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A Biblioteca de Raquel

Raquel Cozer

Perfil Raquel Cozer é jornalista especializada na cobertura de livros

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As trilhas que a gente cria no cérebro

Por Raquel Cozer
25/02/12 12:26

 

Helio Schwartsman roubou minha ideia antes mesmo que eu pudesse tê-la, o que é sempre uma leitura possível para o fato de ele ter tido a boa sacada, e eu não.

Foi numa coluna publicada no começo do mês na página 2 da Folha (para assinantes), por ocasião da greve da PM baiana, que ajudou a alimentar aqueles debates nos quais ninguém nunca vai mudar de ideia nem desistir de tentar mudar a dos outros.

A mote era a incongruência do pensamento de quem veste a camisa de um partido, seja ele qual for. Schwartsman lembrou o estudo do psicólogo Drew Westen, que monitorou os cérebros de militantes partidários enquanto viam seus candidatos caindo em contradição.

Nas palavras dele: “Quando confrontados com informações ameaçadoras às nossas convicções políticas, redes de neurônios associadas ao estresse são ativadas. O cérebro percebe o conflito e tenta desligar a emoção negativa. Circuitos encarregados de regular emoções recrutam, então, crenças capazes de eliminar o estresse. A contradição é apenas fracamente percebida.”

A coisa ia adiante até a conclusão de que simpatizantes de um partido ou outro chegam a sentir prazer ao ignorar as próprias contradições.

***

 

A coluna me chamou a atenção porque bem naquela época eu terminava de ler “O Cérebro que se Transforma“, do psiquiatra canadense Norman Doidge, recém-lançado pela Record.

Não conheço mais que os rudimentos básicos de neurociência (a.k.a. aquilo o que a Wikipedia conta), mas Doidge fala para gente como eu (não vou colocar você nesse balaio).

É uma defesa da neuroplasticidade, a ideia de que o cérebro não tem estrutura tão fixa que não possa ser alterada por exercícios. Bem, você decerto já ouviu a história de que neurônios não nascem nem se reconstituem em adultos, e o ele explica é por que essa ideia se tornou tão arraigada e descreve casos e estudos que ajudaram a provar o contrário.

A coisa toda é bem interessante, com histórias que vão da primeira “cirurgia” para acabar com uma dor fantasma (aquela que amputados sentem em membros que já não têm) a casos como o da mulher que descreve com detalhes situações que aconteceram em qualquer dia da sua vida, mas é incapaz de entender a diferença entre conceitos como “a irmã da mãe” e “a mãe da irmã”.

No fim, é um livro de altos e baixos, que alterna ótimas histórias com tediosas explicações sobre conceitos freudianos que todo mundo já conhece e até uma veemente (e difícil de engolir) defesa de um médico que fazia experiências agressivas com chimpanzés.

***

Para ilustrar a metáfora abaixo, o traço de William Steig (1907-2003), o criador do personagem que inspirou o filme Shrek

A definição que mais bem me esclareceu a ideia toda da neuroplasticidade foi a do neurologista Alvaro Pascual-Leone, que Doidge cita lá pela metade do livro. A ela:

 

“O cérebro plástico é como uma colina nevada no inverno. Aspectos dessa colina –a inclinação, as pedras, a consistência da neve– são, como nossos genes, determinados. Quando descemos em um trenó, podemos pilotá-lo e terminar ao pé da colina seguindo um caminho determinado por como pilotamos e pelas características da colina. É difícil prever onde exatamente terminaremos porque há muitos fatores em jogo.

Mas o que definitivamente acontece na segunda vez em que você desce a ladeira é que será bem mais provável que você se encontre em um percurso que tenha relação com o caminho que tomou da primeira vez. Não será exatamente o mesmo caminho, mas será mais perto deste que de qualquer outro. E, se você passar a tarde inteira descendo de trenó, subindo e descendo, no final terá alguns caminhos que foram muito usados e outros que foram usados muito pouco. 

E haverá trilhas que você criou, e agora será muito difícil sair dessas trilhas. E essas trilhas não são mais geneticamente determinadas.”

 ***

Fica aí a recomendação do livro, para quem quer entender um pouco melhor o que se passa na cabeça da gente.

Mas voltemos ao início deste post. Embora o livro de Doidge nada tenha a ver com política, o finalzinho do trecho acima para mim resume toda a questão da militância radical, que sempre causa tanta gastrite em anos de eleições (já separei o Omeprazol). E não trato aqui especificamente de progressistas ou conservadores ou esquerda ou direita ou seja o que for.

