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A Biblioteca de Raquel

Raquel Cozer

Perfil Raquel Cozer é jornalista especializada na cobertura de livros

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Painel das Letras: A primeirona

Por Folha
15/12/12 03:00

É a Apple, e não a Amazon, a loja que mais está vendendo e-books no país. E muito mais. O dado surpreendeu o mercado, especialmente porque a Apple chegou na surdina e vendendo livros em dólares, com cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O Google Play também tem ido bem, embora mostre pouca intimidade com o mercado nacional –em email recente aos usuários, a empresa informou que em breve as compras poderão ser feitas em “pesos brasileiros”.

A Amazon, cujas vendas decepcionaram, vende até menos que a Saraiva em alguns casos. Ambas estão à frente da Kobo, parceira da Livraria Cultura. Entre as pequenas editoras, a KBR, entusiasta da Amazon, informa que tem vendido mais na loja que em qualquer outra. Nenhuma das lojas divulga números de vendas.

Vivaleitura só em 2013

O Prêmio Vivaleitura, que em 2012 passou à alçada da Fundação Biblioteca Nacional, não será entregue neste ano. Os finalistas foram divulgados, mas a entrega ficou para data indefinida de 2013.

Será o primeiro ano desde 2005 sem a entrega do dinheiro aos vencedores da honraria, voltada a instituições que fomentam a leitura.

Até 2011, o Vivaleitura era parceria do MEC e do MinC com a Fundação Santillana e a OEI, organização internacional para educação, ciência e cultura. Ao assumi-lo, a FBN aumentou seu valor, de R$ 90 mil (R$ 30 mil a cada um dos três vencedores) a R$ 540 mil (R$ 30 mil a cada um dos 18 vencedores em três categorias).

Mas o edital condicionava o prêmio “à existência de disponibilidade orçamentária e financeira”. Segundo portaria de 2009, editais devem especificar a fonte dos recursos. Pelo jeito, fez falta assegurar de onde sairia o dinheiro.

Infantil “O Céu, a Terra e a Vírgula” (imagem), de Francisco Marques, o Chico dos Bonecos, traz personagens de Comênio (1592-1670) e Chesterton (1874-1936) ao sul de Minas Gerais hoje. Sai em fevereiro pela Peirópolis

Guia 1 O “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, de Leandro Narloch, pode virar série de TV. A produtora Cinefor comprou os direitos de adaptação, teve  autorizada a captação de R$ 389 mil via Rouanet e apresentará a ideia a canais.

Guia 2 Narloch já comparou o MinC a um “Ministério do Vento” em artigo na Folha, citando que “a imprensa divulgava que empinadores famosos e com extensas rabiolas entravam com projetos milionários para aproveitar o ar canalizado”. Ele diz: “Preferia ficar longe do MinC, mas aceitei por consideração à produtora, que gastou tempo e trabalho na adaptação”.

Prêmio 1 “Ventania”, de Alcione Araújo, “Habitante Irreal”, de Paulo Scott, “Quiçá”, de Luisa Geisler, “O Céu dos Suicidas”, de Ricardo Lísias”, e “K”, de Bernardo Kucinski, estão entre os 24 romances que concorrem ao Prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional. O vencedor será conhecido nesta segunda.

Prêmio 2 Também concorrem “Memórias de Antes Cadáver”, de Narjara Medeiros, “Suicidas”, de Raphael Montes, “Sozinho no Deserto Extremo”, de Luiz Bras, “Lotte e Zweig”, de Deonísio da Silva, “A Felicidade É Fácil”, de Edney Silvestre, “Dois Rios”, de Tatiana Salem Levy, “Valentia”, de Deborah Kietzman Goldemberg, “Domingo sem Deus”, de Luiz Ruffato”…

Prêmio 3 …”O Mendigo que Sabia de Cor Erasmo de Rotterdam”, de Evandro Affonso Ferreira, “Procura do Romance”, de Julián Fuks, “Solidão Continental”, de João Gilberto Noll, “O Livro das Horas”, de Nélida Piñon, “A Condessa de Picaçurova”, de Antonio Salvador, “Deus Foi Almoçar”, de Ferréz, “O Manuscrito Secreto de Marx”, de Armando Avena, “Caderno de Ruminações”, de Francisco JC Dantas, “Meninos Perdidos”, de Adriane Sarmento, “Perdição”, de Luiz Vilela, e “O Inventário de Júlio Reis”, de Fernando Molica.

Prêmio 4 Cada um dos títulos foi citado por pelo menos um dos três jurados na categoria romance: Felipe Pena, Geraldo Moreira Prado e Erick Felinto.

Teste 1 Depende das vendas na Amazon de “Nelson Rodrigues por Ele Mesmo” e “Brasil em Campo”, organizados por Sonia Rodrigues e distribuídos pela KBR, a vinda à tona de até 850 crônicas do autor inéditas em livro.

Teste 2 A herdeira, que obteve no espólio o direito de explorar digitalmente por 18 meses a prosa de Nelson (o contrato com a Nova Fronteira exclui o digital), avaliará o desempenho antes de editar (ou não) outros dois e-books.

Caseira 1 A Cultura e Barbárie, que terceirizava acabamento e impressão de seus livros, agora faz tudo internamente. Espera ampliar o catálogo e ter edições mais personalizadas, como “Delírio de Damasco”, de Veronica Stigger, costurado à mão.

Caseira 2 Para 2013, estão previstos os inéditos “A Psicanálise e o Inconsciente”, de D.H. Lawrence, traduzido por Alexandre Nodari, e “Locus Solus”, de Raymond Roussel, por Fernando Scheibe.

