Painel das Letras: A hora dos nacionais
07/09/13 03:00A lição aprendida por editoras nesta Bienal do Livro Rio é que apostar em nacionais pode fazer bem à saúde financeira. A dois dias do fim do evento, autores brasileiros têm sido os mais vendidos de várias casas.
Foi o caso de quatro dos seis best-sellers do grupo LeYa/Casa da Palavra, com “Não Faz Sentido”, de Felipe Neto, no topo —480 cópias até agora. Na Rocco, os brasucas ocuparam com três das cinco primeiras colocações, liderados por “Ela Disse, Ele Disse: o Namoro”, de Thalita Rebouças e Mauricio de Sousa. A Autêntica, que multiplicou seus nacionais desde 2011, passou de um faturamento de R$ 45 mil naquela edição para R$ 120 mil até o momento. No topo, com 40% dessas vendas, a juvenil Paula Pimenta: cerca de 3.000 cópias vendidas.
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Outras casas, tradicionalmente mais voltadas a best-sellers internacionais, vêm colhendo frutos inéditos. ?Caso da Novo Conceito, que vendeu mais livros de Nicholas Sparks e Emily Giffin, mas destacou nacionais em grandes painéis no estande. Entre seus mais vendidos, entrou “Claro que te Amo!”, de Tammy Luciano, com 560 cópias.
Na Record, só o oitavo lugar foi ocupado por uma brasileira, mas foi um caso peculiar. Fruto da autopublicação antes de ser sair pelo selo Verus, do grupo carioca, Carina Rissi teve 300 exemplares de seu romance “Perdida” vendidos só na tarde de autógrafos, que durou três horas.
Quadrinhos da discórdia
Uma questão de datas pode ser crucial para solucionar um impasse entre a editora Nemo e os artistas Carlos Ferreira e Moacir Martins.
Roteirista e ilustrador fizeram, a pedido da Nemo, a HQ “A Guerra dos Palmares”. A casa considerou o conteúdo inadequado ao “fim escolar” a que se propunha. Quis retirar, por exemplo, a imagem da cabeça decepada de Zumbi (acima) e uma sequência associando terremoto de 1755 em Lisboa a uma “justiça divina” contra a escravidão.
A dupla considerou a proposta de cortes abusiva. A editora, então, enviou notificação extrajudicial, pedindo rescisão do contrato e a devolução do adiantamento. Por lei, o editor pode pedir alterações até 30 dias após receber os originais. Ferreira diz o intervalo foi de dez meses. Segundo a editora, foram duas semanas.
Tolkien em crise A ficção de Tolkien resulta das grandes crises do século 20, como genocídios e destruição ambiental, segundo o historiador Paulo Cristelli. Cartas do autor de “O Senhor dos Anéis” e teorias da literatura e das ciências sociais servem de base para a ideia em “J.R.R. Tolkien e a Crise da Modernidade”, que a Alameda prevê para outubro.
Mais contistas Marçal Aquino, Sérgio Fantini e Daniel Pellizzari são os três primeiros nomes confirmados para a quarta edição do Festival Nacional do Conto, que acontece em Florianópolis, de 10 a 16 de março de 2014. A meta é dobrar o número de contistas, chegando a 30, antes de partir para a internacionalização, em 2015.
Aperte os cintos Se já não estava simples a situação na Biblioteca Nacional, neste ano de grandes mudanças, melhor não vai ficar com a redução de 26% na programação orçamentária deste ano, determinada semanas atrás. A instituição tenta se adequar ao corte, que atingiu todas as áreas do Ministério da Cultura.
For export Com o Brasil homenageado na Feira de Frankfurt, pela primeira vez Cosac Naify e Évora vão ao evento com a meta de vender títulos, e não só comprar. Agentes, porém, se preocupam com o futuro: na feira, haverá a mesa “O desafio de negociar brasileiros após Frankfurt 2013”, com Luciana Villas-Boas, Marianna Teixeira Soares, Nicole Witt, Valéria Martins e Lúcia Riff.