Bolsas e prêmios literários: dúvidas nas inscrições, a recorrência de restrições morais e mais
31/07/12 00:44Está próximo o fim do prazo de inscrições para as Bolsas BN/Funarte de Criação e Circulação Literária (foi estendido para 10/8, data de postagem), e a caixa de comentários do meu post sobre o assunto não para de receber dúvidas. Uma delas eu mesma criei (ops): o prazo para elaboração do livro agraciado é de seis meses, não de um ano –que é o prazo de validade do edital.
Como nunca participei desses editais, mandei para a Biblioteca Nacional questões que os próprios leitores não ajudaram a responder. As dúvidas são deles; as respostas, da BN:
Se o autor é iniciante num gênero, mas já publicou em outro, há impedimento?
Podem ser inscrever para o edital de Criação Literária escritores com até dois livros publicados com ISBN. Se a pessoa não tem nenhum livro publicado, ela se encaixa perfeitamente no critério para proponente e pode apresentar projeto. Se a pessoa já tem livro de literatura com autoria principal publicado com ISBN, o número desses títulos não pode ultrapassar dois, independentemente do gênero das publicações.
Textos técnicos, acadêmicos e científicos não serão considerados no cômputo. Também não serão consideradas as obras nas quais o proponente não tem autoria principal.
O que significa “produto final da proposta a ser desenvolvida”?
Nessa parte, o proponente especifica o tipo de obra, o título e o gênero da mesma.
No item “vias encadernadas contendo texto de autoria do proponente, entre 15 e 20 páginas”, mando uma amostra do que pretendo escrever no livro?
O texto de autoria do proponente pode ser preenchido com um texto, vários textos ou partes deles, de qualquer gênero, de autoria do proponente, de acordo com seu interesse, desde que respeitando o limite de páginas. Podem ser textos publicados ou não. Não deve conter trechos da obra para a qual o proponente pede a bolsa, pois esta deverá ser criada durante os seis meses de bolsa. A obra tem que ser inédita. Os textos serão usados para avaliar a qualidade literária do texto do proponente.
Fui me informar sobre a documentação para quem for classificado. Mas a certidão a ser emitida pela Receita (Certidão Negativa de Débitos de Tributos e Contribuições Federais) não pode ser emitida, o site não permite. A única certidão possível para pessoas físicas é a Certidão Conjunta de Débitos Relativos a Tributos Federais e à Dívida Ativa da União.
Quanto à certidão, trata-se do mesmo documento, a saber, Certidão Negativa de Débitos Federais – Pessoa Física. A Certidão Conjunta de Débitos Relativos a Tributos Federais e à Dívida Ativa da União será emitida quando for verificada a regularidade fiscal do sujeito passivo quanto aos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB e quanto à Dívida Ativa da União administrada pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN .
A regularidade fiscal, no âmbito da RFB, caracteriza-se pela não existência de pendências cadastrais, de débitos em nome do sujeito passivo e, ainda, de não constar como omisso quanto à entrega: a) da Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (DIRPF); b) da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR), se estiver obrigada a sua apresentação; c) da Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), se estiver obrigada à sua apresentação.” Para acessar a certidão, clique aqui.
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Aqui, dicas de quem já esteve envolvido com os editais:
Fernanda de Aragão, que ganhou a bolsa em 2010 sem ter livros publicados antes –ela concorreu pelo Sudeste, concorrendo com mais de 1.500 candidatos para 30 bolsas.
“Fiz um projeto completo, como se fosse de doutorado, trocando o pensamento de pesquisa para escrita. Meu projeto foi escrito com uma única temática, todos os contos seguindo uma mesma linha, para dar unidade. Em cima do tema norteei as justificativas. Ao final, inclui um conto longo e trechos. Passado um ano da entrega do original à Funarte, ainda estou às voltas com o livro para publicar um bom material. Não fui um dos cinco contemplados para publicação pela Funarte, outras pessoas tinham mais experiência em montar um livro de contos como unidade. O processo de publicação foi feito depois que todos os agraciados enviaram seus trabalhos finalizados, seis meses depois. Escolheram um livro de cada região do país.”