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Painel das Letras: Nova casa de Maigret

Por Folha
08/12/12 03:00

Quase toda a obra de Georges Simenon (1903-1989), belga que escreveu mais de 500 livros e já teve 500 milhões de exemplares vendidos no mundo, será publicada pela Companhia das Letras a partir de fevereiro de 2014. A editora prevê para o ano de estreia 11 volumes do inspetor Maigret (personagem de mais de cem títulos) e um romance não relacionado. São quase 400 livros contratados, o que exigirá da editora 30 anos de publicações se mantiver o ritmo de um livro por mês. O superlativo autor ainda terá títulos até 2016 pela L&PM. A casa diz que “é passível de sério questionamento” a decisão dos agentes de passar a obra à Companhia por esta ser associada à Penguin, que publica Simenon. “Tentaremos todas esferas judiciais para garantir nossos direitos”, informou a editora gaúcha.

Linha de chegada

Amazon, Kobo e Google estrearam com pendências para não perderem a corrida dos livros digitais no país.

Após avisar editoras de que ficariam fora da estreia se não mandassem seus arquivos até terça, a Amazon entrou no ar inclusive sem títulos enviados meses atrás.

E alguns textos do site foram vertidos via tradutores on-line, caso de “Companheiro Inesperado”, de Toni Griffin. “Quebrando fora da cidade pequena, nunca Brian pensou que ele encontrar seu companheiro”, diz a sinopse do livro.

O Google estreou sem grandes editoras como Companhia das Letras e Ediouro, ainda em negociações.

E a Kobo pôde oferecer só 8.000 dos 15 mil e-books nacionais da Livraria Cultura, já que nem todos os arquivos em PDF foram convertidos ao formato ePub.

Mas a loja canadense teve bons números. Antes da estreia, já tinha vendido mil aparelhos de leitura. Desde quarta, 20% dos e-books vendidos foram para o novo aparelho.

Infantil “Os Coelhos Tapados” (imagem acima) e “Os Coelhos Tapados Vão ao Zoológico”, de Dav Pilkey, autor de “As Aventuras do Capitão Cueca”, saem em janeiro pela Cosac Naify. A tradução é de Daniel Pellizzari

Rio antigo Ruas, edifícios, botequins e suas tipologias guiarão o livro que Michelle Strzoda inicia em sua segunda investida sobre a história do Rio. Com o designer Rafael Nobre e ainda sem editora, a autora de “O Rio de Joaquim Manuel de Macedo” (Casa da Palavra) pesquisará a evolução do subúrbio, da orla e de outras áreas na memória visual do carioca.

Estreia A gaúcha Letícia Wierzchowski, de “A Casa das Sete Mulheres” (Record), está de editora nova. Será dela a primeira ficção nacional da Intrínseca, “Clarões e Sombras”, em junho. O primeiro ficcionista nacional contratado, Miguel Sanches Neto, ainda escreve seu livro.

Novo rumo 1 Após estourar com os livros juvenis de Paula Pimenta no selo Gutenberg, a Autêntica planeja investir na ficção adulta. O selo terá, em 2013, títulos como “Sobre o Sexo na Casa Branca”, de Larry Flynt com David Eisenbach.

Novo rumo 2 Em seu selo principal, a Autêntica investirá mais em literatura contemporânea, sendo a maior aposta “Tinta”, de Fernando Trías de Bes.

Novo rumo 3 Mas os autores de juvenis não serão esquecidos. Prova disso é que a editora traduziu para o inglês o best-seller “Fazendo Meu Filme 1”, de Paula Pimenta, numa edição digital que deve entrar no ar na semana que vem na Amazon e na loja da Apple. Vai se chamar “Shooting My Life’s Script”, com tradução de Thiago Nasser e revisão de Dan O’Shea.

Ressaca Luiz Fernando Carvalho virou fã da Balada Literária. Após convencer o recluso Raduan Nassar a fazer uma inesperada aparição no evento organizado por Marcelino Freire, o cineasta quis participar também da tradicional Ressaca Literária. No dia 16, vai ao lançamento da HQ “Suburbia”, baseada em sua série global, no centro b_arco.

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Vou lá e já volto

Por Raquel Cozer
03/11/12 11:00

Este blog deve ficar meio parado nas próximas semanas: estarei em férias em novembro, mês em que também não haverá Painel das Letras aos sábados na Ilustrada. Pode ser que apareça aqui quando cansar de descansar, o que não me parece tão provável neste momento. 😉

(Para a audiência não ficar tão baixa na ausência de posts, deixo vocês com este .gif sobre a   vida como a vida é, para que assistam ad infinitum. Uma cortesia Clarice Cardoso).

 

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Painel das Letras: A volta da Primavera

Por Raquel Cozer
03/11/12 08:42

São Paulo voltará a ter, depois de três anos, sua versão completa da Primavera dos Livros, evento promovido por editoras independentes da associação Libre e que no Rio já está na 11ª edição. A última edição paulistana com apoio da prefeitura foi em 2009, no CCSP; em 2010, houve uma versão reduzida na Livraria Cultura.

Neste ano, após tentar negociar com a prefeitura a realização na praça D. José Gaspar (centro), a Libre conseguiu o aval do governo estadual para levar a feira para a tenda de eventos ao lado da Biblioteca São Paulo (zona norte). Será nos próximos dias 22 a 25, com 45 pequenas e médias editoras vendendo livros com até 50% de desconto. Haverá concerto da Villa-Lobos Jazz Band e mesas com Clara Averbuck, Joca Reiners Terron, Marcelo Mirisola e outros.

HQ “Graphic novel infantil que delicia adultos”, segundo o site BoingBoing, “Giants Beware” sai em 2013 pela V&R. De Jorge Aguirre e Rafael Rosado, conta a história de uma menininha que caça gigantes

Nossa língua indígena 1 A editora Limiar conseguiu autorização para captar R$ 1,73 milhão via Rouanet para uma exposição no Museu da Língua Portuguesa sobre a influência das línguas indígenas na formação do português brasileiro. Agora só falta convencer o Museu da Língua Portuguesa.

