Editoras dão mais descontos nesta Bienal; confira sugestões de livros mais baratos
15/08/12 17:05Houve um tempo em que, no manual do expositor da Bienal do Livro de SP, estava estipulado que editores só poderiam vender um título aleatório por dia com desconto, que seria de no máximo 20%. O “livro do dia” era uma forma de a organização proteger os livreiros, já que estes, como revendedores, têm menos margem para dar descontos que os editores.
Não sei quando a regra saiu do manual, mas um entendimento tácito fez com que as maiores editoras evitassem grandes descontos nas últimas bienais. Com poucas exceções, o evento se dividia entre os estandes de saldões (promovidos principalmente por distribuidoras) e os estandes cujos livros você poderia encontrar mais baratos na internet (estes, em geral, das grandes editoras). Ok, isso sem levar em conta os descontos gerais nos dias finais.
O que primeiro me chamou a atenção no domingo passado, no Anhembi, foi uma quantidade bem maior de descontos, na comparação com 2010, no estande da Companhia das Letras e da Zahar. Isso se repetiu em outros estandes de grandes editoras: na Rocco, tudo 20% mais barato; na Record, além do já tradicional desconto progressivo, vários títulos a R$ 10.
Ao longo da semana, entrei em contato com várias editoras para questionar se há mesmo mais descontos que em 2010 ou se era só impressão. Além disso, contei com uma boa ajuda do Douglas Gravas, repórter da “Ilustrada” que está cobrindo a Bienal e pôde apurar por lá.
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À exceção da Globo, que disse ter só “descontos pontuais”, e da Objetiva, que afirmou ter mantido a mesma média de 25% de descontos de 2010, todas as editoras com as quais falamos informaram ter aumentado a quantidade de ofertas. Aproveitando, só para ficar num ótimo lançamento da Globo: o “Pinóquio” do francês Winshluss, HQ adulta premiada no Festival d’Angoulême de 2009, que custa R$ 75 nas lojas, sai por R$ 60 no estande (é uma edição enorme, linda, de luxo, com o desconto ela vale o quanto pesa no bolso, creio).
Apesar de a Objetiva ter citado só os descontos de 25% em média, conheço quem tenha comprado o “Pornopopéia” de bolso, de Reinaldo Moraes, por R$ 5. Custa R$ 23,90 nas livrarias.
Entre as livrarias, a Comix já tem um tradicional desconto de 20% em títulos que não sejam lançamentos (“Maus”, de Art Spiegelman, sai de R$ 47 por R$ 37″; “Muchacha”, do Laerte, de R$ 29 por R$ 23). A Saraiva informou, via assessoria de imprensa, que há descontos especiais na Bienal; ao Douglas, vendedores disseram que praticam no estande os mesmo preços das lojas.
Segundo Guto Kater, vice-presidente da Associação Nacional de Livrarias, os saldões, com livros a R$ 5 ou R$ 10, começaram em 2002, 2004, nos estandes de distribuidoras, e de dois anos para cá isso vem mudando o comportamento das editoras.
“A gente se preocupa com o bom funcionamento da cadeia produtiva, não queremos prejudicar as livrarias”, disse Marcelo Levy, diretor comercial da Companhia das Letras. “Mas daí começamos a ver estandes a poucos metros da gente só com livros a R$ 10.”
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A Companhia das Letras está oferecendo alguns infantis e policiais a R$ 9,90 –preço que cabe no vale-livros que a prefeitura e o governo estadual ofereceram a alunos para esta Bienal.
Os descontos da editora que me pareceram mais interessantes são os da coleção Prêmio Nobel, de luxo, com capa dura, reunindo autores como Coetzee, Toni Morrison, Saramago e Pirandello. Todos os livros 40% mais baratos, a R$ 24,50 cada um. Obras mais recentes, como as biografias de Getúlio e Steve Jobs, estão com desconto de até 20%.
Ainda assim, a Bienal concorre com a internet. Nos corredores do Anhembi, Douglas conversou com grupos de estudantes que checavam preços no celular. Eles perceberam, por exemplo, que “A Casa de Seda”, de Anthony Horowitz, oferecido com pequeno desconto no estande da Companhia (de R$ 39 por R$ 34,50), sai por R$ 31,20 no site da livraria Saraiva.
