comentário desesperado em busca de superioridade. Nós podemos não ter visibilidade para você, mas isso não nos faz estúpidos ou nem mesmo medíocres. Muitos desses comentaristas podem ser os próximos Cuencas (Deus nos livre disso) ou escritores bem melhores, ou os próximos grandes críticos, então evite constrangimentos para você mesmo, por favor.
A Tatiana Salem Levy e o João Paulo Cuenca estão nas duas revistas, acho isso interessante.
Estive a uns dias na Biblioteca Nacional para um lançamento de uma revista inglesa a Litro, com textos entre poemas e contos de autores brasileiros. A revista é distribyuida no Reino Unido ,foram 100 mil exemplares distriubuidos gratuitamente. Nao vi nem uma repercussão sobre isso. Voce chegou a ficar sabendo Raquel?
La tambem tem uns nomes que estao na Granta.
Tinha pouca gente no lançamento, parece que todo mundo so estava pensando na Granta hehehe.
Pois é, eu fiquei sabendo muito em cima, e não me mandaram a revista. Daí a Flip atropelou todo mundo, mas acho que é um assunto ao qual se vale voltar (embora a Litro não seja conhecida como a Granta)
Foi mesmo teve so alguns exemplares lá. Tem no site deles
http://www.litro.co.uk/?p=11813
Uau, acabei de ler o texto do Cuenca na Litro e estou triste com o resultado. Cheio de si e clichê.
Olá Arthur e Raquel,
A problema era que só sabiamos que a Biblioteca poderia dar o espaço para o lançamento muito tarde, bem depois do lançamento da edição em Londres. Então os exemplares foram esgotados. Os poucos la no lançamento foram os ultimos. Estou em Londres agora onde vamos fazer uma segunda impressão pela primeira vez na historia da Litro. Eu vou voltar no Rio com exemplares para quem foi no lançamento e quem queria ha tempo já. Desculpe o atraso nisso!
Sophie, editora da edição 114, Litro
Achei massa a ideia da antologia. Não mande texto para a Granta, mas posso ajudar indicando gente para cuidar dos processos editoriais.
Por favor, incluam-me na discussão.
Segue meu email:
edukidesky@hotmail.com
só um obs, se basta “escrever bem” (seja lá o que vc considera nesse “bem”) e ” ter algo a dizer” (seja lá o que for esse “algo”) entao fazer literatura nao é assim tão complexo quanto se pensa… mais vago impossivel caro Morrison.
Van, voce que já leu do começo ao fim e já se posicionou diante do que leu inclusive reclamando da preguiça dos jurados por que não explicita seus proprios critérios de avaliação dos contos? o que é um excelente escritor para Van Morrison? além de alguém que sabe digerir Faulkner e se liga ao que vc considera uma boa tradição? (veja bem, nao estou criticando o Vinicius, gostei do conto – nada de genial – mas os seus argumentos nao convencem muito) me parece que essa sua leitura zelosa de chegar a um veredicto final emitindo opinioes exuberantes não dá conta nem de apontar os pontos mais frageis de alguns contos ou autores nem ajuda a discernir o que tem ali de interessante. assim metralhando fica facil. a literatura boa pode assumir muitas formas assim como a má ou a péssima, por isso fica difícil criticar, sao escritores trabalhando com modelos bem distintos ali precisaria uma leitura mais atenta. raquel, o Edu tem razão, a gente não quer só a reportagem dos fatos que se repetem em todos os jornais. abraços
Caro Bruno:
Bem, caixa de comentários não é espaço para isso, mas como também não temos também nem jornal para tal tipo de educação, vamos lá:
Os critérios são os seguintes:
1) o escritor, ora bolas, tem de mostrar que sabe escrever, i.e., manejar o vocabulário e a sintaxe das palavras, o ritmo, o corte entre uma passagem e outra, a construção de uma cena;
2) ele deve mostrar que sabe contar uma historia, não necessariamente com principio, meio e fim nessa ordem, mas que ela tenha personagens com quem vc teria alguma relação, um drama e o arco de sentimentos que se tornam cada vez mais espessos conforme o progresso da trama;
3) o escritor deve mostrar que tem algo a dizer, i.e., uma visão de mundo que nao precisa ser única ou peculiar, mas que exiba ao leitor, com sua historia, a noção de um centro secreto (uso aqui a expressão de Orhan Pamuk e Milan Kundera), que acrescente um novo insight durante a leitura sobre a nossa condição humana.
Ora, recapitulando a minha avaliação sobre os contos, o único que atinge os tres pontos é o de Vinicius Jatobá.
Os contos bons atingem o primeiro e o segundo ponto e raspam no terceiro.
Os contos regulares ficam só no primeiro e tocam na tangente do terceiro, esquecendo-se do terceiro ponto.
Os contos fracos tentam tocar os tres pontos, mas não atingem nada disso.
E os contos muito fracos sequer sabem que tais tres pontos existem e só entraram porque alguém do júri da Granta preferiu ver a praia de Copacabana em vez de trabalhar decentemente como um bom brasileiro.
Satisfeito, Bruno?
Bem, se não estiver satisfeito, estes são os meus princípios, e se vc não gosta deles, procure outros porque nos meus eu não mexo.