Carlos Henrique Schroeder, também agraciado em 2010:
“As respostas não precisam ser acadêmicas e formais, pode responder de maneira coloquial (só cuide com os erros de português). E use referências, tipo: o romance que estou desenvolvendo se assemelha na pesquisa ao que o Fulano da Antuérpia fez no século passado no romance tal… E cite autores bacanas também, isso é importante. Não confunda objetivo e justificativa: o primeiro é onde você quer chegar, e o segundo por que você acha que deve fazer isto.”
De um ex-membro da comissão julgadora:
“Os projetos, em sua maioria, resultam muito parecidos, impessoais e técnicos, com alguma ou outra coisa que desperta a atenção, o enredo, uma proposta linguística etc. Os avaliadores dão importância ao texto literário que os proponentes mandam como exemplo.”
O leitor Vitor da Silva e Souza deu o caminho das pedras das fichas de inscrições, que muita gente não encontrava, e de documentos sobre a composição dos projetos.
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Dias depois do post sobre os editais BN/Funarte, repercuti questionamentos de leitores sobre um estranho moralismo decorrente de restrições temáticas. Diziam respeito ao item que informa que os projetos não podem caracterizar apologia ao tráfico de drogas, ao terrorismo, à discriminação e a outros temas non gratos.
Além de a tentativa de diferenciar a simples abordagem de uma apologia numa obra literária dar margem a enormes discussões, desde quando restrições morais fazem bem para a literatura? Desde quando a literatura que não é de autoajuda serve para indicar caminhos?
O escritor Eduardo Sterzi foi quem me fez atentar para outro caso recente do gênero. No regulamento do Prêmio Sesc de Poesia, o item 7 informa: “As poesias devem conter elementos que promovam o bem-estar e os valores morais”.
Como esclareceu a Biblioteca Nacional quando a questionei sobre as restrições, são apenas as regras para quem quer a bolsa, não para quem quer escrever em outras circunstâncias. O Sesc poderia argumentar o mesmo, é claro.
Mas desde quando, e desta vez não é uma pergunta retórica, é mesmo uma dúvida, desde quando critérios morais são eliminatórios para premiações ou bolsas literárias que não sejam, sei lá, de uma ONG em defesa das crianças? Não lembro casos anteriores. Sei que, nas bolsas BN/Funarte, esta foi a primeira vez que eles constaram dos editais.
Abaixo, nos comentários, o Rodrigo Domit, do Concursos Literários, responde à pergunta não retórica: “Os prêmios do Sesc-DF apresentam a restrição desde as primeiras edições. Mas nunca foi grande obstáculo para a abordagem de temas como o machismo, violência doméstica etc. Não cobram que a pessoa promova, num texto meio ‘lição de moral ao final do Capitão Planeta’ ou ‘discurso do He-Man sobre o que aprenderam no episódio’. Só querem evitar material que, com a logomarca e apoio do Sesc, não poderiam publicar”.
Via Renata Lins, cheguei a este post ótimo do O Palco e o Mundo, publicado também hoje, com exemplos de poemas com os quais Carlos Drummond de Andrade, patrono do prêmio, seria rejeitado.
Já o poeta André Vallias, gênio das tiradas poéticas no Twitter, preparou esse versinho.
poema para prêmio
o tema não é nada genial:
o metro de dez sílabas, contudo
atesta que foi feito com estudo
e atento aos bons valores da moral.
De todo modo, dado o número de interessados com dúvidas, não me parece que restrições morais soem assim agressivas para quem busca ajuda para publicar um livro.
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Por falar em prêmios, falei deles no Painel das Letras deste último sábado: nesta quinta-feira, às 15h, a Secretaria de Estado da Cultura divulga os 20 finalistas do Prêmio São Paulo de Literatura, abrindo a temporada de grandes prêmios literários nacionais. Na semana passada, o inglês Man Booker Prize deu um exemplo interessante, ao deixar hors concours de fora e arriscar estreantes e autores de pequenas editoras. A bibliodiversidade agradece.
(Intervalo para propaganda: o Painel das Letras tem também a estreia de Hilda Hilst em livros nos EUA, questionamentos de editores sobre a Bienal do Livro de São Paulo, a estreia do selo de poesia Musa Rara etc.)