Nossa língua indígena 2 O editor Norian Segatto diz que o projeto, baseado no “Dicionário de Palavras Brasileiras de Origem Indígena”, de Clóvis Chiaradia, foi elogiado no museu, mas que, após ele entrar com o pedido de captação, soube que a instituição não teria data para a mostra. Com a aprovação, tentará retomar a conversa. Mas já pensa em locais alternativos.

Para exportação 1 Após o sucesso nas vendas de direitos de romances de autores como Michel Laub e Daniel Galera, a Companhia das Letras trabalha na não ficção para exportação. O projeto surgiu em parceria com a Penguin, e dois títulos, cujos autores a editora ainda não revela, já têm garantida a publicação tanto no Brasil quanto nos EUA e no Reino Unido.

Para exportação 2 Já a alemã Suhrkamp, que anda interessada no Brasil, prevê para 2013 -além do novo livro de Galera, “Barba Ensopada de Sangue”- novas edições de clássicos nacionais.

Para exportação 3 Estão previstos “Os Sertões”, de Euclydes da Cunha, “Macunaíma”, de Mário de Andrade, obras de Augusto Boal e “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, com prefácio original de Antonio Candido e introdução de Sérgio Costa.

Nunca acaba Até o final do ano, a Intrínseca terá mandado imprimir 2,5 milhões de cópias de “Cinquenta Tons”. Já foram vendidos 650 mil do primeiro livro e 350 mil do segundo -esses continuam rodando nas gráficas. O terceiro sai nesta quinta com 600 mil exemplares. E, no fim deste mês, sai ainda uma caixa com os três volumes, com algo entre 150 e 200 mil unidades.

Vai ou não vai A notícia, nesta semana, da tentativa da Livraria Saraiva de vender apenas sua loja on-line causou estranheza -foi a falta de uma loja on-line própria que fez a americana Borders falir. O que se ouve no mercado é que, na verdade, a venda planejada pela Saraiva inclui também as lojas físicas. A empresa não comenta.

Dueto Aos 96, Cleonice Berardinelli se prepara para gravar com Maria Bethânia um CD com poemas de Pessoa. A ideia surgiu no lançamento da “Antologia Poética: Fernando Pessoa” (Casa da Palavra), no Rio, quando Maria Bethânia leu trechos do livro organizado pela imortal.

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Random House, Penguin, Companhia das Letras: o mercado editorial em mutação

Por Raquel Cozer
29/10/12 20:37

As “Big Six” –nome dado ao conjunto das seis maiores editoras do mundo, Simon & Schuster, HarperCollins, Random House, MacMillan, Penguin e Hachette– agora serão cinco. Foi a maior notícia do mercado editorial em muito tempo: a confirmação, hoje cedo, da joint venture entre a empresa alemã de mídia Bertelsmann, proprietária da Random House, e da editora britânica Pearson, que detém a Penguin.

A Penguin Random House deve começar a atuar no segundo semestre do ano que vem, respondendo, sozinha, por 27% do mercado editorial global. Terá com isso tamanho suficiente para se impor no mercado digital, no qual editoras vêm enfrentando dificuldades nas negociações com gigantes da tecnologia como Google, Apple e Amazon.

(Update para contextualização feita no Twitter: valor de mercado da Apple, US$ 567 bilhões; do Google, US$ 221 bilhões; da Amazon, US$ 108 bilhões; e da Random Penguin, US$ 3 bilhões)

Outras das “Big Six” já foram compradas anos atrás por empresas de mídia, caso da HarperCollins, pela News Corp, da Simon & Schuster, pela CBS, e da própria Random House, mas analistas acham provável que também estejam conversando entre elas para outras fusões do gênero –a HarperCollins mesmo andou falando com a Pearson depois que surgiram, na semana passada, as primeiras informações da fusão de hoje.

***

Onde o Brasil entra nesta história? Bem, para começo de conversa, em email para os funcionários do grupo Penguin, o presidente John Makinson –que comandará o conselho da nova empresa– destacou que a Penguin Random House levará em conta todos os interesses das duas atuais editoras “nas línguas inglesa, espanhola e portuguesa”.

A Penguin já marca presença aqui desde a aquisição de 45% da Companhia das Letras, no ano passado. Tempos atrás, o grupo Bertelsmann inaugurou um escritório em São Paulo, e representantes da Random House andaram conversando com editores brasileiros para avaliar opções de compra. Não saberia dizer se a fusão com a Penguin interromperia essas conversas, considerando que a nova empresa já detém parte de uma editora no Brasil, ou se outras negociações continuam. Editores brasileiros com quem conversei creem que, após  a situação se regularizar, a Penguin Random continuará com outras conversas.

É digno de nota, de todo modo, Makinson destacar a língua portuguesa entre os grandes interesses do novo grupo. E mudanças expressivas ocorridas no último ano na Companhia das Letras permitem desconfiar que resultados esses interesses trarão na prática.

***

A Companhia das Letras resolveu anunciar também hoje alterações internas que parecem ter tudo a ver com a compra, em 2011, de parte da editora brasileira pela Penguin: a saída de duas veteranas na casa, a diretora editorial Maria Emília Bender e a editora Marta Garcia; e a reestruturação do departamento editorial, com o editor Otávio Marques da Costa assumindo a função de publisher do selo Companhia das Letras, e a editora Júlia Moritz Schwarcz a de publisher dos selos Companhia das Letrinhas, Boa Companhia, Claro Enigma e Seguinte.

Maria Emília, elogiada por todo mundo pelo talento para treinar novos editores, e Marta, editora de texto em que o mercado inteiro já deve estar de olho, saem –Maria em abril, Marta no final deste ano– por decisão própria, tomada semanas atrás, depois de mais de 20 anos na Companhia. O fato é que a estrutura da editora vem sofrendo transformações significativas, com os editores assumindo, além da edição de texto, um papel importante na parte de negócios.