A Zahar informou que sua lista de títulos mais baratos aumentou na comparação com 2010. Em geral, os descontos são de 10 a 20%, mas alguns chegam a 50%, caso da série Guias Ilustrados. As edições comentadas e ilustradas de “Alice” e de “Contos de Fadas”, que garantiram boas vendas à editora nos últimos anos, saem de R$ 79,90 por R$ 29,90.
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Segundo Roberta Machado, diretora comercial do grupo Record, a editora começou a oferecer os descontos progressivos há uns cinco anos (considerando bienais do Rio e de São Paulo), mas só nesta edição resolveu oferecer uma série de livros, especialmente do selo juvenil Galera Record, a R$ 10 –mesmo títulos que custam normalmente quase R$ 60.
“O desconto aumenta o faturamento, sem dúvida, ajudando a fechar as contas da Bienal. Mas ele não resolve, não. Apenas diminui o prejuízo”, disse. Para ela, é perceptível o aumento de vendas devido aos descontos progressivos, já que o leitor se esforça para levar mais livros para ganhar os descontos (no caso da Record, 10% no primeiro livro, 20% no segundo e 30% no terceiro).
A Editora Unesp, pelas comemorações de seus 25 anos, preparou kits com descontos de 40% a 50% –a média é de 20% nos outros títulos. Os títulos “Viajando” e “O Poder do Lugar”, de Charles Darwin, por exemplo, somam R$ 194, mas saem por R$ 110 no estande. Os dois volumes de “Escritos Coligidos”, de Sérgio Buarque de Holanda, saem de R$ 134 por R$ 79.
A Rocco, que na última Bienal do Rio já tinha oferecido 20% de desconto em todos os livros do estande, estreou a oferta agora na Bienal de São Paulo. “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector, por exemplo, que custa R$ 20, sai por R$ 16.
“Mais do que aumentar vendas, acreditamos que o desconto é fundamental para diminuir os custos de quem frequenta esses eventos. O desconto torna o livro mais acessível para quem passa por lá, e já gastou com ingresso, estacionamento e alimentação”, informou a editora.
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Nunca é demais lembrar que a entrada da Bienal custa R$ 12, o que leva uma família de quatro pessoas a gastar quase R$ 50 só para respirar dentro do Anhembi. Isso se essa família for de transporte público, porque para estacionar por lá precisa desembolsar mais R$ 30.
Ainda hoje há quem critique a transformação da Bienal num “feirão de liquidações”. Eu vejo isso como uma alternativa positiva para feiras do gênero (escrevi a respeito no antigo endereço do blog). Uma alternativa difícil e que precisa ser muito bem pensada, também, já que afeta vendas de livrarias e pode levar ao fechamento delas –tal como vem acontecendo nos EUA.
“Quando uma editora se aproxima do consumidor oferecendo 30%, 40% de descontos, que é o mesmo descontos que elas oferecem às lojas, ela prejudica o mercado como um todo”, disse Guto Kater, da associação de livreiros, destacando o papel das livrarias na formação de leitores. “A prática de descontos na Bienal fazem a livraria parecer uma vilã para o consumidor.”
Uma saída, ele imagina, seria restringir descontos ao chamado fundo de catálogo, deixando lançamentos com preços fixos. Isso traz de volta uma antiga discussão sobre a lei do preço único, pela qual todos os livros, lançados por qualquer canal de venda, deveriam custar a mesma coisa durante o primeiro ano após o lançamento. Muita gente no mercado rejeita a ideia, mas agora, com a chegada da Amazon, que pratica descontos agressivos, pode ser que isso mude.
Procure no google: LIVRO CIBERCÉLULAS. Este livro irá te surpreender!!
Raquel, nesse ano não haverá Bienal em São José do Rio Preto. Em vez disso, começou segunda uma Feira do Livro. Acabei de voltar de lá. Lamentável. Em pouco mais de 10 minutos deu para dar uma olhada nos 6 ou 7 estandes. Como você está pesquisando o assunto, envio o link do principal jornal da cidade sobre o evento http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Divirtase/Eventos+Shows/105914,,Feira+do+Livro+de+Rio+Preto+comeca+nesta+segunda.aspx e nesse próximo, o relato dos primeiros problemas http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Divirtase/Eventos+Shows/106096,,Feira+do+Livro+em+Rio+Preto+abre+com+falta+de+valelivros.aspx
Abraço.