A questão é que a linda metáfora poético-neurológica da colina ajuda a explicar por que quem vive de alimentar rancores por quem pensa diferente costuma assumir um discurso tão agressivo quanto aquele a quem critica –e é incapaz de notar isso. E porque a tendência será esse caminho se tornar cada vez mais marcado e o discurso cada vez mais incisivo ao longo da vida.

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Daniel Clowes e a gênese de "Wilson"

Por Raquel Cozer
20/02/12 13:49

Fui avisada de que teria 15 minutos, não mais do que isso, de entrevista com o cartunista Daniel Clowes, 50, o pai das adolescentes rebeldes de “Mundo Fantasma” (imagem acima, a HQ em que se baseou o filme “Mundo Cão”, com Scarlett Johansson). E então desconfiei de que ele fosse um desses autores sem nenhuma paciência para jornalistas.

Algo com o argentino Quino, que um dia me concedeu 20 minutos de trauma por telefone.

No fim, Clowes, um dos maiores nomes dos quadrinhos norte-americanos nas últimas décadas, é a gentileza em pessoa. Do tipo que se faz de surpreendido quando ouve uma pergunta que, numa estimativa otimista, já deve ter escutado 87 vezes antes e que ri das próprias respostas, no melhor estilo Zé Simão. Mas eram só 15 minutos, enfim.

A razão da entrevista foi o lançamento da graphic novel “Wilson” pelo selo Quadrinhos na Cia. Escrevi sobre o livro na “Ilustrada” de sexta: a história do sujeito mais irritante que alguém pode conhecer, reclamando de tudo e de todos ao longo de 80 páginas.

(Falando assim pode parecer que a HQ é uma bobagem, mas tento explicar um pouco melhor no texto que linkei acima. É bem genial, mesmo.)

Mas, ok, aos 15 minutos, então.

***

Wilson é a primeira graphic novel que você fez para ser publicada primeiro na íntegra, sem que tenha sido serializada antes, mas ela lembra muito uma reunião de de tiras.
Sim, sim, é verdade.

Por que pensou nesse formato para sua primeira graphic novel?
Quando comecei a escrever, não tinha ideia de como seria, se seria um livro ou uma série de tiras. Deus sabe, eu não tinha ideia. Tentei não pensar muito antes no que seria o produto final antes que pudesse ver os primeiros resultados. Mas comecei a gostar de rabiscar essas tiras. A certa altura me dei conta de que havia uma espécie de história nelas todas se você as colocasse juntas, e foi quando decidi juntar num livro. Mas começou de forma muito orgânica.

Essa gênese também tem a ver com a ideia de desenhar Wilson com vários traços diferentes ao longo do livro?
Bem no começo eu estava só fazendo uns riscos a lápis. Àquela altura eu não sabia como era o personagem, eram só rabiscos mesmo. As tiras eram mais sobre o que esse cara ranzinza estava dizendo do que sobre a história dele. Então finalmente comecei a desenhar. A princípio pensei que seria num traço engraçado, bem de cartum, mesmo, do tipo que você vê nos jornais americanos aos domingos, com situações típicas dos subúrbios. Depois achei que seria melhor se o traço fosse mais realista e mostrasse bem como ele era. Depois de ver todos os modelos, concluí que teria mais efeito se mantivesse os vários estilos, porque isso meio que replicava o sentimento que você tem quando pensa em si mesmo em determinado dia. Num dia, você se vê sob uma luz negativa; no outro, de outra maneira, numa visão que segue o seu humor. Quis capturar algo sobre a maneira como nos vemos no mundo.

O livro dá a impressão de não ter um roteiro muito pré-definido, como se você tivesse lampejos e criasse as situações conforme desenhava. Por exemplo, quando, depois de várias páginas sobre uma singela viagem de Wilson com a ex-mulher e a filha recém-descoberta, a ex-mulher diz que “essa coisa de sequestro” não a deixa tranquila.
Fico feliz que você diga isso, porque era como queria que parecesse, como se a narrativa estivesse acontecendo sem nenhum controle. Mas perto do começo eu já tinha visualizado a história toda e pensado bem de que maneira todos os detalhes funcionariam juntos. Decidi fazer todo o livro no estilo mais o mais simples e básico possível. Não queria que nenhuma página não funcionasse isoladamente como tira, que absolutamente tudo fosse engraçado e emocionalmente forte, mas que ao mesmo tempo cada tira tivesse uma informação importante para levar a história adiante. A graça é fazer com que o leitor descubra que existe um roteiro ordenado naquilo que por muito tempo parecia não ter.