Certamente não foi por acaso que, no começo deste mês, o editor Luiz Schwarcz destacou em post no Blog da Companhia justamente Maria Emília e Marta como formadoras de “uma escola de exímios editores de texto”, e Otávio e Júlia como representantes de uma nova geração, cujos aprendizados terão “efeitos sensíveis na estrutura e desempenho da editora no futuro”.

***

Por ora, o efeito mais perceptível foi o investimento da Companhia das Letras em selos comerciais, caso da Paralela (que publicou o erótico “Toda Sua” na esteira do sucesso do “Cinquenta Tons”) e do juvenil Seguinte, e ainda do Boa Companhia, com grande potencial para venda em escolas. Ótimo para a editora, embora nada imprescindível para o leitor –vamos combinar que editoras de best-sellers comerciais não são algo que esteja em falta no Brasil.

A longo prazo, creio que veremos acontecer no Brasil situações como essa que testemunhei semanas atrás, quando Pedro Almeida, diretor editorial da Lafonte, comentou que tinha adquirido os direitos de “Release Me”, de J. Kenner, anunciado como a resposta da Random House ao “Cinquenta Tons”. Estranhei: mas o “Cinquenta Tons” não é da Random House? Ele explicou:

“Na verdade, o ‘Cinquenta Tons” é da Knopf, do selo Vintage, que pertence à holding alemã Random House, mas cada uma das empresas funciona de forma independente. A Knopf foi uma das agregadas ao grupo. A Random é a editora original, principal. A Bantam, que vai publicar ‘Release Me’, é uma editora americana da Random House, que adquiriu a Knopf. Não são concorrentes como seria uma Harper, mas são concorrentes entre si.”

Ficou claro?

***

Por falar em ficar claro, aparentemente há algo muito engraçado na opção alternativa de nome Random Penguin (em vez da oficial, Penguin Random), algo além da ideia de um “pinguim qualquer” ou “aleatório” e que escapa à minha compreensão (digo, além da ideia da adjetivação ao pinguim), porque muita, muita gente lamentou no Twitter que o nome não fosse esse. Se alguém souber explicar, agradeço, porque já atormentei meio mundo com isso.

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Painel das Letras: Um teatro para Hilda

Por Folha
27/10/12 03:00

O Instituto Hilda Hilst quer inaugurar no começo de 2013 um teatro de arena, com capacidade para até 200 pessoas, num terraço da Casa do Sol, onde morava a escritora. A meta é que receba principalmente montagens da obra de Hilda, mas que também supra uma lacuna de casas de teatro na região de Campinas.

Em outras ocasiões, para reformulação do site e digitalização do acervo, o instituto recorreu à Lei Rouanet, mas a dificuldade para conseguir patrocinadores o levou desta vez a tentar arrecadar os R$ 62 mil do projeto via crowdfunding, o financiamento coletivo pela web. A partir de 7/11, em site a ser divulgado, serão aceitas cotas de R$ 7 a R$ 5.000.

Dependendo do valor, o investidor levará mimos que vão de pôsteres a estadias de duas semanas na casa onde Hilda viveu.

E uma casa para Mo Yan

A Cosac Naify saiu na frente na disputa pela publicação no Brasil um título de Mo Yan, Nobel de Literatura deste ano. Fechou ontem com a agência Pierre Astier a compra de “Change”, título de em que o autor, inédito por aqui e visto como alinhado ao governo chinês, encarna as mudanças políticas e sociais de seu país nas últimas décadas.

O livro é um dos poucos do chinês a não serem geridos pela agência Wylie, que desde o anúncio do Nobel vem batendo de frente com a agente Sandra Dijkstra –que diz representar Mo Yan “desde o começo”. A Cosac agora busca um tradutor do chinês, o que é sempre um desafio no Brasil. Procurada anos atrás pela Wylie, a Estação Liberdade disse ter desistido de Mo Yan, antes de fechar contrato, por não conseguir tradutor.

Arte Recém-aberta no Instituto Moreira Salles do Rio, a mostra “William Kentridge: Fortuna” (foto acima) terá seu catálogo editado em inglês em parceria com a Thames & Hudson, resultado de conversas iniciadas na Feira de Frankfurt.

Exportação 1 A previsão do Brazilian Publishers, projeto que incentiva editoras brasileiras a venderem direitos autorais e livros impressos para outros países, é de que em um ano chegue a US$ 500 mil o total das negociações iniciadas na última Feira de Frankfurt.

Exportação 2 O valor estimado está muito acima dos US$ 150 mil esperados antes do início da feira, apesar de ser baixo para padrões internacionais —só a trilogia “Cinquenta Tons”, como se sabe, foi comprada pela Intrínseca por US$ 780 mil. O Brazilian Publishers contabiliza números de cerca de 30 editoras.

É ou não é  Com a notícia de que o jurado “C” do Jabuti, Rodrigo Gurgel, se apresenta como “editor associado” da LeYa, vínculo que o impediria de integrar o júri, a editora apressou-se em esclarecer: Gurgel fez só “leituras críticas de originais”, segundo a casa, e “nenhum dos dez originais que leu foi publicado”. Pois é, ninguém pode dizer que Gurgel não seja rigoroso…

A menina Mogli 1 É mirabolante a história real de “The Girl with no Name”, de Marina Chapman e Lynne Barrett-Lee, que a Record acaba de comprar.

A menina Mogli 2 Sequestrada na Colômbia aos cinco anos, em 1954, Marina foi criada por uma família de macacos na floresta até descoberta… não por salvadores, mas por caçadores, que a venderam como escrava a um casal de exploradores sexuais, antes de ela fugir e passar três anos como menina de rua. E isso era só o começo.

