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Raquel Cozer

Perfil Raquel Cozer é jornalista especializada na cobertura de livros

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Seis graus de separação na literatura

Por Raquel Cozer
19/09/12 16:24

Li sobre o Small Demons no Diário de Los Angeles que a correspondente da Folha Fernanda Ezabella fez para a “Ilustríssima” no mês passado. A proposta: mapear referências culturais de livros, como lugares que aparecem em romances. 

Tinha entendido que seria mesmo só um atlas de localidades reais frequentada por personagens ficcionais, o que já seria legal o suficiente, mas é bem mais do que isso. É uma espécie de seis graus de separação da literatura, ou, nas palavras dos criadores do site, uma amostra das “coisas poderosas que podem acontecer quando você conecta detalhes de livros”. Livros que citam livros, que fazem referências a lugares, que aparecem em outros romances, que lembram personagens históricos, citados também em outras obras. Há mais de 7.000 delas catalogadas.

A partir de “O Grande Gatsby”, por exemplo, você pode tanto chegar a uma citação na página 30 de “Norwegian Wood”, do Murakami (abaixo), quanto à biografia de Ashton Kuchter, onde você será informado de que o ator mais bem pago da TV americana sempre foi um leitor voraz de clássicos. A obra de F. Scott Fitzgerald aparece também em “The Birth of the Cool”, de Lewis MacAdams, que a certa altura esclarece quem foi o personagem real, suspeito de trapacear no campeonato de beisebol em 1919, que inspirou Meyer Wolfsheim, amigo de Gatsby.

Mais adiante, ainda na página sobre “O Grande Gatsby”, você chega a uma lista de personagens históricos citados no livro, como Kant e Maria Antonieta, e ao mapa de localidades, desde a Long Island em que se passa a maior parte da narrativa até o Novo México –onde, segundo as más línguas, fica a Oxford em que Jay Gatsby teria na verdade se formado. Kant, Long Island e as outras referências levam a outras listas de livros relacionados. É uma coisa viciante.

O site está sendo feito com o apoio de grandes editoras americanas e ainda não aceita colaboração de leitores –algo que, segundo eles, em breve vai acontecer. Está longe de ser uma empreitada independente: só o investimento inicial foi de US$ 2,25 milhões, com mais de dez funcionários se dedicando a destrinchar cada romance em busca de nomes próprios e outros itens significativos (incluindo alusões a marcas como Coca-Cola e CNN).

***

Outra iniciativa do gênero, específica de um livro abarrotado de referências, é o “Infinite Atlas”, que reúne informações do maior romance de David Foster Wallace, “Infinite Jest” (cujas quase mil páginas estão atualmente em tradução por Caetano W. Galindo para a Companhia das Letras –o tradutor escreve sobre a experiência em sua coluna no blog da editora).

Este projeto de pesquisa é bem menor e independente, mas seria injusto dizer que é menos ambicioso ou mais simples. Ele busca nada menos que identificar, localizar e descrever (com a ajuda de leitores) toda e qualquer possível locação de “Infinite Jest”. Por ora, elas passam de 600.

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Comentários

  1. Felipe Lindoso comentou em 21/09/12 at 16:56

    Raquel

    Em novembro do ano passado, no meu blog, post sobre o small demons e o booklamp, outro projeto interessante…
    http://oxisdoproblema.com.br/?p=636

    • Raquel Cozer comentou em 21/09/12 at 17:07

      Não tinha visto, tks!

  2. Jose Luis comentou em 21/09/12 at 16:11

    Acho a iniciativa bem interessante. Acho incrível quando estamos lendo / assistindo algo e, de repente, pescamos uma referência obscura.

    • Raquel Cozer comentou em 21/09/12 at 16:17

      Eu achei, também. O site é megaelaborado. Uma espécie de IMBd dos livros, em que você vai fazendo associações que nunca imaginaria. Eu aprendi sobre O Grande Gatsby lendo os trechos relacionados, por exemplo. Quer dizer, tirando a parte do Kuchter, que realmente não importava e entrou só de zoeira no texto =P

      • Jose Luis comentou em 21/09/12 at 16:21

        Eu gostei da parte do Kutcher. A gente vive criticando artistas sem nada na cabeça. Acho legal saber que o “Kelso” lê clássicos….

        • Raquel Cozer comentou em 21/09/12 at 16:21

          😉

  3. césar jacques comentou em 21/09/12 at 9:09

    De tempos em tempos surgem coisas desse gênero. Típica cultura de algibeira. Deificação da cultura inútil.

    • Raquel Cozer comentou em 21/09/12 at 15:08

      E é quando essas coisas aparecem que você volta e comenta!

  4. Ricardo Lyra comentou em 20/09/12 at 15:16

    ..uau! podíamos ligar esse tema ao mecanismo do “Imaginaria”, app lançado pela ‘Livraria da Vila’ …

    • Raquel Cozer comentou em 20/09/12 at 19:22

      Boa. Nunca mais entrei lá. Vou ver como anda aquele mundo 😉

  5. t. comentou em 19/09/12 at 23:43

    (raquel, gostei mais do que o romance pretendeu? Representa? Da ideia? enfim, de nos relembrar que tudo na vida eh teoria (sempre selvagem, ja que nao ha muitos parametros pra certeza), uma construçao (literaria?). Assim, nossa realidade pode ser lida tambem como ficcional. Dai o encanto dessas multiplas referencias, conexoes e hipertextos. Acho que voltamos a borges e joyce, nao?

  6. Marcos comentou em 19/09/12 at 17:41

    Caetano Galindo, depois disso, vai descansar traduzindo o Bhagavad Gita?

    • Raquel Cozer comentou em 19/09/12 at 18:12

      Ao que tudo indica, dada a sequência de traduções dele

  7. t. comentou em 19/09/12 at 16:51

    e tudo isso cabe na capitular dum conto borgeano ou na ausência de vírgula dum texto de joyce.

    mas bacana esse movimento (esforço?) em torno (em prol?) da literatura!

    confesso que o romance da polinha oloixarac faz muito sentido em diversas horas.

    • Raquel Cozer comentou em 19/09/12 at 16:58

      Aliás, esqueci de citar que o nome “Small Demons” é inspirado em citação do “Tiön, Uqbar, Orbis Tertius” 😉
      (Do romance da Pola eu não gostei muito não rs)

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