O que podemos aprender com o jurado C
19/10/12 18:30Na noite de 28 de novembro, quando o Prêmio Jabuti estiver prestes a anunciar seus vencedores nas categorias livro do ano de ficção e de não ficção, todas as atenções estarão voltadas para outro nome: o do jurado C, que poderá então, junto com o resto do júri, ser conhecido. A não ser, como atentou o jornalista Carlos André Moreira, que a notícia vaze antes, já que o caso do jurado C ganhou ares de fim de novela nesse nosso pouco palpitante mundinho literário.
O jurado C, se é que alguém ainda não sabe, foi a pessoa que bagunçou a divulgação dos resultados da segunda fase do Prêmio Jabuti, ontem à tarde. Ele e os jurados A e B eram responsáveis por dar notas de zero a dez para os dez livros finalistas na categoria romance. Resolveu dar notas entre 0 e 1,5 a cinco dos finalistas, o que tornou impossível para qualquer um deles vencer, já que era preciso ter a nota mais alta na média dos votos de cada jurado.
O curioso foi que o jurado C, voluntariamente ou não, impôs um posicionamento político ao prêmio. Grandes nomes como Ana Maria Machado (“Infâmia”) e Wilson Bueno (“Mano, a Noite Está Velha”) levaram notas mais baixas, assim como outros já premiados ou considerados favoritos, como Menalton Braff (“Tapete de Silêncio”) e Paulo Scott (“Habitante Irreal”).
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O primeiro lugar acabou ficando para o estreante Oscar Nakasato, cujo “Nihonjin” foi publicado pela Benvirá após vencer um concurso de originais. O segundo e o terceiro lugares ficaram para “Naqueles Morros, Depois da Chuva”, de Edival Lourenço, e “O Estranho no Corredor”, de Chico Lopes, talvez os nomes menos conhecidos da lista de dez finalistas.
José Luiz Goldfarb, curador do prêmio, disse ao UOL que o jurado C já participara de edições anteriores, mas que desta vez se aproveitou do fato de as notas poderem ser de 0 a 10, e não apenas de 8 a 10, como foi até 2011. Vi listas de jurados de outras edições e posso dizer são nomes não necessariamente conhecidos no meio literário. Considerando que todo ano eles precisam de três nomes que aceitem se comprometer a avaliar mais de cem títulos, e que o Jabuti não repete jurados em anos seguidos, não é de se espantar que seja assim.
O que não ficou claro para mim foi se o jurado C desclassificou favoritos para dar vez aos que na teoria tinham menos chance, se achou os livros umas porcarias indignas de serem chamadas de romances ou se foi espírito de porco mesmo. A primeira opção me parece mais simpática, embora eu tema que na verdade tenha sido a alternativa três.
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Independentemente disso, a despeito de ter pesado a mão ao fazer valer seu direito de voto, sendo inclusive injusto, o jurado C ajudou a espanar uma poeira que costuma assentar sobre prêmios literários. Importante ressaltar, porque dei margem a leituras erradas: não defendo o que ele fez, só acho que sua atitude radical trouxe questões pertinentes à tona.
Entre os méritos de um prêmio, está o de levantar debate, dar voz ao autor, apontar o diferente. Enfim, tirar as coisas do lugar (algo diferente de criar cotas para iniciantes, por favor). Por isso não posso dizer que tenha achado bom, por exemplo, o Prêmio São Paulo de Literatura agraciar “in memoriam” “Vermelho Amargo”, de Bartolomeu Campos de Queirós. Não entro no critério de se o romance era melhor ou pior que os outros, o que é passível de discordância mesmo entre jurados, mas o prêmio teria rendido mais debate se um autor na ativa fosse o escolhido.
Ninguém tem dúvida de que Ana Maria Machado é uma excelente escritora. Ou tem? Eu não tenho. Não fosse o jurado C, ela acrescentaria à sua prateleira mais um merecido Jabuti. Querendo ou não, o jurado C pôs no topo um estreante, alguém que não teve destaque ao ser publicado e que no entanto foi merecedor de figurar entre os finalistas, tendo concorrido com mais de cem títulos. Em última instância, é melhor que estejamos sendo apresentados a Oscar Nakasato do que que venham nos repetir que Ana Maria Machado é uma excelente escritora.