Opa, vou dar uma olhada, Rogério, obrigada! Sabe por que não teve Bienal?
Na matéria eles explicam. Troca do Secretário de Cultura e problema com o orçamento. Sei que a Feira está simplesmente ridículo. Hoje, em outro ambiente, na Swift – uma atiga fábrica que foi reformada e onde ocorria a Bienal, o Marcelo Rubens Paiva dará uma palestra. De todos, o melhorzinho. No encerramento, Arnaldo Antunes. Talvez encare o Marcelo Rubens Paiva, se não sair muito cansado do trabalho.
Zeus é Pai!!!!!
É o que eu defendo e continuarei sempre a defender: barateamento radical do preço dos livros, sobretudo no Brasil.
Isto, sobretudo, tb é uma questão de vontade política: é necessário uma pontual desoneração de setores envolvidos na confecção de um livro, de editoras a gráficas, e tudo o mais q envolve este setor.
Por que templos evangélicos nao pagam impostos? E editoras pagam impostos altíssimos? Gráficas, idem.
Quem sabe nao se iniciando uma campanha em redes socias com esse apelo, a realidade da literatura no Brasil tb nao posso tomar outros rumos?
Abs, Ricardo
hOJE, 18/08 FIQUEI DECEPCIONADA COM O DESCASO QUE NOS TRATARAM HOJE NA BIENAL. fUI COM OS MEUS FILHOS E MARIDO GASTAMOS 30 REAIS DE ESTACIONAMENTO, E NAO ENTRAMOS. eSTAVA SUPER LOTADO E DESORGANIZADO. nAO HAVIA NINGUEM ORIENTANDO NAO SE SABIA ONDE COMECAVA OU TERMINAVA A FILA. cREIO QUE FECHARAM A ENTRADA E NAO DEIXAVAM NINGUEM ENTRAR. uMA DECEPCAO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A que horas foi isso, Juliana? Não estavam deixando entrar ou vocês desistiram antes de conseguir?
Olá Raquel, fui á Bienal com o meu namorado e achamos muito bacana o fato de o evento levar pessoas que amam a leitura e também despertar o desejo daqueles que não tem o hábito de ler. Muito legal e divertido, além do atrativo serem os livros, eles estão proporcionando Palestras muito bacanas !!! Abraços !
Fui no domingo passado e to voltando lá hoje, Claudia. Deve estar cheeeeio neste último fim de semana…
Boa noite Raquel e leitores deste blog.
Tenho acompanhado a repercussão desse artigo e gostaria de posicionar-me apenas no tocante ao “papel das livrarias” na cadeia produtiva do livro.
1) Se quisermos ver valorizada e preservada a bibliodiversidade em nosso país, há sim uma grande importância que livros sejam vendidos, predominantemente, pelas livrarias.
Graças a seu alcance menor e sua especialização, as livrarias (especialmente as pequenas e médias), tem nos lançamentos e no “modismo” uma fonte de renda, mas que não é única e nem sempre a mais importante. Sua liberdade em construir um acervo lhe possibilita uma maior diversidade cultural por meio da gestão de compras que o livreiro faz (que não obedece apenas critérios econômicos, mas principalmente ideais, linha de atuação, feeling do livreiro). Assim, mesmo que determinados livros vendam pouco, são preservados nas livrarias, de forma muito mais frequente que em outros players do mercado que promovem ou condenam um livro pelo relatório de vendas dos últimos três meses.
2) A pseudo-sensação de descontos altos, conquista a clientela, mas disfarça um aumento nos preços de capa que já aconteceu anteriormente, quando da formação destes pelas editoras.
Antigamente, as editoras calculavam o preço de venda dos livros com base no desconto médio de 35%, hoje, é muito difícil encontrar uma editora que não calcule seus preços com base em um desconto médio de 50% (desconto esse conquistado apenas por uma pequena parcela das livrarias, em geral as grandes, mas comuns a grandes players de outros segmentos).