Por falar em estreias e estreantes, até o fim de agosto estão abertas as inscrições para a primeira edição do Prêmio Paraná de Literatura, para obras inéditas.
E ainda, para finalizar: saiu ontem no “Diário Oficial da União” a lista de selecionados para o Programa Nacional do Livro Didático 2013. A informação chegou via Carolina Vigna-Maru, que entrou na lista com o infantil “Godô Dança” (Manole), de onde tirei a imagem do cãozinho acima.
Li esses bons comentários, Raquel. Convido-a para o lançamento de “Canalha no fio da navalha”, em 16 de agosto, das 19h às 21h na Bienal, estande da All Print.
À primeira vista pode parecer estranho que o texto não deva ser da obra sugerida no projeto. Mas faz sentido e parece-me mais justa com o proponente. Justa no sentido de dar aos avaliadores uma ideia mais correta acerca do potencial do autor. Já que isso dá a oportunidade de enviar vários textos e mostrar desenvoltura, tanto temática quanto técnica (notem bem: temática). E creio que é isso, num primeiro momento, o que interessa ao avaliador. Uma das críticas que faço à seleção da Granta está justamente aí. A pobreza temática dos textos selecionados é frustrante.
A questão nem é essa, João, embora eu entenda seus argumentos. A questão tem a ver com um problema mais central com o qual a FBN terá de lidar: o texto do edital não esclarece que textos do proponentes deveriam ser esses e dá margem à confusão, faz pensar que o texto deve sim ser o do livro. Se eles desclassificarem gente por causa disso, pode ter até processo contra eles…
Concordo com João, quem escreve já tem algumas coisas, um conto, partes de um romance, uma poesia… Tem leitura e um amadurecimento. Tem ideias que não precisa ser do projeto proposto, pois tem uma certa experiência…
“Não deve conter trechos da obra para a qual o proponente pede a bolsa.”?
Eh um absurdo o que esse pessoal está esperando de nós. Temos que adivinhar agora?
Espero que esses dias a mais sirvam também para reverem esse tópico. Porque, a maioria dos que enviaram projeto, tenho certeza, teve o bom senso de enviar uma pequena amostra do mesmo.
Além disso, se for tudo para “ser criado durante os seis meses de bolsa”, francamente, não estão esperando grandes coisas da gente.
Viram que é até o dia 10, né?
Rolou uma retificação. E com prazo BEM definido.
http://www.bn.br/portal/arquivos/pdf/Retificacao%20Edital%20Criacao.pdf
Prorrogar no último dia? Como assim? Passei o dia inteiro correndo para mandar o material, postei às 4 da tarde e até tal hora não havia visto tal notícia… aí de repente publicam isso? (http://www.bn.br/portal/index.jsp?nu_padrao_apresentacao=25&nu_item_conteudo=2230&nu_pagina=1) Nesse sentido, é melhor não prorrogar, pois só favorecem aqueles que nem se interessaram pelo prêmio e vão postar qualquer coisa de última hora…
O que fica parecendo (para falar a verdade, aproveitando que estou meio “soltinho” agora) é que se prorrogou as inscrições para dar a oportunidade para alguém – em ESPECÍFICO – se inscrever. Teoria da conspiração, ok, mas não tem explicação mais convincente para uma prorrogação que aparece aos 47 dos segundo tempo. Tudo bem, erro no edital… mas prorrogar depois das 16 horas do dia final de inscrição? Sinceramente? Ridículo.
Sem contar o fato de que a ficha de inscrição tem um campo “a marcar” separado para o “uso interno da biblioteca nacional”: “03 (três) vias do projeto, encadernadas separadamente contendo: apresentação, objetivo, justificativa, cronograma, produto final da proposta a ser desenvolvida e texto da autoria do proponente”. Aí olhei isso hoje e, comparando com o edital, vi que nele falava em duas vias. A dúvida: mando duas vias (conforme o edital, correndo o risco do avaliador me cortar de cara por eu não ter cumprido com a regra que a ficha de inscrição lhe estabelece) ou mando três vias (correndo o risco do burocrático me cortar por estar em desacordo com o edital)? No fim das contas, só fica claro o descaso do Governo com algo que, para tantos, é o acontecimento mais importante.