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P.S.: a história serve a ilustrar vícios de premiações, mas não é bom um prêmio ser frágil ao ponto de um único jurado interferir assim. No Facebook, lembraram que até escolas de samba sabem evitar isso, mas, enfim, no Rio elas só corrigiram o método de votação nos anos 80, depois que uma louca deu nota 6 para todas, menos para a Mocidade, e fez a escola ganhar. O Jabuti já se comprometeu a corrigir isso para 2013. Essa molecagem é mais uma prova de que precisa rever mais, precisa rever todo o seu conceito. Ou alguém acha que todos os jurados leram todas as dezenas (às vezes mais de cem) de livros inscritos nas categorias que julgaram?
P.S. 2: a Fernanda de Aragão, escritora, fez um bom post destacando também o aspecto político do posicionamento do jurado.
P.S. 3: as duas últimas notas do post acima poderiam entrar nesta discussão: será que o poço criativo da literatura está seco?
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Tanto drama!
Será que alguém que vendou 19 milhões de exemplares faz questão de um prêmio que cada ano fica mais infame.
Tudo é uma questão de alfabetização mesmo:
Primeiro temos que aprender com jurado A, jurado B e, depois, com o jurado C.
Estava até pensando em comprar o livro da Ana, mas agora …
Quando se quer muito o jabuti, ele acaba ficando indigesto: o autor não dá exemplo do bom senso e o leitor já tem uma péssima impressão do conteúdo do livro escrito por escravos de premiações.
Linda, não podemos aprender nada com jurado C, passamos pelo jurado A.
bjs
concordo contigo, Raquel
de fato, ninguém sabe qual a razão da atitude do jurado C, mas se serve para que repensem um sistema em que os jurados, por falta de tempo ou vontade, deixam de ler todas as obras para priorizar o que já é reconhecido … ponto para o nosso mundinho literário, que orbita este sempre controverso prêmio
=]
Vamos premiar Jô Soares logo! E acabar de vez com este prêmio!
Olhem o diz a orelha do NIHONJIN: “é uma história particular, que mostra a origem multicultural do Brasil em tempo e lugares ainda pouco explorados na literatura brasileira”
Então que dizer que já temos uma tendência (o tendencioso) já na escolha do NIHONJIN.
A escolha política e/ou assistencialista (literária) é gritante.
Por exemplo, escolher o livro “Em Alguma Parte Alguma – Ferreira Gullar ” livro e do ano. É brincadeira.
“O Tempo e o cão – Maria Rita Kehl e Leite Derramado – Chico Buarque de Hollanda ” foi o ano dos socialistas literários
Na verdade, o Prêmio Jabuti vive uma severa esquizofrenia “seletivista” do leite derramado para frente: ser ou não ser assistencialista.
Agora, o leite foi derramando e isto tudo começou quando o PT assumiu o poder.
Hahahahahaha, deixe de ser doido, isso nada tem a ver com o PT. Aliás, o Gullar não gostaria nada de ser associado ao PT nesse seu raciocínio.
Gullar não sei, mas Maria Rita Kehl e Leite Derramado – Chico Buarque de Hollanda ambos têm influencia partidária. Mais a irmã de Chico, ex-ministra. Não dá para dispersar a influência política nas premiações literárias. Há sim.
Não vamos longe: A Direita (Reinaldo Azevedo – VEJA + Se Eu Fechar Os Olhos Agora – Edney Silvestre + ) que começou um manisfesto para tirar o Jabuti de Chico ou a Esquerda, e passar para as mãos da Direita.
Esse ideologia de dar o prêmio mais “fraco” é coisa partidária. Dar para o mais fraco ou para o maior medalhão.
Gente, cês tão doidos. O Chico Buarque é um excelente romancista, elogiado inclusive pelo “grande romancista americano”, o Jonathan Franzen. Gullar odeia tudo o que o PT representa, ele escreve todo domingo na Ilustrada falando mal do PT. Se o critério fosse privilegiar a esquerda petista, ele nunca poderia ser um ganhador. Mas é claro que as regras que os malucos inventam podem ser cheias de exceções para fazer sentido. O problema mesmo é o fanatismo de quem quer ver partidarismo onde não tem.
Senhor Marcelo Dias, você é muito mal informado. O Ferreira Gullar é antipetista. Por que não discutir o mérito dos livros ao invés das preferências eleitorais? Essa oposição de caserna já começa a ficar delirante.
