Editora de Ana Maria Machado pede ao Jabuti esclarecimentos sobre jurado C
22/10/12 11:31A Objetiva, editora de “Infâmia”, livro de Ana Maria Machado que recebeu nota zero do jurado C no Prêmio Jabuti, acaba de enviar este comunicado à imprensa:
“A Editora Objetiva vem expressar sua perplexidade diante das informações divulgadas pela Câmara Brasileira do Livro a respeito da apuração do resultado do Prêmio Jabuti de 2012, categoria literatura.
Ao se confirmarem estas informações, fica evidente uma manipulação do resultado por parte de um dos jurados. Seu voto, em vez de refletir uma avaliação qualificada de cada uma das obras finalistas, pode evidenciar a determinação de eleger uma obra vencedora a qualquer custo, ainda que para isto fosse necessário apelar a uma série de notas zero para os demais finalistas.
Como editores do romance INFÂMIA de Ana Maria Machado, não podemos deixar de expressar nosso desconforto diante da informação de que no escrutínio final para a escolha do romance vencedor, INFÂMIA recebeu uma nota dez, uma nota nove e meio, e do jurado em questão, um zero.
Diante deste fato sem precedente nos 54 anos de existência do Jabuti, nos parece necessário esclarecer dois pontos:
1. quando o jurado em questão definiu o seu voto no último escrutínio, ele tinha conhecimento dos votos dos demais jurados para cada finalista nos escrutínios anteriores?
2. o jurado em questão atribuiu nota zero ao romance INFÂMIA em todas as rodadas de votação, ou apenas na última, para alcançar uma improvável e distorcida média matemática?
Esperamos que, no espírito de transparência que deve nortear o Prêmio, os organizadores esclareçam estas questões, o que permitiria um melhor entendimento sobre o resultado final.
E uma vez que o próprio curador do Prêmio afirmou que o jurado em questão “não era adequado ao prêmio”, esperamos também que doravante a seleção de jurados seja mais criteriosa, reduzindo o risco de posturas oportunistas.
Roberto Feith
Diretor
Editora Objetiva”
“…é preciso levar em conta que é um prêmio do mercado, tem que contemplar capa, ilustração, fotografia, categorias que um prêmio puramente literário não tem que carregar nas costas.” Então eu me pergunto: É relevante toda essa discussão em torno da questão envolvendo o jurado “C” ou trata-se apenas de mais uma artimanha para elevar o ibope? Por que não discutimos Literatura – os livros e os autores – ao invés de permanecermos focados apenas naquilo que o Mercado nos empurra goela adentro? Abraços, Jorge
Pois é, Jorge, este blog é um blog dedicado também ao mercado editorial, então o assunto é pertinente a ele. De todo modo, esse tipo de debate acaba levando, sim, aos livros em si. Eu, por exemplo, já comecei a ler o Nakasato. E estou achando ótimo!
Nakasato: isso sim é relevante! Grato pela dica…
😉
Sinceramente, eu gostaria de entender as razões de tamanho rebuliço por causa do Jabuti…
Não há nenhum prêmio literário relevante no Brasil (entenda-se relevante aquele que aproxime o leitor dos livros), somente patotas se lambendo.
Devem ser pouquíssimos aqueles que correm para ler a orelha de um livro e confirmar se o autor já ganhou um Jabuti, ou decidir-se a trocar a leitura de “50 Tons de Cinza” por qualquer um dos ganhadores do prêmio.
No final das contas, é sempre o mesmo panorama: as mesmas figurinhas carimbadas nos prêmios, e as mesmas porcarias nos mais vendidos.
O jurado C deu uma balançada nisto com este “ato de revolta”, mas ano que vem retornamos à mesma mornidão de sempre, ou a algum outro pseudo-escândalo no mundo literário.
Lendo com calma esse manifesto assinado por Roberto Feith, nota-se que ele ainda não se desvencilhou de seus tempos de repórter da Rede Globo. Tem todo o ranço redaçional dos editoriais que a amissora carióca coloca no ar na voz d’algum locutor de voz empostada quando as coisas não vão bem como ela quer.
Não basta o Dan Brown estar por trás da autoria dos textos de Shakespeare, agora ele também anda causando fuzuê no Jabuti? 😀
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Hahah, eu adoooro o Gauld, boa lembrança =)
O jurado C é o Diogo Mainardi?
Haha, se vc soubesse a lista de opções que já me deram 😉
Qual! se o Diogo Mainardi fosse jurado aí era que a coisa ia ser boa, morri de rir
O jurado C é o Diogo Mainardi?