Porque uma coisa é fato: prorrogarem no último dia não me faz (eu, que enviei dentro do prazo) ter a chance de corrigir o meu projeto de acordo com o que vierem a explicar sobre os erros do edital de hoje até dia dez.
Enfim. Prorrogarem o edital apenas na tarde de hoje me mostra que eu devia nem ter ralado dias e dias na elaboração de um projeto sério para tal prêmio. Sinceramente? O mercado literário, mais o fomento à literatura feito pelo nosso Governo, cada vez mais me fazem pensar que minha literatura merece, de fato, apenas minhas gavetas, mais os ouvidos condescendentes dos meus mais chegados amigos. Triste!
Não foi isso não, Ewerton. A questão é bem mais simples (bagunça deles, mesmo): no edital original, eles não especificaram que a data final de 2/8 era para postagem, a data do carimbo do Correio. Daí, como dados de editais precisam estar muito bem esclarecidos no texto, eles só poderiam aceitar inscrições que JÁ ESTIVESSEM lá na FBN no dia 2/8. Com isso, todo morador do Rio, por exemplo, estaria em vantagem, já que poderia postar como aquele Sedex Super10 no último dia pela manhã, para chegar no mesmo dia à tarde, o que não seria possível para moradores de outros Estados.
Ou seja, a sua inscrição, postada na tarde do dia 2/8, também não seria aceita –a postergação da data final foi o que permitiu a você fazer a inscrição, no fim das contas. Pode ver que o texto da postergação especifica que é a data de postagem, ao contrário do texto do edital original.
Ah, sim, agora entendi direitinho. Menos pior então. Ao menos sanaram a questão com isso. Obrigado pela explicação! 😉
De nada. E boa sorte!
Nem uma porcaria de concurso, esse país consegue fazer direito. Um edital precário e com mudança de data no dia de entrega…São uns incompetentes. Como corri para terminar ontem, nem entrei para ver se o prazo tinha mudado. Cheguei ao correio, às 17h52, e já estava fechado, sendo que o horário de fechamento é às 18h. Bati na porta, esperneei, disse que aquilo não estava certo e a gerente me disse que o “horário deles” era esse, me apontando seu relógio de parede que marcava 17h59. Liguei para o 130 e coloquei no ouvido dela o celular, para ela escutar que ainda eram 17h52. Ela disse que o “sistema” do computador já tinha fechado e que funcionava de acordo com seu relógio de parede e ainda me perguntou porque eu não fui antes, já que eles estão abertos desde às 09h!!!! Enfim, somente quando eu disse que era jornalista e inventei que tinha um marido advogado, e que iria denunciar para todos os órgãos de imprensa e onde mais pudesse, ela “resolveu” receber “manualmente” o meu projeto…Aff, só aqui mesmo…
Eita! Os correios tão piores que o edital!
Raquel, você viu que o prazo foi prorrogado para 10/08? Vi a notícia por um link da Cult.
Foi uma decisão acertada, mas não da maneira como foi feita. Prorrogar o prazo exatamente no dia em que ele terminaria não é justo com quem correu para cumprir todas as especificações do edital até 02/08 (meu caso). Mudanças de data devem ser feitas com alguma antecedência e não no último dia. Bem, sorte para quem não tinha conseguido enviar sua inscrição…
Abraços
Eles prorrogaram o prazo porque tinham feito o edital errado, sem especificar que, como em qualquer concurso, a data final era data de postagem, não a data para o material já estar lá.
A inscrição até o dia 02 de agosto é a data de envio pelo sedex?
Boa pergunta! No Prêmio Esso é assim… Alguém aqui sabe?
Também não vi nada no edital a respeito disso, mas geralmente vale sempre o dia do envio e não da chegada dos documentos, até para não desfavorecer quem mora mais longe.
O que se observa nesses concursos é que os vencedores,geralmente,são os mesmos.Por outro lado,quem não escreve seguindo os padrões da moda estabelecida não tem chance.Ai de quem não se enquadrar no “politicamente correto” e no “literariamente correto”…
Oi, Raquel, tudo bem?
Obrigada pelos esclarecimentos. Com relação ao texto a ser enviado, só posso concluir que Funarte/BN não sabem que Edital estão colocando no ar e quais são seus objetivos. Estou chocada!