3) É interessante como, em alguns comentários, a idéia de que as livrarias são as “vilãs” predomina… Em um deles foi citado que as livrarias encarecem os livros em 50%!!!
Ressalto que os “atravessadores” do mercado de livros, não são as livrarias… São: supermercados, empresas de móveis e eletrodomésticos, sites multi produtos, que se “aventuram” no mundo do livro, sem compromisso com a qualidade do acervo, promovendo apenas novidades e “modismo literário”. Com poder de barganha, pressionam as editoras a concederem descontos maiores e, acostumados com vendas de baixo percentual de retorno, preservam de 10 a 20% de lucratividade (a mesma que os livreiros obtêm recebendo 30% e dando 10% de desconto) e “queimam” parte dos descontos recebidos, prejudicando as relações comerciais entre editoras e livrarias.
Em síntese, é isso! Ofuscado pela sensação de vantagem ao comprar produtos com grandes descontos, o leitor brasileiro não percebe que já está pagando o preço mais alto por não ter o canal de distribuição do livro (editora-distribuidora-livraria) respeitado e regulamentado.
Talvez, viajar o mundo e perceber como as realidades das livrarias são melhores em países que valorizam mais o livro e a leitura, seja um bom exercício a quem ainda não teve a oportunidade de vivenciar uma experiência de respeito às livrarias, e perceber o importante papel que elas têm na bibliodiversidade de um país.
É claro que nós, livreiros, não devemos ficar apenas lamentando. Hoje já vemos muitas livrarias se reposicionando e oferecendo serviços de qualidade para compensar os descontos menores que oferecem (por não terem condições de concorrer com as grandes) e que vêm dando certo, mas a conscientização da sociedade para o papel da livraria num país é ponto de partida para qualquer discussão que objetive, realmente, a construção de um Brasil mais leitor.
Obrigada pelo comentário e pelos esclarecimentos, Guto. Acho importante também não demonizar as livrarias, especialmente as pequenas. Aproveitando, pode esclarecer uma dúvida que surgiu por aqui? Sobreo impacto de descontos de um evento que acontece por dez dias a cada dois anos na cidade… Qual o impacto? Da Bienal com saldões e de feiras como a da USP, com descontos maiores e anuais, embora em livros menos procurados nas livrarias?E
Se (i) as pessoas não têm interesse em comprar em livrarias, preferindo comprar pela internet ou em eventos como a Bienal e a Festa da USP (essa, sim, um ótimo negócio); (ii) as livrarias são responsáveis pelo aumento do preço dos livros em até 50%; e (iii) hoje em dia existem várias opções, como a Amazon e as livrarias virtuais, que funcionam melhor e por menores custos que as livrarias tradicionais, pergunto:
Por que raios uma pessoa comum, interessada na Literatura, que não seja dono ou funcionário de livraria, deveria se importar com o impacto dos descontos nas vendas das livrarias?
Tanto melhor que acabem os intermediários!
Porque as livrarias estimulam a leitura! Isso vale para qualquer país –quanto mais livrarias, mesmo que seja um país com muito acesso à internet, maiores os índices de leitura. É o exemplo que franceses e alemães dão, eles têm livrarias em qualquer esquina, isso estimula gente que está só passando por ali a comprar livros. E porque elas se tornam um programa cultural, um lugar em que o leitor pode descobrir, folhear e se interessar por livros que não encontraria na internet sem que estivesse buscando especificamente eles.
A mesma coisa sobre a Bienal: o fato de existir venda pela internet não significa que a Bienal deva acabar (embora deva ser repensada). Ela ajuda a formar leitores!
Acrescento que apesar da Internet ter se mostrado uma ameaça para os “atravessadores”, rs, não há nada melhor que ir até uma livraria e poder pegar o livro em mãos antes mesmo de comprá-lo. Além disso, a curiosidade aumenta e você verifica outro-e-outro-e-outro-e-outro… e há a chance de você desistir do livro antes mesmo de tirar a carteira do bolso, rsrs. Não, simplesmente não há melhor lugar para ir atrás de um livro que não seja uma livraria ou uma biblioteca por um simples motivo: independente do caos e da correria do dia-a-dia, lá você se sente à vontade para admirar e namorar os livros por minutos, horas… Não há sensação que se iguale a isso. 😀
Pera, pera lá: essa política de descontos não era proibida nas outras edições da Bienal? Mudou a política ou as editoras estão tentando, timidamente, trazê-la de volta?