Os personagens de seus livros anteriores, como “Mundo Fantasma”, são adolescentes, uma fase da vida em que as pessoas ainda são capazes de mundar, e Wilson… é muito triste, porque ele já está numa fase da vida em que não tem mais solução. Ele é irritante no começo, mas ao longo da história vai dando uma pena enorme do que ele representa.
Sim, por isso dei a ele ao final uma espécie de segunda chance, essa descoberta que ninguém sabe o que é, mas que é uma forma de contentamento. Gosto de personagens que são pessoas difíceis, que não se encaixam direito no mundo. Gente que tem dificuldade em lidar com outros é sempre melhor para levar uma história adiante. No começo, ele era irritante para mim como para todo mundo e isso era só engraçado, mas depois de trabalhar com um personagem desses por tanto tempo você encontra neles detalhes que vêm de você, e isso me causou uma enorme simpatia por ele, da melhor maneira possível.

A passagem irregular do tempo também é forte na HQ, são vários quadros que acontecem no mesmo dia seguidos de outros que pulam anos da vida de Wilson. Como foi trabalhar isso?
Tentei reproduzir a maneira como nos lembramos da nossa vida. Você olha para trás e pode se lembrar de dez coisas que aconteceram num único dia, e depois não consegue se lembrar de mais nada do que fez nos quatro anos seguintes. Você se lembra de pontos altos num sentido emocional. Seja lá por que motivo, algumas coisas grudam na sua cabeça. O que você tem que fazer nesse tipo de história é capturar os momentos que grudam na sua cabeça por razões que não saberia articular por escrito, mas que têm impacto.

Você está trabalhando no roteiro do filme baseado no livro, certo?
Sim, acabei de terminar o primeiro rascunho. Porque, sabe, filmes exigem várias etapas de rascunhos, nunca é como você pensa no primeiro momento. Mas vai ser transformado em filme, espero que logo.

Isso é algo que você já fez antes, em “Mundo Cão”, que é muito parecido esteticamente com a HQ que o originou. No caso de “Wilson”, você pensa em alguma solução estética para levar para a tela esses estilos tão diferentes que percorrem a história?
Falamos sobre isso [Clowes e o diretor Alexander Payne, que trabalha com ele no roteiro), mas concluímos que no filme esse formato causaria mais distração do que qualquer outra coisa. De certa maneira, numa HQ, você se acostuma com os vários traços e, ao final, nem nota mais os diferentes estilos, mas achamos que num filme isso tiraria a atenção. Estamos tentando resolver de uma maneira diferente, fazer como um filme que funcione em termos cinematográficos.

E já sabe que ator será o Wilson?
Não pensei ainda, é uma dessas coisas que você precisa esperar para pensar quando estiver com o roteiro final em mãos, porque vai saber o que acontece no meio do caminho…

Mas há algum ator que você olhe e pense que daria um ótimo Wilson?
Ninguém aparece para mim como uma escolha certeira. Muita gente pode ser boa. Certamente não vou querer dizer o nome de alguém, porque depois o ator lê no jornal que o papel é dele, isso não cabe a mim.

É notória sua rejeição pelo termo graphic novel, e agora você lançou seu primeiro livro nesse formato. Desistiu de reclamar?
Eu desisti. Por anos, não queria que usassem o termo porque acho que seja pouco fiel ao que fazemos. Muito do que as pessoas chamam de graphic novel não é romance, como “Maus”, de Art Spiegelman, que é puramente factual. “Maus” não é uma ficção, e romance é ficção. Tentei o quanto pude fazer com que as pessoas percebessem que é uma descrição ruim, mas tive que me adaptar. Não tinha mais o que fazer.

Mas foi depois que o termo se estabeleceu que cartunistas começaram a ter uma espécie de “status literário”. Como aconteceu com você, que já teve seu trabalho comparado com Philip Roth, entre outros, pela forma como reproduz a sociedade americana.
Acho que essas comparações não são algo que tenha um pé muito forte na realidade. Certamente há muito mais atenção dedicada a cartunistas hoje do que já houve. Mas não é como se estivéssemos sendo cotados para o Prêmio Nobel. Não acho que tenhamos mudado o suficiente a vida das pessoas.