Mas realmente pra que tanto alarde (é assim que escreve?) Por causa do Prêmio, vão continuar vendendo pouco, ninguém vai ficar muito rico com o prêmio, Ana Maria Machado não é nenhuma morta fome que precisa de 3.500 reais. Aí quando surge uma diversão dessas todo mundo fica enchendo o saco dizendo que é errado o Jurado C (adoro esse nome vou botar no meu filho) dar nota 0, todo mundo que essas coisas funcionam assim na panelinha, a panela do outro vazia é refresco.
Analfabetos não podem ser jurados, podem? Diogo Mainardi… heheh =P
Raquel, fiquei curiosa com a tal lista…
Fico penalizada com essa confusão do Jabuti. Todos perdemos. Não acredito que a CBL seja parcial ou se curve, como vi em um comentário acima, diante de interesses espúrios e mercadológicos. Disso meu Jabuti é prova viva. Mas, acredito tb que esse jurado deveria ser impugnado. N está no direito dele n. Julgar é uma coisa, fazer safadeza é outra. E isso é uma safadeza claríssima. A editora tem toda razão de chiar. Quem sabe estimule as outras a defenderem mais seus autores.
Esse imbroglio todo, talqualmente o mensalão, vai ainda acabar no Supremo. Ô farsa curtura, sô.
Raquel, acho que nova polêmica, pelo segundo ano seguido, do Jabuti só mostra que o prêmio continua sendo um índice relevante. Mas ao mesmo tempo evidencia uma certa dificuldade da CBL em estabelecer um regulamento que não dê margem a tanta gritaria. Fica, para mim, uma sensação amarga de certo amadorismo da Câmara do Livro… uma pena.
É, a CBL vai ter de fazer algo mais que criar categorias no ano que vem. Quiçá eliminar um monte delas para tornar a coisa mais passível de transcorrer sem problemas
É. Mas ainda que eu também seja contrário a esta multiplicação desenfreada de categorias, já está mais do que na hora de separar “Contos” de “Crônicas”.
Não, por favor, deixa eles juntinhos ali! Já tá complicado demais =)
tem uma coisa que parece boba, mas me chamou atenção e que tem passado batida: em um espaço curto de tempo, o jurado é obrigado a ler cem livros e ainda dar notas estratificadas, justificando-as.
não seria mais fácil dar uma nota pelo (conjunto do) livro, sem precisar distribuir as notas por quesito? na justificativa, o jurado poderia comentar que não gostou do enredo, achou os personagens fracos, sei lá.
concordo com o colega acima. reduz um monte de categoria enrolação, separa contos e crônicas (ou chama tudo de prosa curta, pois novelas (ok, ok! ahah) não são avaliadas, basicamente) e cria a de quadrinhos!
Eu sou a maior defensora da categoria quadrinhos, mas ninguém me dá bola! =) Alguém comentou que parece votação de escola de samba, com quesitos, e parece mesmo rs
Você que espere sentada. O Jabuti deu pra mim!
Isso me lembra “deu pra ti baixo astral”… =P
Escrevi “deu pra mim” no sentido de chega.
Nós estamos dando muita importância a um prêmio que a cada ano esta ficando irrelevante.
Eu não vou comprar um livro porque ganhou um Jabuti e nem vou gostar mais ou menos de uma obra porque foi premiada.
Uma obra de arte, seja livro, filme, um pintura, o que for, tem que te encantar ou de dar um soco no estomâgo. O resto é resto.
o zero está dentro do regulamento, sim. mas lá na ponta dele, na margem, tá lá o regulamento todo esticadinho pra validar a nota do jurado. por estar dentro da lei, apenas, não deixa de ser uma piada. acho impossível que o livro não valha nada, como sugere o zero recebido. uma autora como ana maria não escreve livros assim…
Sim, dentro da lei, o que impossibilita a CBL de desconsiderar os votos dele. É espertinho o homem.
Fica claro que a questão mercadológica é infinitamente mais importante que a arte. Todo choro é por motivos de mercado e se o jurado foi desonesto, como parece, também foi para favorecer uma obra, mercadologicamente falando.
Viva Sartre! Viva Herberto Helder!
Viva Sartre, viva Helberto Helder, corre Jabuti! 😉
E o imbroglio todo envolve um romance intitulado (pigarro)… “Infâmia”. Somos pródigos em piadas prontas, né não, Raquel?
=)
Muito incoerente a votação. De um 10 para um ZERO. Mas o jurado está no direito de dar a nota quiser. Essas manifestações da editora podem colocar em cheque a credibilidade do Prêmio ou até mesmo da editora.
O jurado está no direito de votar, a editora está no direito de reclamar, ela não perde credibilidade por isso.