Ainda não A se considerar as primeiras bolsas aprovadas no programa de apoio à publicação de brasileiros em países lusófonos, da Fundação Biblioteca Nacional, autores nacionais na ativa ainda não são o maior foco de editoras portuguesas. Dos dez livros listados no “Diário Oficial” de ontem, só dois são de um autor vivo, Dalton Trevisan. Os outros são de Clarice Lispector, Francisca da Silva, Raimundo Correia, Drummond e João Antônio.

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'O bichinho carrega nas costas mais do que deveria', diz curador do Jabuti

Por Raquel Cozer
23/10/12 18:17

Cartum de João Chiodini sobre o jurado C, recebido via Twitter =)

Eu sei, eu sei, são muitos posts seguidos sobre o assunto. Mas fiquei devendo a resposta da organização do Prêmio Jabuti ao comunicado da Objetiva sobre as notas zero que o jurado C atribuiu ao romance “Infâmia”, de Ana Maria Machado. Segue a conversa que tive com José Luiz Goldfarb, curador do prêmio há décadas e um defensor da causa do livro no país.

Update no dia 24: ontem não podia postar aqui, mas o Paulo Werneck, editor da “Ilustríssima”, desvendou a identidade do jurado C: é o crítico e editor paulista Rodrigo Gurgel, que escreve no “Rascunho”. Está na Folha de hoje, acompanhado por um textinho meu revelando o curioso modus operandi de Gurgel, que na segunda fase deu notas zero para livros que três semanas antes, na primeira fase, tinham recebido notas altas dele mesmo.

E mais update no dia 24, porque não aguento mais fazer post sobre Jabuti: questionaram nas redes sociais o fato de o Rodrigo Gurgel se apresentar como editor associado” da LeYa, sendo que as regras impedem que os jurados tenham vínculo com editoras. A LeYa informa que Gurgel fez leituras críticas para a editora entre 2010 e 2011, sem cargo fixo. De todo modo, em 2010 e 2011 Gurgel já era jurado do Jabuti. E será possível arrumar quase cem jurados sem ligação com editoras num prêmio voltado ao mercado editorial?

***

É o terceiro ano seguido com o Jabuti envolvido em polêmicas. Como avalia isso?
Pois é. No ano retrasado, tivemos o Chico Buarque, segundo lugar na categoria romance, eleito o livro do ano. O regulamento permitia, já tinha acontecido outras vezes, mas a polêmica nos fez rever o regulamento. No ano passado houve uma quantidade desagradável de finalistas que, pelas regras, não poderiam ser finalistas. Do ponto de vista de um prêmio é melhor desclassificar do que manter o erro, mas foi ruim terem sido vários casos.

Eu estava extremamente contente neste ano. Instituímos a comissão de curadores, que foi boa para eliminar obras que não deveriam estar participando. Quando saiu o resultado da primeira fase, como não eram mais centenas de livros concorrendo por categoria, fiquei tranquilo. A apuração da segunda etapa estava quase terminando quando pintou o jurado C. Mantive a frieza e a firmeza de que voto é voto e ninguém pode questionar se estiver dentro das regras. A reação de jornalistas e editores, na hora, foi de estranheza. Houve um zunzunzum de que seria anulado. Fiquei chateado com textos dizendo que a votação tinha de ir para o Supremo, coisas do gênero. A força do Jabuti é a contagem dos votos ser toda aberta.

Acha que problemas do gênero prejudicam a relevância do Jabuti?
Como curador, não gosto de ver isso acontecer. É claro que problemas no Jabuti extrapolam minha carga horária de Jabuti, que é só uma das minhas atribuições. Mas as pessoas entram numa maré de que tudo é melado no país e, na verdade, nos três casos de polêmica, nada foi ilegal, nada foi maracutaia. Nenhuma das polêmicas pôs em questão a lisura do prêmio. Aliás, a polêmica do jurado C só veio à tona porque os votos são abertos.

Por que mudaram a regra que limitava a nota mínima 8 na avaliação dos jurados?
Por muito tempo, a nota foi de 0 a 10. Não lembro como mudou, nunca tinha acontecido algo assim, mas em algum momento ficou resolvido que seria de 8 a 10. Passei a receber de jurados o pedido de que isso fosse ampliado, que 8 a 10 era uma margem pequena para avaliação, e aconteceu de jurados darem notas abaixo de 8 e terem seus votos anulados.

Num momento, talvez, de ingenuidade minha, não lembrando que alguém poderia usar isso para votar de forma muito pesada… Não houve uma reflexão muito detalhada, a gente achou, na confiança, que com uma margem maior dava para votar com mais critério. O que aconteceu foi que a gente abriu a possibilidade para que acontecesse o que de fato aconteceu.

Agora, se houve algum problema de ordem ética no Jabuti 2012, se você vier me perguntar, eu respondo: não, nenhum problema. Não fiquei satisfeito com a atitude, mas o jurado C tinha direito. Quando a gente divulgar quem é, vocês vão ver que é uma pessoa excelente. Vão descobrir que é alguém conhecido, que já publicou, que escreve algumas coisas muito importantes.

Você disse uma vez que evita repetir jurados, mas afirmou que o jurado C já esteve no júri outras vezes. Como funciona isso?
Depende da disponibilidade. Muita gente, por estar envolvida na área, comprometida com alguma editora, não pode estar no júri. Muita gente se oferece, manda currículo, informa que gostariam de ser jurado. O principal ganho não é a remuneração, que é pequena. O que é atrativo é a possibilidade de colocar no currículo. A gente evita repetir jurados, mas não é a regra. Se um jurado aceita e depois recebe um convite para ir ao exterior, justamente por serem pessoas importantes na área, a gente é obrigado a substituir. Então a gente recorre a quem já conhece a dinâmica, alguém que cumpriu os prazos quando participou outra vez, e convida. Essa é uma operação que exige rapidez nas decisões.

