Os endereços da Amazon e da Kobo no Brasil
04/09/12 20:09A autodeclarada “empresa genuinamente paraense” Amazon Corporation tirou a sorte grande quando, em meados da década de 90, escolheu o mesmo nome com que tinha sido batizada um par de anos antes a então quase desconhecida (ao menos por aqui) Amazon americana.
A varejista dos EUA alcançou o primeiro bilhão de dólares antes de completar cinco anos, em 2000. Do empreendimento brasileiro de TI só ouvi falar quando, semanas atrás, foi noticiada a venda de seu domínio, www.amazon.com.br, para a empresa de Jeff Bezos. Após sete anos na Justiça, segundo o blog do Jotacê, a Amazon tupiniquim migrou para o www.amazonet.com.br e embolsou valor não divulgado (alguém falou em R$ 12 milhões?).
Resolvida a questão do endereço virtual (que será oficialmente transferido à Amazon americana no próximo dia 14), mas não a da chegada da empresa americana. Na semana passada, o Brasil Econômico contou aquilo de que a gente já desconfiava: só em sonhos a varejista chega ainda neste ano no Brasil. Fica para 2013, diz o site, e a gente tende a acreditar.
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Na semana passada, foi a vez de o Publishnews noticiar a primeira contratação da Kobo, uma espécie de Amazon canadense, no Brasil. Assim como Apple, Google e Amazon, a empresa de e-books e e-readers baseada em Toronto vem cortejando editores, livreiros e distribuidores brasileiros faz algum tempo, com a meta de estrear por aqui ainda neste ano.
A Kobo é de longe a menor das quatro empresas que ambicionam um naco do mercado brasileiro de livros digitais. Foi criada em 2009 e comprada pela japonesa Rakuten. Cresceu rápido: seu catálogo tem hoje 2,5 milhões de livros digitais e seus e-readers permitem a leitura de e-books vendidos em quaisquer lojas do mundo –menos os da Amazon, que são protegidos.
Perguntei para Camila Cabete, a funcionária brasileira da Kobo, se eles já tinham fechado contratos para estarem tão certos da entrada no mercado neste ano, estando dezembro quase aí. Ela disse que fecharam com algumas editoras (pequenas, com as quais Amazon, Google e Apple também já têm contrato) e que negociam com distribuidoras.
Perguntei se existe acordo firmado com alguma livraria –essa costuma ser a porta de entrada da Kobo nos países em que atua, por meio de parcerias–, e Camila informou que ainda não.
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Lembrei-me da questão envolvendo o domínio da Amazon e fui ver como andava o domínio www.kobo.com.br. Já tinha dono. Então tentei www.kobobr.com.br e www.kobobrasil.com.br e, nos dois casos, caí no site da Livraria Cultura.
Como Kobo e Cultura não confirmaram o acordo, no sábado citei no Painel das Letras apenas o redirecionamento. Ontem, os endereços levavam a uma página em construção. Mas do Who.is, site que informa quem detém domínios, não dava para tirar a informação.
Hoje perguntei a Pedro Herz, dono da Cultura, por que os endereços estão em nome da livraria desde o dia 21 se, como ele reiterou, ainda não há acordo. Ele só riu: “É que somos amigos.”
Desconversas à parte, a Kobo tende a ser amiga de muita gente. Tudo o que a Amazon tem de agressiva, no trato com clientes e concorrentes, a versão canadense tem de amigável. Mas, segundo Camila, num sentido a Kobo será agressiva: nos preços do e-reader, que serão os mais baixos possíveis para formar mercado consumidor de e-books. A gente agradece.
Raquel, boa tarde, tenho uma editora situada na Bahia, temos hoje 130 títulos publicados e estamos com projetos para aumentar nossos títulos através da edição eletrônica. Queria informação da parceria da Kobo com as editoras, o modelos do negocio seria possível nos passar contato da Camila Cabete?
Att.
Marcel Santos
Via Litterarum editora
73-4141-0748
Teremos apenas que aguardar ansiosamente a vinda ao Brasil deste beneficio e como você mesma diz, se em 2013 vêm, já é outros 500.
Há um erro sutil, mas importante para deixar algumas coisas claras.
No trecho: “…escolheu o mesmo nome com que tinha sido batizada um par de anos antes…”
Na verdade o domínio com extensão .com.br foi registrado apenas 11 meses depois de o Bezos o fazer nos EUA, por um provedor de internet que quis homenagear a floresta amazônica justamente por estar localizado naquela região.
E mesmo o Bezos tendo registrado antes, demorou alguns meses para colocar em operação o negócio de venda de livros nos EUA.
Ou seja, como algumas pessoas pensam, sendo que isso não é dito na matéria, mas é fato conhecido, que a empresa brasileira agiu de ma fé. O que não é verdade, já que se assim fosse, teria perdido o processo que foi movido aqui pela Amazon Inc. E a empresa brasileira ganhou!
Esse caso do domínio amazon.com.br mostra que quando se tem razão, deve-se ir até as ultimas consequências para garantir seus direitos. E não é porque é uma grande empresa americana que devemos baixar as calças e ficar em posição de decúbito ventral!
Oi, Raimundo! Obrigada pelas informações. Apenas para esclarecimento: acho que deixei claro no texto que não acho que a Amazon brasileira tenha agido de má fé, especialmente quando digo que a Amazon americana não era quase nada conhecida por aqui (e também quando falo em “sorte” da empresa brasileira, não em “esperteza” ou algo do gênero). É claro que imaginei que, se a empresa brasileira ganhou, foi porque não estava errada. Não é como se tivesse comprado o domínio só para vender, era simplesmente o nome dela! Sobre o “par de anos”, usei a informação que aparece no site da empresa brasileira, de que está há 15 anos no mercado, enquanto a Amazon americana foi criada em 1995 -independentemente de quando foi comprado o domínio, se o site da empresa brasileira não estiver defasado essa informação não está errada. Você é ligado à empresa? Queria apenas saber a fonte da sua informação sobre os 11 meses para incluir no post!
Oi Cozer,
Apenas por esclarecimento eu também não disse que você disse que era ma fé.
Apenas para registro, por acompanhar a Internet brasileira desde os tempos que os Dinos andavam sobre a Terra, ja ouvi algumas pessoas dizerem que a empresa brasileira se aproveitou, como até é comum na indústria de registro de domínios 🙂 E isso não é verdade.
A informação você pode checar no Whois ccTLD .br e no Whois TLD .com
Ah, sim, eu entendi que vc não disse. E, claro, o Whois =). E agora que vi que te chamei pelo sobrenome, Flavio (Cozer é muito forte como vocativo para uma mulher, vamos deixar tudo mais informal, então) 😉
Tenho um kindle desde 2010 e este ano comprei um Kobo touch pela eBay,ambos aparelhos são bons, o que eu acho que a Amazon ainda está na frente são os preços dos e-books, bem mais baratos. Tomara que a Kobo entre por aqui e mude a realidade da leitura no Brasil, sempre li muito livros físicos, mas depois do e-reader minha leitura aumentou muito. Não consigo me ver sem o e-reader.
raquel,
desde quando alguém pode falar “touch” e “e-book” no seu blog? ou a restricao se refere somente a voce? ahahha
Hahaha!