Primeiramente, não está dito no Edital que o material a ser enviado “Não deve conter trechos da obra para a qual o proponente pede a bolsa”. Ademais, é razoável o proponente pensar que o material a ser enviado deve ter relação ao projeto que está sendo apresentado!!!
Ainda sobre “Não deve conter trechos da obra para a qual o proponente pede a bolsa, pois esta deverá ser criada durante os seis meses de bolsa. A obra tem que ser inédita”, estou estarrecida. A escrita de um livro é mais orgânica que isso. Quem tem um projeto de livro certamente tem algo em andamento, não necessariamente você tem apenas a ideia e quando receber o prêmio, plim, vai sentar na cadeira e escrever o livro em seis meses.
“A obra tem que ser inédita”, é claro! E o trecho que o proponente está enviando refere-se a um projeto, portanto a uma obra inédita. Para ela ser inédita ele só pode começar a escrever no primeiro dia do prazo de seis meses??? Gente, isso é ridículo.
Se eu estou apresentando um projeto, é razoável que eu mostre um esboço desse projeto; se eu tenho um projeto de livro, já tenho algo esboçado.
Se o proponente é um autor já publicado, deveria enviar trechos do seu livro anterior? E o não publicado? Deve tirar outros textos da gaveta que não este que está em andamento, explicitado no projeto? Não faz sentido.
O Edital anterior solicitava ao proponente que enviasse um trecho do projeto de livro. E isso me parece OBVIO.
Impressionante a falta de discernimento da BN/Funarte sobre o próprio trabalho.
O razoável é que o texto enviado pudesse, e fosse até a preferência, ser do mesmo livro para o qual se pretende a bolsa, e que o livro não precisasse ser escrito em seis meses, apenas ser inédito. Mas com as respostas da BN aqui no blog, ficou tudo confuso, pois elas vão contra o bom-senso e o que está no edital. Como você disse, parece que eles não sabem bem quais critérios eles mesmo usarão. Enfim, parece que essas bolsas servem mais para promover as entidades como patrocinadoras da cultura do que promover os escritores, e desde que passem a imagem de que tais entidades promovem a literatura, estão satisfeitas, e pouco importa o resultado da seleção, se vai escolher os melhores livros ou não, veja por exemplo a bizarrice da seleção atual do Sesc para a bienal.
Então, Raphael, insisti com eles nesse argumento. Eles dizem que não pode ser do livro concorrente, porque a bolsa é para criar o livro. Tentei argumentar que isso não faz sentido, que a pessoa pode mandar um conto que dê origem a um livro de contos, e eles insistem que não. Eu acho bizarro e acho que muita gente já teve ter enviado com trecho do livro, porque o edital não especifica isso.
A outra coisa é sobre a data: eles estão dizendo que dia 2 é para o projeto estar lá. Isso é ainda mais bizarro. Em qualquer concurso do mundo, a data de encerramento das inscrições é a data de postagem. Caso contrário, quem mora no Rio tem vantagem em relação a quem mora em outros Estados.
A ver, a ver. Tudo isso me faz pensar que quem criou o edital não entende de concursos literários…
Não consegui colocar no correio hoje e deixei para esta quinta-feira, achando que o prazo para chegar lá era 3 de agosto.
Tão ou mais estranho que isso é eles colocarem condições que não estão no edital.
Por tudo isso, o mínimo que poderiam fazer era prorrogar o prazo por mais alguns dias.
Coloca hoje, Godinho, eles vão ter que rever isso ou vai ser o caos
Agora que fui imprimir me surgiu a dúvida: o texto do proponente vai encadernado junto com o projeto?
Pelo que entendi, de acordo com o edital são duas encadernações, uma para o texto do proponente e outra para o projeto.
Pelo que entendi, o edital pede duas (2) vias do projeto e outras duas (2) vias com o texto do proponente. Ou seja: no total devem ser enviadas quatro (4) vias encadernadas separadamente.
Ahá, mas alguém viu o que está escrito na ficha???
3 vias.
Então, por “via” das dúvidas, mandei 3 mesmo.
Mandei hoje. Agora é torcer.
A impressão que dá é que quem ficou encarregado de fazer o edital (ou está tirando as dúvidas sobre ele, porque o edital mesmo é muito vago) está mais habituado a fazer editais de licitações e coisas técnicas do tipo.
