Painel das Letras: Linha de chegada
20/10/12 03:00A concorridíssima corrida pelo mercado de livros digitais no Brasil deve fazer com que Amazon, Google, Kobo e Apple estreiem aqui em novembro com poucos dias de diferença. Quem conhece a Amazon acha improvável que ela compre a Saraiva, conforme rumores recentes, mas acredita na estreia da amazon.com.br, com venda de e-books em português, no mês que vem (atualmente o link está fora do ar). Embora a venda do Kindle no Brasil esteja indefinida, há 300 mil usuários do Kindle Books em português no mundo, considerados aí os aplicativos para tablets e celulares, o que torna a venda só de e-books um bom negócio por ora.
A empresa já fechou com quase 200 editoras nacionais, a maior parte representada pela distribuidora Xeriph, mas ainda não com as seis representadas pela DLD, que respondem por cerca de 35% dos best-sellers no país. A mesma DLD, no entanto, fechou com Kobo –que estreia já com um modelo de e-reader– Google e Apple.
Livro, obra de arte
A organização da participação brasileira na Feira de Frankfurt 2013 estuda fortalecer a presença do país com estandes em vários pavilhões, além do estande principal, de 500 m². Já foi solicitada à feira área de 100 m² no pavilhão de livros de arte para a mostra “Além da Biblioteca”, com obras artistas como Lucia Mindlin Loeb, Marilá Dardot e Odires Mlászho, feitas a partir do objeto livro.
Em alta 1 A Companhia das Letras fortalece seu time de jovens autores. De Andrea del Fuego, 37, contratou romance inédito e ainda comprou “Os Malaquias” (Língua Geral, 2010), vencedor do Prêmio José Saramago.
Em alta 2 A editora assinou também com a roteirista Juliana Frank, 27, que estreou como romancista em 2011 com “Quenga de Plástico” e lança em breve “Cabeça de Pimpinela”, ambos pela 7Letras. A Companhia prevê para 2013 o inédito “Meu Coração de Pedra Pomes”.
Tons digitais Em dez meses no mercado digital, a Intrínseca comercializou 28 mil e-books. Quase um terço disso, cerca de 9.000, diz respeito às vendas dos dois primeiros títulos de “Cinquenta Tons” só em setembro.
Força Na Feira de Frankfurt, a Sextante adquiriu os direitos de “Davi e Golias”, que Malcolm Gladwel começou a escrever após publicar na “New Yorker” artigo explicando que em quase um terço das batalhas os mais fracos vencem se forem criativos.
I’ll be back Também na feira, Marcos Pereira, sócio da Sextante, ouviu de Arnold Schwarzenegger a notícia de que virá ao Brasil em maio para promover um evento de fisiculturismo no Rio e divulgar a biografia “Total Recall”, que a casa carioca lança no mês que vem. O ator esteve num fórum de sustentabilidade em Manaus em 2011.
Todo mundo quer Sem editor no Brasil, o chinês Mo Yan deve permanecer assim por algum tempo devido a uma briga internacional. Com o anúncio do Nobel, a mega-agência Wylie disse estar negociando a obra dele com vários países. Mas a agente americana Sandra Dijkstra afirma que representa Mo Yan “desde o começo”.
Outro chinês Enquanto isso, a Estação Liberdade adquiriu em Frankfurt romance de outro chinês inédito no Brasil, Chen Zhongshi. “No País do Cervo Branco”, volume de 800 páginas sobre clãs rivais na China rural no século 20, levou em 1997 o Prêmio Mao Dun –o mesmo que Mo Yan ganhou em 2011 pelo romance “Wa”.
Poço seco 1 “A literatura era, no final das contas, um recurso não renovável –como o petróleo, a água– que foi drenado e consumido a cada nova geração”, argumenta o filósofo britânico Lars Iyer, em texto na “Serrote #12”, que chega às livrarias no dia 29. “Chegamos a um ponto em que o modernismo e o pós-modernismo encontraram o poço seco.”
Poço seco 2 Iyer defende que vivemos uma “inflação” de autores e leitores e que nos resta “perseguir os rastros do literário”. Antes de a revista chegar, o editor Paulo Roberto Pires fala sobre a relação de editores com a filosofia, no dia 23, na Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia, em Curitiba.
