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A Biblioteca de Raquel

Raquel Cozer

Perfil Raquel Cozer é jornalista especializada na cobertura de livros

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Painel das Letras: Literatura brasileña

Por Folha
16/03/13 03:00

A Fundação Biblioteca Nacional fez, a pedido da coluna, um balanço de todas as obras que chegaram a ser publicadas com seu programa de apoio à tradução de títulos brasileiros no exterior, desde sua criação, em 1991. Embora traduções para a Alemanha tenham se multiplicado desde 2010, quando o Brasil foi anunciado como convidado de honra da Feira de Frankfurt deste ano*, é em espanhol que mais se encontram obras brasileiras. Das 209 publicadas em 22 anos, 26 foram para a Espanha e 18 para a Argentina, totalizando 44 (há ainda cinco em catalão). A França é outro dos países que mais traduzem brasileiros, com 30. No geral, Clarice Lispector é a autora mais publicada, com 14 edições estrangeiras.

* 14 traduções para o alemão foram publicadas desde 1991, mas há outras 25 em andamento, muitas delas previstas para sair ainda neste ano.

Vanguarda infantil
A Cosac Naify é a única editora brasileira entre as cinco finalistas na categoria América Central e do Sul do recém-criado Bologna Prize for Best Children’s Publishers of the Year, voltado a casas que vêm se destacando internacionalmente como a “vanguarda da inovação” em livros infantis.

Concorre com a venezuelana Edicione Ekaré e as mexicanas Ediciones Tecolote, Fondo de Cultura Economica e Petra Ediciones. A votação vai até o dia 18 pelo site bolognachildrensbookfair.com. O vencedor será conhecido no dia 26, na Feira do Livro Infantil de Bolonha.

A edição do ano que vem da feira italiana, aliás, homenageará o Brasil.

HQ Assim como Cervantes, que deu um intervalo de dez anos entre dois volumes de “Dom Quixote” (1605 e 1615), Caco Galhardo demorou oito para lançar a segunda parte de sua adaptação (imagem acima). Sai em julho pela Peirópolis

Eleitos Sobre os 70 autores que o governo levará para representar o Brasil na Feira de Frankfurt, em outubro, a Libre, associação de editoras independentes, diz: “A lista é séria e traz bons autores, mas sentimos falta de diversidade: mais negros, índios, regionais (preferencialmente os que não migraram para SP e Rio) e de editoras independentes.”

Eleitos 2 Um dos regionais que migraram para São Paulo, aliás, o amazonense Milton Hatoum, alegou ter recusado o convite por já ter representado o país no evento do ano passado, na cerimônia em que o convidado de honra anterior, a Nova Zelândia, passou o bastão para o Brasil. Preferiu liberar a vaga.

Eleitos 3 Galeno Amorim, presidente da Biblioteca Nacional, diz que, em abril, o site do comitê que organiza a homenagem ao Brasil terá espaço para editoras indicarem autores cujas viagens a Frankfurt elas mesmas pretendam bancar. Serão avaliados para receber ou não a chancela do comitê e figurar na lista oficial.

Tradução A gaúcha Luisa Geisler, que na última Feira de Frankfurt atraiu interesse de editoras estrangeiras, fechou seu primeiro contrato lá fora.

Tradução 2 Seu romance “Quiçá” (Record), vencedor do Prêmio Sesc, teve os direitos adquiridos pela Siruela, editora que publica Clarice Lispector e António Lobo Antunes na Espanha.

Mitos “Literaturas de Origem” é o tema do Fórum das Letras de Ouro Preto, que neste ano acontecerá pela primeira vez no primeiro semestre. ?A ideia será discutir, de 29 de maio a 2 de junho, a “íntima relação entre as mitologias e a literatura”, segundo a coordenadora do evento, Guiomar de Grammont.

Novo foco Em maio, a Brinque-Book estreia o selo juvenil Escarlate. O primeiro título será “A Árvore: Entrecaminhos”, da brasileira Janaina Tokitaka, e marcará também a entrada da Brinque-Book no universo dos e-books: todos os livros da Escarlate sairão sempre nos dois formatos.

Originais A jovem editora independente Bateia, que já tem inéditos de Alejandro Zambra e Juan Pablo Villalobos no catálogo, recebe, até o final de julho, originais de contos e romances, em PDF, pelo email originaisnabateia@gmail.com. Os selecionados saem em 2014.

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"A vida de hoje não admite leituras demoradas." Olavo Bilac, em 1901

Por Raquel Cozer
11/03/13 12:09

Tenho muito a escrever a respeito da capa de sábado da “Ilustrada”, sobre três livros que fazem recortes da história das revistas no Brasil. Por ora, fico com este texto abaixo, mencionado no livro “A Revista no Brasil do Século 19” (Alameda), de Carlos Costa.

É um lamento sobre a falta de tempo do público para leituras demoradas e reflexões profundas… em 1901. O autor, o poeta Olavo Bilac, o publicou na “Gazeta de Notícias”, em 13 de janeiro daquele ano. Mas a questão central é o uso de imagens no jornalismo: o começo do fim da leitura. Bilac inclusive antecipa invenções como a TV e o skype (junto com a possibilidade de nascermos aos 18 anos, ok) nesse cenário catastrófico para as letras.

Há espaço para um mea culpa: erra-se muito no jornalismo de hoje. Digo, no jornalismo de 1901, também conhecido como “bons tempos aqueles”.

Carlos Costa foi quem me enviou a íntegra abaixo, presente em “Vossa Insolência: Crônicas de Olavo Bilac” (Companhia das Letras, 1996), organizado por Antonio Dimas. É grandinho para os padrões de um blog, considerada essa rotina vertiginosa e febril que temos hoje, mas, vá lá, prove a Bilac que Bilac estava apenas sendo pessimista.

Bilac questionava, mas também publicada uma revista toda ilustrada –uma das mais famosas da época, “A Cigarra”, de 1895

***

Fotojornalismo

Por Olavo Bilac

Vem perto o dia em que soará para os escritores a hora do irreparável desastre e da derradeira desgraça. Nós, os rabiscadores de artigos e notícias, já sentimos que nos falta o solo debaixo dos pés… Um exército rival vem solapando os alicerces em que até agora assentava a nossa supremacia: é o exército dos desenhistas, dos caricaturistas e dos ilustradores. O lápis destronará a pena: ceci tuera cela.