Abs!
Retificação: os contos regulares tocam na tangente do SEGUNDO ponto.
É isso que dá escrever em caixa de comentários…
Abs!
Embora não concorde em todas as minúcias achei esse post excelente!
Mandou ver Van
Essa história poderia se chamar “Grantagate”…
HAHAHAHA. Ganhou.
Grantagate Profunda,
Bom comentário, Van. Dá-nos uma ideia dos textos, apesar de também ser uma visão pessoal que pode ser contestada.
Quanto ao compadrio, li agora que o Titan Jr., jurado, é coordenador editorial do IMS, onde o Antonio X. é redator. Acima foram ditas outras ligações. Só para lembrar, fiquei sabendo que a escritora mais jovem da lista ganhou duas vezes o prêmio Sesc em que um dos jurados foi seu professor de escrita criativa em Porto Alegre. Estranho, muito estranho. Enquanto isso também leio uma entrevista em que o Galera diz que há muitos escritores, até demais. Reserva de mercado ele quer? Muito fácil para quem já está estabelecido criticar o número de escritores.
concordo com tudo o que vc disse, Eduardo, e assino embaixo.
Ainda assim, o problema maior da coletânea não é só a panelinha, que hay, hay (mesmo que a nossa querida Raquel aqui faca esforços hercúleos para negar ou evitar isso), mas a preguiça desses cidadãos ao escolher esses textos.
Existem panelinhas e panelinhas; a dos meus sonhos seria, por exemplo, a trinca Paulo Francis, Ivan Lessa e Millor. mas o que fazer se todos estão mortos e o que sobrou para nós é a panelinha dos Schwarcz, Cosacs e afins?
Abs!
Van Morrison, o que eu disse é que é inevitável, e isso historicamente, que escritores sejam chamados para trabalhar na imprensa ou em editoras (não falei exatamente com essas palavras, mas não vou ler agora pra checar). E falei também que panelinhas sempre existiram, seja a patota do Hemingway, sejam os beats –aliás, diziam na época que o Hemingway não sabia escrever. Aliás, Ivan Lessa e Millor também eram adeptos da panelinha, se o termo é esse.
Querida Raquel:
bem, vc apenas escreveu o que eu já tinha escrito, no melor estilo “como querermos demonstrar”.
O que vc não entendeu no meu comentário é que eu até acho que panelinha literária é desejável; mas uma panelinha de bom gosto, não esta de péssimo gosto que vigora nas redações e gabinetes literários do pais.
Afinal, nossas panelinhas já foram compostas por Otto Maria Carpeaux, Alvaro Lins e Antônio Cândido.
Abs!
Van,
a questão que levantei aqui durante toda essa discussão é se essa preguiça estética foi mesmo uma “preguiça” ou um comprometimento. Quando falo em “panelinha”, refiro-me a isso. Os escolhidos foram eleitos pelos textos_ que você avaliou como no máximo medianos_ ou pelos nomes. Trabalhando no meio a tanto tempo sou obrigado a crer que essa mencionada preguiça foi tudo, menos ingênua.
Ou você acha que a COSAC NAIFY_ apesar de excelente_ toma prejuízo a tanto tempo por quê? Por que contrata nomes em vez de talentos _ o que não significa que alguns desses nomes sejam, de fato talentosos. Se bons editores fossem excelentes autores, Luis Scharcz, dono da Cia das Letras, seria o melhor escritor desse país. Li os livros dele e não são ruins, porém, nem se compraram ao editor irretocável que ele é. Quando questiono a “panelinha”, não me coloco contra ao direito às amizades, mas sim ao fato de isso se sobrepor a uma crítica estética e de sua força ser tamanha que nem a imprensa aborda os critérios ( ou falta deles, que você denominou tão bem de peguiça). Você viu algum veículo de imprensa analisar criticamente as obras
(como você fez, por exemplo?)
Nada contra esse pessoal tomar cerveja com quem quiser. Desde que não escondam do público o fato de que há muito mais por trás de uma seleção assim do que mero talento literário ( ou você acha que a FOLHA falaria o que você disse_e eu concordo_ sobre o trabalho do Fraia sendo que o editor da ilustríssima trabalhou com ele durante anos?
É algo a se pensar. No final, o prejudicado é o LEITOR_ de livros e imprensa_ apenas e somente ele.
Edu
Todo concurso literário é questionável, lógico, e cada um deve ter os seus critérios. É legal ter o texto circulando em outros países, por exemplo. Se o concurso foi apenas a celebração de uma confraria, não dá pra saber, a gente não estava lá. Teve algum escritor ruim selecionado? Eu não conheço muitos desses nomes (ou só conheço os nomes, não as obras). Senti falta, por exemplo, de algum autor da chamada literatura marginal periférica, mas não sei se eles enviaram textos, se estão ligando pra Granta. Tem gente boa no meio. Senti falta de pessoas que não circulam pelos meios editoriais (se bem que, sendo o critério já ter publicado, isso explica muita coisa). Agora, é ler a revista e ver se ela tem valor. Estou certo de que muita gente nela, tem.