Pois é. Essa coisa de o livro ter de ser “novo” e por isso não poder ter trecho dele é muito coisa de quem não entende do riscado…
Dificilmente alguém não enviou trecho do próprio livro. É lógico. Ninguém pensaria em enviar outros textos, diferente daquilo proposto no projeto.
Piada isso.
Jogo de cartas marcadas?
Também não especificam datas no Edital.
Aurora, assino embaixo tudo que você escreveu.
Alguém poderia me dizer, em linhas gerais, como está fazendo a metodologia e se temos que definir a “Contribuição artistica para o cenario cultural brasileiro” ou se isso faz parte da justificativa? Obrigada
Valeu a matéria, Raquel! Estava com essa dúvida sobre o “vias encadernadas contendo texto de autoria do proponente, entre 15 e 20 páginas”. Esclareceu! 😉
Não tem nada do edital dizendo sobre o texto que o proponente manda não poder ser do mesmo livro que ele pretende para a bolsa. Imagino quanta gente mandou textos da obra do projeto e vai ser desclassificada por causa disso. E tem a Fernanda, como você disse, Raquel, dizendo que quando conseguiu mandou textos do livro em andamento. Será que no ano dela o edital permitia que fosse assim, ou isso tudo é confusão do povo da Funarte/FBN que nem sabe direito que critérios usa nesses editais? E essa história da obra ser realmente feita em 6 meses. Tem de ser feita por completo, ou pode já ter sido escrita e estar em fase de revisão? Porque imagino que muita gente também fez questão de dizer que a obra já estava bem adiantada, para mostrar organização e garantir que vai terminar dentro do prazo, e acabou escorregando em mais esse quesito que também não está claro no edital.
Acho que eu não me importaria de colocar algum trecho da obra em andamento. Ninguém acha que a obra tem de ser realmente feita em seis meses, né? Sobre completa ou não, entendi pelo depoimento da Fernanda que pode ser um rascunho quase final. Você precisa entregar algo, quanto mais finalizado entregar talvez melhor seja a chance de publicação pela Funarte depois, mas acho que existe ainda um prazo para arrematar, como em todo processo de edição.
Isso é o que é lógico e o que se espera pelo bom senso. Mas depois de uma resposta sobre o texto a ser enviado que diz “NÃO deve conter trechos da obra para a qual o proponente pede a bolsa, pois esta deverá ser CRIADA durante os seis meses de bolsa.”, fico pensando…
Putz…e eu passei o final de semana inteiro digitando o livro que havia escrito à mão, para mandar uma amostra da obra no projeto… enfim, vou ter que correr agora.
Raquel, só uma dúvida: o prazo para envio dos projetos é dia 03/08, ou seja, sexta-feira, certo?
Então, Sergio, mandei essa pergunta do prazo a eles. Pela data de publicação do edital, o prazo seria esse, mas acho possível que estendam. Não sei. Até segunda ordem, vale contar como sendo esse.
Sobre o texto, olha que coisa, a Fernanda deu a entender que mandou trechos do próprio livro em andamento… Confuso.
É verdade, Raquel…bom, a redação do Edital não proíbe expressamente que os textos sejam do livro, né? Eles não podem exigir algo que não esteja no Edital..
Pois é, acho estranho também…
Pois é, Raquel.
Estranho “é apelido” (risos).
Eu enviei trechos do que seria a obra..aliás, escrevi pensando no projeto. Sofri pra escrever em tão pouquíssimo tempo.
Espero que eles não levem a sério este item NÃO INCLUSO NO EDITAL. Porque isso eliminaria a mim e, creio, a maioria dos já inscritos.
Oi gente, eu coloquei texto do livro e textos que nao eram… planejei mostrar meu melhor nas poucas páginas… a versatilidade da coisa e tal. Nao acho confuso nao… acho que cada um monta sua estratégia pessoal. Uma bolsa de criaçao literária nao exige amostras de um livro pronto. O Proac sim.. Beijos, e obrigada pela citaçao lá pra cima!
Também compilei um post sobre as pessoas que entraram em contato comigo solicitando dicas (mas alertei que só sei o que fiz, e que as coisas mudaram um bocadinho esse ano).