O público tem pressa. A vida de hoje, vertiginosa e febril, não admite leituras demoradas, nem reflexões profundas. A onda humana galopa, numa espumarada bravia, sem descanso. Quem não se apressar com ela será arrebatado, esmagado, exterminado. O século não tem tempo a perder. A eletricidade já suprimiu as distâncias: daqui a pouco quando um europeu espirrar, ouvirá incontinenti o “Deus te ajude” de um americano. E ainda a ciência humana há de achar o meio de simplificar e apressar a vida por forma tal que os homens já nascerão com dezoito anos, aptos e armados para todas as batalhas da existência.

Já ninguém mais lê artigos. Todos os jornais abrem espaço às ilustrações copiosas, que [***] pelos olhos da gente com uma insistência assombrosa. As legendas são curtas e incisivas: toda a explicação vem da gravura, que conta conflitos e mortes, casos alegres e casos tristes.

É provável que o jornal-modelo do século 20 seja um imenso animatógrafo, por cuja tela vasta passem reproduzidos, instantaneamente, todos os incidentes da vida cotidiana. Direis que as ilustrações, sem palavras que as expliquem, não poderão doutrinar as massas nem fazer uma propaganda eficaz desta ou daquela idéia política. Puro engano. Haverá ilustradores para a sátira, ilustradores para a piedade.

Quando o diretor do jornal quiser dizer que o povo morre de fome –confiará as suas idéias a um pintor de alma fúnebre, que mostrará na tela os cadáveres empilhados pelas ruas, sob uma revoada de corvos sinistros; quando quiser dizer que o político X é um cretino que não vê dois palmos adiante do nariz– apelará para o talento de um caricaturista, que, pintando a vítima com um respeitável par de imensas orelhas, claramente exprimirá o pensamento da folha. Demais, nada impede que seja anexado ao animatógrafo um gramofone de voz tonitruosa, encarregado de berrar ao céu e à terra o comentário, grave ou picante, das fotografias.

E convenhamos que, no dia em que nós, cronistas e noticiaristas, houvermos desaparecido da cena –nem por isso se subverterá a ordem social. As palavras são traidoras, e a fotografia é fiel. A pena nem sempre é ajudada pela inteligência; ao passo que a máquina fotográfica funciona sempre sob a égide da soberana Verdade, a coberto das inumeráveis ciladas da Mentira, do Equívoco, e da Miopia intelectual. Vereis que não hão de ser tão freqüentes as controvérsias…

Quando é assassinado um homem –este jornal vem dizer que lhe coseram o corpo a facadas, aquele que o asfixiaram, aquele outro que lhe estouraram o crânio a tiros de revólver. Ora, o público tem pressa: como há de perder tempo em procurar a verdade dentro deste acervo de contradições e de divergências?…

Há dias, foi preso um sujeito por espancar uma mulher. E os repórteres puseram em campo toda a sua fantasia, com tal gana que o pobre homem veio ontem a público elucidar o caso, conforme se vê nesta sua declaração, textualmente transcrita dos “a pedido” do Jornal do Comércio: “Os jornais deram desencontradas notícias acerca de um crime hediondo que uns vizinhos me imputaram. As versões são diferentes: o Jornal do Brasil anteontem afirmou que eu espanquei minha própria mãe; O País de ontem contou que eu bati em minha tia; O Dia relatou que eu ofendi a minha irmã…”

Concebe-se a maior atrapalhação? A verdade é que a mulher espancada não era mãe, nem tia, nem irmã, nem mesmo avó do desgraçado! E é assim que se escreve a História…

Imagine-se agora a série formidável de complicações que podem trazer esses exageros de fantasia, quando empregados em caso sério, de alta monta para a vida moral da nação.

Uma folha virá dizer amanhã que o sr. presidente da República foi a tal ou qual festa trajando um terno de casimira marrom; outra diria que Sua Excelência levava calças cor de cinza e de sobrecasaca preta; uma terceira afirmará que Sua Excelência vestia um dólmã branco… E a gente, diante de tantas opiniões diferentes, ficará com o juízo a arder, não podendo adquirir uma idéia assentada e perfeita sobre esse ponto, que tão grave influência pode exercer sobre a integridade da pátria e a solidez das instituições republicanas.

Outro caso interessante: o do amigo Galvez, que, depois de ter transposto a porta da eternidade, aparece agora espairecendo pela Puerta Del Sol em Madri. É ele? Não é dele? Quem sabe? Fotografem-no, e veremos…

Não insistamos sobre os benefícios da grande revolução que a fotogravura vem fazer no jornalismo. Frisemos apenas este ponto: o jornal-animatógrafo terá a utilidade de evitar que nossas opiniões fiquem, como atualmente ficam, fixadas e conservadas eternamente, para gáudio dos inimigos… Qual de vós, irmãos, não escreve todos os dias quatro ou cinco tolices que desejariam ver apagadas ou extintas? Mas, ai! de todos nós! Não há morte para as nossas tolices! Nas bibliotecas e nos escritórios dos jornais, elas ficam –as pérfidas!– catalogadas; e lá vem um dia em que um perverso qualquer, abrindo um daqueles abomináveis cartapácios, exuma as malditas e arroja-as à face apalermada de quem as escreveu… Daqui em diante, não haverá esse perigo: ninguém se arrependerá do que tiver escrito, pela razão única e simples de que nada mais se escreverá…

No jornalismo do Rio de Janeiro, já se iniciou a revolução, que vai ser a nossa morte e a opulência dos que sabem desenhar. Preparemo-nos para morrer, irmãos, sem lamentações ridículas, aceitando resignadamente a fatalidade das coisas, e consolando-nos uns aos outros com a cortesia de que, ao menos, não mais seremos obrigados a escrever barbaridades…

Saudemos a nova era da imprensa! A revolução tira-nos o pão da boca, mas deixa-nos aliviada a consciência.