Eu enviei material para a Granta. Só porque não fui selecionado, não posso sair criticando os critérios, ia parecer que a seleção só seria boa se eu estivesse entre os escolhidos.
Boa, Pedro =)
Van Morrison,
falou e disse! Entretanto, sua observação sobre o trabalho da Saavedra me surpreendeu, uma vez que li três excelentes livros dela.
Sua descrição do Fraia e do Cuenca foi perfeita. O primeiro acha que sabe escrever _ e diga-se de passagem, é amigo “da galera toda”_ inclusive do Paulo, editor da Raquel_, o segundo escreve para “dar ibope”.
Só acho que pegou pesado em relação a Luisa G., que ainda é muito menina e tem tudo a aprender.
Um abraço,
Edu
Caro Eduardo:
se a Luísa tem muito a aprender, então que os jurados esperassem mais um pouco e observassem se ela realmente vale a pena.
Literatura não se faz com esforço ou bom modismo, se faz com talento e disciplina. E o conto da moça mostra que ela tem um fiapo de talento e nada de disciplina (confunde desleixo gramatical com “estilo”).
Repito: havia gente muito melhor que poderia estar na coletânea, e certamente a Luísa pode ter seus méritos, mas no conto em questão isto não ficou evidente.
Abs!
Caro Eduardo:
Sobre a Saavedra, e também pode se estender sobre os trechos da Bensimon e da Vanessa Barbara:
Se a comissão julgadora e os organizadores do projeto – e o próprio Roberto Feith disse isso na coletiva de lançamento – afirmaram que os trechos foram selecionados só pela excelência literaria, então as amostras em questão não se aplicam em qualquer escolha ou critério objetivo: são bem escritos, possuem tecnica, mas nada mais além disso.
Para mim, excelência literaria – este foi o termo usado por Feith – significa que o sujeito escreve bem e tem algo a dizer, o que não é o caso da Saavedra no trecho selecionado (o da Vanessa aponta para alguma coisa, mas tudo fica no ar, à espera de alguma iluminação que não vem).
E não tem nada a ver o fato de ser trechos de romances em andamento. O Galera também fez isso com a abertura de seu romance para a coletanea, e ele mostra a que veio, mesmo que continue a cair em um certo preciosismo técnico que incomoda um leitor que quer um pouco mais de emoção.
Ou seja, se o critério foi a qualidade dos textos em si, creio que os jurados ficaram inebriados com a praia de Copacabana e preferiram premiar a boa e velha Zona de Conforto.
O problema desta Granta não é a suposta panelinha; é a preguiça estética de quem fez a pré-seleção e, depois, a seleção final.
Abs!
Concordo com o Van Morrison: a Luisa não pode ser tratada como café com leite só porque é novinha. Se é novinha e ainda não tem maturidade literária, que não entrasse na revista. Uma vez decretada como um dos vinte melhores escritores jovens brasileiros, deveria ser avaliada com o mesmo rigor que os demais.
Eu vou lançar uma proposta: uma edição dos 227 textos rejeitados (ou pelo menos os 50 que passaram pela triagem e não chegaram na seleção final). Será que essa turma topa abrir um projeto de crowdfunding? Ou, melhor ainda, publicar os textos todos online, pra geral poder julgar se a seleção foi justa?
De acordo, Marcos.
Quem vai ousar e pedir um Occupy Granta Brazil?
Duvido que façam o que vc sugeriu, mas, vamos lá, Raquel, nos ajude nisso, hem?
Abs!
Eu sou super a favor! Como começamos?
Raquel:
Uai, começa a escrever um post no seu blog e dissemina no twitter.
Tenho certeza que o pessoal da Alfaguara vai ouvir alguém da Folha.
Se vc fizer isso, te dou presente a minha copia autografada de “Astral Weeks”.
Abs!
Acho que eles não fariam isso, não, rs. Acho que um de vcs que tiveram a ideia, vc ou o Marcos, poderiam reunir por conta. Se toparem, eu tuíto passando seus perfis no Twitter pra vcs conversarem (desculpem, mas eu não teria condições de reunir tudo, mal dou conta do meu trabalho…). Só lembrando que 247 contos dariam mais de 3.000 páginas rs
Poxa, Raquel, vc acabou de perder uma copia autografada de “Astral Weeks”. Vc sabe o que isso significa na vida de uma pessoa? ;).
Abs!
Pronto.
http://offgranta.wordpress.com/
Quem quiser pode mandar.
Boa!
Sou totalmente favorável a essa ideia. Alguma pessoa empreendedora e proativa poderia criar um site para reunir os textos das pessoas rejeitadas pela Granta. Poderia se chamar Gruta. Eu toparia. Tenho certeza de que apareceria muita coisa melhor do que o que efetivamente saiu na revista.
Nossa, achei muito interessante o Rafael aí de cima falar que o apadrinhamento não faz diferença alguma. Comprova que realmente é uma pessoa bem distante da realidade de mercado literário brasileiro ou que talvez_ com todos respeito_ tenha interesse em justificar a seleção de A, B ou C.
E quanto à primeira opinião embasada, será que 10 anos de trabalho no meio editorial e o fato de conhecer a obra de TODOS os selecionados não é embasamento suficiente?
O que seria então, Raquel?