Eu ouvi dizer que o jurado C é um illuminati antiprotopetismo, ex-coronel nordestino que serviu a Gestapo com o intuito de influenciar Jorge Amado a alemanizar a Bahia. Ferreira Gullar aparece na história, mas de maneira muito nebulosa.
😉
Um prêmio em que apenas um dos jurados consegue decidir quem vai ganhar não pode ser levado a sério.
Do mesmo modo que o “jurado C” foi o “paladino dos estreantes”, alguma editora mal intencionada poderia descobrir a identidade de um dos jurados para trazer o prêmio para seus livros.
E levando-se em conta os best-sellers atuais, o que não falta por aqui é editora mal intencionada…
É verdade essa coisa de revelar a identidade de um dos jurados…
Sobre o poço criativo da literatura, seco não está. O que seca e enxuga a literatura (e outras coisas) é todo o entorno.
Enquanto houver subjetividade, haverá desejo e a literatura se manterá. Quando este entorno encobertar toda essa voz que quer sair de dentro, aí sim, a literatura estará fadada ao fim do poço sem água.
A critica que fazem ao futebol profissional, de que o jogadores, escamoteados no discurso do capital, deixam de vestir a camisa é o mesmo tipo de discurso que a literatura está tomando, como um todo, quando a literatura se submete a este mesmo dicurso do capital.
Mas tanto no futebol, como na literatura, vez ou outra aparece uma voz para dizer porque quer jogar de um jeito e não de outro, porque quer fazer literatura de um jeito e não de outro. Um jeito diferente daquele que dizem como correto, que dizem como eficaz. Que dizem e que dizem.
Então esse jeito novo ganha visibilidade, principalmente em torno da criatividade de jogadas inesperadas, de textos inesquecíveis. Torna-se notório.
Sim, são poucos os que conseguem desafiar o discurso vigente, e tem muitos outros espalhados com talento suficiente para criar uma jogada espetacular, um livro brilhante, e que o sistema engole, deixando o poço nem tão farto quanto poderia.
Do maior escritor do mundo, no Dom Quixote:
“Se se trata de torneio literário, procure Vossa Mercê ganhar o segundo prêmio; o primeiro sempre o conquista o favor ou a alta posição da pessoa; já o segundo é dado por mera justiça.
Assim, o terceiro vem a ser o segundo, e o primeiro, por esta sequência, será o terceiro”.
=)
Depois de tantas engronhas com esse tal “prêmio” alguém ainda o leva a sério? Todo ano é briga. Mutatis mutandis vale o dito popular: em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. Acabem de vez com esse tal Nobel subdesenvolvido terceiromundista ou troquem seu nome. Estão achicalhando com a imagem de um animalzinho tão docil e simpático. Já tive um e falo por ele
Haha, também já tive dois. Um deles chamava Moacyr, em homenagem ao jabuti da Turma do Pererê. O outro não tinha nome: a gente achava que era fêmea e descobriu que era macho. Eles eram um casal gay
Se a ideia é apresentar o novo, crie-se um prêmio específico para autores novos ou estreantes. O Jabuti deveria ser para escolher o melhor do ano. “Ah, mas Fulano já ganhou X vezes”? Então tá: na próxima Copa do Mundo quem já foi campeão não pode disputar. Assim damos uma chance para Bolívia, Turquia e Japão também ganharem uma vez.
É bem diferente, Marcos, acho que não me fiz clara. Quando falo em “novo”, não quero dizer necessariamente autor novo, mas no que seja inovador, no que traga algo novo para o ambiente literário. Um autor consagrado pode fazer isso também, é claro. O que acontece é que numa Copa as seleções disputam partida a partida e vão sendo eliminadas ou indo em frente conforme o desempenho em cada partida. Num prêmio como o Jabuti, em que cada jurado avalia mais de cem obras na categoria romance, você realmente acha que eles tenham lido todas? Ou que tenham feito uma pré-seleção por nomes e daí lido alguns antes de fazer a seleção final? A coisa está toda errada desde o começo. Ana Maria Machado provavelmente chegou à final porque seu nome e seu mérito pelo conjunto da obra fizeram com que deixasse para trás muita gente que nem sequer foi lida. Não estou falando de cotas aqui.