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Painel das Letras: Sem patrocínio

Por Folha
09/03/13 03:00

A Biblioteca Mário de Andrade celebrou ao conseguir, em dezembro, autorização para captar R$ 5 milhões via Lei Rouanet. Chegou a anunciar, em evento, o Bradesco como patrocinador de seu projeto de preservação e difusão de obras raras —segundo servidores, havia um acordo verbal. Mas o banco diz nunca ter firmado nada. Declinou da proposta, informa, em dezembro mesmo. Falta agora quem abrace a causa: são 7.700 obras do século 15 ao 19 à espera de digitalização e disponibilização na internet, além da catalogação de 5.700 volumes e do restauro de 200 livros e cem mapas

A vida do comandante

Menos de 24 horas após a morte do presidente venezuelano Hugo Chávez, na última terça, já estava à venda o e-book da biografia “El Comandante”, de Rory Carroll, ex-correspondente do jornal britânico “Guardian” na Venezuela. Ontem, saiu a versão impressa.

A edição brasileira chega em abril, pela Intrínseca, com tradução de George Schlesinger.
Ao longo do livro, Carroll deixa cada vez mais clara sua crítica ao presidente, pela lacuna entre a retórica e o que via no dia a dia venezuelano. O livro, diz a “Economist”, vale pelos detalhes, como o relato da aflição da equipe quando Chávez decidiu que havia muito vermelho ao redor e começou a se vestir de amarelo.

iPad A editora e-stilingue estreia no dia 14 com o infantil “Dragoberto” (acima), com texto de Alfredo Stahl e arte de Beatriz Bittencourt; é uma aposta nos interativos digitais, mercado ainda pouco explorado no Brasil

Só faltam 69 Paulo Coelho é um dos 70 autores que o governo levará a Frankfurt, em outubro, quando o Brasil será tema da maior feira editorial do mundo. O mago contou no Twitter. A lista, mesmo, sai só na próxima quinta.

Investigação A homenagem em Frankfurt, aliás, animou a revista francesa “Livres Hebdo”, voltada a profissionais da área, a dedicar uma futura edição ao mercado brasileiro. A jornalista Mylène Moulin vem falando com editores no Rio e em SP.

Primeiros passos “O Autor como Editor” é a oficina que Vanderley Mendonça, da Edith e da Demônio Negro, inicia no dia 19 no espaço Intermeios, em Pinheiros. As oito aulas, a R$ 720, incluem  design, impressão, vendas e registro no ISBN, essa causa inesgotável de dor de cabeça.

Primeiros passos 2  O editor se compromete a, no fim do curso, auxiliar a produção de obras de alunos cujos originais aprove.

Amor A relação entre uma idosa com mal de Alzheimer e seu cuidador é retratada no romance “Por Amor”, estreia do diretor de cinema, teatro e TV Mario Masetti na literatura. Sai pela Sá Editora neste semestre.

Casa “Sergio Y. Vai à América”, romance do colunista da Folha Alexandre Vidal Porto, vencedor do 1º Prêmio Paraná de Literatura, foi contratado pela Companhia das Letras. No ano passado, como parte da premiação, o governo paranaense imprimiu mil cópias e as distribuiu para bibliotecas do país.

Polêmica Em “A Última Lição de Michel Foucault”, Geoffroy de Lagasnerie analisa o interesse pelo neoliberalismo que o filósofo expressou no fim da vida. Para o autor, Foucault não deu as costas à esquerda: apenas viu no pensamento neoliberal um “lugar de imaginação” a ser explorado. A tradução, por André Telles, será lançada em maio pela Três Estrelas.

Habemus papa O espanhol Juan José Arias, que foi correspondente por 30 anos do “El País” no Vaticano, aceitou debater o papado com o português Luis Miguel Rocha, autor do best-seller “O Último Papa”, em maio, na Flipoços, em Poços de Caldas.

Habemus papa 2 A renúncia do papa, aliás, tem dado ibope. A Livraria Cultura percebeu, no último mês, aumento de 73% na vendas de títulos relacionados a ele, como “Sua Santidade: As Cartas Secretas de Bento 16”

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Painel das Letras: Candido na rede

Por Folha
02/03/13 03:00

Ana Luisa Escorel, da Ouro sobre Azul, brinca que certo “provincianismo intelectual” a  levou a protelar a digitalização da obra de Antonio Candido, seu pai. Ela teme que isso facilite a pirataria —embora os principais títulos do autor de “Formação da Literatura Brasileira” já sejam encontrados para download ilegal. Mas faz parte de seus planos converter os 17 títulos do maior crítico literário do país. “Estou começando pelas bordas”, diz a dona da microeditora. A digitalização de “O Pai, a Mãe e a Filha”, dela própria, ainda neste semestre, servirá de baliza para outras incursões no segmento de e-books.

CFA Liana Farias, uma das organizadoras, junto com Lara Souto Santana, de ‘A Vida Gritando nos Cantos’ (Nova Fronteira), teve autorizada a captação de R$ 433 mil via Rouanet para a mostra ‘Caio F: Doces Memórias’, que deve passar por quatro capitais

O preço da pesquisa
“O importante é debater o modo como se gasta dinheiro público com pesquisa no Brasil”, diz à Folha o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, ex-presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, a respeito da controvérsia causada por sua afirmação de que “o problema [da fundação] é um conformismo que paira sobre servidores”.

A declaração, dada a “O Globo”, gerou reações como um texto de Flora Süssekind, ativa pesquisadora da instituição, publicado na Folha, ressaltando o esforço de funcionários ante dificuldades.

Santos, que deixou o cargo em janeiro a pedido, diz que não se referia ao centro de memória nem ao administrativo, e sim a uma parcela do centro de pesquisa que não produziria o suficiente. “Uma auditoria externa poderia avaliar isso”, sugere.

O preço da pesquisa 2
A historiadora Isabel Lustosa, outra das pesquisadoras mais produtivas da Casa Rui, defende colegas. Diz que, como a fundação não tem atividades de ensino, como uma universidade, seu impacto deve ser visto por aspectos mais amplos.

“O que você publica por outras editoras, já que a editora da Casa Rui é micro, eventos de que você participa, tudo contribui para a visibilidade da instituição.” Sobre a produção em pesquisa, diz ser “considerável para o que se tem [de condições]”.

O novo presidente, Manolo Florentino, enfrentará outra questão: selecionar qual das cinco áreas de pesquisa receberá a única vaga para pesquisador das 49 a serem abertas em concurso neste ano, o primeiro desde 2002.

FBN A Fundação Biblioteca Nacional enfrenta mudanças. A chefe de gabinete da ministra da Cultura Marta Suplicy, Maristela Rangel, teve autorizada a nomeação como diretora-executiva da FBN. Substitui Loana Lagos Maia, que respondia ao presidente Galeno Amorim.