T. você pode sim enviar um original para a editora onde trabalho. Por favor, entre em contato por meu e-mail pessoal e combinamos.
Abraços,
Eduardo K.
Embasada sobre os contos, Eduardo.
Olha, me desculpe, mas acho que você, Eduardo, não leu o que eu disse no meu post:
“[nichos] não significam necessariamente algo problemático”
Eu falava de nichos, como a Raquel mencinou, os beats, os surrealistas e eventuais grupos que troquem entre si, por amizade ou mera afinidade, certas (para ficar na amplidão da expressão) experiências literárias. Que isso pode virar (e grande parte das vezes vira) apadrinhamento é evidente e você como um editor (e consequentemente leitor atento) se for reler o que eu falei verá que em nenhum momento apadrinhamento não faz diferença ou que o exclui da equação, pelo contrário, falei que nos nichos que vejo por aqui eu observo sim esse apadrinhamento. No caso estava apenas respondendo ao que a Raquel falou sobre o fato de nichos existirem já há muito tempo.
Vamos lá, aí vai o veridicto de quem já leu a famigerada coletânea do inicio ao fim:
melhor conto disparado: Vinicius Jatobá. Este cara tem futuro e sabe ler direitinho William Faulkner, apropriando toda uma tradição literaria para o seu próprio estilo.
apenas bons contos/ historias e nada mais: Michel Laub (o conto Animais é melhor do que todo o Diario da Queda), Daniel Galera e Julian Fuks (que só não atinge a excelência porque cai em um maniqueismo político constrangedor).
os piores contos: Emílio Fraia (que acha que sabe escrever) e João Paulo Cuenca (que deve ter enviado o trecho de seu romance imaginando que debateria com alguém da Globo News)
os contos fracos: Ricardo Lisias (quando alguém vai dizer-lhe que sua literatura é totalmente desprovida de humor?), Luísa Gerbler, Laura Erder, Tatiana Salem Levy (parece mais que ela foi selecionada porque o seu conto é um trecho de guia de turismo sexual onanista, inclusive com um dos títulos mais constrangedores já escritos – “O Rio Sua” WTF!!!!!), Antônio Xerxenesky (muito melhor critico do que ficcionista), Chico Mattoso, Miguel del Castillo (que precisa parar de imitar os tiques do Antônio Lobo Antunes é escrever de forma original), Carola Saavedra (em um trecho fraco que não justifica a sua escolha em um concurso) e Carol Bensimon (a mesma indagação que faço ao trecho da Saavedra faço também em relação a ela).
contos/ historias regulares: Vanessa Barbara (que escreve muito bem, mas, novamente, me pergunto se não havia mais “redondo” para ser julgado em um concurso), Javier Contreras (um Dostoievski destilado), Cristhiano Aguiar (destilado de Osman Lins) e Leandro Sarmatz (destilado de Philip Roth). Todos nessa categoria têm potencial, mas até agora não mostraram a que vieram.
Enfim, de 20 selecionados, só 4 realmente dizem alguma coisa que importa, o que dá algo em torno dos 20% do volume.
pouco, muito pouco para um projeto que quer mostrar a literatura brasileira ao mundo.
se houve panelinha, não sei, mas que houve uma certa preguiça por parte dos organizadores e dos jurados, ah, isso tenho certeza. existem escritores muito melhores do que a maioria que está nessa Granta. bastava procurar direito.
abs!
Opa, enfim uma opinião embasada!
PS após a leitura: discordo quanto aos contos do Cuenca e do Fraia. Gostei de ambos, bastante. Ainda faltam outros, mas, como chamei de embasada sua opinião, acho importante esclarecer que ela é embasada no seu gosto 😉
Interessante o parecer do Van Morrison. É constrangedor que nomes como João Paulo Cuenca, Tatiana Salem Levy e Julian Fuks (entre outros) sejam tratados como grandes escritores. Do Cuenca li “Corpo presente”, bem fraco. E assisti às bobagens que ele fala naquela série “Nada tenho de meu”. Deveria calar a boca e poupar a humanidade da sua imensa sabedoria. A Salem Levy é autora dos ultracafonas “A chave de casa” (com o qual ganhou 200 mil reais!) e “Dois rios”. Quando é que vão perceber que o que ela escreve é das coisas mais piegas que já se publicaram por aqui? E o Julian Fuks só conheço pelo último dele, o tenebroso “Procura do romance”, pretensioso e vazio. Um nada floreado com literatices. Mas é isso aí. O Brasil não tem cultura literária, e o público aceita goela abaixo aquilo que lhe empurram como sendo o bom, o melhor, a grande revelação etc. Não há um discernimento estético digno de confiança. Tudo aqui é o Simulacro do Bom.
Acho pouquíssimo provável que a seleção tenha se baseado apenas nos textos enviados. Se assim fosse, o processo todo deveria ser com pseudônimo, para não sugestionar o júri. É óbvio que se levou em conta a trajetória até então (oh!), o que não chega a ser absurdo. Mas que eles assumissem isso publicamente, em vez de alardearem que só se basearam nos textos enviados.
Opinião embasada mesmo…As pessoas podem até não concordar com o que o Van escreveu, mas, de fato, tem embasamento.