Mesmo assim, ainda acho que vale a tentativa. Repito: não conhecia ninguém (ainda nao conheço), nao tinha livro publicado, e tudo deu certo.
Boa sorte a todos!
Dúvida. Afinal a data limite para entrega/postagem é 02 de agosto ou 03 de agosto? Já vi divulgadas as duas datas… qual está valendo? Agradeço desde já a atenção.
Oi, Marcia! Dá uma olhada no edital, estou no celular e nao consigo ver daqui. Se não me engano, lá fala em 45 dias a partir da data de publicação. Tem que fazer a conta…
Desde o início, me preparei para enviar o projeto até o dia 02/08. Estava um tanto atrasada, mas fiquei aliviada quando li aqui que o prazo era dia 03. No entanto, com a dúvida da Márcia, fiz as contas dos 45 dias e passei pelo site da Funarte. O prazo é dia 02, como eu pensei antes! Agora é correr!!!!
Abraços
Eita! Ops again. Arrumei no outro post e coloquei em negrito neste, pra ninguém mais ficar na dúvida
Raquel,
Os prêmios do SESC-DF apresentam a restrição desde as primeiras edições. Mas nunca foi um grande obstáculo para a abordagem literária de temas como o machismo, violência doméstica, etc … não cobram que a pessoal realmente promova, num texto meio “lição de moral ao final do capitão planeta” ou “discurso do he-man sobre o que aprenderam no episódio” … penso que eles só querem evitar que as pessoas enviem material que, com a logomarca e apoio do SESC, nunca poderiam publicar … há grande obras que não se enquadrariam, mas há infinitos meios de publicação além das premiações que estabelecem este critério …
ps: sempre que quiser saber de tudo que é edital e prêmio aberto, recomendo que acesse http://concursos-literarios.blogspot.com
Opa, Rodrigo, obrigada. Vou colocar seu comentário no post =)
Oi, Raquel, agradeço pelo espaço!
é uma opinião em meio a tantas … e é ainda um fragmento:
o Grupo Livrarias Curitiba também tem um concurso com “restrições morais”. Eles selecionam seis contos para publicação na Revista ler&Cia, que tem um público de variadas idades, tem caráter institucional e tudo o mais … penso que temos que ter consciência de que os concursos de instituições como esta e como o SESC passam pelo departamento jurídico e pelo departamento de marketing antes de serem publicados … e, de fato, nestes casos, ninguém vai querer investir em obras que promovam pedofilia, terrorismo, tráfico de drogas, etc
Entendo esse lado devido ao contexto…
Sei que nosso país é, em geral, muito conservador… basta reparar em como são hostilizados os que se dispõem a entrar em um debate público com argumentos a favor da criminalização da homofobia, da descriminalização do aborto, da legalização de algumas drogas … só para citar alguns dos temas mais peculiares
Neste cenário, se uma instituição selecionar e publicar um texto que abale a estrutura da tradicional família brasileira, esta instituição corre o risco de ser alvo de protestos e de processos
Penso que o ideal seria ter toda a liberdade em relação a tema e abordagem, mesmo nos casos institucionais … que não houvesse o risco de “censura” póstuma por parte de organizações e grupos de ofendidos
O que me conforta é que a expressão artística sempre foi e sempre será um meio de apologia a ideias tidas como controversas ou radicais … ainda que tenha que seguir caminhos alternativos
bom, basicamente, neste momento penso assim … mas estou sempre aberto a mudar ou lapidar opiniões
abraços,
Por esse lado, é, faz sentido, estabelecer previamente os limites ajuda a evitar acusações de censura. Mas confesso que me dá medo de pensar em poesia que enalteça os bons costumes…
na verdade, é uma censura prévia para evitar que sejam apedrejados por publicar algo potencialmente “ofensivo” – apedrejados pelos que acham que existe algum tipo de arte censurável … que um ou outro elemento justificam a censura de uma criação artística
também fico apavorado com a ideia de limitar a literatura aos bons costumes … mas não culpo as instituições que lançam estes editais … culpo o conservadorismo geral da sociedade brasileira e o nosso atraso em relação ao debate pela liberdade de expressão e de criação artística