FBN 2 E, dois meses após Lucilia Garcez deixar de ser secretária-executiva do Plano Nacional do Livro e Leitura,  sem nunca ter sido nomeada, Ronaldo Teixeira da Silva, ex-secretário-adjunto do MEC, vem atuando informalmente no cargo em Brasília.

E no digital… Mauro Widman, gerente de vendas da Amazon no Brasil, deixou a empresa americana.

Contos O 3º Festival Nacional do Conto será desta vez em Florianópolis. ?O evento, organizado por Carlos Schroeder  e realizado pelo Sesc, ocorre de 19 a  23 de março. Estão confirmados Luiz Vilela, João Silvério Trevisan, Julián Fuks e outros.

Fruto O pianista André Mehmari escreve, a pedido da Osesp, obra baseada em poemas de Paulo Leminski. “Toda Poesia”, do autor, saiu pela Companhia das Letras —cuja sócia Lilia Moritz Schwarcz integra o conselho da orquestra.

Fruto 2 A peça estreia em outubro, na Sala São Paulo, com a Orquestra de Heliópolis sob a batuta do maestro Isaac Karabtchevsky, mais o Coro da Osesp e o pianista Pablo Rossi

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Painel das Letras: O que vai... volta

Por Folha
23/02/13 03:00

Em Brasília, já é dado como certo, para março, o retorno da Diretoria de Livro, Leitura e Literatura (DLLL), que passou menos de um ano no Rio. A diretoria foi transferida para a sede da Fundação Biblioteca Nacional, no Rio, devido ao empenho do presidente da instituição, Galeno Amorim, para agregar todas as políticas de livro e leitura na FBN. A medida incomodou especialistas, por ser considerada um retrocesso em relação ao esforço que vinha sendo feito para a criação do Instituto do Livro —antes de ela se concretizar, José Castilho, que coordenava o Plano Nacional do Livro e Leitura, criticou em carta de demissão “a transposição da estrutura do MinC para aquela autarquia [a FBN]”. No ministério, a percepção é a de que o processo paralisou o setor. A ministra Marta Suplicy vem consultando nomes para a FBN e para a DLLL. A dúvida agora é se Galeno fica em uma das duas —ou se sai de vez.

Desabafo de Nara

“Eu fiz uma coisa horrorosa”, disse Nara Leão (1942-1989) a João Vicente Salgueiro, Roberto Menescal e Sérgio Cabral em depoimento ao Museu da Imagem e do Som, no Rio, em 6 de julho de 1977. A íntegra da conversa, nunca antes publicada, está na edição da Coleção Encontros que a Azougue Editorial prevê para março, com entrevistas com a cantora.

A “coisa horrorosa” foi a entrevista que Nara concedera, 13 anos antes, à revista “Fatos e Fotos” –também presente na edição–, na qual dizia: “A bossa nova me dá sono”. “Não sei como me receberam depois de braços abertos, porque foi terrível, mesmo”, comenta em 1977.

Estão previstas também para breve edições com entrevistas de Gilberto Mendes, Antonio Cicero e outros.

Integral “O Cancioneiro” de Francesco Petrarca (1304-1374) ganhará tradução integral de Vilma de Katinszk na edição que a Ateliê e a Editora da Unicamp planejam para setembro, contendo 700 ilustrações de Enio Squeff (acima) feitas a partir dos poemas

A vida do bispo 1 Com a venda de anunciadas 178.962 cópias num megaevento de lançamento no último sábado, no Rio, a biografia “Nada a Perder”, de Edir Macedo, cujo ritmo de vendas andava caindo, foi para o topo da lista de mais vendidos.

A vida do bispo 2 No total, segundo a Planeta, foram 800 mil exemplares vendidos no Brasil desde agosto, mais 600 mil no exterior. Mas essa conta inclui só a venda em livrarias, diz a editora. Os livros comercializados nos templos e via porta-a-porta, que não saem com o selo da Planeta, devem aumentar bastante o total.

Entressafra Depois de 11 anos com contrato exclusivo com a Ediouro, por onde publicou dezenas de títulos, o escritor e antologista Flávio Moreira da Costa busca novos ares. Seu agente, Paul Christoph, inicia conversas. O autor gaúcho diz ter sete projetos em andamento.

Estreia O primeiro romance da poeta Bruna Beber está previsto pela Record para o ano que vem.

Paixão Em “Como os Franceses Inventaram o Amor” , a pesquisadora Marilyn Yalom, da Universidade Stanford, analisa por que o sentimento é tão associado à França. Sai pela Prumo em abril. Marilyn é mulher de Irvin D. Yalom, autor de “Quando Nietzsche Chorou”.

Solidão 1 Também em abril, a Novo Conceito lança “Na Companhia das Estrelas”, de Peter Heller. O título saiu timidamente nos EUA, mas logo alcançou as listas de best-sellers e os selos de qualidade do “Guardian” e da Amazon, que o elencaram entre os melhores de 2012.

Solidão 2 O livro conta a história de um homem que, ao sobreviver a uma doença que matou seus conhecidos, se isola num aeroporto apenas com um cachorro.

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"Me fascina o passado parecer mais intenso que o presente", diz John Banville

Por Raquel Cozer
20/02/13 17:57

O irlandês John Banville, autor do lindíssimo “O Mar” (Nova Fronteira), vencedor do Man Booker Prize 2005, vem neste ano para Flip, o que levou a Globo a programar seu romance mais recente, “Luz Antiga”, para junho. Minha entrevista com ele para o texto da Ilustrada de hoje foi motivada por outro lançamento, de “O Cisne de Prata” (Rocco), dentro da série de policiais que assina com o pseudônimo Benjamin Black. Falo um pouco do livro no link acima.

Desde 2006, quando começou a lançar policiais como Benjamin Black, inspirado pelos romances do belga Georges Simenon (1903-1989), Banville quase não escreve como Banville. Além de “Luz Antiga”, lançou só “Os Infinitos” (Nova Fronteira), que nem faz jus ao escritor que ele é. No mesmo período, foram sete livros como Black, com mais um previsto para este ano.

Em resumo, ele sofre mais para escrever como Banville, obcecado pela frase perfeita, e não vende tanto assim. Como Black, escreve com facilidade, sem nenhuma ambição de ser artista,  e lidera listas de mais vendidos. É assim que funciona e, ele diz, é absolutamente natural.