Uma coisa interessante que falaram por ocasião da polêmica envolvendo o livro do Chico (que eu acho uma bobagem, pessoalmente, porque o livro do Chico é ótimo): há prêmios que servem para dar notoriedade a autores. Muitos prêmios no Brasil fazem o contrário: selecionam medalhões para que os medalhões deem notoriedade a eles, os prêmios.
Ah, mas então a gente está falando a mesma coisa. Quando eu defendo que o prêmio vá para o melhor do ano, eu entendo com isso, inclusive, que vá para o mais inovador, o que levante mais questões e o faça melhor. Sem ter lido nem a AMM nem o Nakasato, não sei qual dos dois foi mais feliz nesses (e outros) quesitos. Mas, da mesma forma que a AMM pode ter se destacado por já ser um nome estabelecido, isso não pode ser um critério para eliminá-la. Se todo ano ela escrever o melhor romance brasileiro, que ganhe uma coleção de Jabutis.
Entendi. Mas não defendo que seja critério para eliminá-la, só defendo que seria interessante os jurados terem lido todos antes de selecionar dez (arrisco dizer que não o fizeram, não houve tempo), e que ela não fosse beneficiada pelo fato de ser quem é!
Raquel, acho a linha do seu comentário perigosa. O crítico ou o jurado de um prêmio não é um justiceiro, um Robin Hood dos autores pouco conhecidos. Ele só tem um compromisso: com a análise ponderada, medida, balanceada. Acho que essa postura, seja lá quem for o jurado C, não contribui em nada para “espanar a poeira” sobre os prêmios literários. Pelo contrário: ele só joga m. no ventilador. E essa não me parece uma postura condizente com a função pública que ele se dispôs a desempenhar.
Sou professor, e corrigir provas é parte do meu ofício. Quando dou 1,5 para alguém, o recado é o seguinte: isso é um equívoco do início ao fim. Então será que quase todos os romances finalistas do Jabuti têm esse grau de equívoco? Sobretudo em itens tão banais como “enredo” e “construção de personagem”. Li, e não gostei nem um pouco, de Habitante Irreal. Mas 1,5 para enredo? O que é isso? Para mim, só pode significar uma coisa: tentativa de favorecimento a A ou B. Porque, se a ideia fosse “fazer pensar”, ele poderia jogar a m. dele em todos os concorrentes.
Enfim, essa molecagem não teve nada de saudável, pelo menos essa é a minha opinião. Ela é mais sintoma que diagnóstico da indigência do campo literário brasileiro.
Oi, Felipe. Pois é, por isso digo que temo que ele tenha sido só espírito de porco na verdade, embora me pareça mais simpática a ideia de que ele quis sacudir um pouco a coisa.
Na verdade, acho a seleção do prêmio esquisita desde o começo –117 livros, numa baciada, para cada um dos três jurados avaliar, num intervalos de uns três meses? Você acha realmente que eles leram os 117 livros ponderadamente e escolheram os dez finalistas ou que eventualmente leram alguns e selecionaram os outros pelo nome, mesmo? Será que não vale pensar que está tudo errado desde o começo? Como falei, é tudo especulação, mas, para mim, está mais do que na hora de deixar para trás essa preguiça de premiar sempre quem já é reconhecido, como costuma acontecer nas categorias de ficção do Jabuti.
Concordo, Raquel. Os prêmios não funcionam mesmo, em geral são preguiçosos e óbvios. Só lamento a atitude do tal jurado porque, a partir de agora, os prêmios tentarão se proteger mais e mais… E o Jabuti há tempos que é o mais preguiçoso deles todos.
É verdade, o efeito pode acabar sendo só negativo. Eu não estava exaltando o jurado C, apenas pensando nas repercussões da postura dele, mas seu ponto de vista faz mesmo pensar que as consequências podem mesmo não ser positivas
Não sei se chamar a atenção para o livro pode ter sido a intenção do jurado C, mas agora vou ler o livro do Nakasato e o da Ana Maria Machado.
Acho que nesse momento um prêmio vale a pena, quando leva as pessoas a ficarem curiosas sobre os livros envolvidos =)
A fragilidade foi exposta, e de modo muito cosnciente, se o Jurado C vai se tornar heroi ou vilao, o tempo dirá. Mas como escrevi em meu blog, os vilãos de uns serão os herois de outros. É o fim de seu post, não? Melhor ser apresentado ao novo a dizer mais do mesmo.
