Painel das Letras: Temporada de saldões
03/08/13 03:00Com queda na venda de livros no país, destaque da mais recente pesquisa do mercado editorial —foram 470 milhões de exemplares em 2011, ante 435 milhões no ano passado—, fica mais fácil entender um fenômeno deste começo de ano: temporadas de descontos de até 50% em parcerias de editoras com grandes redes. Depois da Cosac Naify, que abriu a porteira dos saldões anos atrás, recentemente Companhia das Letras e Record recorreram ao método para queimar estoque. Outras editoras, como Rocco, estudam fazer em breve o mesmo. A Objetiva oferecerá mais de 200 títulos com 50% de desconto de 10 a 15 de setembro, segundo a Folha apurou.
Quem tem sentido o baque são as pequenas e médias livrarias. Em geral, as parcerias são feitas apenas com redes como Saraiva, Cultura, Fnac e Travessa.
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Não chega a ser uma sorte grande como a da Rocco, que comprou “The Cuckoo’s Calling” antes de saber que a obra era de J.K. Rowling, mas a Zahar encontrou dias atrás motivos para celebrar uma aquisição feita em maio.
O controverso “Zealot: The Life and Times of Jesus of Nazareth”, de Reza Aslan, entrou no topo da lista de best-sellers do “New York Times” após aquela que foi considerada, pelo site Buzzfeed, “a mais constrangedora entrevista já feita pela Fox News”. A âncora Lauren Green ganhou a antipatia geral ao atacar Aslan, durante nove minutos, por ele ser muçulmano e escrever sobre o fundador do cristianismo. “Não é como se eu fosse um muçulmano qualquer escrevendo sobre Jesus. É minha especialidade, tenho PhD em história das religiões”, repetiu ele ao longo de toda a entrevista.
Meme O blog Hyperbole and a Half, de Allie Brosh, que virou sucesso com traço tosco e humor autodepreciativo, terá edição em 2014 pela Planeta (“Imagino como será o dia de hoje… Ah. Nada, de novo. Ok”, diz a personagem, acima)
Partida literária
Antonio Prata, Eduardo Spohr, Fabrício Carpinejar, Marcelo Moutinho e outros 13 escritores representarão o Brasil em jogo contra autores alemães previsto para 11 de outubro, durante a Feira do Livro de Frankfurt. Depois, nos dias 12 e 13, haverá leituras com integrantes de ambos os times. E, no ano que vem, um jogo de volta por aqui, pré-Copa do Mundo.
O time brasileiro foi organizado neste ano pelo Goethe Institut, mas o alemão atua há tempos, sob o nome Autonama. É composto por autores em sua maioria inéditos no Brasil, com exceções como Thomas Brussig (“O Charuto Apagado de Hitler”, L&PM) e Jurgen Schmieder (“Sincero”, Verus).
Atenção Homenageada da Pauliceia Literária, em setembro, Patrícia Melo chama a atenção da crítica alemã. Seu “Ladrão de Cadáveres” levou o prêmio Liptrom, a ser entregue na Feira de Frankfurt, e liderou o ranking de junho da revista “Die Zeit” de melhores romances policiais recentes no país.
Cá e lá O livro de estreia de Antônio Xerxenesky, “Areia nos Dentes”, reeditado pela Rocco, terá edição na França pela Asphalte em 2014, ano em que sairá por aqui o novo romance do autor, “F para Welles”.
Só lá Xerxenesky, aliás, foi um dos dois autores dentre os 27 brasileiros da antologia da alemã Lettretage a declinar do convite para integrar a versão nacional, organizada pela Faces e prevista para outubro. Ele não tinha textos inéditos em português. O outro foi Helder Caldeira, que discordou de detalhes.
Jeitinho Chamada “Estamos Prontos”, a edição brasileira traz na capa um jovem de cara pintada segurando a bandeira nacional em Brasília, embora os contos sejam anteriores aos protestos de junho.
Menos Esta época mais difícil para o mercado editorial pode ajudar a explicar a tendência de queda no número de títulos inscritos para o Prêmio Jabuti, o mais tradicional do gênero. Foram 760 inscrições a menos em quatro anos—de 2.867 em 2010 para 2.107 neste ano.
Menos 2 A inscrição custa de R$ 210 a R$ 320 por obra, o que não sai tão barato para editoras que queiram inscrever vários títulos. O formato do prêmio sofre críticas a cada ano, algo que a Câmara Brasileira do Livro sempre busca contornar com pequenas mudanças nas regras.
Menos 3 A crise não ajuda a explicar a queda de candidatos ao Prêmio SP de Literatura, de inscrições gratuitas. Na premiação do governo paulista, voltada a romances, foram 187 pedidos de inscrição neste ano, ante 209 obras em competição em 2012.
Menos 4 Embora as inscrições tenham sido encerradas há cinco dias, a organização imagina que obras postadas no prazo ainda possam chegar. Mas sempre há títulos inabilitados, de modo que o número não deve aumentar muito.