Ele fala também sobre as especificidades de seus romances policiais, a “conversão” a Benjamin Black e a Wikipedia, entre outros temas, na entrevista abaixo, concedida por e-mail.

Foto de Beowulf Sheehan

 ***

Em vez de centrar a história no ponto de vista de Quirke, o protagonista, “O Cisne de Prata” alterna capítulos na voz dele com as de outras personagens, incluindo a vítima. O resultado é que os leitores acabam sabendo muito mais do que o personagem que investiga a história. Por que optou por esse formato?
Acho romances policiais fascinantes do ponto de vista técnico. Nesse livro, foi interessante alargar a perspectiva e trazer, embora obliquamente, as vozes, ou ao menos as sensibilidades, de outros personagens. E com isso fazer Quirke desconhecer detalhes que outros personagens, e os leitores, sabem. Mas, enfim, Quirke geralmente progride por meio da ignorância dos fatos. O que admiro nele como protagonista é que ele não é um superdetetive. Se você quer o oposto de Sherlock Holmes ou Hercule Poirot, esse é Quirke. Ele é um pouco estúpido, como o resto de nós –humanos, em outras palavras.

O próprio Quirke é diferente de um protagonista que poderíamos esperar em um policial. Ele é um patologista que, em “O Cisne de Prata”, mente para a Justiça no único momento em que poderia ajudar na investigação. Como pensou esse personagem?
Quirke é movido pela curiosidade. Talvez eu esteja caindo num freudianismo barato, mas acho que o fato de ele mesmo não ter um passado do qual se lembre completamente o compele a mergulhar nas vidas de outras pessoas, a querer descobrir segredos alheios. Quando ele olha para trás, para anos anteriores de sua vida, há apenas um branco, e isso é algo que o atormenta. Então, quando encontra um “branco” que é um crime não resolvido, não resiste a investigar.

Assim como em “O Cisne de Prata”, que retoma o protagonista de “O Pecado de Christine”, em “Luz Antiga”, que também sairá neste ano no Brasil [pela Globo, em junho], você recupera um protagonista de romances anteriores. Esse é um procedimento comum em romances policiais, mas nem tanto fora da ficção de gênero. Por que voltar a personagens interessa ao sr.?
De fato não sei dizer por que retornei à história de Alex Cleave e de sua trágica filha Cass. Depois que leu “Eclipse” [inédito no Brasil], em que esses personagens aparecem, meu amigo Rodrigo Fresan [escritor argentino] me implorou para escrever um “livro de Cass”. “Luz Antiga” não é esse livro, mas revisita Alex e sua mulher, Lydia, dez anos depois da morte da filha. Devo ter achado que havia algo a resolver com Alex, Cass e o mistério da morte de Cass que continuava atormentando seus pais. É claro, Alex desconhece a conexão de Cass com Axel Vander, o crítico literário que Alex, que é ator, está prestes a interpretar num filme. Isso adicionou algum frisson para mim, como também, eu espero, para leitores familiares com “Eclipse”.

Quirke é atormentando pelo passado e pelo senso de perda, assim como Alex em “Luz Antiga”. O quão diferente é escrever sobre esse tema como Banville e como Black?
Bom, Quirke é atormentado de uma maneira diferente. O passado dele é um lugar terrível e escuro, uma espécie de Inferno anterior à morte. Para Alex, o passado é um mundo iluminado, que parece mais vívido para ele do que o mundo presente em que ele vive. Sempre me fascinou a percepção de que o passado sempre nos parece mais intenso que o presente.  Por que deveria ser assim? Afinal, o passado foi presente um dia, e tão normal e chato quanto o presente presente. A resposta, eu suspeito, é que como temos de viver o presente, não conseguimos vê-lo com clareza e, consequentemente, não o valorizamos. Apenas quando ele vira passado vemos como era extraordinário. Essa é uma tragédia de nossas vidas, que nós –a maior parte de nós– não conseguimos valorizar o que temos até que isso se perca.

Como Georges Simenon influenciou sua “conversão” em Black?
Nunca tinha lido Simenon [romancista belga, autor da série do inspetor Maigret] até um amigo, o filósofo inglês John Gray, me encorajar a ler o que Simenon definia como seus “romances psicológicos”. Quando li, fiquei deslumbrado. Esses livros, entre os quais estão “Dirty Snow”, “Monsieur Monde Vanishes” e “The Strangers in the House”, para ficar apenas em três, são para mim tão bons quanto qualquer coisa escrita no século 20, superiores aos trabalhos de Sartre ou Camus, por exemplo –Simenon é o verdadeiro romancista existencialista. Ocorreu a mim que deveria tentar escrever algo similar, usando um estilo simples e direto, um vocabulário restriro, e nenhum dos ornamentos “literários” que Banville usaria. Então Benjamin Black nasceu.

O verbete dedicado ao sr. na Wikipedia informa que o sr. chama romances policiais de “ficção barata”, mas com o aviso de que falta a fonte dessa informação. Essa é mesmo uma opinião sua?
Wikipedia! Sempre informando tudo ligeiramente errado. Escrevi em algum lugar, como ironia, que quando me tornei Benjamin Black descobri em mim uma capacidade para a “ficção barata”. Não era para ser levado a sério. É claro que existe muita ficção policial barata por aí, mas até aí também há muita ficção literária barata. O trabalho de Raymond Chandler, Dashiell Hammett, Richard Stark, James M. Cain –se isso é barato, então me mostre o que é caro.

O sr. costuma dizer que escrever como Banville é muito mais trabalhoso que escrever como Black. Incomoda saber que Black interessa mais aos leitores?
Acho que eu me incomodaria se Banville vendesse mais do que Black. Black trabalha num gênero popular, e, por consequência, suas vendas são melhores. É simples assim.

O sr. tem publicado mais como Black do que como Banville –o placar desde 2006 está em sete a dois. É uma experiência mais satisfatória a de escrever sem se preocupar tanto com a estrutura?
Talvez não mais satisfatório, mas diferente. Eu gosto do trabalho que os livros de Benjamin Black envolvem e tenho orgulho desses livros, como um artesão teria orgulho de um trabalho bem feito. Black não exige tanto de si mesmo como Banville, o que é uma outra maneira de dizer que Black não é um artista nem tem essa ambição.