Isso não. Eu trabalho em editora há 10 anos e não sou de panela nenhuma. Atuo junto a minha editora chefe auxiliando na seleção de originaiis e vejo o quanto ela sofre por não se colocar à disposição dos “amigos da galera”.
Aliás, aí está um exemplo claro de alguém que poderia estar na panela que quisesse e coloca a ética em primeiro lugar.
Mas bem, os jornalistas são vocês. Por certo, sabem mais do que eu até aonde a isenção jornalística deve ir…
Fato incontestável é que vocês sabem muito mais do que publicam.
Um abraço,
Edu
Vamos fazer assim: a gente lê os contos e volta ao assunto aqui, pra ninguém ser injusto. Afinal, vc mesmo disse que a Vanessa não precisaria ser casada com ninguém porque é talentosa. O que pode nos fazer pensar que os outros são menos talentosos que ela? Que eu saiba, o Fraia foi convidado a trabalhar na Cosac depois de ter publicado o livro, justamente porque acharam o cara bom. Eu nunca li nada dele, não posso dizer.
No mais, acho que minha resposta pro Rafael Saldanha serve pra vc também, acho que meu pensamento é mais ou menos esse.
Outra: eu não conhecia o Paulo direito, só de “oi”, quando ele me chamou para trabalhar. E descobri que ele é um cara talentoso, criativo. Será que o fato de ele ter me chamado para trabalhar porque gostou do meu trabalho no “Estadão” me passa essa pecha de amiga dos amigos?
Agora, dentre as coisas que eu sei e não publico, “amiguismo” seria certamente o menor dos problemas…
Em que editora você trabalha?
ek, posso mandar originais pra sua editora? Nao tenho amigos influentes; sou apenas um adulto formado em literatura que escreve pequeninas novelas metaliterarias sobre afetos perdidos. E nem sou indie como o zambra. Nao uso oculos de aro preto, barba ou camisa xadrez. Raquel eh minha fiadora! Mas eh chato mesmo que o meio e a literatura brasileira sejam sempre formados pelas mesmas coisas e pessoas, em geral. So vejo nos livros virtuais uma saida pra quebra dessa estruta, desde que se faça algo bacana.
(primeira vez postando, só dizer qeu gosto muito do seu brógue, Raquel 🙂 )
*
A seleção como já foi fartamente comentado não surpreendeu em (quase) nada. E, justamente por isso, não faz sentido as pessoas ficarem revoltadas SUBITAMENTE.
A questão é que, óbvio, não existem 20 escritores jovens com o nível que o discurso do Bob Feith “prometia”
Eu diria que dessa lista só posso identificar 3 autores que tem isso de forma mais ou menos concretizada (dos que li): Lísias, Saavedra e o Laub. Mas de qualquer jeito, não culpo por eles chamarem gente ‘mediana’ ou apenas competente, isso não é problemático pra mim, pois como disse em cima, até parece que existem 20 escritores do caralho até quarenta anos (teria dificuldade em apontar 20 autores até numa seleção com gente de mais de 40 anos e na ativa).
O que me surpreende é que um certo grupo (TSL, JPC e AX) estão conseguindo um sucesso crítico constante apesar de uma escrita que me pareceriam qu. Não acho que seja culpa propriamente dos autores (afinal, se escrevem mal escrevem mal, isso não é delito moral) nem de ninguém, mas me abismo de gente supostamente respeitável (sem ironias) continuar tachando esses autores a que me refiro como promessas, futuro da literatura e emplacando seus livros entre as listas de melhores do ano. Isso é o que me surpreende. É óbvio que nos EUA e na Inglaterranão é essa maravilha toda também, lá mesmo essas listas são altamente tensas, mas do nível desses que mencionei nunca encontrei (não conheço a Granta espanhola pra opinar).
Mas se as pessoas estão tão revoltadas com a Granta deveriam se tocar que ela é só um sintoma do nosso sistema literário, vamos dizer, frágil (e aqui os problemas são muitos. Relação conturbada, nas duas vias, entre academia e canais não acadêmicos; domínio (quase-)absoluto de grandes editorase; um certo histórico de nichos que se compadrinham). Como resolver isso são outros quinhentos, mas é sempre bom lembrar que critica literária (e não é da acadêmica que falo) pode e deve ser também combate (mas não só, obviamente).
(ah, e não sou escritor nem nada não, tá :P, só um leitor de literatura)
*O que me surpreende é que um certo grupo (TSL, JPC e AX) estão conseguindo um sucesso crítico constante apesar de uma escrita que me parece boba, quase infantil.
Opa, brigada, Rafael. Eu realmente gostei do primeiro livro da TSL e do romance mais recente do JPC, que aliás ninguém que conheço gostou tanto quanto eu, então nao vou me manifestar quanto aos meus critérios bobos ;-). É preciso lembrar também que não sou crítica nem resenhista, só repórter.
Mas concordo com a grande maioria das coisas que vc diz. So acho que cultura e o famoso “social” estão ligados há tempo demais pras pessoas só se indignarem agora. A coisa mais natural no mundo cultural é surgirem turmas de editores amigos de escritores ou escritores que colaboram para a imprensa, seja entre os beats (cuja literatura muita gente acha supervalorizada também), seja na Paris do início do século passado. E muita gente também criticava na época a litetura que aquela turma fazia. Enfim.