Por que os jurados não podem ser revelados ainda, se a votação final não depende só deles, mas principalmente dos votos dos membros da Câmara Brasileira do Livro?
Ate o dia 28, estamos num processo de eleição dos livros do ano. Agora é aquele grande colegio eleitoral, em que recebem a célula tanto os jurados quanto os membros da CBL. Se um jurado for entrevistado, pode influenciar o resultado desse processo.

Por que o mercado vota? Isso não reduz o caráter literário do prêmio?
Quando assumi a curadoria do Jabuti, 20 anos atrás, não havia prêmio em dinheiro. Naquela época, li uma entrevista com o Paulo César de Souza, que tinha ganhado um Jabuti em tradução, em que ele dizia que “um chequinho não iria mal”. Quando me convidaram, falei que aceitava ser curador na condição de que se começasse a remunerar os jurados e os vencedores. A CBL, mas fez uma contrapartida: os jurados escolhem os vencedores, e o mercado faz a votação final. O Jabuti nem cobrava pelas inscrições, ou cobrava um valor simbólico, mas hoje é o mercado que banca quase todo o Jabuti. A questão é que hoje o mercado participa da decisão, mas, antes disso, o júri garante a qualidade das obras que serão votadas na etapa final.

No comunicado de ontem, a Objetiva fez duas perguntas. Uma dela foi se, ao votar na segunda fase, o jurado C sabia os votos dos demais jurados na etapa anterior.
Uma coisa importante é que os jurados não só não são conhecidos pelo público como não são conhecidos entre si. Em outros prêmios, os jurados se juntam, influenciam os votos uns dos outros. Se o jurado C acompanhou a votação da primeira fase, que é aberta, ele poderia saber as notas dos finalistas. Mas nem todos os livros que foram para a segunda fase foram votados pelos três jurados na primeira etapa, então ele não teria como saber a nota que cada jurado daria a cada livro. Ele foi esperto. Provavelmente elaborou vários cenários para votar. O voto dele foi certeiro. Ele definiu a posição tanto daqueles que ele quis diminuir quanto dos que quis jogar para cima. Agora, é duro acreditar que Ana Maria Machado o desgostou tanto a ponto de merecer um zero, isso me deixa chateado como curador.

A segunda pergunta é se ele também deu notas baixas a ela na primeira fase.
Os jurados não dão nota para todos os 142 livros. Cada um deles escolhe dez que acha que valem a pena e atribui notas apenas a eles. Os dez mais bem pontuados vão para a segunda fase. O jurado C não votou na Ana Maria Machado na primeira fase. O que acontece muitas vezes, e que acho legal, é que um jurado na primeira fase pode não ter prestado atenção num livro, mas os outros dois votaram nele e ele foi para os finalistas. Uma vez tendo o livro entre os finalistas, o jurado que não votou nele antes poderá avaliá-lo com outros olhos.

Você conversou com o jurado C para tentar entender esses votos?
Não falei e não quero falar. Se eu falar com um jurado antes do resultado final, pode parecer pressão. Vamos tirar a curiosidade no dia 28.

Qual você acha que foi a intenção dele?
Acho que foi o que você escreveu no blog, ele quis privilegiar o desconhecido.  Os números levam a crer que ele bombou os consagrados e avaliou muito positivamente as revelações. Mas é preciso tomar cuidado com uma coisa: alguém pode ficar com a impressão de que ele escolheu uns livros chinfrins e usou seu poder para beneficiá-los, mas não foi isso. Os livros que receberam notas altas dele também foram muito bem avaliados pelos outros dois jurados. O “Nihonjin”, se não fossem as notas baixas para Ana Maria Machado, Wilson Bueno e Domingos Pellegrini, ficaria em quarto lugar. Isso numa avaliação que partiu de 142 livros.

Cada jurado na categoria romance recebeu mais de cem livros para avaliar num intervalo de poucos meses. Acha mesmo que eles conseguem ler tudo? [Leia depoimento de um jurado, publicado em 2009, link que me chegou via Silvio Alexandre]
Os jurados têm absoluta liberdade, recebem os livros e têm em torno de dois meses para escolher os dez aos quais atribuirão notas. Não posso dizer se todos leem todos, mas espero que tenham contato com todas as obras. Como você escreveu, é claro que o fato de um escritor ter uma história pode influenciar. Em vários prêmios há uma coincidência de resultados, os júris tendem a votar em quem já conhecem. É um problema universal, o ser humano disponível para ser júri de prêmios literários no planeta Terra tende a ser influenciado pelo nome das pessoas (risos). Nem que seja por dedicar mais tempo à leitura daqueles que conhece.

O que você achou do resultado do prêmio?
Olha, fico triste com a maneira como aconteceu, mas posso dizer que eu, Zé, pessoalmente, fico feliz de ver revelações ganhando prêmios. Para o autor consagrado, como você escreveu, será só mais um na casa ele. É importante olhar para o escritor que ainda não está sob os holofotes e que pode vir a ser influente na literatura brasileira.

Quando houve a polêmica do Chico, veio à tona o fato de o prêmio ter categorias demais. Daí, em vez de diminuí-lo, no ano seguinte vocês criaram mais categorias, elas passaram de 21 para 29. Você não acha que o Jabuti deveria ser mais enxuto?
Olha, acho que o bichinho carrega nas costas mais do que deveria. Minha vontade como curador é, na medida do possível, diminuir. Esse aumento ocorreu quando se decidiu que ia ganhar só o primeiro lugar, então resolvemos aproveitar para cobrir uma demanda de outras áreas que não eram premiadas. Porque há uma pressão das editoras que editam naquela área. Para 2013, é bem provável que a gente reavalie para ver quem está merecendo ser categoria ou não. Agora, é preciso levar em conta que é um prêmio do mercado, tem que contemplar capa, ilustração, fotografia, categorias que um prêmio puramente literário não tem que carregar nas costas.