Como é ver seu trabalho adaptado para a televisão [as histórias de Quirke foram adaptados no Reino Unido]?
Sou muito interessado em cinema e TV. Escrevi alguns roteiros, sempre gostei disso. E o primeiro livro de Benjamin Black, “O Pecado de Christine”, começou como um roteiro de TV. Uns dez anos atrás foi convidado a escrever uma minissérie de TV, ambientada nos anos 50. Escrevi três roteiros de três horas de duração cada um. Quando ficou claro que eles não seriam filmados, tive a ideia de transformá-los em romance. E foi o que eu fiz.

O sr. já esteve no Brasil?
Sim, passei uma semana ou duas em São Paulo alguns anos atrás e visitei Paraty muito rapidamente no caminho para casa. Estou ansioso por ficar mais tempo desta vez.

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Os percalços da impressão à moda antiga

Por Raquel Cozer
17/02/13 10:24

Saiu dias atrás na “Ilustrada”, durante a ressaca do papa e da festa pagã, uma capa sobre como microeditoras vêm oxigenando o mercado nacional com obras de qualidade.

O repórter especial Cassiano Elek Machado visitou a sede da charmosa Bolha, no Rio, numa fábrica abandonada. E eu conversei com outros quatro editores que têm se dedicado a essa coisa apaixonada que é produzir livros lindos a preços acessíveis, reduzindo a margem de lucro o máximo –algo que a indústria no Brasil, infelizmente, não sabe o que significa.

Chamou minha atenção o que ouvi sobre impressoras tipográficas. Elas não são mais fabricadas no Brasil, e as que existem têm sido desmontadas para virar máquinas de corte e vinco de caixas. De pizza, disse o editor Vanderley Mendonça, da Demônio Negro. Ou então vendidas a peso, no Brás. O povo vai lá, compra e derrete para reutilizar o material.

Esse foi um motivo pelo qual os editores da curitibana Arte&Letra, Frederico e Thiago Tizzot, demoraram um ano inteiro para editar e imprimir uma coleção graciosa de livros artesanais, com clássicos, por assim dizer, menos clássicos (leia-se menos editados) da literatura.

Foi um périplo. Só em São Paulo eles foram encontrar quem trabalhasse com impressão tipográfica. Chegaram a José Carlos Gianotti, do ateliê do Instituto Acaia, na Vila Leopoldina.

Mas o tipógrafo estava mais habituado a trabalhar com livros de texto curto, de poesia ou infantis. Não tinha tipos (as peças de metal com letras) o suficiente para os livros de página cheia que a Arte&Letra queria editar –para cada uma delas, são necessárias várias letras A, várias B etc..

Gianotti foi ao Brás procurar uma família de tipos. Uma luta: quase não há mais famílias íntegras entre os tipos. Encontrou uma, por R$ 500, só para descobrir letras defeituosas e faltantes ao tentar montar uma página. Recuperou parte do dinheiro ao revendê-la e, por fim, contratou um profissional com máquina de linotipos, que funde em blocos cada linha de caracteres.

As edições de “Um Coração Singelo”, de Gustave Flaubert, “Os Assassinatos na Rua Morgue”, de Edgar Allan Poe, e “Luzes”, de Anton Tchekhov, saíram no fim do ano passado, com capa de tecido, ilustrações em xilogravura, miolos costurados à mão. Foram 200 exemplares de cada um. De “Luzes” já está sendo produzida uma segunda leva.

Levando em conta todo o processo, o preço final, R$ 59,90, é consideravelmente baixo. Foi possível só porque a Arte&Letra é também livraria, dispensando intermediários. E porque, como falei, os editores não quiseram faturar horrores em cima dos títulos. Sabiam que eles serviram como boa divulgação da editora, que também produz livros não artesanais.

***

Por coincidência (ou nem tanto, já que o mercado não está assim esbanjando tipógrafos), José Carlos Gianotti, na foto acima, é um dos personagens que o artista gráfico Gilberto Tomé entrevistou para a exposição “Mestres Tipógrafos: Impressões da Vida”, em cartaz até o dia 23 de março na Oficina Cultural Oswald de Andrade, no Bom Retiro.

Tomé quis procurar quem trabalhasse “como nos tempos de Gutenberg”. Dos três entrevistados, só um, o Gianotti, já imprimia livros. Os outros, Aryovaldo Cordeiro, que tem uma pequena gráfica na zona norte de São Paulo, e Roberto Rossini, na Lapa de baixo, produziam receituários e notas fiscais, além de volantes e cartões de visita. Em demandas cada vez menores, segundo Tomé.

O artista fez a partir das entrevistas uma publicação, de 200 exemplares, que integra a exposição. É uma metaedição, impressa em tipografia e sobre a impressão em tipografia, com tipógrafos que são tanto personagens quando editores. Aos sábados, Tomé faz demonstrações do uso de máquinas tipográficas, das quais o público pode participar.

Para quem se interessa, a boa notícia é que São Paulo em breve terá uma oficina tipográfica permanente aberta ao público, a de Vanderley Mendonça, personagem singular: editor de artesanais na Demônio Negro e independentes na Edith, diretor numa multinacional de embalagens de alimentos e esgrimista profissional. Mas essa história fica para um próximo texto.

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Painel das Letras: Inéditos de Bataille

Por Folha
16/02/13 03:00

A filosofia de Georges Bataille (1897-1962) se funde com seu próprio “desejo de arder intensamente”, segundo o tradutor Fernando Scheibe, nos texto inéditos em português que a Autêntica incluirá em sua edição de “O Erotismo”, prevista para abril.

Fora de catálogo há quase uma década, o volume sairá agora com um “Dossiê O Erotismo”, do qual faz parte esse registro pessoal do autor sobre o tema do livro.

Terá também a transcrição de um debate, de 1957, em que figuras como André Breton, André Masson, Hans Bellmer e Jean Wahl explicitam divergências em relação às ideias do autor, acusado de machista, entre outras coisas. Em março, a editora publica “A Parte Maldita”, na tradução de Júlio Castañon Guimarães.

 Os últimos dias de Lucian

O pintor britânico Lucian Freud (1922-2011) proibiu, em seus últimos anos, a publicação de duas biografias que já havia autorizado. Simplesmente mudou de ideia.