***

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Livrarias novas no centro de São Paulo

Por Raquel Cozer
14/02/12 16:53

Você sai da nova livraria da Unesp, ali perto da praça da Sé, caminha uns 20 minutos e chega à Argumento, de volta a São Paulo e agora instalada na rua do Triunfo. Não sem antes dar uma passada na loja da Edusp, próxima à da Unesp. Isso em 2013, caso se concretizem todos os projetos noticiados no sábado no Painel das Letras (para assinantes Folha/UOL), e deduzindo que a presença de livrarias tornará caminhável aquela região perto da Luz.

Por ora, ponho a mão no fogo só pela da Unesp, cujos planos estão mais avançados.

Agora em março, a livraria de 120 m² na esquina com a praça da Sé fecha para reforma. O estacionamento do prédio da editora será desativado para que a loja ocupe, no total, 350 m². O projeto (foto) é do Fernando Brandão, o arquiteto da Livraria Cultura. A livraria deve ser inaugurada em agosto, dentro das celebrações dos 25 anos da Editora Unesp.

Já a Edusp pretende inaugurar suas primeiras livrarias fora de campi da USP até o ano que vem. A primeira será uma de arte no recém-inaugurado MAC Ibirapuera, mas a que mais interessa a este post deve ser instalada perto da livraria da Unesp –eles preferem não dizer onde (embora eu saiba, cof). Haverá ainda uma terceira, na Consolação, perto do Copan, num prédio da USP.

E daí tem a volta da Argumento a São Paulo. 

Essa é uma ideia antiga do Marcus Gasparian, sócio da livraria e da editora Paz e Terra, mas que vinha sendo postergado porque, bem, não é fácil ser dono de um prédio perto da Luz em São Paulo (embora eu seja da opinião que mais difícil é não ser dono de prédio nenhum).  

Primeiro foi o risco de a sede da editora, na rua do Triunfo, ser desapropriado por conta das intervenções urbanísticas da Nova Luz. É no térreo da sede que Gasparian quer montar a livraria. Pelos mapeamentos já divulgados, o predinho dos anos 50 escapou dessa. 

Gasparian acredita prefeitura e Estado estão prestes a resolver outro empecilho: o fato de o endereço estar no “quartel general dos noias”, entre as ruas dos Gusmões e Vitória. Com o possível “fim da guerra na cracolândia”, mais a inauguração da Fatec ali perto, ele espera uma boa frequência de clientes. Mais precisamente, que a região se torne “um Soho de São Paulo”.

Esse foi o melhor ângulo que consegui do predinho via Google Street View

A ideia é que a Argumento ocupe uns 500 m² do térreo. Não seria uma megastore, mas uma “livraria de butique, com vendedores que saibam falar sobre livros”. Um pouco o perfil do que eram as lojas da Argumento em São Paulo, fechadas entre os anos 90 e 2000.

Soho me parece otimismo, mas me peguei compartilhando dele. Não é mal pensar num centrão com pelo menos três boas livrarias num futuro próximo em São Paulo.

***

Por outro lado, fecha no Conjunto Nacional a loja exclusiva da editora Record. Cá entre nós, não vai deixar saudade. Diga quantas vezes você entrou lá. Eu só entrei uma vez, no lançamento do livro mais recente da Tatiana Salem Levy.

Procurei a editora, que informou que “o projeto da loja exclusiva não se mostrou positivo para eles nem para a Record” e que a Cultura precisava “rentabilizar” o espaço. “Do nosso lado, ficou claro, depois desses dois anos de operação, que a venda de livros no conjunto ocorre mesmo na loja principal da Cultura, não nas pequenas”, informou a diretora comercial, Roberta Machado.

Sergio Herz, diretor da Cultura, diz que a livraria retomou o espaço para “inaugurar um projeto”.

A Cultura é locatária, e não proprietária, dos espaços que ocupa no Conjunto Nacional. As parcerias –além da loja da Record, há a da Companhia das Letras, que a editora usa em lançamentos, e a do IMS, não muito mais movimentada que a da Record– foi uma maneira que a livraria encontrou de ocupar todas as lojas que aluga na galeria.

***

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Art Spiegelman e o Painel das Letras

Por Raquel Cozer
12/02/12 13:15

Taí por que precisei dar aquela pausa no blog: estreei ontem como colunista do Painel das Letras (link para assinantes Folha/UOL), na “Ilustrada”. Como vou continuar como repórter e fechadora da “Ilustríssima”, e a “Ilustríssima” e a coluna são inadiáveis, sobrou pro blog.