Sim, pois é. Eu cito no post o tal regulamento. Não sabia que tinha deixado de valer. Sei que editores sabem dessa preocupação dos livreiros, mas acho que chegaram a um ponto meio “cada um por si” para não sair demais no vermelho. Pelo que tenho ouvido, as vendas neste ano estão muito fracas –mas é claro que o livro do Restart e o do padre Marcelo ajudarão a inflar os números da Bienal.
A solução seria a Bienal se restringir a editores, sem estandes de livrarias. Desta forma, sem intermediação da livraria, poderiam ser oferecidos descontos de 40% em todos os livros, e o programa passaria a valer a pena do ponto de vista econômico, e não apenas cultural. Claro que entendo a necessidade de preservar e estimular toda a cadeia do mercado editorial, livrarias incluídas, mas como já comentou alguém, não são os 10 dias da Bienal que vão impactar no faturamento da Saraiva e da Submarino.
Vou tentar ver com livrarias como é esse impacto, Anna. Soube que a Cultura está dando descontos neste mês por causa da Bienal, justamente porque não participa dela!
O desconto da Cultura é assim: a cada 48 horas uma editora disponibiliza 50 livros do seu catálogo com 50% de desconto, mas apenas se comprar pela internet.
Não tinha uma coisa de 30% em todos os livros e entrega sem frete? Acho que li isso na coluna Babel, no Estadão. Essa coisa do 50% é boa, hein?
Não tô sabendo desse desconto de 30%, Raquel. Mesmo porque o site não diz nada sobre isso. Sobre o desconto de 50%, sim, acho uma coisa muito boa. Pena que nem todo mundo é tão generoso, rs.
Ah, me enganei, 30% é a Fnac. Saiu na Babel, só não tinha esse detalhe das 48 horas e de como entram as editoras nisso: “Para fazer frente a isso, desde ontem a Cultura oferece 50% de desconto e frete grátis em livros de cinco editoras; já a Fnac está dando 30% para compras no site e descontos pontuais nas lojas.”
Só que essa da FNAC já faz tempo, Raquel. Não é novidade esse desconto de 30% – toda vez que vou em uma loja da rede eu encontro esse desconto. E sim, tem uns descontos pontuais, também.
É verdade, esse é o “preço verde”, né?
Isso mesmo.
Só que, pelo visto, eles estão estendendo para outros títulos que não sejam necessariamente lançamentos.
Precisamos repensar nossa ordem de valores!!! Urgentemente!!!
Sou educador e fico impressionado com as reportagens que vejo de fundo econômico… Existe uma preocupação exagerada em proteger livrarias e a disputa “sadia” de mercado, e pouca ou quase nenhuma em proporcionar acesso a BONS LIVROS para estudantes de baixa renda. E não há como aceitar, com todo respeito aos livros de 10 reais, que estes sejam os mais interessantes e estimulantes. Estamos falando de uma sociedade estamentada, e de acesso restrito à leitura como lazer.
Proteger as livrarias, principalmente as pequenas, é proteger o leitor, Roberson. Isso é básico. É uma engrenagem difícil de lidar, que envolve economia (nenhuma empresa investirá em livros se não faturar com isso) e cultura. Bons livros não nascem do nada, há todo um mercado por trás, ainda que isso tire o romantismo da coisa. E estudantes terão acesso a eles mais facilmente se o mercado for saudável e puder proporcionar livros mais baratos, com distribuição melhor. Não sei que reportagens você anda lendo, mas o fomento à leitura é um assunto tratado constantemente aqui no blog e na coluna, onde acompanho de perto políticas públicas nesse sentido –elas aparecem, aliás, em dois dos três posts anteriores a este.
OS LIVROS DO GEEM-GRUPO ESPIRITA EMMANUEL ESTÃO ENTRE R$ 1,50 a R$ 6,00.
DE QUALIDADE OTIMA E TRAZENDO MENSAGEMNS DE CHICO XAVIER. O STAND ESTÀ MUITO BEM APROVEITADO.