Poxa, que isso, não falei que os seus critérios pra gostar são bobos, mas eles é que são (pra mim). E óbvio que não precisa ser critico/resenhista pra dizer qualquer coisa valorativa sobre literatura :B. Só tava dando nome aos bois por uma questão de hábito. O mais importante é uma certa linha da qualidade/ruindade mínima que imagina-se (erroneamente?) que não vai ser “superada” nesses momentos. Imagino que você com certeza deve ter esse mesmo estranhamento com algum autor e uma recepção que você simplesmente não entende (ou talvez seja coisa minha e no fim das contas isso não faz diferença nenhuma).
Quanto aos nichos concordo que eles vão sempre existir e que é natural que existam (e que não significam necessariamente algo problemático), só acho que no meio literário frágil que se tem aqui eles acabam desequilibrando sim as coisas um pouco (junto com as outras coisas). Evidente que perfeição não existe :B mas enfim
Enfim (prometo que é a ultima vez que pra evitar a chatice do assunto), que as pessoas ao invés de ficarem reclamando no twitter simplesmente de apadrinhamento – coisa que não faz diferença nenhuma – e de fato tentem dizer articuladamente por que ou por que não gostaram de tal ou tal obra/autor.
*
Quem sabe algum dia não montam aqui uma Rio de Janeiro Review of Books 🙂
Rio de Janeiro Review of Books <3
Concordo sobre a questão de coluna ser o lugar ideal para questonamentos e opiniões.
Não acredito em teoria da oposição, não.
Apenas sinto falta de uma voz que se coloque contra a política do “apadrinhamento”. Não li os textos, estou certo de que entre eles há ótimas coisas, agora quando a “conseguir prestígio porque é bom” é outra história, não é?” Posso acreditar em um caso ou outro como o do Antônio X _ que desconhecia e você cita_, entretanto, posso citar 5 milhões de exemplos de favoritismo. Aliás, há algumas coisas bem sérias no meio editorial, que todo mundo sabe, mas ninguém cita para não ficar mal com os “coleguinhas”… Raquel, não quis ser agressivo. Se não respeitasse o seu trabalho, não estaria empenhando o meu tempo nessa discussão. Mas o fato é que acho que falta na mídia uma voz_ investigativa_ que questione as práticas de mercado _ práticas essas que acabam direcionando o que o leitor irá ler e o que não irá, ou seja, que influenciam a formação e vida das pessoas. E acho que você, inteligente e interessada, poderia perfeitamente, desempenhar esse papel. Papel que na mídia brasileira atual, ninguém desempenha.
P.S: O seu editor também é o ex-COSAC, não é?
E eu estagiei na Record, em 1999. Isso me coloca em alguma panela? =P
rsss…acho que não…
Conheço o Vinícius Jatobá e minha grande surpresa foi ele ter enviado o conto, o sujeito tem uma auto-crítica feroz, escreve a muito tempo, tem alguns livros escritos, mas nunca achou que seria a hora de publicar. Ser escolhido é mais que esperado, pois qualidades nao faltam endeuse textos.
Acreditem.
Stennio, um jurado me disse que o conto dele era impressionante. Eu acredito. E acho que isso também derruba muita teoria conspiratória por aí. As pessoas não sabem se acham que a coisa é fraudada porque há “panelinha” ou porque tem gente que está longe de estar na panelinha. Assim fica difícil… =(
Li em outros sites a mesma coisa: que o conto do Vinícius Jatobá é impressionante. Pois agora estou ansiosíssimo para lê-lo! Espero que também me impressione!
Um abraço, Raquel, e parabéns pelo excelente blog.
=)
Raquel,
a Vanessa é ótima e não precisaria de ajuda nenhuma porque talento ela tem.
Não questiono a seleção dela porque sinceramente acho que é uma autora que merece. Mas, entre 20 selecinodos dois são editores _ e da COSAC onde o Samuel Titã_ um dos avaliadores trabalhou por muito tempo. Ou seja, 10%. Será mesmo que o fato de ser casada com um editor não a ajudaria? O Xerzenesky não é colaborador da Veja? E menina mais nova não trabalha na Capricho, da Abril? Meu questionamento é outro: por que sempre as mesmas pessoas têm oportunidade? Raquel, eu não sou escritor. Sou assistente editorial e acho que a coletãnea da GRANTA só reforça um sistema de “apadrinhamento” que é prejudicial não apenas ao leitor como ao mercado editorial _ e que conta com a chancela da mídia_ desculpa, mas não vi ninguém comentar o fato de mais de 40% dos selecionados ser editor ou colunista de jornal/revista.
1. Cadê a insenção da mídia, Raquel?
2. Editores necessitam SIM ter um texto excelente. Entretanto, entender de processo editorial (algo complicado e que demanda muito estudo) também é importante. E isso vai muito além de escrever um livro.
Saudações,
Eduardo K.