Mas o neto do criador da psicanálise não só manteve a autorização ao jornalista Geordie Greig como aceitou que o encontrasse por dez anos no Clark’s, em Notting Hill, onde recebia amigos e fazia quase todas as refeições.

Greig publicou várias reportagens sobre Lucian. Após a morte do pintor, começou a organizar o material, juntando com entrevistas com amigos, amantes e até alguns filhos (ele teve 13 —ou mais). A biografia resultante, prevista para outubro na Inglaterra, acaba de ter os direitos adquiridos pela Record. Deve ser lançada em 2014.

Serrote A 13ª edição da revista do IMS, nas livrarias em março, reproduzirá 12 capas de livros (imagem acima) elaboradas pelo austríaco Eugênio Hirsch (1923-2001), que criou mais de 380 delas para a Civilização Brasileira

Concurso E a 13ª “Serrote” também lançará a segunda edição do concurso de ensaísmo da publicação quadrimestral —o texto vencedor será publicado na revista. Em 2011, foram 187 inscritos.

Essas mulheres Ivone Gebara, condenada pelo Vaticano por criticar a rigidez de sua doutrina, e Amelinha e Criméia, responsáveis pela condenação do torturador Coronel Brilhante Ustra, estão entre as sete militantes investigadas em “A Aventura de Contar-se”, previsto para agosto. A historiadora Margareth Rago acaba de entregar os originais à Editora da Unicamp.

Fantasia A Bertrand Brasil adquiriu os direitos da obra adulta e juvenil de
Terry Pratchett, britânico de humor corrosivo, conhecido pela série “Discworld”. Em junho, sai o adulto “Pequenos Deuses”. No fim do ano, o primeiro infantil, “A Hat of Full of Sky”. O autor sofre de Alzheimer, drama que conta no documentário “Choosing to Die” (2011), inédito no Brasil.

Pra fora Duas HQs, “Bando de Dois”, de Danilo Beyruth, e “Oeste Vermelho”, de Marcelo Costa e Magno Costa, terão traduções bancadas pela Biblioteca Nacional. Sairão na Argentina pela Editora Municipal do Rosário. A única tradução de HQ aprovada antes no programa foi a de “Cachalote”, de Daniel Galera e Rafael Coutinho, para a França.

Top A Geração Editorial adquiriu por R$ 50 mil os direitos da trilogia “The Redemption of Callie & Kayden”, de Jessica Sorensen, autopublicação que frequenta os mais vendidos nos EUA há dois meses, com mais de 200 mil e-books vendidos. O primeiro volume sai neste ano, junto com o primeiro de outra trilogia da autora, “The Forever of Ellen & Micha”.

Vitória Apparício Torelly, o Barão de Itararé, é até mais querido do que imaginou a Casa da Palavra. Lançada com 3.000 cópias em dezembro, a biografia “Entre sem Bater”, de Cláudio Figueiredo, já está em reimpressão

 

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"O mau livro não fica --um romance demanda tempo", diz Isa Pessoa sobre nacionais

Por Raquel Cozer
14/02/13 14:16

O começo dos anos 2000 não foi bom para autores brasileiros de ficção. No momento em que nosso mercado mais se profissionalizou, com players internacionais comprando nacos de editoras locais, estruturas se tornando menos familiares e livrarias cobrando por espaço, perdeu quem não tinha alto potencial de vendas. No limiar do estereótipo, a disputa entre o vampiro hollywoodiano e o autor brasileiro a gente sabe quem ganhou.

O ano que começa traz indícios de um movimento contrário. Nenhuma grande editora vai desistir de seus best-sellers, mas é digno de nota que mesmo as que faturam bem, obrigada, com a fórmula conhecida queiram ampliar catálogo nacional. Ainda que seja em parte curioso reflexo de anterior interesse internacional. Foi tema de reportagem que fiz  para a Ilustrada de hoje.

A Isa Pessoa, diretora editorial e dona da Foz, ficou conhecida, nos anos 90 e 2000, como diretora editorial da Objetiva, justamente pelo investimento em nacionais –especialmente por colocá-los nas listas de mais vendidos, algo que virou exceção da exceção.

Cheguei a mandar perguntas a ela para a reportagem, mas vi as respostas tarde demais. Respostas muito boas, de quem conhece a edição e o mercado. Estão aí.

***

Você criou a Foz com foco na produção nacional contemporânea, certo? Que obras ficção de autores em atividade já estão planejados para este ano?
Sim, o foco é esse. Para este ano estão programados o novo romance de Tatiana Salem Levy, “Maranhão”, e o de Paulo Scott, “O Ano em que Vivi Só de Literatura”.

Estão planejados. Todos trabalhando para isso. Mas, se o autor não considerar sua obra suficientemente acabada, para publicarmos com todo cuidado necessário em 2013, não iremos apressar o lançamento em função de uma oportunidade do mercado, para o fim de ano ou alguma feira literária, por exemplo.

Já vi esse filme, não funciona: depois tudo passa, e o mau livro não fica. Um romance demanda tempo para ser escrito, editado, e durar.

Na Objetiva, você era conhecida pelo seu trabalho com autores nacionais. Agora, chega um momento em que outras grandes editoras estão demonstrando mais interesse na produção de ficcionistas contemporâneos. O que aconteceu, de um, dois anos para cá, para levar a esse movimento?
Não consigo imaginar ambição mais bela, como editora brasileira, do que publicar autores nacionais que vendam bem, que cheguem às listas, sejam lidos e queridos pelo público –e pela crítica também, aí a gente chega perto do paraíso.

Foi o que aconteceu, por exemplo, quando publicamos a coleção Plenos Pecados, na Objetiva, e por alguns anos os autores brasileiros ocuparam a lista de ficção, às vezes cinco ao mesmo tempo (Ubaldo, Verissimo, Torero, Noll, Zuenir). Mas isso aconteceu do final dos anos 1990, até 2000. Depois, não me lembro de tantos escritores nacionais irem para a lista ao mesmo tempo.

De dez anos para cá, os estrangeiros passaram a dominar as vendas, como sabemos, os índices de nosso mercado traduzindo o que acontece mundo afora, enfim globalizados “comme il fault”. As tiragens de ficcionistas brasileiros minguando, com exceções louváveis nessa fase comercialmente ingrata para os autores nacionais.