O prêmio perde a credibilidade, a importância.
Perde? Perde? Já perdeu faz tempo…
Até juri da Marques de Sapucaí tem critérios para evitar manipulação de notas pelos jurados.
Talvez, o nome Jabuti esteja apropriado para este premio.
Se vir um jabuti em uma árvore, não mexa!
Como jabuti não sobe em árvore, se está lá , alguém o colocou!
Agora não adianta chorar sobre “O leite Derramado”!!!!!
O júri da Marques tem, mas justamente por um problema como esse. Comentei no post abaixo =)
Mas que choro de perdedor! Tão com raiva porque um desconhecido ganhou! Onde está escrito que um escritor desconhecido não pode ser bom? Por q
Toda a balbúrdia porque ousaram dar o prêmio para alguém de fora da PANELINHA. Que bando de medíocres, querem manter velhos privilégios, merecem ser atropelados pelo trem da História!
Hahaha, não tem nada a ver, Thiago. É que um jurado forçou a mão para fazer seu voto valer mais que os outros. O erro, na verdade, é do regulamento, o jurado está no direito dele.
“Forçou a mão”? Jurado não está lá pra julgar? Ou a nota só vale quando agrada a turminha de sempre? Querer ganhar no carteiraço é mais humilhante do que qualquer derrota.
Agora querem trocar o regulamento para que nenhum desconhecido desbanque as vacas sagradas. Corporativismo não ajuda ninguém no longo prazo, aguarde e você verá.
Não pira, Thiago rs. O regulamento sempre foi diferente, neste ano que mudaram e deu problema. Foi igual aconteceu com as escolas de samba no Rio, quando uma jurada deu nota seis para todas, tirando a Mocidade, e a Mocidade ganhou. Foi um erro do regulamento que permitiu um desequilíbrio na contagem final, embora, como comentei dois pontos abaixo, eu ache mesmo é que prêmios literários têm de sacudir a pasmaceira de lançamentos e gerar discussão.
Pelo que eu entendi das matérias sobre o assunto, ao fim do processo, o Jurado C será com certeza identificado, confere? Puxa, na hora em que isso acontecer será uma loucura.
Mas queria saber sua opinião sobre outra coisa, Raquel. Tudo bem que o resultado dessa balbúrdia toda foi a evidenciação de um novo nome na cena literária do país, o de Oscar Nakasato (algo que também acho interessante)… Mas você não acha que o curador José Luiz Goldfarb poderia ter chamado para si a responsa e embargado o resultado do concurso em face de uma clara manipulação de resultados como essa? Ok, ele falou em regulamento, em estar com as mãos atadas mesmo discordando claramente da ação do jurado… Mas mãos atadas? Não sei, fico com a sensação de ser um pouco escapista a atitude de se valer de regulamento para se isentar de qualquer ação. Sei lá, eu não entendo os bastidores jurídicos e demais do prêmio, mas fiquei com uma sensação de que faltou ele chamar para si a responsa da bagunça – e propor algum encaminhamento de solução, qualquer que fosse; em vez de dar por encerrado o drama como uma “fatalidade” do tipo Inês morta. De fato, não sei o que poderia ser feito (por isso não sirvo para ser curador de nada, rs); mas me parece um pouco conformista demais estar em face de uma situação de injustiça e se valer de uma escusa como “regulamento” para dar como encerrada a participação e responsabilidade na questão.
O que você pensa sobre isso?
Falei com o Goldfarb agora e estou esperando uma resposta da CBL. Logo mais posto tudo aqui. Pessoalmente, acho que o maior problema foi a regra dar margem a isso e absolutamente nenhum editor questionar antes de acontecer. Acho que o jurado C foi esperto e autoriário também. Pelo jeito ele nao gostou nada do livro da Ama Maria Machado, e percebeu que se desse uma nota 5 ela poderia ficar em primeiro do mesmo jeito. Agora, se o Oscar tivesse levado numa nota 5 dos outros, ele também não passaria. Pelo que entendi, ele também foi bem votado pelos outros
acho que já li sobre isso, mas não me recordo: é preciso justificar as notas dadas?
sinceramente, não acho que seja possível uma ação jurídica. o regulamento permitia a nota zero e tal foi a opinião do jurado c (sem entrar no mérito dos motivos).
raquel, talvez nenhum editor achou que um jurado fosse capaz de dar notas tão baixas, principalmente a escritores renomados (talvez pelos motivos quais tenha levado o jurado c dar a nota que deu).
Também não acho que seja possível
Jurados não vivem dentro de bolhas. Como o prêmio é concedido a obras já publicadas, todos sabem quem é o autor, a editora, etc. É humanamente impossível ter isenção total nesses casos. Sempre vão pesar simpatias, a fama do autor e outros fatores, né?