Mas ao menos estreei com a sorte de ficar sabendo na véspera que Art Spiegelman enfim aceitou um convite para vir ao Brasil, para participar da quarta edição do Congresso Internacional de Jornalismo Cultural, de 28 a 31 de maio, promovido pela “Cult”.

(A coisa toda foi meio tensa. Com a saída do Sesc e a volta pro Tuca, o congresso mudou de data. O cartunista tinha confirmado participação na data anterior. Só fui saber na sexta de manhã, poucas horas antes de fechar a coluna, que a nova data era até melhor para ele.)

Agora é torcer para o homem não desistir de novo. Em 2007, ele confirmou e cancelou depois. De lá para cá, foi convidado inúmeras vezes, mas nunca chegou perto de aceitar.

Em 2009, quando saiu aqui a HQ “Breakdowns – Retratos do Artista Quando Jovem %@&*!”, falei com ele para uma capa da “Ilustrada”.

É meu xodó essa entrevista, porque, sabe, é o cara do “Maus”. E tinham comentado que ele não era muito de dar entrevistas, o que me causou uma leve taquicardia enquanto o telefone chamava. Mas daí ele atendeu. E falou, falou, falou por quase uma hora. Queria acreditar que foi porque se encantou com minha habilidade para questões pertinentes (cof), mas a verdade é que, bem, olhem a foto e avaliem se ele parece alguém que não gosta de falar.

Enfim. A entrevista ainda está no ar, então reproduzo aqui só um trecho pequeno da íntegra que saiu no on-line (a versão publicada no papel foi bem menor) para tirar uma dúvida depois.

 

Há dois anos [em 2007], o sr. fez as pessoas aqui acreditarem que você vinha pro Brasil [para a Flip], e não veio.
Eu também acreditava que ia!

Daí chegou-se a falar que o sr. viria no ano seguinte, e também não veio…
Escrevi para o Luiz [Schwarcz], meu editor, para dizer que realmente quero ir, mas nunca parece dar certo quando há uma oportunidade. Da primeira vez teve a ver com uma doença séria do meu sogro, e tivemos de ir para a França, onde o pai de Françoise vivia. Depois disso, cada vez houve um empecilho, como estar no meio de um projeto e ter um prazo para entregá-lo, então nunca consegui marcar algo, mas realmente quero ir algum dia. Só estive no Rio uma vez…

Quando?
Hmm, deixe-me ver, estou tentando lembrar, foi uma exposição do meu trabalho no museu Oscar Niemeyer, no final dos anos 90. Mas preciso ir, passei um tempo muito bom no Rio, mas não fomos a outros lugares. Um dos problemas que tivemos foi que minha mulher olhou o mapa e disse: “Ótimo, vamos sobrevoar a Amazônia, sempre quis ir à Amazônia”. Isso quase matou toda a viagem para mim. Eu disse: ‘Meus ancestrais ficaram milhares de anos tentando sair da floresta. Não quero ir voluntariamente, não quero arriscar a vida da minha família’.

 

Como transcrevi essa parte só para o on-line, na época não me dei conta. Museu Oscar Niemeyer? O de Curitiba? Não achei nenhuma referência a exposição dele no Brasil nos anos 90. Nem tampouco da presença dele por aqui. Alguém se lembra dessa exposição?

***

Spiegelman sob a sombra de "Maus", em tira de "Breakdowns"

Só para finalizar, perguntei à Companhia das Letras se há previsão de sair por aqui “Metamaus”, o livro + DVD sobre a criação de “Maus” que lá fora foi publicado no ano passado. Por ora a resposta é não. De todo modo, “Breakdowns”, uma autobiografia em fragmentos de quadrinhos, que saiu aqui em 2009, dá alguma pista do que significa “Maus” na vida do autor.

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A biblioteca peregrina

Por Raquel Cozer
09/02/12 21:47

Esta biblioteca já esteve aqui, aqui, aqui e, agora, bem, agora ela estacionou e pretende ficar.  

Dito isto, não tenho mais variações de boas-vindas para dar. Fica valendo a do Jim Whittamore, acima.

Para quem não conhece, reciclo um trecho das minhas boas-vindas mais recentes, de setembro: esta é uma biblioteca de curiosidades sobre o mundo literário, com espaço para ficção (principalmente contemporânea, que acabo acompanhando mais de perto pelo trabalho como repórter), não ficção, quadrinhos, tecnologia e outras áreas da cultura, como cinema e música (quando conversam com a literatura).

Assinem os feeds e fiquem à vontade, que logo mais eu apareço.

***

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