A disputa internacional pelos autores e por séries de sucesso do livro que vira filme esquentou nosso mercado no início do milênio: todo mundo querendo o novo cachorro, o novo vampiro. E o autor brasileiro ofuscado, sem atenção do marketing das editoras, vendendo pouco. Mas um editor também precisa dos prestígio dos prêmios literários, da presença midiática na Flip –o que aguçou nos últimos anos, a meu ver, a busca por brasileiros que ocupassem esse lugar, ampliassem essa pesquisa por ficcionistas talentosos, de preferência jovens.

Vale ressaltar, nesse contexto, a compra de livros pelos programas governamentais, incluindo regularmente a ficção brasileira, que passaram a representar uma saída comercial para a publicação de autores nacionais de qualidade.

Em geral, a ficção nacional não entra na lista de mais vendidos. Acha possível, sendo realista, que esse cenário mude nos próximos anos?
A ficção nacional pode atrair mais leitores, sim, não tenho dúvida disso. Quando a editora investe mais na campanha de lançamento de um livro, e esse livro é bom, condição “sine qua non”, ele pode alcançar patamares maiores de venda do que se fosse lançado numa baixa tiragem, sem atenção da mídia, do editor, dos livreiros.

Prêmios literários, presença na Flip etc. são fatores determinantes na divulgação do nome do autor junto ao público, o que contribui para o círculo virtuoso, quando o livreiro dá mais atenção ao livro, e o consumidor também. Mas, se o livro não consegue o bom boca a boca, esqueça. É isso, no frigir dos ovos, que fará o livro vender mesmo, superar uma carreira regular, modesta, e alcançar a lista dos mais vendidos.

Claro que um autor nacional consegue escrever esse livro, por isso precisa de tempo para fazê-lo, de competência, de diálogo com o editor, de condições financeiras para tanto, de divulgação qualificada etc. Isso custa caro, e o editor precisa investir, naturalmente se o livro convencê-lo.

Como você seleciona autores para a Foz? É diferente hoje de como era quando você selecionava autores para a Objetiva, pensando, por exemplo, no maior número de agentes literários hoje em atividade no país?
A oferta é muito grande. Hoje talvez maior ainda, tendo em vista –também– o maior número de agentes literários. Todo dia recebo pelo menos um original novo para avaliar.

São basicamente os mesmos critérios de avaliação, ainda mais rígidos, na verdade, em função de um cronograma enxuto –a qualidade do texto, o potencial do autor, sua disposição em trabalhar junto com o editor, esculpir esse texto, esgotar todas as chances de aprimorá-lo.

Acho que me tornei uma editora mais exigente, sim, em função de um novo projeto profissional.

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Painel das Letras: Chegando a hora

Por Folha
09/02/13 03:00

O comitê de organização da participação brasileira na Feira de Frankfurt deste ano, que terá o Brasil como convidado de honra, já tem definidos os nomes dos 70 autores que representarão o país durante o evento, em outubro. Os selecionados pelos curadores Maria Antonieta Cunha, Antonio Martinelli e Manuel da Costa Pinto já estão sendo contatados. O anúncio dos nomes será em março, na Feira de Leipzig, na Alemanha. O presidente da Feira de Frankfurt, Juergen Boos, costuma dizer que um dos momentos mais complicados para os países convidados é justamente a divulgação dos nomes dos escritores que viajam a convite do governo —o que sempre causa chororô entre os que ficam de fora.

Vitrine para inéditos
A revista de literatura lusófona “Pessoa” estreia em março espaço para textos inéditos, de autores conhecidos e estreantes, em seu site www.revistapessoa.com. Serão duas seções, Fingimento, para poesia, e Desassossego, de contos. A curadoria será de Luiz Ruffato.

A proposta é publicar um texto a cada 15 dias. Depois desse período, o autor faz do texto o que quiser: inclusive autorizar sua inclusão numa antologia que a Mombak —que edita a revista “Pessoa”— publicará no ano que vem. O conteúdo também ficará disponível via aplicativos que a revista desenvolve para celulares, tablets e e-readers

 

HQ O cartunista gaúcho Santiago conta memórias de sua infância e adolescência, sempre em histórias de uma página, em “Causos do Santiago”, que a independente Zarabatana prevê para abril

História Personagens reais e mitológicos, de Joana D’Arc a Robin Hood, compõem “Homens e Mulheres da Idade Média”, organizado pelo francês Jacques Le Goff. O livro foi comprado, “depois de uma pequena batalha”, pela Estação Liberdade. Deve ficar para setembro.

Novos rumos 1 Após um ano de mudanças, a LeYa começa 2013 com novo diretor comercial. Renato Bastos, profissional experiente, de perfil considerado conservador —trabalhou anos na Objetiva e passou pela Rocco— assume em breve o lugar que era de Corina Campos.

Novos rumos 2 Também em breve a LeYa apresenta seu selo feminino, Quinta Essência, que já existe em Portugal. Um título previsto é “The Juliet Society”, da ex-atriz pornô Sasha Grey, protagonista de “Confissões de uma Garota de Programa”, de Steven Soderbergh.

Por aqui 1 Sasha Grey deve vir ao Brasil neste ano, não para a Bienal do Rio, para não disputar atenção com outros best-sellers.

Por aqui 2 Sylvia Day, da trilogia “Toda Sua” (Companhia das Letras) , disse no Twitter que deve vir ao Rio. A Bienal ainda não confirma.

Batalha de Oz A chegada das edições de “O Mágico de Oz” pela Tordesilhas (R$ 39,90) e pela Zahar (R$ 19,90) estimulou a LeYa a baixar o preço da sua —lançada em 2011— de R$ 19,90 para R$ 9,90. A promoção do livro de L. Frank Baum, traduzido por Santiago Nazarian e ilustrada por Alvim, começa no dia 20.

Dor Já tem editora aqui o romance “Say Her Name”, que o americano Francisco Goldman escreveu para perscrutar a história da própria mulher, que morreu após um acidente no mar. Sairá pela Companhia das Letras.

Expansão A plataforma de autopublicação Clube de Autores se expande. Quase metade dos seus 12 mil e-books agora estão à venda pelo Google Play, segunda loja que mais vende livros digitais no Brasil.
O Clube diz ter vendido em 2012, por seu site, 18 mil e-books, uma média de 1,5 exemplar por título.

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