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Editora de Ana Maria Machado pede ao Jabuti esclarecimentos sobre jurado C

Por Raquel Cozer
22/10/12 11:31

A Objetiva, editora de “Infâmia”, livro de Ana Maria Machado que recebeu nota zero do jurado C no Prêmio Jabuti, acaba de enviar este comunicado à imprensa:

 

“A Editora Objetiva vem expressar sua perplexidade diante das informações divulgadas pela Câmara Brasileira do Livro a respeito da apuração do resultado do Prêmio Jabuti de 2012, categoria literatura.

Ao se confirmarem estas informações, fica evidente uma manipulação do resultado por parte de um dos jurados. Seu voto, em vez de refletir uma avaliação qualificada de cada uma das obras finalistas, pode evidenciar a determinação de eleger uma obra vencedora a qualquer custo, ainda que para isto fosse necessário apelar a uma série de notas zero para os demais finalistas.

Como editores do romance INFÂMIA de Ana Maria Machado, não podemos deixar de expressar nosso desconforto diante da informação de que no escrutínio final para a escolha do romance vencedor, INFÂMIA recebeu uma nota dez, uma nota nove e meio, e do jurado em questão, um zero.

Diante deste fato sem precedente nos 54 anos de existência do Jabuti, nos parece necessário esclarecer dois pontos:

1. quando o jurado em questão definiu o seu voto no último escrutínio, ele tinha conhecimento dos votos dos demais jurados para cada finalista nos escrutínios anteriores?

2. o jurado em questão atribuiu nota zero ao romance INFÂMIA em todas as rodadas de votação, ou apenas na última, para alcançar uma improvável e distorcida média matemática?

Esperamos que, no espírito de transparência que deve nortear o Prêmio, os organizadores esclareçam estas questões, o que permitiria um melhor entendimento sobre o resultado final.

E uma vez que o próprio curador do Prêmio afirmou que o jurado em questão “não era adequado ao prêmio”, esperamos também que doravante a seleção de jurados seja mais criteriosa, reduzindo o risco de posturas oportunistas.

Roberto Feith
Diretor
Editora Objetiva”

 

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Painel das Letras: Linha de chegada

Por Folha
20/10/12 03:00

A concorridíssima corrida pelo mercado de livros digitais no Brasil deve fazer com que Amazon, Google, Kobo e Apple estreiem aqui em novembro com poucos dias de diferença. Quem conhece a Amazon acha improvável que ela compre a Saraiva, conforme rumores recentes, mas acredita na estreia da amazon.com.br, com venda de e-books em português, no mês que vem (atualmente o link está fora do ar). Embora a venda do Kindle no Brasil esteja indefinida, há 300 mil usuários do Kindle Books em português no mundo, considerados aí os aplicativos para tablets e celulares, o que torna a venda só de e-books um bom negócio por ora.

A empresa já fechou com quase 200 editoras nacionais, a maior parte representada pela distribuidora Xeriph, mas ainda não com as seis representadas pela DLD, que respondem por cerca de 35% dos best-sellers no país. A mesma DLD, no entanto, fechou com Kobo –que estreia já com um modelo de e-reader– Google e Apple.

Livro, obra de arte

Detalhe de obra do brasileiro Odires Mlászho, que esteve exposta em SP

A organização da participação brasileira na Feira de Frankfurt 2013 estuda fortalecer a presença do país com estandes em vários pavilhões, além do estande principal, de 500 m². Já foi solicitada à feira área de 100 m² no pavilhão de livros de arte para a mostra “Além da Biblioteca”, com obras artistas como Lucia Mindlin Loeb, Marilá Dardot e Odires Mlászho, feitas a partir do objeto livro.

Em alta 1 A Companhia das Letras fortalece seu time de jovens autores. De Andrea del Fuego, 37, contratou romance inédito e ainda comprou “Os Malaquias” (Língua Geral, 2010), vencedor do Prêmio José Saramago.

Em alta 2 A editora assinou também com a roteirista Juliana Frank, 27, que estreou como romancista em 2011 com “Quenga de Plástico” e lança em breve “Cabeça de Pimpinela”, ambos pela 7Letras. A Companhia prevê para 2013 o inédito “Meu Coração de Pedra Pomes”.

Tons digitais Em dez meses no mercado digital, a Intrínseca comercializou 28 mil e-books. Quase um terço disso, cerca de 9.000, diz respeito às vendas dos dois primeiros títulos de “Cinquenta Tons” só em setembro.

Força Na Feira de Frankfurt, a Sextante adquiriu os direitos de “Davi e Golias”, que Malcolm Gladwel começou a escrever após publicar na “New Yorker” artigo explicando que em quase um terço das batalhas os mais fracos vencem se forem criativos.

I’ll be back Também na feira, Marcos Pereira, sócio da Sextante, ouviu de Arnold Schwarzenegger a notícia de que virá ao Brasil em maio para promover um evento de fisiculturismo no Rio e divulgar a biografia “Total Recall”, que a casa carioca lança no mês que vem. O ator esteve num fórum de sustentabilidade em Manaus em 2011.

Todo mundo quer Sem editor no Brasil, o chinês Mo Yan deve permanecer assim por algum tempo devido a uma briga internacional. Com o anúncio do Nobel, a mega-agência Wylie disse estar negociando a obra dele com vários países. Mas a agente americana Sandra Dijkstra afirma que representa Mo Yan “desde o começo”.

Outro chinês Enquanto isso, a Estação Liberdade adquiriu em Frankfurt romance de outro chinês inédito no Brasil, Chen Zhongshi. “No País do Cervo Branco”, volume de 800 páginas sobre clãs rivais na China rural no século 20, levou em 1997 o Prêmio Mao Dun –o mesmo que Mo Yan ganhou em 2011 pelo romance “Wa”.