Eduardo, mas o texto que publiquei no jornal é justamente isento, ele relata os fatos, não diz que é uma seleção justa nem injusta, cabe aos leitores tomarem a decisão. Ou cabe ao jornal impresso, numa reportagem, e não numa coluna de opinião, tirar conclusões em nome do leitor?
Contei no texto que houve uma pré-seleção, que era uma informação que ninguém tinha e que partiu de uma pergunta insistente que eu fiz ao Ferroni. Há quem construa teorias da conspiração em cima disso, há quem não. Meu papel é trazer informação para os leitores julgarem, como vc está julgando. Não cabe a mim empurrar o julgamento pra dentro da cabeça de ninguém.
E você já parou para pensar no caminho inverso? Que essa gente é boa e por isso conseguiu boas oportunidades? O Xerxenesky era um zé ninguém, desculpe dizer, nasceu numa família como a sua, como a minha, e conseguiu se destacar. Para você ter noção, muito antes de ele começar a colaborar para a imprensa, meu professor competentíssimo da pós em literatura citou o nome dele porque leu o primeiro livro que saiu por uma editora pequena em PoÁ e ficou impressionado.
Não li os textos, você não leu, então não acho que cabe a mim ficar especulando. O que já falei é o que resume minha opinião: acho inevitável que saber o nome das pessoas tenha influenciado. Quantas vezes vou ter de dizer isso? Eu, se fosse eles e quisesse ser isenta, teria feito diferente. Agora, também acho que é a seleção da Granta, que foi uma revista que conquistou prestígio com seus próprios métodos, e é uma revista boa e cujas seleções anteriores se mostraram relevantes (ao contrário do que um monte de gente que não conseguiu entrar fica dizendo agora no Twitter). Eles não devem satisfações como se estivessem corrompendo o sistema, porque eles estão pagando tudo isso do bolso deles.
A “menina mais nova”, Luísa Geisler, recebeu convite para uma coluna na Abril depois de, com seus contos, em uma seleção que sempre foi feita às cegas, ganhar o prêmio Sesc de Literatura. Imaginar que a coluna da revista Capricho foi o elo de um favorecimento ilícito para entrar na Granta já não é teoria conspiratória. É inveja, aquela verde, de nariz pingando.
Faça o que a Luísa fez, ô Eduardo, recolha seus contos _ ou romance _ envie sob pseudônimo ao juri do prêmio sesc e terá as mesmas chances que ela. Bom, não exatamente as mesmas, mas se você caprichar (buscar a criatividade insólita da moça, evitar erros involuntários de sintaxe como ‘mais de 40% ser”, por exemplo), quem sabe chega perto.
É às cegas, Sergio Leo? Interessante saber, eu não sabia. Interessante, especialmente, porque tem um cara no Twitter que já falou umas 35 vezes que ela foi escolhida por ser aluna de um dos jurados. É incrível como seleções do gênero incomodam. De resto, o seu argumento vale para outros que estão na lista, também. As pessoas criticam como se eles tivessem sido escolhidos por estarem nas editoras, sem parar para pensar que eles podem estar nas editoras justamente porque chamaram a atenção das editoras com seus trabalhos. O que, aliás, é o caso de todos os autores da Granta que eu conheço que foram chamados para trabalhar em editoras, como o Leandro, o Fraia. Esse cara de quem falei, curiosamente, não critica o fato de o Lisias ser amigo do Ferroni, um dos jurados e editor da Granta –porque gosta do Lisias. Eu também acho o Lisias um ótimo autor e tenho certeza de que a amizade não interferiu na seleção –pelo contrário, poderia só prejudicar o Lisias, se eles quisessem evitar qualquer tipo de suspeita.
Mas fica aí como lembrança de dois pesos e duas medidas de quem quer criar teorias da conspiração…
Eu também só descobri isso recentemente, quando descobri que um amigo tinha sido finalista na categoria contos: fui procurar o nome dele e só achei pseudônimos. =P
Nuossa, isso muda tanto tudo…
Ok, Raquel. Entre os selecionados, dois editores da COSAC (o Del Castillo e o Fraia), a esposa de um editor da Cia ( a Vanessa Bárbara), um colaborador da Veja ( o Antonio X.), outra da Folha ( o Prata), um editor conceituado da Abril ( o Sarmatz).
Vale lembrar que alguns deles são amigos pessoas dos membros do juri e são/foram até colagas de trabalho.
OK, isso não os desmerece enquanto autores, porém, acho que você, como jornalista, poderia abordar os critérios de avaliação de uma seleção que parece só selecionar a “galera que circula”.
Respeito muito o seu trabalho, mas acho que o papel do jornalista é esse.
Abraço,
Eduardo K.
Eu já falei o que acho disso num outro comentário aqui, Eduardo, dá uma olhada. Acho que eles deveriam dizer que avaliaram obras e usaram textos apenas como eliminatorios ou entao avaliar os textos às cegas, pra dar chance sem ser influenciado. Mas isso é só o que eu acho. Não é exatamente um concurso publico, é a seleção da Granta.