Sim, é verdade. O cara agiu “dentro da lei”, digamos
Eu acho q o jurado estava e, favor de Ana Maria Machado, quando se fala em Marketing quem vai ganhar é a própria autora. Todos vão querer conhecer esse livro para tentar entender o motivo de tal nota.
Mancumunados, ela e o vencedor! =)
Raquel, se as notas eram de 0 a 10, “0” está dentro da escala certo? então por que auê? Bom Marketing esse
Acho que ninguém esperava. Mas, pois é, todas as editoras assinaram embaixo antes das inscrições
Cara, leia o livro. Não tem como ele receber zero. Pode não ser dez (eu daria 9 fácil), ou nem 7. Mas zero é uma prova de que o cara ou não leu o Infâmia ou não leu nenhum outro além desse.
A crítica da Folha deu “regular” na época… Agora eu quero ler (droga, tava tão feliz com a Janet Malcolm…)
jurado C de C*!
De C*!!
Eita! rs
Será que não é só um golpe para promover o romance da escritora, que deve ter encalhado? acho estranho um editor não conhecer o regulamento do prêmio antes da premiação…
Ele conhecia e assinou embaixo. Só que ninguém imaginava que isso iria acontecer.
Depois do Chico Jabuti o melhor marketing pra 1 livro e receber nota zero nesse premio.
Você leu o livro do Chico? É muito bom, tirando as intrigas que tentam colocar política onde não tem. E o que aconteceu com o livro dele já tinha acontecido com vários, mas vários livros em edições anteriores: ficar em segundo ou terceiro na primeira fase e ganhar a segunda, porque o júri é diferente. O resto é intriga azeda de fanáticos políticos.
Imaginando um grupo de escritores espalhados nos arredores do prédio onde “C” estaria, cada um armado de giz branco a fim de deixá-lo marcado enquanto andasse pela rua para que “MM” possa tirar satisfações mais tarde. 😀
Hahaha!
A questão toda é que o Jurado C não quis só eleger seu favorito, e nem sabemos se o vencedor é o favorito do Jurado C.
O Jurado C quis desafiar o prêmio, de fato, porque para manipular bastava ele dar nota 6. Mas é o zero que causa reboliço, alarde. Observem que quando a nota era de 8,0 a 10,0, se um jurado desse 8, não causaria tanto reboliço, tanta balbúrdia. Mas esse 8 equivaleria a um zero. E isso aconteceu no ano passado, veja este link aqui: http://www.amalgama.blog.br/10/2011/absurdos-premio-jabuti/
Ah, se eu pudesse ter acesso ao Jurado C…
Gente, mas daí o cara reclamar que recebeu um oito já é demais, né?
Se o mercado editorial brasileiro fosse realmente organizado boicotava em peso o Jabuti no ano que vem. Estou falando das grandes: Cia das Letras, Objetiva, Record, Cosac etc que deixam anualmente um cascalho significativo em inscrições. O bichinho teria que correr atrás do prejuízo.
Vão colocar esse Jabuti pra correr! =)
eu acho até que essas editoras gostam disso afinal só a Objetiva que fez um reclaminho tirando ela não vi nenhuma outra se declarar publicamente isso me faz pensar que realmente as editoras apesar de estar atrás de dinheiro como qualquer outra empresa ainda tem certa ética que preza o debate literário e difusão do livro no Brasil
Talvez porque a Objetiva tenha sido a mais prejudicada, André. Mas outras poderiam ter se manifestado também. Em 2010, foi a Record, por causa do Chico…
A resposta às perguntas do Diretor Roberto Feith é SIM! Sim, sim, sim, aparentemente há um jogo de interesses, o que pode prejudicar a escritora e mesmo a editora.
Ou pode ter sido um tiro que saiu pela culatra devido ao óbvio.
Acho que não existe prêmio que envolva interesse. Quiçá literário! =P
Rapaz! Isso vai dar muito o que falar ainda!
O Jurado C colocou toda a reputação do prêmio em cheque agora, vamos ver como os organizadores saíram dessa.
Aguarde os próximos capítulos do “Jurado C!”
Pois sim. O cara pode ser capaz de mudar tudo
talvez esse extremo seja o que faltava ao prêmio para se reinventar.
mas se as recentes polêmicas não provocaram mudanças significativas, o que esperar dessa última?
Olha, acho que agora vai. Digo, alguma mudança mais forte há de rolar.
otimismo em excesso detectado.
Ops!
Há tempos que a reputação desse prêmio está em xeque, depois de Chico Buarque…