Poço seco 1 “A literatura era, no final das contas, um recurso não renovável –como o petróleo, a água– que foi drenado e consumido a cada nova geração”, argumenta o filósofo britânico Lars Iyer, em texto na “Serrote #12”, que chega às livrarias no dia 29. “Chegamos a um ponto em que o modernismo e o pós-modernismo encontraram o poço seco.”

Poço seco 2 Iyer defende que vivemos uma “inflação” de autores e leitores e que nos resta “perseguir os rastros do literário”. Antes de a revista chegar, o editor Paulo Roberto Pires fala sobre a relação de editores com a filosofia, no dia 23, na Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia, em Curitiba.

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O que podemos aprender com o jurado C

Por Raquel Cozer
19/10/12 18:30

Na noite de 28 de novembro, quando o Prêmio Jabuti estiver prestes a anunciar seus vencedores nas categorias livro do ano de ficção e de não ficção, todas as atenções estarão voltadas para outro nome: o do jurado C, que poderá então, junto com o resto do júri, ser conhecido. A não ser, como atentou o jornalista Carlos André Moreira, que a notícia vaze antes, já que o caso do jurado C ganhou ares de fim de novela nesse nosso pouco palpitante mundinho literário.

O jurado C, se é que alguém ainda não sabe, foi a pessoa que bagunçou a divulgação dos resultados da segunda fase do Prêmio Jabuti, ontem à tarde. Ele e os jurados A e B eram responsáveis por dar notas de zero a dez para os dez livros finalistas na categoria romance. Resolveu dar notas entre 0 e 1,5 a cinco dos finalistas, o que tornou impossível para qualquer um deles vencer, já que era preciso ter a nota mais alta na média dos votos de cada jurado.

O curioso foi que o jurado C, voluntariamente ou não, impôs um posicionamento político ao prêmio. Grandes nomes como Ana Maria Machado (“Infâmia”) e Wilson Bueno (“Mano, a Noite Está Velha”) levaram notas mais baixas, assim como outros já premiados ou considerados favoritos, como Menalton Braff (“Tapete de Silêncio”) e Paulo Scott (“Habitante Irreal”).

***

O primeiro lugar acabou ficando para o estreante Oscar Nakasato, cujo “Nihonjin” foi publicado pela Benvirá após vencer um concurso de originais. O segundo e o terceiro lugares ficaram para “Naqueles Morros, Depois da Chuva”, de Edival Lourenço, e “O Estranho no Corredor”, de Chico Lopes, talvez os nomes menos conhecidos da lista de dez finalistas.

José Luiz Goldfarb, curador do prêmio, disse ao UOL que o jurado C já participara de edições anteriores, mas que desta vez se aproveitou do fato de as notas poderem ser de 0 a 10, e não apenas de 8 a 10, como foi até 2011. Vi listas de jurados de outras edições e posso dizer são nomes não necessariamente conhecidos no meio literário. Considerando que todo ano eles precisam de três nomes que aceitem se comprometer a avaliar mais de cem títulos, e que o Jabuti não repete jurados em anos seguidos, não é de se espantar que seja assim.

O que não ficou claro para mim foi se o jurado C desclassificou favoritos para dar vez aos que na teoria tinham menos chance, se achou os livros umas porcarias indignas de serem chamadas de romances ou se foi espírito de porco mesmo. A primeira opção me parece mais simpática, embora eu tema que na verdade tenha sido a alternativa três.

***

Independentemente disso, a despeito de ter pesado a mão ao fazer valer seu direito de voto, sendo inclusive injusto, o jurado C ajudou a espanar uma poeira que costuma assentar sobre prêmios literários. Importante ressaltar, porque dei margem a leituras erradas: não defendo o que ele fez, só acho que sua atitude radical trouxe questões pertinentes à tona.

Entre os méritos de um prêmio, está o de levantar debate, dar voz ao autor, apontar o diferente. Enfim, tirar as coisas do lugar (algo diferente de criar cotas para iniciantes, por favor). Por isso não posso dizer que tenha achado bom, por exemplo, o Prêmio São Paulo de Literatura agraciar “in memoriam” “Vermelho Amargo”, de Bartolomeu Campos de Queirós. Não entro no critério de se o romance era melhor ou pior que os outros, o que é passível de discordância mesmo entre jurados, mas o prêmio teria rendido mais debate se um autor na ativa fosse o escolhido.

Ninguém tem dúvida de que Ana Maria Machado é uma excelente escritora. Ou tem? Eu não tenho. Não fosse o jurado C, ela acrescentaria à sua prateleira mais um merecido Jabuti. Querendo ou não, o jurado C pôs no topo um estreante, alguém que não teve destaque ao ser publicado e que no entanto foi merecedor de figurar entre os finalistas, tendo concorrido com mais de cem títulos. Em última instância, é melhor que estejamos sendo apresentados a Oscar Nakasato do que que venham nos repetir que Ana Maria Machado é uma excelente escritora.

***

P.S.: a história serve a ilustrar vícios de premiações, mas não é bom um prêmio ser frágil ao ponto de um único jurado interferir assim. No Facebook, lembraram que até escolas de samba sabem evitar isso, mas, enfim, no Rio elas só corrigiram o método de votação nos anos 80, depois que uma louca deu nota 6 para todas, menos para a Mocidade, e fez a escola ganhar. O Jabuti já se comprometeu a corrigir isso para 2013. Essa molecagem é mais uma prova de que precisa rever mais, precisa rever todo o seu conceito. Ou alguém acha que todos os jurados leram todas as dezenas (às vezes mais de cem) de livros inscritos nas categorias que julgaram?

P.S. 2: a Fernanda de Aragão, escritora, fez um bom post destacando também o aspecto político do posicionamento do jurado.

P.S. 3: as duas últimas notas do post acima poderiam entrar nesta discussão: será que o poço criativo da literatura está seco?

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