Não, Raquel, o poço da literatura não está seco. Ao contrário. Abundam obras novas e boas, cujos autores até sinalizam para jornalistas, como vc, que não enxergam enão tem o mínimo interesse em ir atrás do novo, investigar. Acomodou-se, porque é mais cômodo seguir o que as grandes editoras oferecem do que garimpar novos talentos. Mo Yan, um desconhecido para as “grandes” brilhou recebendo o Nobel. Digo isso de cátedra. Pedi um endereço para lhe enviar meu livro, com resenhas boas de críticos, mas vc não deu a mínima. Pq? Pq minha editora é ínfima o que pode trazer a falsa impressão de que o autor tbé o é. Mas, fazer o quê? Viva os desconhecidos, pq. o Nobel é justamente deles. Abs.
Não, Marco, não respondi porque não dou conta das centenas de emails que recebo por dia. Inclusive passo semanas sem responder emails das editoras grandes também, e daí elas me reencaminham os emails perguntando se eu li, muitas vezes mais de uma vez. E recebo mais de 50 livros por semana, obviamente não dou conta de ler nem um vigésimo disso, e recebo muita porcaria também, o que infelizmente faz com que os bons possam se perder. Vivo respondendo a pequenos editores e autores independentes quando consigo, tanto que até me dou ao trabalho de responder a todo mundo que comenta aqui no blog, o que a maior parte dos blogueiros não faz. Uma pena que você tire conclusões dessa maneira.
Não precisa ter pena, a realidade é esta: falta voz e vez aos novos escritores e muita luz e som para os que já estão sob o sol. É preciso um novo olhar. Se vc não consegue ler ler os livros é pq as ferramentas que levam até vc estão erradas, ou arcaicas. Se não consegue ler ou encarar o novo na literatura, então coloque um aviso no seu blog: não leio novos escritores. Não insistir! A existência do seu blog parece ser um mural, mas, ante a sua resposta, passa a impressão de que é um muro. Desculpe a aspereza das minhas palavras, mas o acesso até vc deve ser repensado. Mas obrigado por me responder, pelo menos democrático o seu blog é. Saudações de mais um que caiu na “marginalidade literária”. Viva Plínio Marcos! Viva Mo Yan! Salve o sempre moribundo escritor desconhecido! Salve o Corinthians…
A aspereza de suas palavras é resultado de pura vaidade. Você não está pensando em ninguém além de você mesmo. “O acesso até você deve ser repensado” é uma das coisas mais engraçadas que já li. Agora a culpa é minha porque se lançam 55 mil títulos no Brasil por ano. Talvez eu devesse abandonar meu trabalho de edição, reportagem e a coluna, que pagam o meu salário, e passar o dia só lendo livros, fazendo um trabalho social. Que pena que você teve azar, mas quando tenho tempo leio autores novos, sim, e dou resposta a eles quando me chamam a atenção. E inclusive ajudo a abrir portas a esses; muito recentemente, para ficar num exemplo, dei uma página inteira na Ilustríssima para o romance de estreia de Victor Heringer, de 24 anos, de quem eu nunca tinha ouvido falar, mas cuja escrita me impressionou. Pare de se fazer de vítima e tente fazer boa literatura, algum dia você consegue ficar “sob o sol” e daí iniciar um trabalho social pelos novos autores.
Em tempo: Mo Yan não é nada desconhecido fora do Brasil; é uma celebridade na China e tem livros traduzidos para vários países.
Prezada Raquel, a questão não é de sorte ou de azar, mas de oportunidade. Sou vítima, sim, eu e um punhado de escritores que tentam sair da penumbra pesada e sufocante imposta pelo mercado editorial e pela imprensa especializada. Em nenhum momento eu disse para vc abandonar o que faz, porque vc faz muito bem. Continue. Até pq o debate que ora estabelecemos, ora quedando para as raias da rixa, ora pendendo para a semeadura de ideias, é fruto desse seu blog. Agora, vc disse algo que me incomodou: “tente fazer boa literatura”. Vc sabe se eu faço ou não boa literatura? Não, não sabe. Mas lanço um desafio: leia meu livro. Se vc gostar, publique uma linha, ou meia linha de elogio. Se vc não gostar, publique uma página inteira, uma página inteira e mas uma metade. Mas, para tanto, vc deve ler o meu livro para, daí em diante, concluir se eu faço ou não boa literatura. Eu mando um exemplar para vc sem problemas. Somente indique para onde eu envio. Por fim, qto a vaidade, não sou diferente dos outros escritores, não sou diferente de ninguém, mesmo os que dizem que não são vaidosos: a modéstia é uma vaidade disfarçada e a mentira é a verdade de costas. E, se um dia for reconhecido, que mal há em ajudar um outro escritor? Aliás, na minha profissão – na qual o sol faz bolhas em minha carne – diuturnamente ajudo novos e velhos profissionais da minha área. Não se trata de humildade, nem vaidade ao avesso, mas de solidariedade. Aceita o desafio? Terei o maior prazer em ver vc criticando o meu livro. Mas, pelo menos, vc o terá lido. Topa?