Acho o esforço válido mas poderia ser repensado visando mais desenvolvimento/relacionamento/criação de leitores do que stand de editora com livro caro. Quer comprar livros? Estante Virtual ponto com ponto br…. reune milhares de sebos e tem até raridades….
eh uma pena como o mercado de livro no brasil eh igual carro, produtos eletronicos, custa os oio da cara. A situacao eh q pouca gente le, o mercado eh restrito, as tiragens nao sao das mais altas… soma-se a isso que a qualidade do livro eh muito alta no brasil, capas lindas, paginas de papel grosso… pq aqui nao tem paperback?? livros baratinhos com capas simples e paginas com folha de jornal??? Acho q mercado de livro no brasil eh igual bolsa de luxo, eh coisa de playboy. Ate no estante virtual o livro usado eh caro. Ja comprei tanto, mas tanto livro na gringa por um dolar mais 9,50 dolares de envio, num total de 10,50 dolares… o mesmo livro no estante virtual = 40 reais… assim nao tem mercado de livro que decole no brasil. E a bienal com entrada, estacionalmento, e livro mais caro que em livraria – que ja eh caro – eh so pra fazer cara de conteudo mesmo…
A Bienal não forma leitores. Acho um absurdo gastar R$30,00 de estacionamento, mais ingressos, enfrentar fila, stands atulhados de gente e, ao voltar para casa, descobrir que o livro que meu filho comprou lá, custava mais barato no site bem conhecido.
Isso é um simples passeio, atulhado de gente, pra fingir o quanto nós, brasileiros, somos cultos ou nos interessamos por cultura (com uma média de leitura de 2 livros por ano, francamente!) Em vez de pagar R$30,00 para estacionar o carro, prefiro fazer pesquisa na internet e comprar mais um livro por mais ou menos este preço.
Oi, Angela. Concordo em parte com você. Acho que pode ter um impacto sobre estudantes sim, por exemplo, embora eu fique triste por saber que a CBL usará número de gente que foi ao Anhembi só para ver o Restart como argumento para dizer que foi feito um bom trabalho. Enfim. Não acho que a Bienal deva acabar, acho que ela deve ser repensada –e, para isso, ela tem de ser organizada com mais cuidado e antecedência, como faz a Bienal do Rio. Sobre gastos, é verdade: um ótimo começo seria reduzir o valor dessa entrada, que afasta as classes mais baixas.
Raquel, você sabe o porquê da ausência do Sebo do Messias na Bienal deste ano? Estive por lá nas duas últimas edições e eles estavam presentes, aliás, com o espaço sempre lotado. Não entendi. Brigado.
Olha, nem reparei que não estavam lá. Vou apurar e te conto!
Brigado.
Eu defendo o desconto na bienal. Todos sabemos que comprar livros nas livrarias são mais caros que comprar os livros pela internet. Os descontos na bienal servem de incentivo para a visitação. Sou do interior de SP, já gasto muito com transporte para ir a bienal com o meu filho, fora os gastos com alimentação e entrada, e sem contar o cansaço! Acredito que gastarei em torno de R$150,00 apenas para ir a bienal e me alimentar, e não faz sentido não comprar ao menos alguns títulos, qualquer desconto é muito bem vindo!
Não acredito que afete tanto assim a vida dos livreiros, pois a bienal ocorre a cada dois anos!!!
Enfim, baixem os preços dos livros, facilite o acesso aos mesmos, popularizem cada vez mais eventos como esse e vale lembrar que os expositores gastem muito para esses eventos, que mesmo lucrando menos com os descontos ainda diminui o prejuízo!!!!
Pois é, acho que a Bienal tem esse papel de efeito a longo prazo, sabe. A pessoa vai, compra um livro lá, e daí depois procura outros do gênero nas livrarias. Se for com desconto na Bienal, a chance de comprar o livro é maior.
Agora, dizem os livreiros que é difícil lidar, por exemplo, com os impactos de vendas durante a Festa do Livro da USP (50% em quase todos os títulos). Isso porque os livros da feirinha da USP são livros menos vendidos em livrarias, imagina se eles concorrem com best-sellers mais baratos!