Repito o fim do post de meu blog. O Jabuti foi abalado na sua estrutura subjetiva.
Bom post, Fernanda, vou linkar no meu!
Obrigada Raquel. Eu queria mesmo era saber as razões do dito. Descobre quem ele é e bombardeia ele de perguntas!
Um abraço!
Descobriremos e faremos isso! Acho que ele não imaginava que seus votos iam ser divulgados, geralmente só sai o resultado final!
Teria que ler o livro de Ana Maria Machado e o livro de Nakato para dar minha opinião e creio que não estejam em minha agenda para este ano! Se é novo talvez seja revolucionário quem sabe no começo do ano que vem..
raquel, nao foi nessa mesma ediçao que um livro nao fora incluido na listagem final por erro de contagem e soh depois viram o erro? Talvez comece a ficar dificil alguem querer assumir o pepino que tem se tornado o jabuti. Mas gostei mesmo do que vc escreveu!
Pois é. Acho que este é o ano em que tudo tem de mudar no Jabuti, mas tudo mesmo, sem que sejam só mudancinhas burocráticas, se ele quiser alcançar 2013 com alguma relevância.
Também acho que prêmios literários devam ser dados a escritores na ativa, não que Bartolomeu não mereça, claro. Além de mineiro, ele foi maravilhoso. Ana Maria Machado, apesar de ser “estrela” também é maravilhosa escritora. Mas senso crítico também deve ser considerado. Afinal, como você mesma disse “pouco palpitante mundinho literário” alguém tem que ter coragem de ser diferente e mostrar algo que talvez a mesmice não tenha mostrado. Salve jurado C! Ah tem um detalhe, Chico Lopes, grande amigo, escritor fantástico e tradutor de primeira, morou em Poços de Caldas até duas semanas atrás, depois de longos 33 anos vivendo aqui. Foi acompanhar sua esposa, transferida para Brotas pelos Correios. Mas ele estará aqui no Flipoços 2013. Presença garantida.
Adorei o “além de mineiro, ele foi maravilhoso” <3
Não sei se a “escola de samba” do Facebook foi a minha, kkk, mas o que eu acho é que todos os prêmios fora (tipo “novesfora”, se é q vcs me entendem), o que a literatura brasileira precisa é de começar a vender de verdade, não? Ou não se profissionalizará nunca! Beijos, Raquel!
Hahaha, não, foi no meu mural. E, sim, precisa começar a vender! =)
Não sei se alguém lembra, mas Goldfarb, além de curador do Jabuti, foi curador do Prêmio Benvirá. Aquele que deu o primeiro lugar ao Nakato. Coincidência?
Coincidência mesmo. Ele não tem nenhum poder de escolha nos finalistas do Jabuti, o trabalho dele é só tentar coordenar a bagunça. E ele ficou visivelmente passado com a postura do jurado C, deixou isso claro em todas as entrevistas.
Mas quem escolheu o Jurado C?
Eles têm um conselho curador para isso. E, mais uma vez: a preocupação dele é em manter a credibilidade do prêmio, que vive sendo questionado por problemas na organização, por ser inchado demais. Ele nunca arrumaria essa sarna para se coçar por livre e espontânea vontade.
Salvem o Jurado C, nosso novo heroi, Troll do Ano!!!
rs, calma, vamos descobrir a intenção do homem antes de torná-lo herói. Por ora é tudo especulação que faz pensar!
As falhas do Enem estão para a educação assim como as polêmicas do Jabuti estão para a literatura. A cada ano, uma nova – e certa – surpresa.
Não li o romance vencedor, mas duvido que os outros se distanciem dele tanto quanto apontam as notas do jurado C (por exemplo: a narrativa do Paulo Scott é, no mínimo, boa)… Tampouco acho justo que o poder de decisão se concentre em uma só pessoa. De qualquer modo, vida longa ao vencedor.
Encontrei uma imagem do que seria a folha com as notas dos jurados; não chequei a veracidade, mas aí vai: http://artedaspalavras.files.wordpress.com/2012/10/juradoc1.jpg
Sim, Francisco, com certeza há problemas no método do jurado C. Acabei de comentar que o Paulo Scott merecia ser visto com mais carinho. Nota 1 para ele (parece real esse doc. Não tem a íntegra?) é certamente uma injustiça, assim como é o 0 para a Ana Maria Machado. O que quis dizer no post é que o método radical do jurado C ajuda a fazer pensar sobre métodos preguiçosos de prêmios culturais em geral.