Agora, só pra avisar, sem desmerecer seu argumento sobre o número de editores, que de fato chamou a atenção (teriam eles sido chamados a trabalhar como editores por serem bons escritores? Quem sabe?): a Vanessa não é mais mulher de editor nenhum e com certeza isso não a ajudaria na seleção. E o Xerxenesky é colaborador do site, nao da revista, e começou a colaborar depois de ter o texto selecionado
a escolha do vinícius, por ex, sem um livro publicado, dá margem pra muita divergência e confusão.
mas acho que é pelo que vc comentou no site. a revista é que escolhe sua metodologia. e é apenas uma lista de muitas outras. talvez uma das com mais prestígio e que irá alavancar muita coisa na carreira do pessoal ehehe
Jatobá é o protagonista da Granta 😉
O Sarmatz agora é editor da Companhia das Letras. O Xerxenesky é redator do site do Instituto Moreira Salles. O Vinícius Jatobá é crítico literário do Estadão. O JP Cuenca participa do programa EstúdioI da Globo News. Só acrescentando à informação. Não sei isso influenciou. O que me incomodou foi os editores dizerem que esses autores vão ditar os rumos da literatura e que são os melhores jovens escritores.
Ah, mas aí é o Feith querendo levantar a bola da coletânea, Cassionei.
Pois é, esse ponto deve ser criticado. Para levantar a bola deve-se dizer que eles são bons ótimos, e a coletânea pode ou não comprovar isso, mas não que vão “ditar”. Quem não escreve como eles, com seus temas e estilos estarão fora do sistema literário? Eles podem representar os melhores, mas não serem os melhores. Eles tem que publicar muito ainda.
70 textos que passaram pela triagem? Ahan, faz-me rir: “olha, esse é autor da Cia das Letras, esse não; esse trabalha na Folha de São Paulo, esse não; esse ganhou o prêmio xis, esse não”. Deveria ter dito: 70 currículos que passaram pela triagem.
Queria mesmo é ver revelado um Zé Mané que não trabalha dia após dia com literatura, que porventura tenha participado de uma antologia mequetrefe lá da ponta da praia e que, independente de currículo, pode vir a ser um dos grandes nomes da literatura em tempos vindouros.
Ah, mas o que digo? Esse não é um pensamento do atual mercado editorial brasileiro…
Olha, a única coisa que posso dizer é que, para evitar essas suspeitas, eles poderiam ter feito as avaliações sem saber os autores dos textos. A questão é que não dá para julgar um bom autor ou um mau autor por um único texto, então, nesse caso, seria melhor eles anunciarem a escolha pela obra, com o texto como elemento eliminatório, algo assim…
É isso!
Fiquei bem curiosa com esse mapa dos 70 nomes. Bora lá conferir a publicação, a maioria dos nomes soa muito consistente.
Vou fazer um novo bolão: quem são os 70 nomes =P (mentira, não consigo parar nem pra fazer a contagem dos votos dos 20…)
A lista não fugiu muito do que era esperado, aguardando a chegada do livro na livraria.
vem agora a polêmica da concordância com lista ou não?
(embora ache que o bolão renderá mais comentários.)
Aliás, quem ganhou o bolão?
Preciso fazer a contagem!
Fico curioso em relação à pré-seleção que separou 70 autores.
Uma das ausências mais notáveis, pra mim, é a Andrea del Fuego. Ela disse no Twitter que perdeu o prazo. 🙁
Agora, tem gente nessa lista que eu nem sabia que era escritor. Tudo bem, nem sou tão bem informado sobre os novos autores brasileiros, mas mesmo assim achei estranho (ainda mais sabendo de alguns nomes que ficaram de fora).
Sim, a Andrea não mandou, esqueci de colocar isso naquele post do bolão. Nem o Pelizzari. Pra mim a grande surpresa é o Vinicius Jatobá, mas ouvi dizer que até os jurados ficaram surpresos por o conto dele (que não é conhecido como ficcionista) ser tão bom. A ler, a ler…
pra mim, o vinícius é o nome mais surpreendente também. até porque parece que ele publicou somente em antologias, de acordo com o perfil.
É, eles dizem que isso era aceito…
Pois é. Era do Jatobá que eu estava falando. Achei que precisava ter livro publicado pra participar (no G1 diz que o requisito era ter “publicado pelo menos um texto em meio impresso”).
Precisava ter conto em coletânea, o que ele tem… (tb não sabia)
Penso que todo processo de seleção é polêmico.
O mais importante (e feliz) é que temos no momento um grande número de escritores promissores no Brasil (a despeito da falta de incentivo do governo à educação, da desvalorização do professor em nossa sociedade, enfim, uma situação lamentável).
Parabéns àqueles que chegaram lá dessa vez!
Quantos aos outros: Write, Keep Writing!
Jorge Writer
Oi, Xerxes. Vi seu email, só não consegui responder! E é isso =)
Uma outra visão sobre a seleção da Granta, Raquel. Além de ampliar o foco um pouco, porque o momento, eu percebi, é um pouco maior do que estamos encarando.
http://www.overmundo.com.br/overblog/a-era-das-antologias
Sim, sim, as outras abordei na coluna também! A terceira de que você fala é a do Timo Berger, né? Ela sai em abril, antes de Frankfurt! As antologias tão mesmo dominando… Não que elas em si sejam novidades, mas Frankfurt tá deixando o povo atiçado rs