Em resumo, diria que achei interessante a sugestão de proibir descontos em lançamentos na Bienal e permitir descontos de todos os outros livros lançados há mais de um ano. Isso manteria o ritmo de vendas nas livrarias, já que livrarias vivem basicamente da venda de lançamentos, e permitiria descontos lindos (como esses da coleção Nobel da Companhia) em todos os outros títulos.
raquel,
sinceramente, é muito difícil acreditar que um evento que ocorre a cada dois anos, (ok. anual, se contar rj-sp) num período que sequer cobre um mês, possa afetar tanto a vida das livrarias de uma metrópole.
as livrarias, em geral, vão mal independente das bienais. elas não têm nem mais livreiros, apenas vendedores ou garçons!
concordo com a questão dos lançamentos, mas, de resto, tem de ser 40% no mínimo. as editoras bem podem dar tal desconto. 20% é brinde. a bienal é o grande evento das editoras, de reforçar a marca, conquistar novos leitores, incentivar etc.
(ops, acho que já falei isso no post do ano passado! o que me faz crer que vc já deve estar pra tirar férias! ahah)
Hahaha! Pois é, acho que a questão é o medo que eles têm de eventos com descontos se tornarem mais comuns. Existem várias feiras de diferentes tamanhos; as que dão desconto e são anuais, como a Festa do Livro da USP (como acho que também já falei aqui, hahah), eles dizem que tem um impacto forte –especialmente por serem na véspera do Natal.
Uma saída seria algo como fizeram anos atrás, que eram os tais vale-livros para quem comprasse na Bienal ganhar descontos depois em compras nas livrarias. Dizem que na época não funcionou porque era muito trabalhoso, mas creio que já temos tecnologia para fazer algo que funcione.
Eu sou uma que espera, ansiosamente, a feirinha de livros da USP todo ano em novembro, e me esbaldo, é definitivamente o MEU presente de Natal (e pra muita gente do meu círculo, que recebe de presente o que eu escolhi para eles). MAS… sim, seria interessante a “proteção” para os lançamentos, de resto, desconto, gente, livro é muito caro nesse país!! Como aumentar o nº de títulos lidos, se o cidadão precisa pagar tanto por eles?…
“elas não têm nem mais livreiros, apenas vendedores ou garçons!” na maior parte dos casos é isso mesmo q acontece, salvo algumas exceções. E sobre a bienal, como profissional do setor posso dizer que não atrapalha as vendas das livrarias durante seus 10 dias de duração. É absurdo o choro das livrarias já que na maioria das vezes elas ganham até 200% de lucro na venda de um unico exemplar.
É, vou checar isso com livreiros, Raphael. Mas não chega a 200%, né? A Saraiva, que é a que consegue descontos maiores, compra com 55% de desconto, ou seja, tem pouco mais de 100% de lucro. A maioria das pequenas consegue comprar só com 30%, 35% de desconto…
Então Raquel já trabalhei na Saraiva e eles geralmente trabalham com esta margem tirando aquelas megas promoções de best sellers. Agora que estou na Livraria da Vila vejo margens menores porem ainda com um lucro razoavel. Mas reintero que é absurdo o choro das livrarias com a Bienal, e outro ponto a ser abordado é o porque da eletização do livro e não publicação dos famosos e baratos paperbooks ? O brasileiro que não gosta deste formato ?
Viu que interessante a sugestão do Scortecci para tornar a coisa mais acessível a todos? http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1138232-bienal-do-livro-de-sao-paulo-esta-morrendo-diz-editor-em-carta.shtml. Acho que você discordará da parte dos descontos (a sugestão de dar descontos generosos em fundo de catálogo me parece melhor), mas a ideia de levar a Bienal para as ruas é bem bacana.
Estou com o Scortecci, realmente é uma bela saida levar a bienal para as ruas. E acho valido sim os descontos porem vejo nos paperbooks algo que vai baratear o livro o ano todo e não apenas em algumas épocas. Não que as editoras tenham que lançar os livros logo de cara neste formato, mas pelo menos 2 anos após o lançamento o disponibilizem assim.
É só olhar o quanto vende os livros da L&PM nas bancas da avenida paulista e ver como é grande o nicho dos livros a preços populares.