Ah, sim. Também espero que a polêmica da vez traga alguma contribuição na maneira como os prêmios literários se apegam ao óbvio…
Sobre a imagem, descobri que ela foi postada via Instagram, segue o link original (e acho que é a única, mesmo): http://instagram.com/p/Q8e8TQuppK/
Quando soube do fato ontem, fiquei feliz por ter surgido alguém que ousou dar notas baixas a escritores já consagrados. Pode ser que tenha exagerado, quem sabe, mas certamente sua atitude abriu as portas para novos talentos .
Pois é, o Paulo Scott, por exemplo, acho que podia merecer um olhar mais detido. Se fez um protesto, se foi isso, ainda assim o jurado C deve ter pecado por injustiça. Mas, afinal, o que é justiça num prêmio literário? =)
O livro de Ana Maria Machado é muito ruim, constrangedor até; acho maravilhoso que um autor desconhecido tenha ganhado, vou ler o romance dele e tentar chegar a uma conclusão; o problema é que esses prêmios estão dominados pelos LOBBYSTAS de nossa literatura, os escritores-profissionais-politiqueiros, como Ana Maria Machado, Nelida Pinon, e toda a máfia que domina a ABL. As editoras pequenas também precisam de uma chance no Jabuti, todo ano só dá as mesmas… Lobby é uma tristeza, algo muito nocivo à inteligência e à democracia do país… Os grandes escritores da humanidade nunca viveram de prêmios, nem da própria literatura… Essa panelinha mafiosa dos escritores no Brasil é oportunista e rasteira…
Bem, considerando que o prêmio é no valor de R$ 3.500, não deve fazer a menor diferença na vida da Ana Maria Machado, mas o fato de ganhar um Jabuti pode (ou não, considerando que o Jabuti não está exatamente em alta) ajudar o Nakasato a ter o próximo livro divulgado. Ao menos é uma linha a mais para a apresentação na orelha do livro =)
Raquel, num país como o Brasil, onde o meio literário vive muito mais de aparências e falso glamour do que de dinheiro, R$ 3.500,00 para um escritor que viva de sua literatura é bastante, sim. Não deve ser o caso da Ana Maria, pois como ela sempre soube se autopromover bastante, de fato nem deve mais viver de literatura, pois já galgou cargos inclusive oficiais para garantir seu caviar e sua cobertura no Leblon… E pensar que Clarice e Hilda Hilst morreram na miséria… Além disso, volto a dizer que prêmios são lobby e comércio estratégico e selvagem para promoção de determinados autores; exceto Balzac, que eu me lembre nenhum outro grande escritor da humanidade vivia de sua literatura; escritor não precisa de prêmio, precisa de papel, caneta ou de computador; só quem vive de literatura (que é diferente de ser escritor), ou as editoras, que afinal precisam sobreviver, é que vivem atrás de prêmios… E quanto mais desconhecido seja o autor, tanto melhor que ele ganhe prêmios, sim…
Dane-se o auê; concordo com a terceira seção do teu texto.
O prêmio São Paulo “in memoriam” pareceu-me, um pouco, uma escolha covarde, meio preguiçosa. Tipo todo ano colocar a Meryl Streep como indicada ao Oscar, nem que seja para dá-lo a pessoas que merecem muito menos: só pra não ter que pensar muito em que será a 5ª atriz indicada.
Beijo, Raquel. Keep doin’ the good work.
(opa, tinha escrito memoriam errado, abafa) =)
O jurado C na verdade é a Cecília restauradora.
Acho que esse prêmio foi mais uma (justa) homenagem póstuma do que qualquer outa coisa… e os herdeiros, sempre ávidos por viver da grana dos autores da família (sendo que na maioria das vezes a família nem sequer leu esses autores em vida…), agradecem…
Se ainda existe no Brasil o que se chama de crítica literária ela deveria estar atenta então. Os resenhistas e afins são muito preguiçosos e preferem se debruçar sobre o que já conhecem do que pescar novidades. Então ficamos nesse “mundinho literário” pequetito e não cumplidor e deixamos escapar pérolas… seja qual for o recado eu adorei a saudável molecagem do jurado C
Saudável molecagem =)