Em tempo: Não disse que Mo Yan é desconhecido fora do Brasil. Eu disse aqui, no primeiro post, que no Brasil as grandes editoras o desprezaram. O fato de ele ser traduzido em vários países só reforça a minha tese sobre o desprezo pelo novo aqui em nosso país. Aliás, vc já tinha publicado algo em relação a ele? Pelo que eu me lembre, desde o Sabático até aqui, necas, nada, salvo engano e já estendo minha mão à palmatória. Abs.
Marco, não é com grosserias e acusações que você conseguirá algo, mas lhe desejo boa sorte.
Prezada Raquel, em nenhum momento tive a intenção de ofender ou de ser grosseiro. Se ultrapassei a fronteira entre a cortesia e a indelicadeza, entre a liberdade de expressão e a baixaria, apresento-lhe minhas sinceras desculpas. Sou e continuarei assíduo leitor do seu blog. Se críticas fiz, as acolha como construtivas. Sem mágoas.
Da discussão sobre o Jabuti, acabei caindo aqui, e fiquei muito curiosa sobre o texto do leitor/autor Marco Antonio Hatem Beneton. Não é piada, gostaria de ler ao menos um trecho de 5 a 10 linhas no máximo, pois como leitora contumaz, posso responder com sinceridade, e claro, decifrar minha curiosidade: se é realmente um bom texto de um autor injustiçado, ou apenas um autor, entre tantos, que considera ótimo um texto medíocre.
Aguardo ansiosa! Saudações literárias! Camila
Oi, Camila! Não diria que dez linhas permitem avaliar a capacidade de alguém, mas vou pedir para que ele mande esse texto para o seu email, o camila_pgarcia@yahoo.com.br, porque depois dos argumentos egoístas dele, de quem acha que é descaso o fato de uma única jornalista não conseguir ler as dezenas de pessoas que pedem para ser lidas toda semana, e de quem ainda por cima questiona o profissionalismo dessa jornalista por conta disso, enfim, depois dos argumentos egoístas dele eu prefiro que ele converse diretamente com vc, ok? beijo!
Ô, Raquel… Eu já te pedi desculpas se fui agressivo ou grosseiro. Não questionei o o teu profissionalismo. Se tivesse feito isso, não estaria lendo os posts e os textos que vc adiciona. Fiz críticas? Sim, fiz, mas já disse que foram construtivas. Aliás, sinto-me emocionado porque a Camila já demonstrou interesse em ler um texto meu e eu encaminharei com o maior prazer. Diga-se de passagem, o novo que eu falei p/ vc pode ser que passe por aí, nessa troca de informações. Todos saem ganhando, a literatura – acredito eu, uma paixão em comum – sai ganhando e aquela pergunta inicial que vc fez (se o poço da literatura está seco) pode ser desvendada, sabe pq? Porque todos estão ávidos por bons textos literários e o seu blog e o seu profissionalismo podem fazer muito bem essa ponte entre o público e o novo. Repito: sou teu leitor e vou continuar sendo. Mas não me julgue por achar que sou egoísta. Sou? Não sei, só sei que sou falível. Parabéns por concretizar a liberdade de expressão. Vou encaminhar um texto meu para a Camila. Desde já, obrigado por fazer essa ponte. Abs.
Se o “poço” da literatura estiver seco, deve estar desde a antiguidade clássica, ou antes. Quem pensa que o “modernismo” ou o assim chamado “pós-modernismo” inovou em alguma coisa a maneira como se faz literatura está deslumbrado demais. A questão é que o poço em que bebe quem lê e escreve literatura está desde sempre vazio. Escrever literatura não é outra coisa senão falar sobre a sede, ou dizer a sede. O que mata a literatura é quererem dar-lhe sentido ou justificativa vivencial, política, psicológica etc. etc.
Boa!
A mudança do formato e o uso de novas mídias em minha opinião não irá jamais abafar as novas (ou antigas) publicações em papel, nem tampouco tirar o prazer da leitura de um bom livro, com cheiro de novo ou velho… Contudo, acho bastante interessante a mudança, a busca pelo novo, afinal, isso gera discussão, emprego…, dissemina de forma mais atual e rápida a leitura e chega a um número maior de jovens que hoje não vive sem um artefato eletrônico.
Pingback: Folha de S.Paulo - Blogs - O que podemos aprender com o jurado C | A Biblioteca de Raquel
vai entender esse mundo literário, né?
no meio das notas, cita gente que não conseguiu manter sozinha, nem por um mês, blog no site da mtv e ainda deu chilique!
Quem é? F?
jf.